"O contexto do desporto de alto rendimento tem sido, desde sempre, um enorme laboratório de estudo e treino de "mental skills" para o sucesso.
Tratando-se de um "setting" onde a intensidade se vive um (ou alguns!) nível(eis) acima do que é comummente experienciado no quotidiano tradicional, acaba por se transformar num curioso espelho da manifestação dos padrões de funcionalidade ou disfuncionalidade de quem por lá anda - estamos a falar, no caso, na exibição de comportamentos que nos aproximam do sucesso... ou do insucesso.
A similaridade com outros contextos de performance tem sido sobejamente explorada, nomeadamente na área empresarial tendo, por exemplo, Jim Loher e Jack Groppel (respectivamente, Psicólogo e Nutricionista a trabalhar, há mais de 20 anos, no contexto do desporto e das empresas de alto rendimento), desenvolvido um conceito muito intuitivo designado por: Corporate Athlete (2001).
Algumas características parecem, de fato, distinguir os "Atletas" (sejam eles do contexto desportivo, artístico, empresarial ou outro) dos demais e, invariavelmente, e para além de um conjunto de competências psico-emocionais que parecem dominar acima da média (ex: motivação, resistência à frustração, controlo de stress e ansiedade, entre outros), os que alcançam um desempenho excepcional, partilham de uma característica quase "invisível" aos olhos do grande público:
Gerem extraordinariamente bem os seus recurso energéticos.
Este aponta ser, sem dúvida, o ponto de partida que os alavanca para o sucesso, enquanto processo contínuo e consolidado de forma sustentada.
Referimo-nos, por isso, a uma espécie de "long-runners", ou seja, pessoas que mantém níveis de sucesso consideráveis ao longo do tempo e não aqueles que aparecem pontualmente para não se voltar a ouvir falar deles.
Parece, então, ser perentório que, uma gestão eficaz dos nossos recursos de energia, permite-nos não só explorar todo o nosso potencial mas, fazer com que "naquele momento onde tudo tem que correr bem"... realmente, as melhores probabilidades estejam do nosso lado.
Em suma, estamos a falar da instalação de um conjunto de hábitos que nos permitem ter os recursos energéticos ideais para podermos activar as nossas competências cognitivas e emocionais em pleno, para os desafios que nos aguardam.
Hábitos que determina um desempenho eficiente
Podemos, de uma forma lata, identificar um conjunto de hábitos que se tem revelado determinantes para a elevação dos indicadores de performance e bem-estar:
1) um padrão de sono regular e com a qualidade desejada. Idealmente, é importante que se cumpram entre 7h a 8h de sono diárias e, para conseguirmos estes níveis de eficiência, é importante haver uma boa gestão dos níveis de stress, um plano alimentar adequado e, preferencialmente, sem dor ou desconforto físico.
2) um padrão alimentar que corresponda às necessidades energéticas do individuo. Os planos alimentares "pré-feitos", porque não foram desenhados para a nossa antropometria, nem em função de um correto diagnóstico das nossas necessidades energéticas diárias (que são completamente distintas para um gestor de topo na banca, no sector privado, para um médico ou um professor, por exemplo), muitas vezes, contribuem mais para o nosso corpo se tornar ainda mais "disfuncional".
3) um padrão de prática de exercício físico nunca inferior a 3 a 4 momentos por semana, de intensidade moderada a elevada. A generalidade dos estudos produzidos nesta área revela, não só ganhos na nossa qualidade fisiológica mas também, consequentemente, na nossa eficiência cognitiva e emocional.
4) Integrar a noção de treino no seu dia-a-dia. Na realidade, em qualquer uma das dimensões anteriormente apresentadas, estamos também a falar em processos de treino e de especialização - Especialização da nossa capacidade (e consciência) em identificar os padrões certos que nos ajudem a ter os recursos vitais à maratona que se pode vivenciar em BUSCA do SUCESSO (seja qual for a forma do mesmo que escolhermos para nós).
Impacto no treino de competências psicológicas
A própria área do desenvolvimento e optimização de competências psico-emocionais, que se traduz no treino avançado de competências para a performance (em diferentes contextos de realização – desporto, artes, empresas, escola...), onde as pessoas procuram uma maior especialização, desempenho e qualidade de vida, entende este tipo de "treino" igualmente fundamental para que todo o treino psico-comportamental possa ser bem sucedido.
Sem "energia", toda a informação que possa ser "coleccionada" do ponto de vista cognitivo e emocional, terá sérias dificuldades em ser activada, sob a forma de comportamento. Muito menos em contexto de adversidade.
Acontece que, para um qualquer "performer", a noção de treino é algo que se encontra enraizada desde tenra idade e, para o cidadão comum (entenda-se, para o efeito, alguém que não é sujeito a um processo de treino sistematizado e continuado) essa não é a realidade.
De fato, todo e qualquer contexto de realização (escola, artes, desporto, empresas...)
pode assumir-se como um contexto de especialização de “boas práticas” ou, por oposição, de consolidação de erros – em boa verdade, sempre que não traçamos metas de aprendizagem planeada e sistematizada, esta pode assumir um carater aleatório (logo, com elevados níveis de ineficiência), resultante mais do acaso do que da sistematização.
Assim se consolida (entenda-se, treina), involuntariamente, tanto os padrões funcionais (que nos aproximam do que desejamos) como disfuncionais.
Importa, então, equacionar de que forma a podemos integrar na Vida das nossas Escolas, Empresas e, inclusive, na nossa Vida Pessoal esta perspectiva de treino e superação.
Importa, acima de tudo, activar curiosidade e vontade de fazer diferente e melhor – só assim se inova e evolui e constrói confiança."
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