"António Simões, inesquecível Magriço e ainda o mais jovem campeão europeu de todos os tempos, apresentou ontem, no Museu Cosme Damião, um livro que fica como registo de impressões pessoais após uma vida dedicada ao futebol.
Simões, como sempre fez ao longo dos anos, não teve medo de se expor e contribuiu com um legado que enriquecerá a nossa memória colectiva.
Pensando em António Simões, assalta-me uma dúvida que rapidamente, porém, se desvanece: será que o futebol português aproveitou devidamente o que este Magriço, tinha para dar? A resposta é não, não aproveitou, não foi capaz de perceber que Simões sempre viu mais além...
A experiência que o antigo extremo-esquerdo do Benfica e da Selecção Nacional colheu nos Estados Unidos a partir de meados da década de setenta do século passado teria sido importante para um melhor desenvolvimento do nosso futebol. Porém, aquela mania de ser bem portuguesa, periférica, mais aberta aos ensinamentos dos estrangeiros do que àquilo com que os nacionais pudessem contribuir, não permitiu que António Simões tivesse outra relevância.
É certo que esteve no Benfica e na Federação Portuguesa de Futebol, mas nunca lhe foi dado o protagonismo que justificava. Carlos Queiroz terá sido das pessoas que melhor percebeu o que Simões tinha para dar e quem melhor o aproveitou, mantendo-o numa equipa técnica do Irão que acabou por fazer história. Queiroz, tantas vezes tão desnecessariamente complicado, tem tido, ao longo da sua vida desportiva, rasgos brilhantes a que a história inevitavelmente fará justiça, uma vez assente a poeira de algumas polémicas menores. Escolher Simões para a sua equipa foi um acto de inteligência..."
José Manuel Delgado, in A Bola
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