"Concordo que os sucessos desportivas de relevância internacional devem ser reconhecidos pelo Poder. As condecorações têm tal propósito. Um dos primeiros desportistas portugueses a ser condecorado terá sido o meu tio Olivério Serpa, capitão da Selecção de hóquei que pela primeira vez venceu um Mundial e Europeu, em 1947, repetindo nos dois anos seguintes, e que foi internacional também em hóquei em campo e remo. Ao deixar a prática recebeu o Grau de Cavaleiro de Ordem de Cristo. A criação da Medalha de Mérito Desportivo destinada a reconhecer superiores feitos desportivos, que até então não tinham condecorações específica, terá sido inspirada por meu pai, Sidónio, da mesma equipa e que venceu quatro Mundiais e Europeus, ao ser-lhe atribuída no momento em que deixou de jogar, em 1951, reconhecendo o seu contributo. Posteriormente criaram-se diferentes graus desta condecoração e ambos receberam, a título póstumo, tal como a restante equipa, um nível mais elevado por ocasião do cinquentenário do Mundial de 1947.
O senhor Presidente da República decidiu atribuir à Selecção de futebol a Comenda da Ordem de Mérito, por ter sido campeã europeia. Logo o atletismo, legitimamente, reclamou igual tratamento. Outros vieram e virão. As condecorações valem pela sua excepcionalidade que premeia feitos de superior relevância para o País. Por haver distintos graus de impacto e significado, parece lógico haver também diferentes níveis de simbólico reconhecimento por parte da Nação, representada no Governo e Presidência, Critérios reguladores de atribuição do Mérito Desportivo e das Ordens, associados aos seus propósitos, porventura escalonariam a premiação e evitariam eventual inflação redutora do simbolismo.
Como afirma o Senhor Presidente, devemos viver o júbilo do sucesso. Não se deve é decidir sob a emoção do júbilo ou do desgosto. Arriscamos o Panteão esgotado com campeões e as comendas à venda na Feira da Ladra. E os políticos não devem agir como adeptos, ou com demagogia."
Sidónio Serpa, in A Bola
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