"Os estádios de futebol assemelham-se cada vez mais às arenas dos gladiadores. Noutros tempos realizava-se um jogo por semana, hoje em sete dias disputam-se três jogos. E assim, os jogadores - por mais perfeitos que sejam os seus músculos e por maiores cuidados e atenções que lhes dediquem o staff médico e os preparadores atléticos - nunca (ou só excepcionalmente) podem estar no máximo da sua condição física. Daí que as lesões sejam sempre mais frequentes e graves e as mortes apareçam em campo. Não há uma pausa para reflexão porque o espectáculo tem de prosseguir. Exigem-no os sponsors, as televisões e os milhões de espectadores que querem assistir ao combate dos seus ídolos. Tomemos dois exemplos em confronto, Gianni Rivera e Cristiano Ronaldo: o primeiro media 1,75 metros e pesava 68 quilos, tinha as coxas fortes e tronco franzino e no fim dos treinos comia uma sanduíche de salame antes de ir para casa estudar as lições da manhã seguinte no Instituto Comercial, onde se fez contabilista («é preciso prevenir o futuro»); o segundo tem um corpo estatuário, corre como um campeão de 100 metros, mede 1,86 por 84 quilos, oferece os seus abdominais à publicidade, é seguido por um batalhão de terapeutas e nutricionistas e à noite escolhe o Porche ou o Ferrari para sair com a última namorada. Dois símbolos que resumem a diferença entre dois mundos.
Nas relações com a imprensa o Braga é um clube complicado, bem mais complicado e presidencialista do que o FC Porto. Além disso, sente-se despeitado por não ser tratado como um dos grandes, como fez saber por ocasião do sorteio dos jogos do campeonato. Como se neste indigente Portugal houvesse espaço para quatro grandes. Há para dois (Benfica e Porto) e é por enquanto."
Manuel Martins de Sá, in A Bola
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