sábado, 14 de agosto de 2021

Fico ligeiramente obcecado com a 1.ª jornada


"Poucas vitórias sabem tão bem como na 1.ª jornada. Olhar para a classificação e ver que 3 pontinhos já lá moram está acima de maravilhosa. É uma beleza natural que resulta da longa espera que separa o último jogo de um campeonato e a ronda inaugural do seguinte. Se a isto somarmos o facto de termos fechado a temporada sem qualquer taça levantada, estão é fácil de perceber que o desespero pelo recomeço era ainda maior. É uma sensação de adrenalina tão intensa, que, no dia em que inventarem um estupefaciente capaz de replicar esta emoção, então eu passarei a ser um defensor acérrimo da legalização das drogas leves. O leitor já se imaginou a ir à farmácia comprar uma caixinha de comprimidos que o transportem para uma realidade onde o Benfica está estrar-se no campeonato? Prescrito para tomar logo de manhã, em jejum. Mas que forma estupenda de começar o dia. Imaginar cinquenta equipas titulares possíveis, pensar nos reforços que se poderão mostrar, recordar o som dos adeptos sedentos de ver a bola a rolar. O Yaremchuk mesmo não jogando, estava lá no banco de suplentes. E de cinco em cinco minutos eu pensava que ele poderia ser lançado. Não entrou, mas isso não interessa - eu gosto é de reforços que possam contribuir para esta montanha-russa de cenários que se ocupa da minha alma quando é o arranque do campeonato que está em causa. Vibro com tudo isto como se ainda tivesse 12 anos, o que significa que neste momento vejo o Meite a roubar o lugar ao Kanté no onze da França no Mundial 2022. Sempre fui bom aluno a matemática, e, se as contas não me falham, agora já faltam só 33 vitórias para voltarmos a ser todos felizes."

Pedro Soares, in O Benfica

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