sábado, 14 de agosto de 2021

Vermelhão: Desperdício... que valeu 3 pontos!

Benfica 2 - 0 Arouca


Jogo praticamente decidido aos 8 minutos, com a expulsão do guarda-redes do Arouca (paragem cerebral!!!), que só não deu em goleada histórica, porque a pontaria não quis nada com os golos!!!

Mais um onze 'estranhíssimo', dando total prioridade ao jogo de quarta-feira com o PSV, poupando vários jogadores... Sendo assim, com a lesão do Vertonghen e o descanso obrigatório do Veríssimo, regressámos ao 442, com o Otamendi na dupla de Centrais, algo que não me deixou descansado!!!

E aqueles primeiros 8 minutos, provaram que o jogo iria ser complicado... mas depois, ficou mais fácil!!! Como foi dito pelo treinador no final, não se pode falhar tantos golos, alguns deles 'feitos'... Se hoje, o importante eram os 3 pontos, no play-off com o PSV os golos 'contam'!!!

Hoje, o único momento de descontrole foi mesmo nos descontos do 1.ª tempo, onde o Arouquenses podiam ter reduzido!!!

Destaque óbvio para o Roman, assistência e golo... praticamente sem treinos colectivos, ainda sem conhecer os colegas, nem entender a língua! Segundo golo em poucos dias, nada mau... Mas mais do que os golos, as movimentações e a forma como toca na bola, não enganam... temos jogador!
O Meite ainda precisa de ganhar ritmo... a paragem foi muito longa...

Mas o grande ovação do dia, foi mesmo o regresso do Almeidinhos, que com o jogo totalmente inclinado para o nosso lado, fartou-se de cruzar... merecia ter regressado ás 'assistências'!!!

Prevejo polémica esta semana, a expulsão do guarda-redes do Arouca, vai dar confusão: pessoalmente, suspeito que algum defesa do Arouca tenha gritado 'fora-de-jogo' e o seu goleiro tenha ficado com a impressão que o fora-de-jogo tivesse sido assinalado...
No golo anulado ao Luca (3-0), não percebi! Ainda pensei que tivessem assinalado fora-de-jogo ao Taarabt no início da jogada, mas agora o VAR só deve reverter lances 'claros', e parece claramente que o passe é do defesa do Arouca e não do Rafa...
E o que dizer das duas faltas assinaladas a favor do Benfica, em todo o jogo, sendo que uma delas foi o lance da expulsão?!!! O Mota só viu mais uma, no resto do jogo!!!!!

Quarta-feira vamos defrontar uma equipa forte, a melhor de todas aquelas que defrontámos neste início de época. Tem jogadores muito rápidos lá na frente... mas com paciência, dá espaço lá atrás! Vão ser dois jogos, onde será necessário entrega total, concentração total... e pontaria afinada!!!! Financeiramente, a qualificação para a Champions é importantíssima... espero que todos estejam conscientes disso!!!

Com os nossos adeptos e ambição


""Vivemos de vitórias", resumiu Jorge Jesus, numa frase apenas, a mentalidade ganhadora indispensável a quem representa o Benfica.
E é com este espírito que hoje, mais uma vez, a nossa equipa se apresentará em campo, desta feita para defrontar o Arouca, um adversário regressado ao escalão máximo do futebol nacional, que marca presença pela quinta vez na Primeira Divisão.
A escassa tradição deste encontro não é sinónimo, no entanto, de facilidades. Basta recordar que na estreia arouquense na Luz para o Campeonato, em 2013/14, o resultado saldou-se por um empate a duas bolas.
Por conseguinte, é com redobrada atenção que este jogo está a ser encarado. De acordo com o nosso treinador, o Arouca "é uma equipa bem organizada, muito rápida a sair para o contragolpe, forte na bola parada e tem alguns momentos de jogo a que temos de estar muito atentos porque podemos ser surpreendidos".
Acresce a sobrecarga competitiva a que a nossa equipa tem sido sujeita neste arranque de temporada, promovendo a rotatividade no onze inicial em cada jogo, com os jogadores chamados pelo técnico a darem a resposta esperada.
As três vitórias conseguidas nos três primeiros jogos "são um sinal de que neste ano estamos melhor do que há um ano quando começámos", assevera Jorge Jesus, importando agora dar continuidade ao bom momento vivido pela equipa.
Este encontro com o Arouca ficará também marcado pela estreia de um "patrocinador a constar na manga da camisola oficial da equipa de futebol", conforme comunicado oficialmente pelo Clube.
Trata-se da Betano, o novo "Official Betting Sponsor" do Sport Lisboa e Benfica, que, "para além desta exposição no equipamento, o compromisso entre as duas entidades envolve ainda um conjunto de funcionalidades e ativações nos diversos canais do Benfica, sobretudo digitais".
Que seja uma tarde auspiciosa para a nossa equipa e que no final da partida possamos celebrar mais um triunfo.
Força, Benfica!"

Cartão de Adepto – um modelo irracional, imoral e inconstitucional!


"Com as medidas finais de mitigação da pandemia de SARS – CoV 2 e com a consequente permissão de adeptos nos estádios de futebol, o “mundo português” acordou para uma realidade que foi sendo esquecida nos últimos meses: o cartão de adepto.
Na verdade, à medida que se sucedem jogos nas diversas divisões profissionais (o problema, segundo sei, alastrar-se-á às divisões não profissionais assim que comecem os respectivos campeonatos, se os jogos forem considerados de alto risco – basta olhar para a Primeira Divisão Distrital da Associação de Futebol de Lisboa para perceber que em todas as jornadas haverá dérbis…), sem que os sócios visitados e visitantes se possam sentar em determinadas zonas dos Estádios, ficando as mesmas vazias, sucede-se o espanto de quem acordou agora, ouvindo-se, por todo o lado, a pergunta: porquê?
A resposta embora seja materialmente complexa, acaba por ser rápida: cartão de adepto.
Sem perder muito tempo a explicar o que é o cartão de adepto, sinto que devo referir que a emissão do mesmo assenta na inscrição de “determinado adepto_” na Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto, que, após pagamento de uma taxa, passará a ser possuidor de um cartão que permitirá a aquisição de bilhetes para “determinadas” zonas dos Estádios, na condição de adepto visitado e visitante.
Esta Lei é, como veremos, irracional, imoral e, pior, clara e patentemente inconstitucional, devendo, com a maior urgência possível, ser expurgada do panorama Legislativo nacional, não deixando, sequer, uma boa memória.
Vejamos,

I
É irracional, desde logo na sua génese, porque visa centralizar numa entidade pública (quem terá sido o inventor do nome “Autoridade” para caracterizar entidades de natureza administrativa, não policial?) a questão da emissão e gestão do cartão de adepto, quando na grande maioria dos casos, para não dizer na totalidade, os adeptos de aqui se fala são sócios dos Clubes e é nessa condição que acompanham. Nesse sentido, a gestão total da situação de “adepto” que pretende ser feita por Decreto, não tem ponta de racionalidade, considerando que a responsabilidade pela mesma devia ser feita no âmbito da condição, como se repetirá no fim, de “sócio” – que, como veremos adiante, são, face ao modelo associativo vigente em Portugal, os “donos” dos Clubes.
Mas é também irracional porque parte do princípio que o desporto tem um modelo colectivo e único de “adepto”. Ora, peço desculpa, não há, nesta área, modelos ou tipos de “adeptos”, havendo em cada um de nós um adepto, que pode ser de Clube, ou Clubes, tipo de desporto, ou tipos, ou, ainda, adepto esporádico.
E a Lei, ao criar esse túnel, torna-se, também, irracional porque demonstra que, quem a fez, desconhece profundamente o amplo “mundo” que pretende regular, soçobrando, por aí, nos seus objectivos: tonou o adepto único, sem perceber a sua singularidade. Logo, está reduzida ao seu papel mais simples: não regular nada.

II
Por outro lado, ao limitar o acompanhamento ao Clube aos titulares do cartão de adepto, a presente regulamentação impede que famílias completas, Pais e filhos, Avós, Pais e netos, afins e grupos de amigos se juntem, dirijam aos diversos Estádios e acompanhem a sua equipa desportiva.
Esta limitação, dentro de todos os problemas que este cartão, com aparência de legalidade, gera, é o mais grave. Aliás, é muitíssimo grave e passível, só por si, de levar à revogação imediata da medida. Porque nada há de mais chocante que impedir, por via legislativa, que uma Mãe ou Pai, ou os dois juntos, veja um jogo, seja na condição que for, ao lado da sua filha, do seu filho, dos filhos! E assim por diante: separar avós e netos, irmãs, irmãos, melhores amigos, companheiros, mulher e marido, em benefício de uma ideia de “bancada fechada”, é algo que, perdoem, choca e colide com a “Moral” que preside à condição de adepto, em sentido lato, desportivo.
Além de que, para pior, ao colocar o ónus da violência no desporto do lado dos adeptos que mais se deslocam aos recintos desportivos (o que também, como veremos adiante, coloca problemas jurídicos) é, digamos assim, absolutamente imoral e não corresponde a qualquer realidade que se conheça.

III
Por fim, mas não menos importante, o cartão de adepto levanta diversos problemas legais que constituem evidentes violações da Constituição da República Portuguesa.
Desde logo porque, como talvez qualquer aluno do primeiro ano do curso de Direito pode confirmar, o Princípio da Igualdade, normativizado no artigo 13.º da Constituição da República Portuguesa, impõe que “todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.”
Ora o cartão de adepto, nos termos formulados na sua criação, visa, à partida, criar uma segregação entre adeptos visitantes e visitados e, pasmemo-nos, entre cada uma dessas sub-categorias, se assim podemos dizer. Ou seja, ao limitar a presença de determinado conjunto de adeptos a um registo prévio (e autorização) e a outros não, a Lei está a criar uma diferenciação entre adeptos, sem qualquer justificação que seja atendível. Seja em que condição for, adeptos que estão em iguais condições não podem, só por presunção, ser impedidos de ver o mesmo jogo.
Por seu turno e em reforço do sobredito, o artigo 18.º, n.º 2, refere, sem mais, o seguinte, naquilo que se entende ser o princípio da proporcionalidade e legalidade na restrição a Direitos Fundamentais: “A lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos expressamente previstos na Constituição, devendo as restrições limitar-se ao necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos.”
Não é naturalmente o caso: não se alcança qual a previsão constitucional para a restrição de Direitos, neste enquadramento, nem, tão pouco, se alcança como pode esta medida ser considerada proporcional, ainda que por absurdo se alcançasse essa previsão
Para mais, ou pior, o Direito da Liberdade de Associação, ínsito no artigo 46.º da mesma Constituição, refere o direito de constituição de associações e permanência, em liberdade e sem dependência de qualquer autorização, a todo e qualquer cidadão – com a limitação constitucional de não perseguirem violência nem se constituírem associações armadas nem de tipo militar, militarizadas ou paramilitares, nem organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista.
Ora essa liberdade de associação, que no mundo do desporto é de Clube, não permite que depois, nessa condição, sejam encontradas novas restrições que não no âmbito do próprio Clube. Sublinho, sem qualquer receio, que essa liberdade de associação começa a ser colocada, em várias frentes, em causa pelo Estado, numa tentativa de controlo desse tipo de organização colectiva – quer por registo prévio, quer por informação de participação.
No presente, a relevância é evidente: o cartão de adepto, na sua inscrição, pretende que a informação partilhada seja exactamente essa: qual a associação a que se pertence – seja clubística, seja de claque ou grupo organizado de adeptos. E essa informação, mais uma vez, é uma restrição ao Direito de Associação, sem qualquer previsão constitucional que o preveja ou sem que se perceba a adequação da sua aplicação.
Por outro lado, a denominada “Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto” está caracterizada, assumam-no ou não, com poderes amplos, quer de emissão do cartão, quer de cassação (através de um artificio legal), quer de inspecção, quer mesmo de fiscalização inspectiva, que deviam, nos termos legais, ser apenas asseguradas por entidades policiais, e, nos termos da cassação ou restrição de direitos, jurisdicionais, pelo que estamos perante mais uma violação de um Princípio Constitucional: no presente da Separação de Poderes – artigo 2.º da Constituição.
Nesta particular violação da Constituição, estamos perante uma situação que conflitua, como todos os juristas a aprendizes deviam reconhecer, com o Estado de Direito Democrático e o modelo representativo, o que sedimenta um ataque violentíssimo e sem paralelo ao nosso modelo social e político, que importa suster – mais uma vez, através da revogação imediata da Lei!
Mais, os adeptos de desporto, nomeadamente de futebol, que são, no fundo, espectadores de um espectáculo desportivo, que geram, inclusive, centenas de milhões de Euros ao Estado, quer através de impostos directos, quer indirectos, não sem referir a dependência de determinados sectores da economia da “existência de adeptos”, estão a ser discriminados em relação a todos o público de outros espectáculos (não desportivos), partindo-se de uma presunção que, aliás, não é real: que a violência existe apenas no desporto. Destarte, atenta-se a mais uma violação do Princípio da Igualdade, sem que o Direito que daí se retira possa ser restringido por qualquer forma, considerando a tal presunção.

IV
Em jeito de conclusão e como bem referiu o Braz Frade na sua entrevista ao Jornal Record, na passada quinta-feira, dia 12 de Agosto, estamos perante uma Lei que visa retirar aos Clubes o controlo dos seus sócios, criando, como se referiu em cima, o fenómeno do “adepto”, controlado pelo Estado – além da irracionalidade da medida, neste trecho temos em causa a imoralidade e inconstitucionalidade, “num só grito”, considerando que o profundo choque no modelo associativo e desportivo em Portugal, como se viu, que assentou, desde sempre (e bem!), no papel do sócio no controlo clubístico – ou, peço desculpa pela repetição, associativo.

Em suma, Se é o ao sócio que cabe esse controlo, como vimos na questão da irracionalidade, delegando, por via do modelo democrático, a gestão a determinados sócios, é, depois, ao Clube, enquanto entidade colectiva, que cabe o controlo da actividade do sócio, na conformação com os seus Estatutos.
Daqui, meus caros amigos, a seguinte pergunta: porque raio decidiu o Estado intervir numa questão que devia e podia estar delegada aos próprios Clubes, cabendo-lhes a eles a gestão da bilhética, controlando, no limite estatutário, a actividade de cada um dos seus sócios? Será, não pretendendo especular, que o Estado decidiu intervir para todos, quando apenas pretendia “atacar” um?
Seja como for, a medida adoptada é, repito, irracional, imoral e inconstitucional, devendo, desde já, ser revogada, antes que coloque em causa a sustentabilidade do desporto em Portugal!"

Ouro e pechisbeque


"Pichardo arrasou a concorrência no triplo salto e trouxe o ouro para Portugal, para grande alegria da nação, exceptuando, aparentemente, Nélson Évora e as suas viúvas.
Esteve bem José Manuel Constantino, presidente do COP, ao afirmar que Portugal só pode estar grato a Pichardo e a não se esquivar à polémica protagonizada por Évora, criticando-o implicitamente.
Talvez tivesse sido preferível que assumisse frontalidade, mas reconheço que tal centraria demasiado o mediatismo num outrora grande atleta, agora que o seu tempo claramente já passou, por muito que lhe custe a aceitar.
Mas o que Constantino não explicou (perguntaram-lhe?) foi a estranha ausência de referências aos clubes por parte de atletas durante os Jogos Olímpicos. Há rumores fundados de que existiu uma 'recomendação' que as desaconselhou. Ao serviço de Portugal, que pouco ou nada faz pelo desporto, proíbe-se, por assim dizer, os atletas de referirem quem, de facto, lhes dá a possibilidade de singrarem ao mais alto nível. Bem justificado, pode aceitar-se o parco investimento do país, mas então que não se atropelem a aparecer nas fotografias junto dos campeões e reconheçam o mérito de quem o tem.
Com Pichardo é ainda mais gritante. Que não seja remetida para o esquecimento a deplorável 'hesitação' da federação de atletismo em aceitar o contributo do nosso mais recente campeão olímpico, qual clube de fás de Nélson Évora.
E uma palavra para o futebol. Ouro para os benfiquistas pelo apoio em Moreira de Cónegos e para a equipa que, notoriamente cansada e em inferioridade numéria, soube manter a vantagem e conquistar os três pontos. E ouro igualmente para o deserto nas zonas do cartão adepto. Panaceias há muitas, mas esta á atentatória da dignidade..."

João Tomaz, in O Benfica

Fico ligeiramente obcecado com a 1.ª jornada


"Poucas vitórias sabem tão bem como na 1.ª jornada. Olhar para a classificação e ver que 3 pontinhos já lá moram está acima de maravilhosa. É uma beleza natural que resulta da longa espera que separa o último jogo de um campeonato e a ronda inaugural do seguinte. Se a isto somarmos o facto de termos fechado a temporada sem qualquer taça levantada, estão é fácil de perceber que o desespero pelo recomeço era ainda maior. É uma sensação de adrenalina tão intensa, que, no dia em que inventarem um estupefaciente capaz de replicar esta emoção, então eu passarei a ser um defensor acérrimo da legalização das drogas leves. O leitor já se imaginou a ir à farmácia comprar uma caixinha de comprimidos que o transportem para uma realidade onde o Benfica está estrar-se no campeonato? Prescrito para tomar logo de manhã, em jejum. Mas que forma estupenda de começar o dia. Imaginar cinquenta equipas titulares possíveis, pensar nos reforços que se poderão mostrar, recordar o som dos adeptos sedentos de ver a bola a rolar. O Yaremchuk mesmo não jogando, estava lá no banco de suplentes. E de cinco em cinco minutos eu pensava que ele poderia ser lançado. Não entrou, mas isso não interessa - eu gosto é de reforços que possam contribuir para esta montanha-russa de cenários que se ocupa da minha alma quando é o arranque do campeonato que está em causa. Vibro com tudo isto como se ainda tivesse 12 anos, o que significa que neste momento vejo o Meite a roubar o lugar ao Kanté no onze da França no Mundial 2022. Sempre fui bom aluno a matemática, e, se as contas não me falham, agora já faltam só 33 vitórias para voltarmos a ser todos felizes."

Pedro Soares, in O Benfica

P+P


"A primeira semana até nem correu bem. Depois, os Jogos Olímpicos de Tóquio acabaram por revelar-se os melhores de sempre para as cores lusas, com a conquista de quatro medalhas, uma delas de ouro.
É sabido que o desporto português não é brilhante. Somos bons no futebol, em modalidades extra-olímpicas como o hóquei em patins ou o futsal, e depois vivemos de meia dúzia de individualidades que vão disfarçando, aqui e ali, um enorme défice de desporto de base, de desporto escolar, de apoios públicos e privados, de instalações e, last but not least, de cultura desportiva.
Acredito que as coisas possam estar a melhorar. Por agora, continuamos a viver de nomes como Jorge Fonseca, Patrícia Mamona, e os nossos Fernando Pimenta e o campeão Pedro Pichardo.
Vibrei com os quatro medalhados, mas quando são do Benfica sinto uma alegria especial. E se no caso do Pimenta, grande atleta, grande benfiquista, o apoio do Clube, sendo importantíssimo, não será tudo, já no caso de Pichardo, não fosse o Benfica, não haveria ouro olímpico. Foi o Benfica que pegou neste atleta - o qual, diga-se, não se naturalizou para obter qualquer estatuto desportivo, ou transferência milionária, mas, sim, porque não podia viver no seu país de origem. Foi o Benfica que o contratou e auxiliou no demorado processo de naturalização, contra ventos e marés, e perante críticas de muita gente ilustre. Agora é o quinto campeão olímpico da história do desporto português, ficando desde já com o seu nome a cintilar entre os maiores de sempre.
E tal como Pimenta, como Pedro, como Pablo e como Pichardo, Paris também começa por P."

Luís Fialho, in O Benfica

Bancadolândia


"Num repente, subtraíram-se bem para lá de três décadas. A contratação de Yaremchuk devolveu-me, em memórias, à infância crescida. Fez-me recuar até ao tempo dos imperfeitos microcampos de terra solta e mal batida, com incontáveis pedrinhas pontiagudas, onde os joelhos choravam, mas, sobretudo, destilávamos felicidade e procurávamos ter 'os melhores' do nosso lado. Ser o ' dono da bola' ajudava na resolução tirana da escolha das equipas, sim. Subtilezas translúcidas, claro, porque o futebol era jogar. E só havia jogo se uma bola rolasse.
'Negociávamos' golos, queríamos os desbloqueadores, aqueles que na bonança ou na tempestade, confiávamos, nos iriam valer nos campeonatos que ficcionávamos. Ver o esférico passar entre caixotes de madeira que, apesar de comidos pelo uso numa mercearia amiga, nos desenhavam maravilhosas balizas, era a 'febre' das peladas. À nossa maneira, pueril, já o alvitrávamos: o golo é um bom lugar! Para cortejar o êxito, para vencer. E é isso que, da infinita 'bancadolândia', vemos o Benfica perseguir ao recrutar um avançado com o perfil de Yaremchuk para a sua equipa de futebol profissional. Porque ganhar é outra forma de dizer 'golo'!
Sabemos que, não fora uma decisão míope no desenlace da Liga de 2014/15 (em prejuízo de Jonas), o Benfica teria sido servido pelo melhor marcador da respectiva prova em quatro dos últimos seis títulos nacionais conquistados (Cardozo foi artilheiro em 2009/10, Jonas em 2015/16 e Seferovic em 2018/19).
Os tatuadores das balizas aquecem-nos o sangue, empolgam-nos o coração, rendem pontos e vendem camisolas. Lewandovski (41 golos), Messi (30), Cristiano Ronaldo (29), Mbappé (27) e Harry Kane (23), reis do golo em 2020/21 nas cinco principais ligas europeias, aos quais podemos somar Haaland (27), Lukaku (24), Benzema (23) ou Suárez (21), são uma rica mostra de 'facilitadores' ou 'abreviadores', ao mais alto nível, de caminhos para os sucessos. Cada qual no seu contexto, na sua medida. De Yaremchuk esperamos o mesmo: golos e consequência(s)."

João Sanches, in O Benfica