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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

As boas tangas do mercado

"O adepto português é extraordinário. Tem bolsa de pobre mas gostos de nobreza futebolística. Por isso delicia-se com as notícias sobre os milhões que o mercado movimenta. Só que o escrutínio às SAD falha porque há muitas operações que não são comunicadas à CMVM (sem tirar nem pôr...) e, seja na mesa do café ou nos pontos de debate virtual, o debate brota já inquinado a montante. Parece impossível, mas é mesmo assim: em 2015 ainda há quem decida ignorar os gastos encobertos pela etiqueta do custo zero aplicada aos reforços que, teoricamente, deviam ser contratados sem pagamento de transferência. Os jornais desportivos ainda tentam fazer alguma pedagogia, trazendo rigor para a discussão, mas logo as intervenções televisivas atraem mais névoa para o fenómeno.
As boas tangas do mercado só enganam quem fizer questão de estar desatento. Os principais clubes portugueses tentam manter-se competitivos a todo o custo e, pelo que se está a ver no lançamento de 2015/16, decidiram movimentar-se no limite do risco. Apostas em jogadores problemáticos como Taarabt, Osvaldo ou Prince Boateng são excelentes exemplos de como os autos de fé em torno da formação são pouco resistentes ao sopro dos ventos. De permeio, enquanto são colocadas em balanças virtuais os valores relativos a compras e vendas, criam-se cenários de fantasia que os relatórios e contas das sociedades só demasiado tarde desmentem.
O FC Porto ter registado na época passada custos com pessoal acima dos 70 milhões de euros, ou o Benfica na casa dos 60 milhões, são dados arrepiantes neste futebol português que conseguiu sobreviver ao impacto da troika mantendo-se no 5.° lugar do ranking da UEFA. O tal custo zero tem como efeito colateral o pagamento de prémios de assinatura superiores aos futebolistas, comissões mais elevadas aos empresários e subida exponencial da folha salarial que acaba por condicionar, em alta, os vencimentos dos jogadores que renovam contrato ou chegam a seguir. Uma armadilha que pode fazer um orçamento descarrilar, caso não haja sucesso desportivo. Esse é grande desafio de águias, dragões e leões: ficar sentado no topo do pódio quando a música parar. Quem não o conseguir vai ter sérios problemas."

2 comentários:

  1. Merda de artigo. E as receitas? Tinha que meter o Benfica ao barulho para tentar dissipar a aposta exorbitante do clube corrupto que, não obstante, ganhou zero títulos.

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