sexta-feira, 5 de abril de 2019

O Futsal

"Confesso que me faltam as palavras para qualificar os resultados na nossa equipa sénior feminina de Futsal. É impressionante a forma como tem dominado, nos últimos anos, a modalidade. O que mais me impressiona é a postura deste magnífico grupo de trabalho. Nunca se cansam de vencer e fazem de cada desafio uma final. Só assim se justificam os êxitos consecutivos. Esta não é a primeira equipa feminina do SL Benfica a quem teço estes elogios. A equipa sénior de Hóquei em Patins, superiormente orientada por Paulo Almeida, domina a modalidade há anos a fio e eu próprio já questionei o nosso treinador qual é a fórmula especial. A prestação competitiva das nossas 15 bravas atletas, em Gondomar, nos dois jogos, provou que nada se consegue sem muito trabalho, dedicação, organização e, sobretudo, compromisso. Independentemente de termos um plantel formado pelas melhores jogadoras nacionais, a verdade é que a força da equipa orientada por Bruno Fernandes é o colectivo. Todos admiramos a liderança de Inês Fernandes, a categoria da melhor guarda-redes do mundo, Ana Catarina, os dotes técnicos de Sara Ferreira, a eficácia ofensiva de Janice e a juventude e a genialidade de Fifó.
Uma nota especial para a nossa equipa masculina. Mereciam ganhar a final frente ao Sporting. Não fora uma arbitragem que cometeu dois erros graves e Bruno Coelho e seus pares, tal como aconteceu com Inês Fernandes, teriam levantado mais uma Taça de Portugal. O Futsal produzido pela equipa de Joel Rocha deixou-nos água na boca e com uma certeza - estamos muito bem lançados para a reconquista do Campeonato Nacional."

Pedro Guerra, in O Benfica

O Gigante acordado

"138 é um número mágico e parecia mesmo inalcançavel quando, há apenas duas semanas, metemos mãos a caminho para mobilizar os portugueses a encher cinco contentores de quarenta pés com enlatados e arroz. Parecia impossível, mas não era: todos sabemos que, na hora de tocar a reunir o Benfica, a imensidão está ao nosso alcance. Basta apenas acordar o Gigante. Mas não é fácil de acordar este Gigante, não porque seja caprichoso mas porque para lá da paixão do futebol tem muito e bom critério do que importa ao mundo e à vida, por isso não se mobiliza por causas vulgares nem se incendeia por fogos-fátuos.
Mas quando o apelo é claro e a causa justa; quando é de vidas e de seres humanos que se trata; quando a solidariedade é a voz da chamada, então o Gigante acorda mesmo e levanta-se imparável. Acorre em massa e dá com generosidade, sem nada pedir em troca. Por isso aí estão os enormes contentores apinhados com 138 toneladas de alimentos e carregados com a esperança e amizade de todos. Levam na assinatura Portugal e no apelido de família: Benfica!
Que orgulho para todos nós, sermos capazes de dar assim!"

Jorge Miranda, in O Benfica

Imperiosas convocações de consciência

"Na passada edição abordei o tema de comparação entre a robustez do Glorioso e as medidas em que os nossos rivais têm de se conformar. E nem de propósito. A sete finais de maior decisão de todas; numa época em que, além dos obstáculos naturalmente criados pelos adversários em campo, nos têm sido propositadamente levantadas pelas sedes organizadoras das competições as mais iníquas dificuldades, estamos a viver o crucial momento da época, e nesta quarta-feita defrontávamos o clube do Campo Grande num jogo, afinal, não menos decisivo do que os restantes.
O jogo não correu como esperávamos. E o que agora nos interessa, com a mesma confiança (embora com outra atitude...), são os torneios em que estamos a competir: o campeonato e a Liga Europa.
A dimensão do Benfica, em todo o caso - tal como a ideia-forte em que os nossos Fundadores se basearam logo em 1904 - vai hoje muito para além dos jogos que se ganham e que também se podem perder ou empatar, quando jogamos mal. Essa mentalidade confiante germinou desde cedo e viria a ser, como está à vista, dominantemente assumida e abraçada em todo o país. Mais de um século depois, está disseminada e sedimentada em todo o mundo: jogamos, porque somos amigos e solidários; e ganhamos sempre, porque jogamos. Mesmo quando perdemos.
A solidariedade foi, e mantém-se, princípio fundacional do Sport Lisboa e Benfica. E para lá das vitórias que se somaram a todas as vitórias, empates e derrotas, diria eu que, para já, a maior conquista do momento que agora estamos a viver, ou pelo menos a vitória mais fortemente simbólica, foi a demonstração que os Benfiquistas acabaram de dar fora do campo, a si próprios e a todos os seus concorrentes, acerca do real significado que a solidariedade tem para todos nós e da real grandeza do nosso Benfica: ao mesmo tempo que aqui, na Luz, em Lisboa, no coração do Benfica, vivemos a ansiedade de tempos ainda mais felizes, lá longe, depois dos mares, no centro de Moçambique, os nossos irmãos viam as suas vidas atraiçoadas pela impressionante catástrofe natural.
Nesta circunstância, os Benfiquistas corresponderam de imediato a uma imperiosa convocação de consciência. E perante o apelo do Sport Lisboa e Benfica acorreram às Casas do Benfica, ao Estádio e às escolinhas de futebol ou a estabelecimentos de ensino, e ainda e empresas de proprietários benfiquistas, a outras organizações e até a outros clubes que se associaram à iniciativa da Fundação Benfica para trazerem o seu contributo de ajuda, de modo a minorar as aflições e a profunda tristeza dos moçambicanos.
O resultado desta chamada à solidariedade superou largamente o que poderia supor-se. Nenhuma outra entidade desportiva (associativa, federativa ou arbitral....) em Portugal alguma vez poderá alcançar uma vitória destas e, por isso, esta grandeza do Benfica. Que não se contém em escassas quatro linhas."

José Nuno Martins, in O Benfica

As avestruzes da arbitragem

"O primeiro passo para resolver um problema é reconhecer que ele existe. Quem fizer como a avestruz, escondendo a cabeça na areia, pode fazer de conta que está tudo bem, mas, impelavelmente, acabará por sucumbir à realidade.
Deste caos em que a arbitragem do futebol português mergulhou há que retirar, desde já, que é preciso mudar, que faz falta inovar, e que as fórmulas vigentes perderam eficácia.
Tudo deverá ser repensado e nenhuma solução pode ser liminarmente rejeitada. Desde o protocolo das nomeações ao número de árbitros que compõem o quadro nacional.
No afã defender os árbitros, este Conselho de Arbitragem (CA) está a comportar-se apenas como uma filial da APAF (essa sim, com natureza sindical) e no fim do dia o que se constata são os inúmeros prejuízos para o futebol. E mais uma vez lembro que defender os árbitros e defender a arbitragem são coisas muito diferentes, a primeira missão é da APAF, a segunda devia pertencer ao CA da FPF.
Faltam sete jornadas para o fim da Liga, o título e a permanência estão em aberto, e o mínimo que se exige é bom senso nas nomeações dos árbitros de campo e dos VAR.
Pelo trabalho sem ponta de autoridade realizado por Hugo Miguel em Alvalade, antecedido por uma noite de trevas de Manuel Mota, em Braga, percebe-se o estado de fragilidade dos árbitros e, em alturas assim, devem ser os melhores a dar a cara.
Os árbitros entendem que a melhor forma de se defenderem é através da opacidade e do secretismo. Erro crasso. Expliquem o expliquem-se. Sem medo. Todos vão lucrar..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Hora dos adeptos

"A onda vermelha tem viagem marcada até Santa Maria da Feira. No domingo, a partir das 17h30, os adeptos do Benfica serão preciosos – como sempre! – para ajudar a equipa a dar mais um importante passo rumo à Reconquista! Como André Almeida lembrou há dias, este é o tempo em que, “cada vez mais, Todos Contam”.
Faltam 7 jornadas para terminar o campeonato e é obrigatório que, daqui até ao derradeiro dia da temporada, a verdade desportiva ainda possa prevalecer. É verdade que já corre o risco de chegar tarde, mas – mesmo assim – mais vale tarde do que nunca!
Chegámos à recta final de uma época em que todos os comentadores independentes reconhecem, sem qualquer excepção, estarmos perante a Liga mais desequilibrada do ponto de vista dos benefícios que têm sido concedidos a uma equipa. Basta ver o conjunto de erros (flagrantes, grosseiros, inadmissíveis) em favor do FC Porto, alguns a permitir a conquista de pontos que, de outra forma, não teria sido possível.
Há muitas equipas já lesadas nesta edição da Liga! Há muitos pontos que estão, neste momento, na posse de uma equipa, mas que deveriam ter tido outro destino. Bastaria, para isso, ter imperado a verdade desportiva.
Foi o próprio Conselho de Arbitragem, aliás, a reconhecer um conjunto de erros graves quando ainda estava decorrido apenas um terço do campeonato. Daí para cá, infelizmente, a situação não melhorou. Bem pelo contrário!
Que mistério poderá estar por detrás do extraordinário facto de existir apenas uma equipa neste campeonato que ainda não sofreu qualquer expulsão? E o que dizer da “coincidência” que é essa mesma equipa ter defrontado adversários que ficaram em inferioridade numérica em 30% dos jogos? 
Por falar em expulsões: Rafa é um profissional exemplar que viu o primeiro cartão vermelho da carreira na última 4.ª feira, em Alvalade. Passou os 90 minutos do dérbi a sofrer entradas à margem da lei, algumas a roçar a violência. No final do jogo, conforme as imagens provam de forma evidente, foi provocado por um adversário – com um género de linguagem que hoje podemos ler na imprensa. Não basta dizer que é preciso proteger o futebol e os seus intérpretes. É preciso passar das palavras aos actos.
Ou há jogadores que podem dar bofetadas (!) nas mãos dos árbitros assistentes e outros a quem nem sequer é permitido pedir explicações aos seus adversários (e colegas de profissão) depois de serem vergonhosamente provocados?
Deverá ser um imperativo de consciência, por parte dos mais altos responsáveis do futebol nacional, que as próximas semanas decorram dentro de um quadro de absoluta normalidade. Com justiça, verdade e respeito por todos os competidores. Tudo o que tem faltado.

PS: A Benfica SAD cresceu 53,3% desde o início do ano! É, de resto, a segunda empresa cotada em bolsa que mais está a valorizar em 2019, conforme publica esta manhã o ‘Jornal de Negócios’. Uma excelente notícia para o universo benfiquista e, no fundo, a consequência de uma série de outras boas notícias: o reconhecimento internacional das boas práticas do Benfica, a confiança dos mais importantes e prestigiados parceiros comerciais e, obviamente, o comportamento da equipa profissional de futebol."

Coacção...

"«Rui Costa, da A.F. Porto, é o árbitro do jogo de hoje em que se defrontam F.C. Porto e Boavista F.C, duas equipas da mesma associação. É irmão de Paulo Costa, membro do Conselho de Arbitragem e ex-árbitro. O Presidente do F. C. Porto ameaçou ambos em 2016 ("vou tratar da tua saúde e do teu irmão"). O Benfica deveria pedir imediatamente, ainda hoje, acesso à ata, ou documento que contenha a decisão, para verificar se esta ameaça foi ponderada como fator de risco e aferir se existem condições para uma arbitragem imparcial. A defesa intransigente dos interesses do Benfica exige-o. Depois do jogo concluído, paciência… O Benfica não pode viver ilusões se quer lutar para ser campeão».

Conseguem ver o padrão e a teia? A tal de que temos falado em que nomeiam árbitros altamente condicionados por pessoas ligadas ao Futebol Clube do Porto, de forma a saírem constantemente beneficiados? Conseguem ver aquilo que tem andado a ser cozinhado nos bastidores desde o início do campeonato? Nós, como sempre dissemos, estamos aqui para expor tudo isto e assim vamos continuar, para infelicidade da Santa Aliança.
E um aparte: não, o Benfica não tem de jogar “10 vezes mais” que “assim não há problema e nenhum árbitro por mais que prejudique nos consegue parar”, como constatámos em alguns comentários à nossa publicação anterior. O Benfica tem de jogar aquilo que conseguir jogar dentro das limitações físicas dos seus jogadores, sem que por isso saia prejudicado pela arbitragem. Não há nenhuma lei em Portugal que diga que o Benfica tem de jogar mais porque em praticamente todos os jogos tem sido prejudicado pela equipa de arbitragem e do VAR. Se existisse verdade desportiva, o Benfica ia com 12 pontos de avanço sobre o FC Porto e não precisava de jogar 10 vezes mais, tal como todos os programas desportivos referem quando demonstram a Liga Real (sem erros de arbitragem) e a Liga Portuguesa. Apenas precisava que os árbitros não tivessem beneficiado o rival em praticamente todos os jogos do campeonato e prejudicado o Benfica numa grande parte dos mesmos.
A conversa de alguns adeptos do Benfica entristece-nos, pois ao dizerem que se “o Benfica jogar mais, as decisões dos árbitros não interessam”, estão a dar legitimidade para que quem nos prejudica possa continuar a fazê-lo.
Defendam o vosso - nosso - clube, respeitem as suas cores e não exijam mais do que aquilo que é exigido a todos os outros. O Benfica tem a obrigação de entrar em campo focado para ganhar, mas não tem a obrigação de entrar em campo com o pensamento de que tem de marcar 3 golos por jogo porque sabe de antemão que irá ser prejudicado. Ponto final."

Adoptar boas práticas dentro da nossa organização desportiva

"A igualdade entre as mulheres e os homens corresponde à ausência de assimetrias entre umas e outros em todos os indicadores relativos à organização social, ao exercício de direitos e de responsabilidades, à sua autonomia individual e ao bem-estar.
Pressupõe um reconhecimento do igual valor social das mulheres e dos homens, e do respectivo estatuto na própria sociedade. Implica ainda, uma participação equilibrada de homens e mulheres em todas as esferas da vida, incluindo a desportiva, sem barreiras em relação ao sexo. Actuar para conseguir a igualdade dentro da nossa organização desportiva implica compreender os problemas que limitam a participação das raparigas e eliminar todas as situações de discriminação e de desigualdade.
Para tal, torna-se necessário implementar um conjunto de boas práticas que promovam a igualdade de género, envolvendo todos os que nelas participam (treinadores/treinadoras, professores/professoras, atletas, pais/família, dirigentes), no seu dia-a-dia, tendo como finalidade:
· Respeitar, valorizar e desenvolver o potencial individual de raparigas e de rapazes na prática desportiva, através do estabelecimento de objectivos educativos e formativos, que contribuam para o seu desenvolvimento físico, motor, social e emocional, permitindo ainda o fomento de valores e atitudes que são cruciais para o seu desenvolvimento;
· A prática da modalidade tem de decorrer num ambiente positivo e inclusivo, permitindo nas diferentes actividades que as raparigas e rapazes tenham papéis de relevância que contribuam para o bem estar do grupo;
· Encorajar a mudança de comportamentos, de atitudes e de crenças que se regem por estereótipos de género em função do sexo, através dos valores implícitos da própria modalidade, na organização e gestão dos grupos no decorrer das sessões de treino e ainda através de campanhas específicas que visem desenvolver esta temática;
· Sensibilizar a população para a não discriminação em função do sexo, do género e da sua identidade de género, através de diversos meios, como cartazes, postais, que transmitam valores não discriminatórios;
· Utilização de uma linguagem inclusiva entre as raparigas e os rapazes, através de um discurso cuidado dirigido a todos os que fazem parte da prática desportiva;
· Promoção de acções de sensibilização, destinadas a raparigas e rapazes, que visem promover a prática da modalidade, através de campanhas específicas (podem ser acompanhas com vídeos promocionais que demonstrem imagens positivas de atletas em actividade, relacionado com o esforço, dedicação, derrota, vitória, entre outros...) ;
· Utilização de mulheres desportistas, treinadoras, árbitras, dirigentes como modelos de referência para as raparigas e para os rapazes, através de palestras, acções práticas, tendo em vista que as gerações mais novas conheçam os modelos de referência da sua modalidade e que compreendam o seu percurso nas diferentes áreas, tornando-se modelos de referência para todos;
· Promoção e divulgação com os meios de comunicação, utilizando as ferramentas que estão disponíveis para realçar o trabalho desenvolvido com as raparigas e rapazes inerentes à prática desportiva;
· Estabelecimento de parcerias com entidades ao nível do concelho, distrito e nacional, para junto da comunidade educativa (escolas) dar a conhecer o trabalho desenvolvido dentro da nossa organização. 
Neste sentido, pretendemos com estas medidas, assumir o compromisso de contribuir activamente para uma melhoria dos indicadores de género na nossa organização e para a progressiva superação das desigualdades existentes no mundo desportivo.
Cabe a cada um de nós ser um exemplo dentro e fora da nossa organização!"

Cadomblé do Vata (Lagismo!)

"A menos que estejamos a falar de alguém com conhecimentos futebolísticos altamente limitados, ninguém visita esta página pelo acerto das opiniões aqui emitidas acerca do pontapé na bola. Análises que se revelam erradas num futuro muito próximo, são mato escondido nas letras aqui dactilografadas. Ainda hoje sou atazanado pela memória das primeiras impressões publicadas sobre Di Maria e Gaitan, pelo gozo extremo dedicado a D. Eliseu I nos primeiros anos da sua real estadia no Glorioso e pelo peremptório apoio à continuidade Vitoriana aqui prestado. Só não sou um Van Gogh do erro, porque preciso das duas orelhas para segurar os óculos.
Da mesma forma que um dia Sousa marcou um golo num derby, também eu, errando avulsamente, consigo uma ou outra vez acertar. O caso que aqui me traz hoje, é disso exemplo e explica-se em poucas linhas: quando no SL Benfica alguém concluiu que a estrada por onde Rui Vitória conduzia a nossa equipa, desembocava num barranco íngreme, expliquei aqui que a opção de substituição deveria passar por uma segunda escolha, nunca pelo homem que se pretenderia colocar ao leme durante largos anos. A razão para tal opção era simples: a época estava totalmente descarrilada e o pobre que se agarrasse ao volante a 7 pontos do 1º lugar, com um calendário altamente inconveniente a cumprir, corria o sério risco de queimar dez cartucheiras de créditos antes de decorar o nome de todos os jogadores do plantel, perdendo como tal, margem para os anos vindouros.
Como bom e assíduo leitor desta página (o que em parte explica muita patetice feita enquanto sentado no Maior Trono do Mundo), Luís Filipe Vieira seguiu o conselho e chamou a terminar a época, o rapaz da equipa B, com ordenado baixíssimo, segundo as sábias e credíveis investigações da CMTV. Acontece que o rapaz era afinal um Homem, que se agarrou à tarefa com afinco, catapultou-nos do 4º para o 1º posto, varreu Alvalade, encantou Dragão, desfez o Castelo Vitoriano 2 vezes, conquistou o Império Otomano e as planícies da Dalmácia e recuperou jogadores e adeptos. Em 20 jogos, só não ganhou 5 e destes, há a considerar que 2 foram não-vitórias pírricas, o que significa que na verdade, com “Bruno Lage no Comando”, metemos água 3 vezes: duas custaram-nos eliminações em Taças e outra o curto conforto pontual que tínhamos conseguido.
No rescaldo do último desaire, surgiu finalmente a contestação. Afinal o técnico que venceu 11 dos 12 jogos do campeonato é bem capaz de ser um flop e arrisca-se “a não ganhar nenhum título”. Após 3 meses de “Bruno-Lagismo” descobre-se que o “Vitorismo” é que era bom. Confundem-me: quando eu apoiava Rui Vitória, todos criticavam; agora que não apoio, dizem que é bom. Se precisam de provas de que eu erro muito no que escrevo, aqui está a prova. Agora, vamos lá a ver se nos entendemos: o campeonato é a gasolina que mexe o nosso Ferrari. Taça de Portugal, Liga Europa e Taça da Liga também são importantes, mas não passam de óleo, líquido de refrigeração e água do mija mija da temporada.
Quando o SL Benfica mudou de treinador estava abaixo da reserva do depósito no campeonato. A única responsabilidade que o actual líder de um plantel que não formou, poderá ter, se nada se ganhar este ano, é a de ter tornado possível isso não acontecer Pegou numa equipa sem margem para um empate sequer e quando empatou, já tinha ganho espaço de manobra para tal desaire não nos tornar dependentes de outros. O que se lhe pede hoje era uma utopia há 12 jornadas atrás: vencer 19 jogos seguidos. Faltam 7 e só não venceu 1. Tamanha foi a epopeia que lhe pedimos, que hoje ao Sport Lisboa e Benfica exige-se que seja Campeão. Ao Bruno Lage não. Mesmo acreditando que ambos vão ser."

A lesão do Gabriel

"A extensão da lesão de Gabriel já é conhecida. O jogador vai ficar de fora as próximas 6 a 8 semanas, o que indica que provavelmente está de fora para o que resta da época. No plantel sobram agora 7-8 médios centros. Quais as melhores duplas de médios centros que temos disponíveis agora? 
1. Taarabt e Samaris. Taarabt ainda mal se estreou, mas as sensações que deixou na equipa B e que tem deixado na equipa A não podiam ser melhores. É dos melhores jogadores do plantel a nível técnico. Nota-se pela qualidade de passe, recepção e outros tantos pormenores que deixa em campo. Tem um bom passe longo, como Gabriel, e tem também a capacidade de transporte de bola. Contra o Sporting esteve muito ativo defensivamente, conseguiu alguns desarmes e teve uma pressão intensa. Neste momento parece-me o substituto ideal de Gabriel. Sobre Samaris, não há nada a dizer. Já devia ter renovado.
2. Florentino e Gedson. Por exclusão de partes parecem-me a dupla de médios que melhor alternativa oferece a Taarabt e Samaris. Gedson é dos jogadores que mais vezes sai do banco com Bruno Lage. É um box-to-box puro. Falta-lhe um upgrade na qualidade de passe e alguma energia. Florentino é um destruidor com boa qualidade de passe. Imagino os dois a serem titulares contra o Frankfurt já na próxima semana. Mas vejo também algum potencial em duplas como Samaris-Gedson ou Florentino-Taarabt. Só não vejo em Samaris-Florentino porque a equipa perde alguma qualidade ofensiva.
3. Krovinovic e Zivkovic. Parece que já ninguém se lembra que a melhor parte da época passada foi com Krovinovic no meio e a segunda melhor parte foi com Zivkovic. Caso algo aconteça com Gedson e/ou Taarabt, parece-me os dois vão discutir a chamada. Neste momento o sérvio parece-me partir ligeiramente à frente. Zivkovic tem estado tapado pela bela época que Pizzi e Rafa estão a fazer e só por isso não tem tido mais minutos. Já Krovinovic ainda está longe da forma do ano passado. Muito lento, quer em movimentos, quer a passar a bola. Prendeu demasiado o jogo na Croácia. Mas sem a pressão de estar a lutar por um lugar, como aconteceu contra o Zagreb, talvez consiga estar melhor.
4. Fejsa e Pizzi. Na eventualidade de algum cataclismo, Fejsa e Pizzi são os homens que se seguem. Fejsa não pode jogar neste meio campo do Benfica. Compromete na totalidade a construção de jogo. O jogo do Sporting não foi uma excepção. Fejsa sempre construiu jogo com Rui Vitória e Jorge Jesus entre os centrais, numa construção a três, de frente para a baliza. Agora, sempre que recebe a bola e tem um adversário pelas costas é uma afilição desnecessária. Pizzi está bem na posição onde está. Não precisa de ser adaptado aqui. Logo, por motivos diferentes, parecem-me as últimas alternativas a ser utilizadas no centro do terreno.
Assim sendo, acredito que na Feira no Domingo jogue Taarabt e Samaris e na Luz na quinta-feira a seguir jogue Florentino e Gedson ou Taarabt. Faltam pelo menos 9 jogos até ao final da época, eventualmente 12. Vamos ver se não temos mais nenhuma surpresa."


PS: Eu apostava na dupla Tino-Samaris e o Taarbat no lugar do Rafa.

Sabe que é? O filho da guerra... - Seferovic

"A fuga da Bósnia e a bola dada às meninas; Os 5 francos por cada golo e a noite na prisão em San Sebastián

1. Ao aperceberem-se de que a guerra nos Balcãs tomara, espicaçada, Sanski Most - Hamza e Sefika dela fugiram, a galope. Deixando a Bósnia, aventuraram-se à Suíça. Hamza empregou-se numa metalúrgica, Sefika numa fábrica de têxteis. Foi por lá, por Sursee, no cantão de Lucerna, à sombra dos Alpes, que, por Fevereiro de 1992, ele, o filho, lhes nasceu.
2. A ele, ao filho, desatou Hamza a levá-lo para o campo da escola perto de casa: minutos a fio, centrava-lhe bolas para que as rematasse à baliza deserta. Aos sete anos, achando-o pronto para o desafio, foi pô-lo no FC Sursee - e não tardou que jogo contra o Malters, o ganhasse por 22-0, com 16 golos marcados por ele.
3. (Irene Brechbuhl, a sua professora primária, revelou-o: «Tornou-se muito popular não apenas ser capaz de driblar todos os outros, mas por fazer o que mais nenhum fazia: fintando toda a gente, passava a bola às meninas, deixava-as marcar golos que poderia marcar»). Ao chegar ao FC Sursse, o pai lançara a acordo com ele: por cada golo dava-lhe cinco francos. Num jogo em que já ia em oito, André Huber, o seu treinador, contou-o: «Para poupar dinheiro ao Hamza, tirei-o e ele saio do campo em raiva, porque queria continuar a marcar, não pelo dinheiro, mas pelo prazer que nunca escondia: o prazer do golo».
4. Aos 12 anos foi para o FC Luzem - e dois depois para o Grasshoppers. Na parede do quarto tinha a iluminar-lhe o destino, poster de Cristiano Ronaldo - por entre o Giovane Elber, o seu primeiro ídolo, e o Ibrahimovic. Chegou 2009, o Mundial Sub 17 na Nigéria - e com Neymar, Gotze, Isco e Morata por lá, melhor marcador foi ele, os seus golos fizeram da Suíça a campeã.
5. A Fiorentina contratou-o, só uma vez o usou na Série A. Emprestaram-no ao Neuchatel Xamax, ao Lecce e ao Novara (onde se cruzou com Bruno Fernandes) - e, por dois milhões de euros, a Real Sociedad contratou-o.
6. Após emotiva vitória sobre o Barcelona, com ele em brilharete, foi festejar o 22.º aniversário para a Parte Vieja de San Sebastián - e, num ápice, soltou-se o «escândalo»: a Guarda Municipal apanhou-o em «discussão quente» com a namorada, e vendo-o a «dar-lhe empurrão»  o agente achou que era de «violência de género» - e arrastou-os ambos para a esquadra. Detidos ficaram essa noite. No dia seguinte tribunal libertou-os - e 10 meses depois absolveram-no. (Antes tivera escaramuça com a claque - por, após golo ao Osasuna, mandar calar o Anoeta com gestos que os adeptos acharam «provocador»...)
7. Ao cabo de uma época na Real Sociedad, transferiu-se para o Eintracht Frankfurt (por 2 milhões de euros, os 2 milhões de euros que os bascos tinham pago por ele). Podia ter escolhido jogar pela Bósnia, escolheu jogar pela Suíça - e assim foi ao Mundial 2014. (No País Basco dissera-o: «Nasci na Suíça, na Suíça me criei, mas o meu sangue é bósnio» - e para não perder a relação sanguínea e sentimental passou a ajudar o Podgrmec, clube de Sanski Most, com dinheiro e equipamentos).
8. No Verão de 2016, apanharam-se rumores que Jorge Jesus o queria no Sporting. O que logo se viu foi que sim: que Bruno de Carvalho foi buscar avançado ao Eintracht Frankfurt, não ele, porém, mas Luc Castaignos - e, meses depois, apareceu o Benfica a contratá-lo a custo zero. Ao chegar à Luz da equipa que perdera a final da Taça da Alemanha para o Dortmund houve quem duvidasse que pudesse ser o que se dizia que vinha para ser: o substituto de Mitroglou por, nessa época, só ter feito três golos em 25 jogos na Bundesliga - e ele avisou: «Quero ganhar títulos com esta camisola. Gosto de marcar golos e de dar golos a marcar, mas o que mais quero é ganhar jogos...»
9. Depois de arranque fulgurante, caiu em penumbra. Rui Vitória atirou-o para lista de dispensas, não aceitou o destino: «Não importa onde esteja ou o que faça, nunca vou desistir. Mordo-me se for preciso. Só procuro a minha sorte noutro lado se não existirem oportunidades». Lesões de Castillo, Ferreyra e Jonas puseram-no de novo na ribalta - e a partir daí tem sido o que se sabe (e não só no Benfica, pois, foi com o seu hat-trick na «noite de sonho dos 5-2» que a Suíça se apurou para a Final Four da Liga das Nações...)"

António Simões, in A Bola

Sabe quem é? Do Chalana ao Hazard - Rafa

"A fisioterapeuta quase só entrava em campo por ele; Do erro que o Sporting cometeu à aventura no Feirense...

1. No Euro-2016, Fernando Santos deu-lhe menos de dois minutos de jogo contra a Áustria mas, por essa altura, já se percebera que bom futuro estava condenado a passar por si, pela sua rapidez, o seu frenesim - havendo até jornalista inglês a tratá-lo, na Four Four Two, como o Eden Hazard de Portugal. Aos primeiros raios dos seus brilharetes, Paulo Nunes, que o treinara no Alverca, dera-lhe outro sinal (e não, não lho dera mal): «Há nele algo de Chalana, desse Chalana que não era fisicamente impressionante, mas era fantástico, não tinha medo de nada...»
2. Tal como Chalana, nasceu no Barreiro (por Maio de 1993) - mas foi só por uma simples circunstância: a ginecologista da mãe trabalhava no hospital de lá, combinando o parto para quando estivesse de serviço. Cresceu no Forte da Casa, em Vila Franca de Xira - aos 9 anos, foi para o Povoense. Baixote e escanifrado, num ápice se lhe notou a habilidade e a velocidade - e Cristina Clemente, fisioterapeuta no clube da Póvoa de Santa Iria, contou-o à Sábado: «Sempre que íamos jogar fora, os miúdos das outras equipas perguntavam: 'Quem é o vosso avançado?' E quando percebiam que era ele, olhavam-no com desdém, diziam: 'É esse?! Ah, já ganhámos!'». Depressa se desenganavam.
3. Travá-lo (ou tirar-lhe a bola do pé) era um cabo dos trabalhos, o normal era fazerem-no à pancada - e Cristina Clemente também o revelou: «Havia jogos em que eu só entrava em campo por causa dele. Limpava-lhe as lágrimas, punha-lhe spray, dava-lhe um miminho e perguntava-lhe: 'Estás melhor?' Sorria e dizia-me: 'Sim, já passou' - e continuava a fazer das suas, impressionante». Do Povoense saltou para o Alverca - e foi graças a ele que os seus iniciados chegaram à I Divisão. Jogava, então sobretudo como n.º 10 - marcando golos a fio...
4. O pai fora guarda-redes, ele, simpatizando com o Sporting, a teste se aventurou a Alcochete - e o que lhe disseram foi que jogadores como ele «havia muitos». Continuou a correr atrás do seu destino - e quando o Sacavenense subiu à I Divisão Nacional de juniores, desafiaram-no para lá. Entusiasmando, disse-lhe que sim, mas o Alverca não deixou.
5. Nem um mês passado, melhor oportunidade lhe surgiu. Empresário ligou para o Feirense a perguntar se podia levar três miúdos à experiência: ele, o Cleto e o Cláudio. Apesar de Adolfo Teixeira, o treinador, se impressionar de pronto com ele, ficaram os três. O Feirense alugou apartamento onde os pôs a viver - pagando-lhe as demais despesas. O 12.ª ano fê-lo lá. Sempre muito atilado, chegava mais cedo ao estádio e ia ajudar ao treino dos benjamins (ou se houvesse outras coisas para fazer no clube, ele fazia - até tirar fotocópias...)
6. Estrela a faiscar nos juniores, Henrique Nunes chamou-o para a equipa principal do Feirense, então na II Liga. Jesualdo convenceu Salvador a ir buscá-lo - de Santa Maria da Feira o levou por €300m. Paulo Bento chamou-o à Selecção para jogo com os Camarões - e levou-o ao Mundial do Brasil. Não fez minuto que fosse - não deixou de ser peça decisiva nos sub-21 que chegaram à final do Euro 2015.
7. No SC Braga conquistou a Taça ao FC Porto. Continuava a mostrar o espírito comedido que lhe vinha de miúdo: pouco falador, pouco falastrão, sem ser do tipo de se fazer palhaço no balneário ou malandreco fora dele - a gostar de teatro de comédia e de ler. Os seus fogachos na Liga Europa já tinham posto clubes ingleses (do Leicester ao Tottenham) de olho nele. O FC Porto também entrou na corrida - ganhou-a o Benfica.
8. A conquista do Euro-2016 fez dele comendador, por ele o rodopio em torno de si, desinteressou-se de salário muito maior com que o Zenit lhe acenara - e telefonou a Salvador pedindo-lhe que o deixasse ir para a Luz. Para que ele fosse para a Luz o Benfica teve de gastar €16,4 milhões de euros (a maior transferência da história entre clubes portugueses).
9. Paulo Fonseca, seu treinador no SC Braga, não teve dúvidas: o Benfica contratara um craque. Demorou a ser o melhor de si (até por lesão muscular o obrigar a 71 dias de estaleiro), ainda assim deixou marca no campeonato de 2016/2017 (e na Taça e Supertaça) - e esta época tem-na feito em fulgor (mesmo antes de Bruno Lage - e não só no Benfica, na Selecção também...)"

António Simões, in A Bola

Sabe quem é? Na sua fé, eternidade - Fernando Santos

"Quando ainda jogava, tinha de trabalhar e Hagan trocou-lhe as voltas; Do assalto ao retiro que lhe mudou a vida

1. Fora jogador do Benfica, jogador do Estoril se tornara por meados de 1971 - e cinco anos depois terminou o curso de Engenharia Electrotécnica e de Telecomunicações. Como futebolista, pouca ganhava. Casando-se, para comprar casa no Cacém, teve de pedir um empréstimo à Caixa e outro a uma amiga da mãe - e até a mobília teve de ser a prestações também.
2. Ao nascer-lhe a filha, para ter o dinheiro de que precisava, tornou-se o que na verdade não era - profissional: por meados de 1979 foi para Marítimo que lhe deu três vezes mais do que o Estoril lhe dava. Numa viagem a Espanha, os pais foram assaltados num semáforo, partiram-lhe os vidros, à mãe pedra atingiu-a na cabeça, criando-lhe stress pós-traumático. Ao ouvir do médico que o facto dela o ter longe lhe agravava a situação, pediu, então, dispensa do Marítimo...
3. Como o presidente do Estoril, Benito Garcia, também era dono do Hotel Palácio, aceitou voltar ao clube na condição de que lhe arranjasse emprego no hotel como engenheiro. Para se dedicar ao emprego nem sempre podia treinar com a equipa - fazia-o mais tarde, nem que tivesse de ser só um bocadinho: «Uma vez dei duas voltas ao campo e parei. Disse ao roupeiro que, se o treinador - que era o Jimmy Hagan - perguntasse, eu já tinha treinado. Quando ia a entrar no duche, ele apareceu: O senhor não treina? Respondi-lhe que já tinha treinado, atirou-me de rompante: Não, que eu estar no pinheiro e ver senhor só dar duas voltas. Come on! - estive uma hora a subir e a descer escadas.
4. Numa entrevista em A Bola, Rogério Azevedo perguntou-lhe: 10 de Janeiro de 1988 foi o seu primeiro jogo como treinador, lembra-se? - e a resposta saiu-lhe assim: «Lembro-me mais do último jogo como jogador-treinador: empatávamos nas Antas, para a Taça de Portugal, frente ao FC Porto que tinha conquistado a Taça dos Campeões Europeus, a Taça Intercontinental, a Supertaça Europeia. Depois perdemos 1-2 na Amoreira, no jogo de desempate, com dois golos de Rui Barros - e falhámos um penalty...»
5. Esse seu primeiro jogo como treinador foi na Amoreira, contra o Barreirense - e para ele soltata-se de um capricho do destino: «Ser treinador foi coisa que me apareceu por acaso na vida. Sugeri ao presidente do Estoril convidar o António Fidalgo, meu afilhado de casamento, ele só aceitou na condição de eu o ajudar, como adjunto. O Fidalgo fez uma época fantástica e indo para o Salgueiros, pediram-me no Estoril para ficar uns seis meses, fiquei seis anos...»
6. Levou o Estoril à I Divisão, por lá o manteve durante três anos - e, em Março de 1994, despediram-no, foi Carlos Manuel para o seu lugar: «Fui para a rua - e pensei: Acabou-se o futebol». Vendo-o amargurado pela chicotada, casal amigo que o visitara em casa, desafiou-o a ir a um retiro do Movimento dos Cursilhos da Cristandade: «Fui para pôr a cabeça em ordem, pensei que era uma boa oportunidade para estar três dias descansado - e encontrei Cristo».
7. Passou para o Estrela, de lá saltou para o FC Porto - e descobriram-no, ao abrir de uma manhã, a fazer a via-sacra pelo Santuário em Fátima, já então se sabia que sucedia o que continua a suceder: «Rezo todas as manhãs. E quando me deito também. Se ofereço o meu dia a Deus, tenho de agradecer-Lhe à noite». E, ao acordar, também nunca deixa de passar os olhos pelos versículos da Bíblia.
8. No primeiro ano nas Antas, levou o FC Porto ao campeonato do penta - nos seguintes juntou-lhes duas Taças e uma Supertaça. Depois de, no AEK ganhar a Taça da Grécia, foi para o Panathinaikos. O Sporting foi buscá-lo, sem nada ganhar também passou pelo Benfica - no PAOK repetiu a façanha do AEK: apanhou clube à beira da falência, pô-lo na Champions. Maior fulgor conseguiu com a selecção grega. A eternidade agarrou-a na de Portugal - entre imagens de fervor da saga: ele a rezar antes de Kuba partir para o penálti que eliminou a Polónia ou ele a passar, já a ferver de emoção, as mãos trémulas pelo crucifixo que tinha (como sempre tem...) no bolso antes de Clattenburg apitar para o fim do jogo que fez de Portugal campeão da Europa. (E por essa altura, um inglês de Birmingham, fã do Aston Villa, ficou a saber que a aposta que fizera no golo de Éder lhe rendera um milhão de libras...)."

António Simões, in A Bola