"Como jornalista, tenho simpatia por uma crítica que os treinadores nos dirigem: é fácil analisar o jogo quando acabou! E é mesmo. Tentando dar resposta ao problema, aproveito para fazer já a crónica de amanhã.
O Porto entrou com a defesa subida, queixo levantado, segurando a bola, rematando mesmo que sem perigo. Era para marcar presença, ter peso, mostrar que ali na Luz estava um Porto luminoso, exposto, e não escondido nas sombras de Munique. O Benfica não precisava de ser assim, admita-se. Tinha a vantagem de três pontos. Sem se esconder, não se exibiria. Por isso Jesus pareceu dar instruções para que os laterais subissem menos e se preocupassem em vigiar Brahimi e sobretudo Quaresma. Danilo e Alex Sandro fizeram o mesmo a Gaitán e Salvio. Mas nem tudo foi anulação. A criatividade, como a natureza, encontra caminhos. Daí o primeiro golo, por Jackson, com Óliver assistindo o colombiano pelo meio, aos 30. Um golo parecido com o que marcou a Neur no Dragão. O Porto iluminou-se. A Luz não. Os fantasmas mudaram de campo. Na cabine Jesus não deve ter mudado muita coisa, porém, Jesus só tem certezas. O que mudou foi o comportamento dalguns jogadores. Samaris parecia outro. No avanço final do Benfica, à procura do empate, foi ele o motor. O golo aos 76, assentou-lhe. Jonas cabeceou ao poste, fugindo a Maicon, e na recarga à entrada da área Samaris chutou decidido: 1-1. O Benfica não resolveu a liga. O Porto também não lha tirou. Entre os fantasmas portistas de Munique e os fantasmas do Benfiquistas das mortes na praia, que viesse o Diabo e escolhesse. O Diabo veio mas nada escolheu, deixou tudo na mesma. O Diabo gosta de gente assustada até ao fim."
Miguel Cardoso Pereira, in A Bola
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