terça-feira, 5 de março de 2019

Samaris 150



PS: É obviamente para renovar!!!

O futebol com sal e pimenta de Thomas Tuchel

"Ser goleado e recolher elogios não é propriamente comum no futebol. Podem chamar-lhes palavras de cortesia, vindas de um treinador rival que acabou de se impor no relvado com autoridade, ou podem encarar esses encómios de Pep Guardiola como a reacção de alguém que viu (e vê) bem para além do resultado. Certo é que, nesse 4 de Outubro de 2015, dia em que o Bayern aplicou um 5-1 ao Borussia Dortmund, o catalão confirmou que Thomas Tuchel era não só um dos mais promissores técnicos da Alemanha, mas um estratega de primeira água. Uma reputação que tem vindo a confirmar no PSG.
Há cerca de três semanas, mesmo sem poder contar com Neymar, Cavani e Meunier (e com Verratti a meio-gás), o todo-poderoso campeão francês esvaziou um pouco o balão de oxigénio em Old Trafford, com um triunfo sobre o Manchester United que lhe facilitou a missão para a segunda mão desta noite, no Parque dos Príncipes. Nesse encontro, Tuchel teve de montar uma cadeia de produção capaz de fazer chegar a bola em condições óptimas a Di María e, sobretudo, a Mbappé, recalibrando um modelo de jogo que tem feito vítimas atrás de vítimas nesta temporada.
Primeiro no Mainz 05, depois em Dortmund, Thomas Tuchel foi fundindo no seu caldeirão futebolístico uma pequena poção do jogo mais directo e fisicamente exigente da década de 1970 alemã, com o gegenpressing (reacção à perda com pressão exercida imediatamente sobre o portador da bola, ao invés de baixar linhas para reagrupar) e as bases do jogo de posição celebrizado pelo Barcelona (e replicado com sucesso no Bayern e agora no Manchester City). Essa intersecção de estilos nem sempre convenceu o adepto germânico mais convencional, mas chamou a atenção dos seus pares.
Voltamos a Guardiola para dar conta da boa relação que ambos estabeleceram quando se cruzaram na Bundesliga. O episódio mais colorido dessa aproximação foi uma (de muitas) conversas à mesa de um popular bar de Munique, o Schumann’s, na qual os dois treinadores terão utilizado o saleiro, o pimenteiro e os copos para representarem os jogadores distribuídos num campo imaginário. A paixão pelo jogo e pela sua componente estratégica ajudavam a cimentar uma admiração mútua que mais tarde viriam a reconhecer.
Num certo sentido, o Borussia Dortmund de Tuchel tinha dado um passo em frente, do ponto de vista conceptual, face à versão bem-sucedida de Jürgen Klopp. E o alemão aproveitou essas bases para transformar o PSG numa equipa cujo domínio, hoje em dia, se expressa em mais do que salários chorudos e transferências milionárias. É inegável que o colosso francês é uma equipa recheada de talento, mas importa reter de que forma o actual treinador o coloca ao serviço do colectivo.
No 4x3x3 preferencial de Tuchel (ainda que já tenha ensaiado variantes como o 4x4x2, o 3x5x2, o 3x4x3 ou 4x2x2x2), há toda uma intenção de exponenciar a qualidade individual de um quarteto atacante de classe mundial: Neymar, Mbappé, Cavani e Di María. E essa trajectória da bola até ao último terço começa, na primeira fase de construção, com um dos médios (Marquinhos, nos últimos jogos) a recuar para o meio dos centrais e o outro (o talentoso Verratti) a ocupar o espaço da posição seis para funcionar como primeira estação de ligação. O terceiro médio é projectado para o espaço entre linhas, no meio-campo contrário, provocando uma avalanche de linhas de passe na medida em que Neymar e Mbappé também recuam uns metros para receber, os extremos passam a jogar mais por dentro e os laterais se projectam em organização ofensiva, conferindo largura.
A herança da nova vaga da escola alemã, essa, fica mais visível na reacção à perda da bola. Com o objectivo de encurralar o adversário ainda no seu terço defensivo, o PSG obriga-o a sair por uma das laterais, deslocando habitualmente cinco homens para esse corredor. Uma vez recuperada a bola, é ensaiada uma variação rápida do centro do jogo à procura da projecção do lateral, que em condições normais receberá a bola com tempo e espaço para decidir. Um modelo que, como todos, implica riscos (e o Lyon, com transições lancinantes, colocou-os a nu na Ligue 1), mas que traduz ousadia e sagacidade em doses generosas.
Para um treinador a quem é colado muitas vezes o rótulo de controlador e que é descrito como distante na relação com os jogadores, não deixa de ser pertinente relevar também a forma como elevou o compromisso de mega-estrelas como Neymar, que nesta época temos visto frequentemente em tarefas defensivas mesmo no primeiro terço do campo. Uma submissão ao interesse colectivo que só é possível quando entornada por uma ideia maior. Uma ideia que mobilize. Uma ideia com assinatura."

Os factores diferenciadores da prática desportiva

"O Sexo
Se recuarmos a nossa análise até à Idade Média, verifica-se que as mulheres medievais não fazem verdadeiramente desporto. As jovens raparigas não têm uma adolescência e ocupam precocemente o lugar que é lhe imposto pela sociedade medieval. O ‘desporto’, que os homens praticavam (luta, natação, tiro com arco, torneio, etc.), não foi feito para elas. O esforço físico não podia estar totalmente ausente das ocupações femininas, mas ele não era valorizado em termos de proeza, nem mesmo no tempo limitado como a aprendizagem ou a iniciação. Actividades em recintos fechados, uso restrito do corpo no espaço público, vestuário impondo um mecanismo restritivo do corpo, tabus ligados à menstruação e perdas pós-parto, ou ainda controlo da sexualidade, foram sempre observados. Elas passam directamente da infância ao estatuto de esposa ou de mãe. As mulheres, intimamente persuadidas da sua “diferença”, evocam: “a lei irrevogável da sua natureza”, o “seu destino”, “a lei da criação”. A costura e os bordados são fortemente recomendados para elas. Em qualquer meio social, uma mulher deve saber cozer e bordar. Os valores da virgindade e de maternidade, que a ideologia religiosa investiu no corpo feminino, não abriram perspectivas para elas quanto às actividades de lazer, centradas nos exercícios físicos. À fraqueza da Eva corresponde à força de Adão, à passividade a acção, à submissão a autoridade, à dependência a liberdade, ao sofrimento o vigor, ao sentimento a inteligência, à graça a grandeza. Até então, é preciso reconhecer que a natureza fêmea é inferior à natureza macho. É, sobretudo, importante às mulheres saber obedecer! E é aí que reside a sua verdadeira fonte de felicidade.
No seu livro sobre a educação das jovens raparigas no século XIX, Bricard (1985) sublinha que estamos longe de proibir as jovens de toda a actividade intelectual ou artística, mas a prudência recomenda de se limitar ao estudo da história, da geografia, do desenho e da sã moral. Nada de literatura, de poesia, e sobretudo de música, mas, pelo contrário, muito exercício para combater a exaltação nervosa: passeios a pé, equitação, dança, etc. O campo é o quadro sonhado para a eclosão tranquila de importantes funções.
Para os homens, existem tratados de esgrima, de caça, arte militar. Eles são encorajados a desenvolver as suas capacidades físicas no espírito de apropriação do espaço social. O “homem medieval” dedicava-se aos divertimentos que procediam do jogo (liberdade de escolha, gratuitidade, gosto pelo risco, submissão às regras), de combatividade (pelo confronto voluntário com o adversário ou obstáculo) e de paixão (pela intensidade de compromisso e de exaltação da performance).
O desporto é uma arena masculina que, não somente exclui as mulheres, mas faz da dominação masculina uma relação natural. O desporto foi e continua a ser um produto de homens e controlado pelos homens. Ele permite aos homens de mostrar as qualidades viris, tais como a força, a combatividade e a audácia. Os desportos a que dão grande preferência são os especificamente masculinos, tais como o râguebi, o futebol, o hóquei em patins ou gelo. No seu comportamento como desportivos, os homens adoptam facilmente uma postura enérgica e dura. Eles fazem dos seus clubes desportivos os locais onde se encontram “entre homens” e utilizam o desporto como o meio de sublinhar a sua independência das mulheres. O aspecto masculino dominante do desporto exprime-se também ao nível das instâncias dirigentes. A dominação masculina conduz também a percepções e a modelos culturais determinando a forma como o desporto é dirigido e praticado.
Como mostraram Louveau e Davisse (1991, p. 288), o desporto é um “conservatório das identidades”. É “o local, por excelência, onde se pereniza a distinção entre os sexos, como o conservatório de uma masculinidade e de uma feminidade tradicional” (Louveau e Davisse, 1991, p. 111). As desigualdades mulheres/homens objectiváveis no desporto são plurais: desigualdades intra e inter sexos no acesso à prática de uma actividade física ou de um desporto; desigualdades no acesso às diversas disciplinas desportivas. Estas duas formas têm uma ancoragem na história e perduram nos dias de hoje.
Durante muito tempo, a instituição desportiva foi um território reservado aos homens para eles adquirirem e manterem a sua virilidade. O universo desportivo está cheio dos atributos da virilidade que são a força, a potência, a velocidade, a capacidade de infligir a violência, o culto do corpo musculado e dominador, de estigmatização das mulheres e da homossexualidade. Mesmo se a impressão viril não desapareceu da instituição desportiva, as mulheres, em nome da igualdade, amplamente investiram nas práticas reservadas aos homens.
Originalmente, as mulheres não acederam às mesmas modalidades desportivas nem às mesmas condições que os homens. Para limitar a sua participação desportiva, utilizou-se muitas vezes os argumentos de ordem médica, estética e social. Da “fragilidade física” à falta de “naturalidade” de combatividade, passando pela “virilidade” de certas disciplinas desportivas, não raras vezes ela era (e continua a ser, por vezes) motivo de chacota.
No decurso dos anos a mentalidade não mudou muito relativamente à mulher e a sua participação no mundo desportivo, pelo menos até à década de 60. Em 1965, em França, é publicado um relatório da Comission de la Doctrine du Sport (1965, p. 29). Nele pode ler-se que, para a jovem rapariga e para a mulher, “a prática de certos desportos colectivos é impossível ou mínima”. Sobre o pretexto de serem mais adaptadas à sua condição física, sugere-se “a dança, a natação, o ski, as corridas de velocidade muito curtas, a ginástica harmónica, o ténis” (Comission de la Doctrine du Sport, 1965, p. 29). Como “princípio absoluto”, deveriam ser propostas às mulheres as “actividades desportivas que respeitem os imperativos da harmonia estética, da graciosidade, da feminidade e que fazem apelo à flexibilidade, à agilidade e ao ritmo” (Comission de la Doctrine du Sport, 1965, p. 30). Na alta competição, “deveriam ser rejeitadas as disciplinas desportivas estressantes para o corpo e que são opostas às características gerais da feminidade” (Comission de la Doctrine du Sport, 1965, p. 75).
Os desportos, considerados violentos e ‘masculinizantes’ (de tradição masculina), são interditos às mulheres. E quando elas “invadem” estes desportos têm que fazer prova da sua feminidade e redobrar a sua vigilância para se colarem à imagem associada ao corpo feminino, que deve seduzir. É preciso ser bela para se ser útil. As atletas, redirigidas para os espaços de prática convenientes ao seu sexo, são, assim, colocadas sob a tutela masculina. Se as federações as integram progressivamente, algumas resistem.
O campo desportivo integrou as mulheres, mas engendrou correlativamente os seus próprios meios de controle para perpetuar um modelo preservando o masculino. O teste da feminidade é um exemplo. Por detrás do discurso de igualdade de oportunidades para atingir o pódio, o desporto entretém mecanismos de reprodução que a toda a sociedade acompanha. Homens e mulheres não evoluem da mesma forma na prática desportiva.
As mulheres são muitas vezes minoritárias no seio das federações uni-desporto, mas elas são mais numerosas nas federações multidesporto. A razão é que essas federações propõem práticas viradas para o lazer, a saúde, o bem-estar, em vez da competição. As federações uni-desporto têm uma vocação competitiva muito marcada e, por isso, uma tendência para excluir os menos performantes. Por consequência, uma grande parte das mulheres se encontram excluídas. Por outro lado, as mulheres mudam mais, frequentemente, de actividade desportiva.
O fundador da “exposição universal do músculo” (JO modernos), o barão Pierre de Coubertin, não queria que as mulheres participassem. Confirmando a sua posição negativa, declarou que “uma olimpíada com a participação de mulheres seria pouco prática, desinteressante, pouco estética e incorreta” (Coubertin citado em Bressan, 1981, p. 34). Para si, elas estavam lá apenas para aplaudir e coroar os vencedores. Apesar do seu desacordo e os seus discursos, as mulheres entraram, progressivamente, nos JO e aí permaneceram. É inseparável da realidade do desporto moderno. A participação das primeiras mulheres desde os primeiros JO aumentou substancialmente. De 20 nos JO de 1900, em Paris, passou-se a 4700 no JO de 2016, no Rio de Janeiro, ou seja, 45%.
O universo desportivo não se conjuga mais sobre o investimento (nos sentidos económico, psicológico e de ação) dos homens. O crescimento da escolaridade das raparigas e a actividade socioprofissional das mulheres, induzem a um reforço da prática desportiva. Apesar dos indiscutíveis avanços, ainda existem muitos obstáculos para aumentar a participação das mulheres no desporto a todos os níveis (lazer, escolar, amador, competitivo, etc.), funções e papéis, e para desenvolver a democracia no seio das organizações desportivas. Na sexta conferência europeia, dedicada às “mulheres, desporto e democracia” (2004), concluiu-se:
- que existe um acesso desigual das mulheres nas instalações desportivas;
- a questão da educação física continua insuficientemente desenvolvida em muitos países, o que penaliza as mulheres;
- o desenvolvimento do comunitarismo de toda a ordem podem ser um obstáculo ao desenvolvimento das práticas femininas;
- o pequeno número de mulheres nas estruturas de decisão dos organismos desportivos;
- a imagem degradada e parcial do desporto feminino dada pelos meios de comunicação social;
. existem dificuldades na concretização concreta e real de todas as resoluções que vão sendo adoptadas sobre as mulheres e o desporto aos níveis regionais, nacionais, internacionais, e olímpicos. 
Existe hoje um desfasamento importante entre as práticas propostas pelos clubes, virados essencialmente para a competição e as aspirações das mulheres, mais diversas e orientadas para a convivialidade, as práticas familiares, a saúde e o lazer. Este desfasamento, explica, em parte, o número insuficiente de mulheres no desporto. Resulta daqui também a fraca presença nos centros de decisão (federações, por exemplo). O progresso desejado de maior participação das mulheres no desporto passa pela educação.
Com a participação das mulheres no desporto, interessantes domínios de investigação se abrem. Como é que a prática desportiva pode afectar as mulheres? Como é que a expansão do desporto feminino pode modificar a forma como a sociedade entende o desporto e como este entendimento influencia sobre o número de mulheres atraídas pela experiência desportiva? A prática desportiva constitui uma aprendizagem do “viver em conjunto”, que é de valorizar, num momento, e nalguns bairros do nosso país, os valores e os princípios da república e da democracia, que são seriamente ameaçados.

A idade
As assembleias dos JO aparecem como verdadeiras festas da juventude do mundo. Do ponto de vista psicológico, os jovens são admiravelmente aptos à prática desportiva. Existem desportos e maneiras de praticar que se acomodam com a idade. De fato, assiste-se a um movimento crescente de práticas desportivas nas faixas etárias para além da juventude. As provas de veteranos (que alguns chamam “antigos”), que começa com trinta e cinco anos de idade, não é coisa rara. O que leva a uma prática em detrimento de outra, numa determinada idade, é a intensidade da prática, a natureza das motivações, os objectivos, os valores (e o “sentido dos valores”) etc. A massa de praticantes, segundo a idade, orienta-se diferentemente. E a forma de se praticar muda da juventude à idade madura ou de idade. De fisicamente mais intensa passa a menos intensa.
Ao mesmo tempo, o ardor competitivo se faz sentir menos fogoso e menos imperioso. Para Bourdieu (2002, p. 192), “a relação entre as diferentes práticas desportivas e a idade é mais complexa”, pois não se define por intermédio da intensidade do esforço físico reclamado, mas de uma dimensão do “ethos de classe”. Faz notar ainda que “a propriedade mais importante dos desportos ‘populares’ é que eles sejam associados à juventude, que se exprime pelo dispêndio de energia física e abandonadas muito cedo (a maior parte das vezes no momento do casamento que marca a entrada na vida adulta)” (Bourdieu, 2002, p. 192). Ao contrário, os desportos ditos “burgueses” são praticados, principalmente, pelas suas funções de manutenção da forma física e “pelo proveito social que eles proporcionam, tendo em comum aumentar a idade da prática para além da juventude, quanto mais prestigiosos e mais exclusivos (como o golfe) forem” (Bourdieu, 2002, p. 192).

A profissão
A profissão pode ser um fato de não prática ou de menos prática desportiva. As pessoas que trabalham em espaços interiores participam mais nas actividades desportivas de competição e de recreação. A taxa de desportistas em meio rural é fraca. A resposta dada é que já fazem muito movimento, em razão da sua profissão. Se deixarmos de lado as profissões da terra, o tipo de profissão influencia sobre o desporto praticado. No caso da classe operária, pratica-se, sobretudo, os desportos de equipa, como o futebol, onde o espírito de equipa é muito desenvolvido, na medida em que grande parte do trabalho é feito em equipas de trabalho. Eles veem-se na continuidade dessas tarefas, discutem, e prestam assistência mútua. Quando praticam um desporto de equipa, eles transpõem certos comportamentos e certas qualidades profissionais.
A adesão a uma profissão pode levar também à escolha de uma prática desportiva: desportos de combate (polícia, militares, etc.); parapente (aviadores profissionais); tiro e equitação (militares, polícias); yoga (professores), etc. A formação e o treino numa determinada prática desportiva podem ajudar no desempenho da profissão. De uma maneira geral, os representantes de uma profissão podem dominar num clube, o que pode importar maneiras, atitudes, representações, preocupações vindas do meio profissional e impregnar-se no grupo desportivo.

O meio socioeconómico
Entende-se por meio socioeconómico um conjunto de elementos que parecem coincidir com a classe social. Eles entram em combinação de uma forma complexa, como vários estudos o sublinharam. São as categorias socioprofissionais, o estatuto ou a situação numa profissão e tem um papel importante na produção. Depois, é o rendimento, a fortuna, a propriedade, e o emprego que provoca os recursos, levando a um nível de vida e a um estilo de vida (a quantidade de tempo livre e a distribuição do tempo de lazer tem muita importância no que diz respeito à prática desportiva). Neste somatório, temos ainda a rede de relações pessoais que se tem com pessoas de um determinado meio socioeconómico. A pertença a um meio socioeconómico implica uma educação, uma cultura, usos, costumes, gostos, atitudes políticas.
A influência do meio socioeconómico atinge o desporto, fenómeno essencialmente social. É assim que a riqueza permite praticar desportos onerosos como é o golfe em muitos países, ou como o “yachting” (iate). Há desportos chiques e há desportos populares. Várias pesquisas permitiram obter dados precisos sobre a realidade da estratificação social no domínio do desporto e os seus efeitos.

O local de residência
Quando os sociólogos procuram compreender os factores que conduzem os indivíduos escolher uma prática desportiva, cruzam muitas dimensões da “identidade” da pessoa: idade, origem social, género, origem nacional ou étnica, capital cultural, mas esquecem-se o local de habitação. De uma maneira indirecta, alguns geógrafos analisam as variações territoriais do desporto e tentam analisar as culturas desportivas. Investiga-se pouco o “efeito do bairro” sobre as práticas desportivas.
O desporto nos bairros caracteriza-se pela diversidade das práticas, do estatuto dos organizadores e dos intervenientes. Pode ser uma oportunidade para os habitantes frequentarem um clube. Em França, existe os ringues móveis, o que permite aos jovens se iniciarem no boxe educativo. Outros desportos, como o basquetebol, o judo e as danças são também muito procurados, permitindo promoverem-se competições entre bairros. As práticas desportivas, de competição ou lazer, podem ajudar os praticantes a sair do bairro para investirem noutros espaços e encontrarem outros indivíduos, criando uma rede social. Estas práticas desportivas podem ajudar, evitando a exclusão social e transformando os modos de socialização."

A mágica senhora das paixões

"Dia 1 de Outubro de 1980. O Benfica desfez o Dínamo de Zagreb (2-0) com uma exibição de uma beleza fora do comum. A bola era o centro do mundo para os que vestiam de encarnado. Estive lá e vi!

No dia 1 de Outubro de 1980 eu estava no Estádio da Luz. Já não me lembro ao certo com quem. Provavelmente com aquela malta lá dos Olivais Sul, Rua Cidade de Luanda. Rua Vila de Catió e por aí fora. Um costume propagado pelas noites europeias que, nesse tempo que mora no jardim pacífico e florido da saudade, ainda eram religiosamente à quarta-feira.
Confesso que sempre fui um fascinado pelo futebol que se jogava lá por fora. Sobretudo pelo futebol inglês, com aquelas jogadas ao primeiro toque, as disputas rijas de cabeças contra cabeças, os remates inesperados, a opção pelos golos violentos em detrimento dos golos subtis.
Sempre que uma equipa estrangeira visitava Lisboa, fazia um esforço para ir. Restelo, Alvalade, Estádio Nacional, e sobretudo a Luz.
Em Outubro de 1980 eu estava no fim dos meus dezasseis anos e a vida era simples e clara como um nada. O futuro era distante demais e a morte ainda não começara a bater à nossa porta da forma sinistra que hoje bate e continua a bater.
O treinador do Benfica era um dos maiores cavalheiros com quem alguma vez cruzei, no futebol e fora dele: Lajos Baroti.
Portugal conheceu-o bem em 1966, quando foi o seleccionador da Hungria que batemos um Liverpool por 3-1 no jogo de estreia do Campeonato do Mundo de Inglaterra. Consta que, nessa tarde britânica, ficou furioso com a derrota. Mas limitou-se ao silêncio. Não estava no seu feitio ser desagradável.
Baroti era húngaro, não se esqueçam.
Os húngaros são os homens do futebol elegante, bola deslizando sobre a relva, movimentos de bailarino, identidade ofensiva e convicção na ideia de que assim estão certos e que assim vencerão.
No dia 1 de Outubro de 1980, o Benfica recebeu o Dínamo de Zagreb e tinha jogadores como Pietra, Chalana, Alves, Shéu, Humberto, Carlos Manuel, Nené e César. Gente que parecia ter mãos no lugar dos pés.
E era lindo, mas lindo, vê-los traçar velozmente aquelas órbitas arbitrárias do poema de Miguel Torga.
Podia dizer-se sem medo: a bola para eles era a mágica senhora das paixões!
Assim, com ponto de exclamação.

Os golos e o amuo...
O Benfica tinha empatado em Zagreb. Um convenientíssimo zero-a-zero.
Na Luz, nessa noite de Outubro a começar, foi magnífico.
Já se passaram quase quarenta anos, quem diria?
Talvez a memória me engane, cada vez mais, é natural que assim seja pela ordem natural da degradação humana. Mas eu tenho imagens vivas da forma como Chalana dobrou um adversário, lhe deu um nó cego impossível de desatar, e o deixou preso em si mesmo, mero espectador impotente do que viria a seguir. E o que veio a seguir foi o passe fagueiro para Carlos Manuel e o centro deste, preciso, irretocável. A bola veio numa bandeja, com pastelinho de bacalhau, palito e tudo, até Nené a desviar de cabeça para a festa conjunta do golo que ergueu as pessoas dos seus assentos frios de cimento num salto colectivo de alegria total.
Estava muita gente no velho estádio. Provavelmente mais de 70 mil.
Eram noites impressionantes.
Ainda por cima, aquelas em que o Benfica, lá em baixo, subia cá ao alto da nossa imaginação de um futebol absoluto.
Os croatas podiam ser croatas, mas eram jugoslavos para o resto do mundo.
Estavam perdidos, confusos, assustados. Não se entendiam os movimentos vermelhos, não compreendiam a forma como Shéu fazia desaparecer a bola como se fosse o Mágico Mandrake do Circo Moscovo. E depois ela reaparecia naquelas fintas de Chalana de ir e afinal não ir e acabar por ir mesmo, fantasma etéreo atravessando adversários com a facilidade de um Mercúrio de barbas com asas nos calcanhares.
Depois surgiu César, o brasileiro César. E foi augusto.
Jorge Gomes estava a aquecer, e César previu que seria para ocupar o seu lugar. Não quis sair incógnito de uma noite encarnada em flor. Num repente, ainda de longe, recebeu com o pé direito, trocou-o pelo esquerdo e fez o golo num pontapé fulminante, supimpa, de provocar comichões na sangue de um pobre Stincic, guarda-redes pregado ao solo, embasbacado, sofrido.
César nas alturas; Jorge Gomes amuado.
Vai daí recusa-se a entrar para substituir o companheiro. Bateu o pé, infantilmente, e desobedeceu às ordens de Baroti. Condenou-se. Viria a jogar pouco, muito pouco. Bem menos do que Reinaldo ou Vital que disputavam a mesma vaga.
No dia 1 de Outubro de 1980 eu estava no Estádio da Luz.
O Dínamo de Zagreb não passou de um tigre de papel. Entregue à feitiçaria daqueles que tratavam a bola como a mágica senhora das paixões."

Afonso de Melo, in O Benfica

O amor pelo desporto, a paixão pelo ténis de mesa

"Quando falamos de ecletismo benfiquista, Leonor Cadillon é um dos nomes que o personifica

Começou na ginástica aos três anos, aprendeu a nadar no Clube, mas foi no ténis de mesa que Maria Leonor de Carvalho Cadillon imprimiu a sua marca de atleta laureada. No ano em que celebra 73 anos de vida, recordamos esta figura incontornável da modalidade, a qual se pratica no Sport Lisboa e Benfica desde 1940/41, na sua vertente feminina.
Nascida a 1 de Março de 1946, no seio de uma família ligada ao clube encarnado, Leonor Cadillon desde cedo teve contacto com o mundo desportivo. O seu pai, Rui Cadillon, foi dirigente da secção de ténis de mesa do Sport Lisboa e Benfica durante vários anos, o que aproximou a filha daquilo que seria um vitorioso percurso pela modalidade.
Leonor era 'muito estimada por todos os seus colegas da prática desportiva, quer na ginástica, quer na iniciação desportiva, quer de Ténis de Mesa ou da natação'. Mas foi no desporto da 'bola de celulóide' que ela se revelou uma 'menina-prodígio'.
Aos dez anos, Leonor Cadillon inaugurou o que viria a ser um promissor caminho na modalidade, vencendo o Campeonato de Lisboa, na categoria individual de meninas, durante a época de 1955/56. Quatro anos mais tarde ascendeu ao escalão de sénior, onde conquistou cinco Campeonatos Nacionais por equipas, quatro em pares-seniores, três em pares-mistos e dois individuais. A este admirável palmarés adicionou ainda a conquista de cinco Taças de Portugal.
Em Agosto de 1965, O Benfica Ilustrado dedicou-lhe a rubrica Ídolos na Intimidade, com uma entrevista em casa da atleta, apresentando-a como 'uma das «estrelas» do ping pong português'. Nesta entrevista, Leonor Cadillon explicou como conciliava à data a prática do desporto com a sua vida pessoal: 'Trabalha seis horas por dia. É mecanógrafa. Quando sai do emprego, ou vai treinar, ou vai para casa, onde - segundo a sua expressão - uma rapariga tem sempre bastante que fazer. Normalmente treina, por semana, cerca de seis horas'.
Após 15 épocas ao serviço do Benfica, abandonou a prática desportiva, em 1971, com 25 anos, deixando uma inegável marca no ténis de mesa 'encarnado' e nacional.
Pode conhecer mais sobre esta figura eclética da história do Benfica, na área 2 - Jóias do Ecletismo do Museu Benfica - Cosme Damião."

Vanessa Baptista, in O Benfica

A imagem de Félix e a 19.ª equipa da Liga

"Notas soltas de uma liga.
Comecemos pelo fim. Nem o Benfica é campeão, nem o Feirense desceu de divisão.
As duas equipas deram passos para uma coisa e outra e, no caso dos fogaceiros, começa a ser difícil percepcionar um futuro brilhante. É verdade que há umas épocas o Tondela fez um milagre futebolístico, mas se não deitou a toalha ao chão, o Feirense tem pelo menos de apanhá-la.
Já os encarnados são todo uma outra coisa.
A imagem de João Félix em slide pelo relvado é simbólica. O Benfica reclamou o Dragão, como nunca antes o fizera num recinto portista. Talvez a Taça de Portugal de 1983 ou o 3-3 de 1993/94 fossem o mais próximo disto, mas os registos mostram que a dupla cambalhota dos «muchachos» de Lage não têm precedente.
O Benfica virou um resultado no recinto portista e com isso ultrapassou os dragões até alcançar a liderança.
Há 30 pontos em disputa e ninguém se atreve a antecipar um campeão. O Benfica, líder, tem agora pela frente Belenenses e Moreirense. As duas melhores equipas na Liga fora candidatos a alguma coisa e com os quais a águia já perdeu seis pontos.
E se o jogo do Benfica no Dragão teve relevância, também o Nacional-Tondela definiu muita coisa. Os madeirenses ganharam um duelo na luta de quem tenta fugir aos três últimos lugares desta liga de 19 equipas. As 18 concorrentes e… aquela que se chama Bruno Fernandes. O camisola 8 vale um 11 inteiro neste campeonato."

Sabe quem é? Omeletas e bestas... - Otto Glória

"Foi do Benfica, do Sporting, do Belenenses e do FC Porto, só nas Antas nada ganhou; Da revolução aos castigos

1. O avô materno era de Gaia, o paterno dos Açores - e ele nasceu no Rio ao raiar de 1917. Contava, deliciado, que começou a dar nas vistas quando, pequeno, partia vidraças com bola que lhe saía em fogo dos pés pelas ruas do bairro da Tijuca. O sangue português levou-o para o Vasco da Gama (e não, não foi só para jogar futebol, também foi para jogar basquetebol).
2. Do Vasco saltitou para o Botafogo. Como estava a tirar  curso de direito, aos 34 anos deixou o futebol para só jogar basquetebol. Logo teve outra ideia: fazer curso de treinador de futebol - com distinção o fez. Fez mais: aplicou ao futebol ideias do basquete: a importância da posse e recuperação, às triangulações, a marcação à zona.
3. Flávio Costa (o treinador que perderia, no Maracanazzo, o Mundial de 50) desafiou-o trabalhar consigo no Vasco. Foi. De lá saltou, ainda só como assistente técnico de Zezé Moreita, para o Botafogo (que nesse ano de 1948 venceu o campeonato carioca).
4. Com o Vasco a correr no sonho de se tornar tricampeão carioca, em 1951 Menezes Póvoa chamou-o para suceder a Flávio Costa como treinador principal - e o que aconteceu, um jornalistas resumiu-o numa frase: «o certo é que não deu certo».
5. Era um frasista notável e foi ele quem primeiro o percebeu e disse: «Treinador quando vence é bestial, quando perde é uma besta». Indo do Vasco para o América, mostrou o que era: bestial. Isso percebeu Joaquim Bogalho nas Salésias, ao ver o América bater o Benfica por 3-1. Treinador benfiquista era Ribeiro dos Reis, por lá passaram, de seguida, Valdivieso e Valadas - e para época de 1954-1955 já foi ele (que assim se tornou primeiro treinador brasileiro em Portugal).
6. Ao assinar contrato pelo Benfica, deram-lhe 60 contos, em luvas. Ficou a ganhar 12000 escudos por mês. Outra promessa recebeu: que qualquer título de campeão lhe valeria bónus de 100 contos (que, hoje, seriam pouco menos que 40000 euros). Para além das suas inovações tácticas (pondo a equipa no 4x2x4 com que o Brasil seria campeão do Mundo em 1958), implementou as concentrações e os estágios, proibiu os jogadores de utilizar o calão até.
7. Ângelo Martin revelou-o: «Ao criar-se o Lar dos Jogadores, espécie de regime de vigilância máxima, quem não cumprisse os horários era multado a doer. Havia também controlo para quem não vivia no Lar, os casados. Uma vez, fui apanhado em casa duma vizinha às 23.10 horas, na sua festa de anos, e aplicaram-me 1000 escudos de multa por causa desses 10 minutos de atraso. Eu só ganhava, então, 750 por mês, fora os prémios, claro».
8. Também determinou que nem sequer Bogalho podia entrar no balneário sem lhe pedir autorização - e fez, de pronto, do Benfica campeão, campeão de 1954/55 (graças ao golo de Martins quando o Belenenses já festejava o título).
9. FC Porto impediu-lhe a revalidação do título, campeão voltou a ser em 1955-1956 (em que também ganhou o campeonato de basquetebol, com Costa Pereira a jogá-lo) e deu mais um sinal do seu espírito: na Luz, com o Belenenses, antes da meia hora vencia por 2-0, o jogo acabou empatado 2-2. Zangado, ouviu-se-lhe: «Os jogadores não cumpriram o que lhes disse, deve ter-lhes dado alguma coisa na cabeça». No dia seguinte, cada um tinha notícia de multa de 500 escudos «por negligência e por não terem acatado as ordens do treinador» (nenhum deles ganhava de ordenado ainda sequer 3000 escudos - que, hoje, seria menos do que 1200 escudos - e, por essa altura, as boas bicicletas vendiam-se a 1350 escudos).
10. Quando o Benfica foi ao FC Porto buscar Béla Guttmann, ele foi para o Belenenses - e lá ganhou a Taça de Portugal. Em 1961 passou fugaz pelo Sporting - deixou-o ao sentir-se contestado até no jornal do clube e ao bater, enfarinhado, com a porta, afirmou: «Não se fazem omeletas sem ovos». Ao Sporting haveria de voltar para ser campeão também. Só no FC Porto nada ganhou - mas dois anos depois, porém fez mais história: ao levar Portugal ao terceiro lugar no Mundial de Inglaterra. Voltou ao Benfica ganhando mais do que já lá ganhara. A seleccionador de Portugal regressou com vista ao Euro 1984 - e não, não foi por falha nos resultados que já lá não chegou..."

António Simões, in A Bola

Sabe quem é? O FC Porto na sua vida - Eusébio

"Antes de vir para o Benfica (e de se falar no seu rapto) os portistas tentaram-no; Nas Antas, o primeiro suplício

1. Aos 15 anos em turista acidental desafiou-o a ir de Lourenço Marques para a Juventus: «Depois surgiu o Belenenses. Treinado por Otto Glória foram a Moçambique fazer um torneio, quiseram-me: davam 110 contos. E aí apareceu o FC Porto a dar 150...»
2. Nesse torneio esteve a Ferroviária de Araraquara, treinada por José Carlos Bauer que no São Paulo fora treinado por Guttmann. Mandou telegrama a perguntar se valia a pena tentar levá-lo para o Brasil. Não lhe responderam. Ao passar por Lisboa, falou dele num fervor tão entusiasmando que Guttmann suplicou ao seu presidente que pagasse o que fosse preciso para o ir buscar - e o Benfica entregou 250 contos (que em valores actualizados andariam hoje pelos 91530 euros) a Elisa Anissabene, a mãe.
3. Com ele em Lisboa, o Sporting, tentou desviá-lo para Alvalade. Ao sabê-lo Domingos Claudino levou-o secretamente para o Algarve para o «afastar de mais tentações». Para os sportinguistas foi rapto, para ele não. Em Abril de 1961 o FC Porto ainda voltou à carga, declarando-se «interessado na contratação», a mãe manteve-se intransigente, ele também: «Ou o Benfica ou nada»! E a 13 de Maio, recebendo cheque de 400 contos, o Sporting de Lourenço Marques deu, enfim, a sua «carta de desobrigação».
4. Em 15 épocas na Luz, só lá perdeu 8 jogos oficiais. O primeiro, a 18 de Novembro de 1962, perdeu-o para o FC Porto: 1-2. Foi dele o golo. (Ao chegar, Águas logo lhe percebera o destino: «Por mais que chute, nunca chuta a mais. Todos nós, campeões europeus, estamos ameaçados por ele, é melhor do que qualquer de nós que estamos no Benfica. Não tenho palavras que o definam, é tudo o que de melhor se pode imaginar...»
5. Nas Antas, sete  derrotas sofreu. A primeira na primeira vez em que lá jogou, em finais de 1961: 1-2. Andava já atormentado pelo joelho, foi pela primeira vez injectado para poder jogar contra os portistas que andavam na luta pelo título - deixou o campo a coxear, uma semana depois tiveram de o operar no menisco. Ao sair do recobro, murmurou: «Quero é jogar depressa e que o joelho nunca mais me chateie». Chateou, muitas, muitas outras vezes.
6. Na sua ficha clínica no Benfica há registo de «40 baixas por lesão» só entre 1964 e 1974 - o ano da sexta operação ao joelho esquerdo, o ano em que ele voltou esquerdo, o ano em que ele voltou a perder com o FC Porto na Luz (o golo portista foi Cubillas, de pénalti), a época do seu último título (e do adeus ao Benfica).
7. Américo, que ganhara a baliza do FC Porto a Acúrsio - afirmava-o, orgulhoso: «A mim, nunca me marcou um golo isolado». Chamavam Guarda-Redes Suicida pelo modo valente com que se atirava aos pés dos avançados: «Não sei de onde veio a alcunha. Tive muitas. Primeiro era o suicida, depois as mãos não sei quê, depois o homem que tinha uma vaca em casa que tirava o leite para ter a sorte que tinha - e não, não era sorte»...
8. Só ao Américo marcou 17 golos, vários foram de livres, a 20, 30 metros. E sobre os livres que eram a sua arma nuclear, ele próprio o contou: «Pegava na bola, baixava-me, tirava as medidas à barreira e às vezes dizia para quem estivesse ao meu lado: Está ali o buraco, estás a ver?! Diziam-me quase sempre que não, não estavam a ver buraco nenhum - mas eu estava e respondia-lhe: Deixa estar, vou marcar directo. Se era golo, era sagrado: riam-se e diziam-me: tu és tramado, tu consegues ver buraco onde mais ninguém vê e melhor: consegues meter a bola dentro por lá...»
9. Na única final de Taça entre ele e o FC Porto, na baliza estava o... Américo. Foi em Julho de 1964 - e o Benfica venceu por 6-2. O único golo que lhe marcou foi de pénalti - o que levou a sururu e a que Rosa Nunes pedisse à polícia que retirasse Jaime do campo, por ele se recusar a sair de lá. E sim: esse foi o jogo que pôs o Américo a contá-lo, anos depois, deliciado: «Essa final foi um escândalo! A partir de certa altura passámos a insultar o árbitro de tudo. Primeiro lá dentro do campo, perguntado-lhe se não tinha vergonha na cara de estar a arbitrar daquela maneira - e depois na tribuna à frente do presidente da República, o mesmo lhe dissemos. Comprometido, no campo, não fora capaz de expulsar mais nenhum de nós». Ao ouvi-lo, ele disse o que dissera vezes sem conta: «Enquanto eu joguei no Benfica, o FC Porto nuca foi campeão...»"

António Simões, in A Bola

Sabe quem é? Vingança vermelha - Valadas

"Marcou  primeiro golo do Benfica ao FC Porto para o campeonato; Azar do Sporting, não lhe dar emprego...

1. O primeiro golo do Benfica ao FC Porto para o campeonato foi ele que o marcou - a 3 de Fevereiro de 1935, no Estádio do Lima que portistas usavam para os grandes desafios porque o seu Campo da Constituição era bem mais acanhado e não tinha relva. Marcou-o ao minuto 62 a Soares dos Reis (que se treinava, às vezes, apanhando coelhos vivos e em tarde de invernia chegara a ir de guarda-chuva para a baliza...)
2. Esse seu primeiro golo ao FC Porto não deu para evitar a derrota no jogo (por 2-1) nem no campeonato - e o DL contou-o assim: «Pina, sempre activo, lançou-o em corrida e ele, com boa direcção, fez golo ao seu jeito». (Pina, o Álvaro Pina, fizera, em 1933, jogos particulares pelo Benfica, jogando pelo Barreirense o Campeonato de Lisboa, trabalhava nas minas do Lousal e ao deixar o futebol, no Barreirense, outra vez, nas minas continuou a trabalhar).
3. Ele, o marcador desse primeiro golo do Benfica ao FC Porto, história fez em muitos. Fora dele o primeiro do Benfica no campeonato, marcara-o ao V. Setúbal - só estava no Benfica porque o Sporting falhara promessa que lhe fizera não muito antes.
4. Tendo nascido nas Minas de São Domingos, começara a jogar futebol no Luso Sporting Clube de Beja. Aos 19 anos apareceu à aventura em Lisboa, a oferecer-se ao Sporting, clube do seu coração. Bastou um treino para que Athur John se encantasse com ele, o pusesse a logo na primeira equipa.
5. Para ficar no Sporting pediu só um emprego. Como tardaram a arranjar-lho, certo dia, arrumou a trouxa e, desencantado, apanhou a camioneta de volta a Beja. Esteve largos meses sem jogar, sentiu saudades, foi matá-las para o Sport Lisboa e Beja. Lá andava quando Ribeiro dos Reis o desafiou para o Benfica. Acordou-se darem-lhe 750 escudos por mês «para melhor tratar da alimentação e da saúde» (750 escudos seriam hoje cerca de 700 euros - e nesse tempo jantar de luxo na Casa Imperium ficava por 18 escudos).
6. Ao Benfica exigiu o que já exigira ao Sporting: «emprego de futuro». Sabendo o que sucedera dois anos antes, Vasco Ribeiro, o seu presidente, não perdeu tempo a colocá-lo como funcionário no Governo Civil. O seu primeiro jogo com Vítor Gonçalves (o pai do Vasco Gonçalves do PREC) a treinador foi para o Campeonato de Lisboa, a 14 de Outubro de 1934 - contra o Sporting. Foi no desafio em que o sportinguista Faustino falhou um penálti e a sua repetição no mesmo minuto e o Benfica venceu por 3-2 - e não marcou nenhum golo. O primeiro ao Sporting marcou-o na segunda volta - depois de falhar uma grande penalidade, o bastante para o Benfica perder o jogo por 2-1 (e o Campeonato de Lisboa para os sportinguistas).
7. Não tardou, porém, a refinar-se, no campo, imagem que de si se criou, alto e possante, com pé esquerdo notável, remate violento, capaz de arrancadas pelo flanco esquerdo que deixavam os adversários em desconcerto e os seus adeptos em frenesins. Fora de campo jogava sempre com o coração. Conta-se que, uma vez, vendo Azevedo, o guarda-redes do Sporting, a defender de forma espantosa um seu remate, bateu-lhe palmas e correu para ele a cumprimentá-lo num abraço.
8. Na tarde de 26 de Abril de 1936, o guarda-redes do Sporting poderia ter sido o Athur Dyson, não foi. Também poderia ter sido Jaguaré, o exótico brasileiro que Oliveira Duarte fora buscar ao Corinthians (depois de já ter passado pelo Barcelona e espantado Lisboa por defender como nunca antes se vira: de luvas nas mãos) e também não foi, Joseph Szabo apostou, com surpresa, em João Azevedo que para lá fora do Barreirense - e esse era jogo que podia fazer do Benfica campeão ou não. Sim, o Benfica ganhou-o por 3-1. Graças ao seu hat-trick ficou a equipa de Vítor Gonçalves virtual campeã. Na última jornada podia até perder no Bessa empatou 2-2 (e foi o primeiro campeonato da história da história do Benfica - e o FC Porto, que ganhara o anterior, só o perdeu por ter perdido nas Amoreiras por 5-1).
9. Quando, em meados de 1944, se despediu de jogador tinha no palmarés seis Campeonatos, um Campeonato de Portugal, três Taças de Portugal e um Campeonato de Lisboa (e mesmo não sendo avançado-centro em 263 jogos fizera 162 golos) - e logo Janos Biri o chamou para o seu adjunto..."

António Simões, in A Bola

O golo do FC Porto no clássico e o fora de jogo

"Aproveitando um dos lances do clássico no Dragão, vou hoje falar da questão do fora de jogo, pois ocorreu uma situação que é muito interessante e nada fácil de interpretar ao nível da lei 11 (fora de jogo), cujos textos foram revistos e alterados e que entraram, no seu novo conteúdo, em vigor em 1 de Junho de 2018.
O lance ocorreu aos 19 minutos, quando o FC Porto obteve o seu golo. Num primeiro momento, todos se focaram no remate de Adrián López e na posição de Pepe, que estava em posição regular, pois Rúben Dias estava em linha com o jogador portista. Mas, na trajectória da bola, esta bateu no peito de Marega e para efeitos de fora de jogo passou a ser esse o timing de análise da colocação do defesa central da selecção, que estava em posição de fora de jogo, acabando por não tocar na bola porque se baixou, tendo esta acabado por lhe passar por cima da cabeça, só parando no fundo da baliza do Benfica.
A questão levantada é se Pepe, mesmo não tocando na bola e estando em fora de jogo posicional, deveria ou não ser penalizado, ou seja, se consideramos que acaba ou não por tomar parte activa no jogo, uma vez que estando na frente de Vlachodimos, e tendo-se baixado e fazendo um movimento para evitar entrar em contacto com a bola, se isso pode ser considerado como “interferir com o adversário” que antes da alteração do texto era interpretado como “influenciar a acção do adversário”.
Vamos então a algumas considerações de natureza teórica para podermos interpretar melhor este lance. Em primeiro lugar, o Internacional Board refere logo a abrir o texto da lei que “estar em posição de fora de jogo não constitui por si só uma infracção”. Depois acrescenta que um jogador na posição de fora de jogo no momento em que a bola é jogada ou tocada por um colega da equipa só deve ser penalizado se tomar parte activa no jogo. Tomar parte activa no jogo, tem três subdivisões principais, o interferir no jogo tocando a bola, o ganhando vantagem dessa posição jogando a bola (estas duas não interessam para o nosso caso, pois Pepe nunca jogou ou tocou na bola), e então ficamos com a terceira situação, essa sim, a que importa para a nossa analise que é “interferindo com o adversário”.
Conforme escrevi anteriormente, esta expressão vem substituir o conceito de “influenciar o adversário”. Dentro desta situação cabem algumas circunstâncias em que o denominador comum é o de esse jogador nunca tocar fisicamente na bola, mas mesmo assim ser penalizado. Uma das situações mais clássicas é o de impedir um adversário de jogar ou poder jogar a bola obstruindo claramente a linha de visão do adversário. Neste ponto ficam algumas dúvidas se Pepe, não obstante estar na linha do remate e de visão de Vlachodimos, realmente impede, de forma clara, o guarda-redes de ver a bola a partir e durante toda a sua trajectória. Com uma das repetições que tivemos, por trás da baliza, fica a ideia que esteve sempre em contacto visual com a bola mas também isso não é certo.
Outra situação da lei é o de ir disputar a bola com o adversário, ora essa não se coloca aqui. Isto acontece quando um jogador em fora de jogo corre para a bola e se aproxima do seu adversário para o fazer.
Outra situação ainda é quando “tenta claramente jogar a bola que se encontra perto quando esta acção tiver impacto num adversário”. Neste caso Pepe não tenta jogar a bola, claramente ele baixa-se para evitar esse contacto, portanto essa situação também não se coloca neste lance.
Finalmente, e é aqui que reside a dúvida e toda a questão, “quando toma uma acção óbvia que tenha um impacto claro na capacidade de o adversário jogar a bola” e o gesto do Pepe de se baixar, gerando a dúvida do que ia fazer, de poder tocar ou não no esférico, e todo o gesto corporal, que pode claramente ter induzido em erro e na dúvida Vlachodimos e isso ter, de alguma forma, impacto na capacidade de decisão do guarda-redes do Benfica.
Não sendo de todo claro e óbvio quer a questão da visibilidade, quer o impacto em Vlachodimos que o gesto corporal de Pepe, que relembro estava na linha entre o remate de Adrián, o peito de Marega, a sua própria cabeça e a baliza onde estava Vlachodimos, tudo isto deixa dúvidas e lança uma “discussão” técnica ao nível da arbitragem e, no caso concreto, de qual deveria ser a decisão final: validar o golo ou anulá-lo por fora de jogo.
Tudo isto, de certa forma, iliba a intervenção do videoárbitro que, de acordo com o protocolo, tem de agir apenas com a certeza absoluta (caso de erro claro e óbvio) e ainda mais iliba a decisão, qualquer que ela fosse, da equipa de arbitragem em campo, nomeadamente do árbitro assistente, tal é o grau de dificuldade desta ocorrência.
Não sendo o mais importante neste artigo, o de dizer a minha opinião e veredicto, pois esse tive oportunidade de o fazer pós-jogo, aqui mesmo no jornal “Público”, na minha forma de interpretar a lei do fora de jogo e deste caso especifico, acho que deveria ter sido assinalada a respectiva infracção e, consequentemente, anulado o golo, porque considero ter havido o tal impacto de Pepe na acção de Vlachodimos."

Arestas limadas nas Leis do Jogo dão mais sentido ao futebol

"Como assinalámos atempadamente, o International Football Association Board (IFAB) reuniu-se em Abeerden, na Escócia, para aprovar alterações às leis do jogo. E fê-lo, corrigindo algumas arestas em circunstâncias de jogo que já não faziam muito sentido e noutras onde os comportamentos e acções dos jogadores comprometiam alguma sanidade do próprio jogo.
Primeiro, os jogadores atacantes vão deixar de estar na barreira defensiva da equipa adversária na marcação de livre directo. Para evitar o "empurra-empura" o jogador da equipa atacante deverá ficar a um metro da barreira.
Por outro lado, o IFAB confirmou que, a partir da próxima temporada, um jogador que marque um golo ou crie uma oportunidade para marcar depois de ter a posse/controlo da bola com a mão/braço (mesmo de maneira acidental), terá o golo sempre invalidado. Para acabar a controvérsia, a noção de intencionalidade foi suprimida em toda a acção respeitante ao golo.
Nas bolas paradas, também vai passar a ser permitido que a bola não deixe a grande área num pontapé de baliza ou num livre no interior da área. Concordamos que não fazia qualquer sentido tal obrigatoriedade.
Outra mudança diz respeito à marcação de penáltis, onde os guarda-redes só precisam de manter forçosamente um pé na linha de baliza e não os dois.
Mas há mais: se no decorrer do jogo a bola embater no corpo do árbitro, nos casos em que perturbe o andamento do jogo, o mesmo deverá ser parado para dar lugar a lançamento de bola ao solo.
Também mudou algo respeitante às sanções disciplinares: agora, os treinadores e membros da equipa técnica poderão ser punidos como os jogadores no banco. Foram aprovados os cartões amarelos e vermelhos para a equipa técnica.
Finalmente, nas substituições, os jogadores têm de sair pelo caminho mais curto (linha lateral ou de fundo) e não ir ao meio-campo, à zona tradicional de substituição, o que é uma boa medida, ganha-se tempo, coíbe-se as acções de anti-jogo e melhora-se o espectáculo.
As novas alterações entrarão em vigor a partir do dia 1 de Junho de 2019, os campeonatos que ainda estiverem a decorrer terão que se adaptar a tais mudanças. A Copa América, que se disputará de 14 de Junho a 7 de Julho, já decorrerá com tais alterações.
O IFAB é composto pelas quatro associações britânicas de futebol (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) com um voto cada, e a FIFA, que representa as restantes 207 associações nacionais, com quatro votos. Passar uma moção exige uma maioria de três quartos. A missão do IFAB é servir o mundo do futebol como o guardião independente das Leis do Jogo, discutindo-as e promovendo à sua alteração sempre que necessário, acreditando que é essencial manter as Leis do Jogo o mais simples e não intrusivas, de acordo com o verdadeiro espírito do jogo."

Tem sentido a 'motricidade humana'?

"Começo com palavras do Padre Manuel Antunes, um dos mais perspicazes hermeneutas da cultura do nosso tempo: “Um simples olhar panorâmico pelo mundo de hoje divisa um universo em mutação, um horizonte móvel que, em cada dia, aparece outro. Teorias que se sucedem às teorias, descobertas que se sucedem às descobertas, quadros que se renovam em movimento incessante, técnicas que surgem a uma palpitação de vertigem, facilitando a vida, seduzindo a vista ansiosa desta criança eterna que é o homem. No entanto, neste universo em radical transformação, só ele - o homem – não mudou proporcionalmente” (Compreender o Mundo e Actualizar a Igreja, Gradiva, Lisboa, 2018, p. 158). Também, no âmbito da chamada Educação Física, já houve quem sustentasse que se tratava da “educação do físico” ou da “educação pelo físico”. Pensava-se, então, cartesianamente, que o corpo era físico tão-só, em oposição à alma, puro espírito, imaterial e eterno. Deu-se, depois, um passo em frente e a Educação Física passou a entender-se como educação corporal ou, como queria José María Cagigal, “educação do homem corporal” e referia-se que não se tratava unicamente do “corpo acrobático”, mas também do “corpo pensante” e do “corpo expressivo”. E afirmava-se, sem lugar para dúvidas, que reduzir a Educação Física à ginástica e ao desporto significava uma profunda ignorância, em relação às imensas virtualidades do corpo. Cito agora o livro La Educacion Fisica en la Educacion Basica de Benilde Vásquez (Gymnos Editorial, Madrid, 1989): “El cuerpo es el lugar morfológico-funcional de todas las estruturas psicoorgánicas, afirman los médicos; el cuerpo inaugura el mundo , en expresión de los filósofos existencialistas. El cuerpo es el primer medio de conocimiento y relación afirman los psicólogos infantiles. El cuerpo es um símbolo, dirán los sociólogos de la cultura” (p. 117). Adiantou-se, depois, a expressão “educação do movimento”, ou “educação pelo movimento”. Mas… de que movimento falavam os especialistas? A Educação Física passaria a ser “educação do movimento”, ou “educação pelo movimento”. Mas (repito-me) não é a palavra “movimento” demasiado vaga e abstracta, para transformar-se em paradigma científico de uma área do conhecimento?
Perante o amplo panorama de memórias, de evocações e de propostas, que a história da educação física e do desporto nos prodigaliza, procurei na fenomenologia (a última das escolas filosóficas, que estudei na minha licenciatura) o conceito de “motricidade”, para encontrar um paradigma, onde coubesse , com inéditas e arejadas perspectivas, o “corpo em ato”, quero eu dizer: o corpo no movimento intencional da transcendência. Em 1978, na revista Ludens (Vol. 3, nº 1, Outubro-Dezembro de 1978), há mais de 40 anos portanto, já eu deixei escrito: “O homem em movimento, nomeadamente em situação de jogo e desporto, é o objecto de uma ciência nova (…).O Homem passa a ter assim mais uma forma de conhecer e de conhecer-se e, como é óbvio, ao nível das ciências que sobre ele se debruçam, preferentemente: as Ciências do Homem!” E escrevi ainda que “o estatuto do corpo fundamenta a cientificidade desta disciplina”. E que “o Homem cria valores e significações e a sua motricidade revela-o. O Homem, ao transformar, transforma-se”. Nove anos depois, em documento que apresentei ao director da Faculdade de Educação Física da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas – Brasil), onde leccionei durante dois anos (1987 e 1988) já eu questionava: “Mas haverá lugar para a ciência da motricidade humana (CMH), no quadro geral das ciências? Se a consideramos um ramo da biologia, como pretendia Spencer em relação à psicologia, ela tem o seu lugar marcado entre as ciências da natureza; se a definirmos como a ciência que estuda a explicação e a compreensão das condutas motoras, ela cabe inteiramente entre as ciências do homem”. E, linhas adiante, escrevia que a motricidade supõe:
1. uma visão sistémica do Homem (que o mesmo é dizer: em termos de relação e de integração).
2. A existência de um ser não especializado e carenciado, aberto ao mundo, aos outros e à transcendência. Lembrava mesmo a célebre frase de Pascal: “o homem excede infinitamente o homem”.
3. E, porque aberto ao mundo, aos outros e à transcendência e deles carente, um ser práxico, procurando encontrar e produzir o que, na complexidade, lhe permite unidade e realização.
4. E, porque ser práxico, com acesso a uma experiência englobante, agente e fautor de cultura, projecto originário de todo o sentido e “ser axiotrópico” (que persegue, apreende, cria e realiza valores).
E propunha, como objecto de estudo, a motricidade humana, tentando explicar o que essa opção significava, para mim:
1. Que a Educação Física não abrange todo o campo de ação dos seus profissionais.
2. Que a Educação Motora (que poderá substituir a expressão Educação Física) é, para mim, o ramo pedagógico da Ciência da Motricidade Humana (CMH).
3. Que as Faculdades de Educação Física ou de Desporto deverão passar a chamar-se Faculdades de Motricidade Humana.
4. Que a Motricidade Humana explica explica o absoluto do Sentido e o sentido do Absoluto, emergentes do movimento intencional, específico do ser carente, que persegue a superação (a transcendência) e o sonho.
5. Que desta forma, como ciência e consciência, a Motricidade Humana adquire lugar indiscutível entre os “curricula” universitários.
6. Que os “curricula” das Faculdades de Motricidade Humana hão-de acrescentar às disciplinas básicas de teor cultural, ou de teor técnico-desportivo, outras disciplinas de teor cultural.
7. Que a Educação Física não morre, porque não morre nunca o que foi superado.
8. Que a área da Motricidade Humana tem a riqueza ontológica e a dignidade conceptual das restantes áreas científicas.
9. E, assim, como pela transcendência, ela é uma exploração ilimitada do possível, a CMH transforma-se, indiscutivelmente, em Ciência e Cultura. E assim terminava: “Não sei se todos os seres humanos coincidem em certos princípios éticos. Mas há valores, sem os quais impossível se torna viver humanamente”. E esses valores, pela transcendência, estão presentes na CMH. E, no meu entender, não têm Pátria. Os Lusíadas valem e valem para todo o mundo. Os Sonetos de Antero de Quental são tão compreendidos e admirados, em Portugal, como na Alemanha, na França e na Inglaterra. Afinal, como Verlaine tem irmãos em Portugal. A obra de José Saramago e a de António Lobo Antunes florescem em todas as culturas. Não esqueço o Padre Manuel Antunes, quando escreve: “Sim, as filosofias têm uma pátria. Porém, esta é, muito mais que um espaço geográfico, um espaço espiritual” (Do Espírito e do Tempo, p. 146).
Se a motricidade humana tem sentido? Eu faço minha a lei da complexidade-consciência, de Teilhard de Chardin. Ao redor de cada um de nós, os corpos não são unicamente pequenos e grandes, ínfimos e imensos, mas também simples e complexos. Os polos desta imensa cadeia, que vai do múltiplo puro, vestíbulo do nada, até ao cérebro humano, com biliões e biliões de células nervosas, dão-nos a convicção de que o mundo da complexidade é tão maravilhosamente grande, tão espantosamente astronómico, como o mundo galáctico, ou supergalático. Para Teilhard de Chardin, a lei da complexidade-consciência torna possível uma leitura integral do homem e do universo. De facto, o universo não é uma ordem, mas um processo. O cosmos desponta, veemente, como cosmogénese e, portanto, é uma visão dinâmica, e não estática, o que ele nos proporciona. “O homem torna-se a flecha, o sentido da própria evolução, toda a realidade cósmica se vem condensar na personalidade humana” José Gomes Silvestre, Acção e Sentido em Teilhard de Chardin, Instituto Piaget, Lisboa, 2002, p. 150). É o próprio Teilhard de Chardin a dizê-lo: “antes de dar sentido ao mundo, o homem é o sentido do mundo” (I, p. 196). Para este cientista e filósofo, “o que, em última análise, conta em matéria de evolução é saber a quem cosmicamente cabe a última palavra, se à majestosa e universal corrente da entropia, se às forças ascensionais e convergentes da vitalização. Por outras palavras, saber se é em direção do inorgânico inconsciente (solução materialista) se na direcção do orgânico consciente (solução espiritualista) que o universo, em última análise, tomba” (José Gomes Silvestre, op. cit., p. 151). Desde a Cosmogénese à Cristogénese, passando pela Biogénese e pela Noogénese, toda a matéria se movimenta em direção ao espírito e do espírito a Cristo. Também para mim, como para Teilhard, o ser humano é matéria que se faz espírito. E, segundo a teoria que rege a CMH, porque é bios e logos, pela transcendência, tende ao Absoluto. A transcendência não proporciona ao ser humano as últimas aquisições tecnocientíficas, mas oferece-lhe um “saber orientador” que lhe permite possa descobrir o sentido da existência, no processo evolutivo. O sentido da existência é, pela transcendência, Deus. É conhecida a invetiva de Nietzsche: “O homem é algo que deve ser superado”. Inteiramente de acordo – mas para ser mais homem! É este o sentido da motricidade humana!"

Desporto na Escola (DNE): a disrupção necessária e urgente do paradigma vigente

"Uma das principais reformas a fazer no sistema desportivo Português reside na democratização do acesso à prática desportiva devidamente enquadrada, regulada e certificada tecnicamente, condição sine qua non para todas as externalidades positivas, para todo o sistema educativo (SE) e desportivo (SD).
Este objectivo é tão ou mais premente porquanto é percepção convicta já manifesta (Veja Aqui), que a modernização do desporto pressupõe uma reforma do desporto infantojuvenil pela adopção de projectos onde o sistema desportivo (clubes, associações e federações desportivas) e o sistema educativo (desporto na escola- DnE) estejam interligados e estabeleçam parcerias efectivamente estruturantes.
Existe todo um potencial desportivo desaproveitado pelo SE, assim como um potencial educativo desaproveitado pelo SD que em muito se deve a uma falta de coordenação estratégica entre as entidades (educativas, desportivas e administrativo-políticas) que deveriam, aos diferentes níveis de intervenção (local; regional/territorial e nacional), intervir neste processo, coordenando acções que possibilitassem:
i) a complementaridade e adequabilidade do projecto do DnE com o projecto educativo (currículo associado) específico;
ii) a complementaridade e adequabilidade entre o projecto de escola e o associativismo (clubes, associações e federações) e respectiva implantação desportiva;
iii) a complementaridade e adequabilidade entre PE e PD e as prioridades regionais/locais da administração intermunicipal/autárquica/freguesia.
Existem, a montante, aspectos de concepção que justificam uma análise atenta para aumentar a eficácia, a eficiência e as condições de segurança e consequentemente os resultados pretendidos no DnE, não obstante a evolução macro nos últimos 5 anos dos indicadores de realização positivos.
Uma das questões mais prementes de paradigma na concepção prende-se com o facto do modelo de organização funcional do DnE existente ser completamente estatal, só financiando actividades cuja entidade promotora seja a escola. Para benefício do sistema, seria de equacionar uma mudança conceptual quanto ao paradigma de organização, deixando o estado de financiar única e exclusivamente a escola para passar a cofinanciar também parceiras organizativas escola-associativismo-autarquias, mediante projectos, multitutelada e de acordo com nível definido.
A verba para o DnE deriva, em parte, do orçamento de estado, via direcção geral dos estabelecimentos de ensino (DGEST) para financiar os 22.400 créditos horários (horas extra que são pagas às escolas para reforçar as aprendizagens, que decorre do despacho nº 7814/2018 de 14 de agosto de 2018) atribuídos aos professores para estas funções, e das verbas dos jogos sociais (DR n.º 144/2017, Série I de 2017-07-27) ) via direcção geral de educação (DGE) para, supostamente, financiar as actividades do desporto escolar. Estas verbas correspondem a 1% do total de verbas arrecadadas pelos jogos sociais, o que no ano de 2018, se traduziu em cerca de 6.899.500Me.
A grande questão que se equaciona é de saber se, por um lado (1), estas verbas, para o financiamento e funcionamento do DnE, estão a ser destinadas à sua efectiva alocação nas actividades do DnE e se, por outro lado, estas mesmas verbas, que correspondem a cerca de 30% do financiamento global, por ano, de todas as organizações desportivas em Portugal (desenvolvimento prática desportiva, organização e gestão, selecções nacionais; alto rendimento desportivo; plano nacional de desporto para todos; organização e realização de eventos desportivos internacionais em Portugal e deslocações das OD’s às regiões autónomas da madeira e Açores) se justificam pelos resultados e indicadores actuais do DnE, existindo outras possibilidades e viabilidades de este investimento ser mais significativo e estruturante.
Outra questão determinante remete-nos para o anacronismo da estrutura orgânica do DnE, bipartida:
1. A coordenação nacional do desporto escolar e coordenadores nacionais de modalidade, responsáveis pela concepção macro do modelo, estão na dependência da Direcção Geral de Educação, DGE, que por sua vez depende da tutela conjunta de duas secretarias de estado (Desporto e Juventude e Educação);
2. A coordenação regional do desporto escolar, responsável pela operacionalização da actividade, está na dependência da direcção geral dos estabelecimentos escolares, DGEsT, e dependente da secretaria de estado adjunta da educação;
Em termos práticos, a concepção do plano do DnE está numa tutela, com plano de actividades e orçamento próprio, e a operacionalização desta concepção (via direções regionais e locais) está noutra tutela com plano de actividades e orçamento também próprios.
Escusado será dizer que nestas condições é um perfeito milagre qualquer tipo de acção conjunta, complementar e consequente que atinja a plena realização das pretensas finalidades adstritas ao DnE. A questão que se coloca é, (in)dependentemente desta estrutura, saber a razão pela qual as coordenações regionais e locais dependem de outros que não o coordenador nacional e da sua equipa?
As questões são inúmeras, mas há acertos necessários e importantes e implementar (da estrutura macro à estrutura micro):
1. Mudar a concepção monolítica da organização e correspondente financiamento do DnE centrado na escola para o alargamento de projectos (nacionais/regionais/locais), envolvendo o movimento associativo (clubes; associações e Federações), e a administração política (comunidades intermunicipais; autarquias; juntas freguesia) aproveitando as condições existentes, num modelo que privilegie as seguintes intervenções:
a. A escola deve, predominantemente, incidir a sua intervenção na iniciação desportiva, garantindo a oportunidade, a igualdade de acesso e a generalização das práticas desportivas;
b. Projectos de cooperação entre o movimento associativo/clubes e a escola, pressupondo a existência de oferta desportiva local, orientandos para a especialização desportiva, como sector indispensável de formação desportiva e recrutamento de praticantes desportivos (Nível II do DnE);
c. Projectos de cooperação entre o movimento associativo/associações territoriais e /ou federações e a escola orientandos para o aprofundamento da prática desportiva (treino e competição) em modalidades e grupos-equipa de elevado potencial desportivo (Nível III, do DnE).
d. Fomentar a existência de clubes (também) escolares e (também) federados, constituídos por grupos-equipa que optam por participar em competições organizadas pelas federações das respectivas modalidades, integrando alunos do agrupamento de escolas ou escola não agrupada a que pertence o grupo-equipa.
2. Necessária reorganização de toda a estrutura nacional/regional/local do DnE, na dependência de uma só tutela, e com um só plano de actividades e orçamento e onde a estrutural operacional nacional/regional/local que especifique toda a estrutura de comando. Existem vários exemplos na administração directa e/ou indirecta do estado que podem ser seguidos.
3. A necessidade da eliminação de obstáculos administrativos/burocráticos existentes, nomeadamente a resolução imediata das coberturas legais do seguro escolar e seguro desportivo permitirem a dupla afiliação o que para efeitos estratégicos possibilitaria uma maior visibilidade e articulação entre os dois sistemas.
4. Reforçar a diversificação dos Centros de Formação Desportiva (CFD), por outras valências para além das náuticas, enquanto polos de desenvolvimento, dinamizados por agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas, em parceria com federações, municípios e parceiros locais. Visam a melhoria do desempenho desportivo através da concentração de recursos humanos e materiais em locais para onde possam convergir alunos de vários agrupamentos, quer nos períodos lectivos, quer em estágios de formação desportiva especializada, nas interrupções lectivas.
Em todos estes projectos de cooperação entre a escola e o associativismo (clubes, associações e federações) papel central e relevante deverá ser assumido pela administração política (juntas; autarquias; comunidades intermunicipais) em torno da promoção e inovação das práticas desportivas comunitárias, dinamizando programas relacionados com a criação de infraestruturas desportivas e de apoio logístico à expansão do movimento associativo-desportivo local."

Lixívia 24

Tabela Anti-Lixívia
Benfica..... 59 (-5) = 64
Corruptos.. 57 (+22) = 35
Sporting... 49 (+14) = 35

Nem a roubar... foi o título da crónica ao jogo! E foi mesmo mais uma tentativa descarada de 'roubo', felizmente, falhada! Mas falhou, porque o Benfica é muito superior a esta equipa Corrupta, treinada por um atrasado mental... A ilusão de equilibro, durante a partida, só aconteceu, porque o 'apito' só apitou para o mesmo lado, durante o jogo todo!!! Aliás, em coerência com tudo o que se tem passado nesta época...

- O penalty sobre o Pizzi é descarado... não existe qualquer dúvida, nem margem para interpretações. O Pizzi 'muda' de direcção, e só o braço do adversário impede o nosso médio de ganhar espaço! A teoria nojenta que o agarrão é mútuo, é completamente despropositada, pois o Pizzi depois de ser agarrado só tentou 'fugir' ao coxo que o estava a marcar...
- O fora-de-jogo no golo dos Corruptos é claríssimo... O Marega toca na bola, e isso coloca o Pepe em fora-de-jogo de 1 metro ou mais... mas mesmo se o Marega não tivesse tocado na bola, o fora-de-jogo existia! Discutir se o fora-de-jogo é posicional, é conversa intencionalmente 'enganadora'...
Tudo 'esquecendo' que a perda de bola do Rafa no inicio da jogada, que dá a falta do Rúben, acontece com duas falas do Oliver!!!



- A não expulsão do Pepe, em várias jogadas é criminoso: agrediu o Félix; simulou uma agressão e ainda encostou o peito soltando ofensas ao puto... e no sururu com o Gabriel ainda apertou o pescoço ao nosso 8 !!! E acabou o jogo, sem um único Amarelo!!!
- A não expulsão do Otávio: este porco, com um currículo longo de atitudes dignas de suíno, agrediu o Gabriel... sim aquele cotovelo atingiu o Gabriel, mesmo se tivesse sido uma tentativa de agressão já seria Vermelho...


- A não expulsão do Brahimi... outro inimputável... com um currículo invejável!!! A palmada no Rúben foi dada à frente do árbitro que viu tudo... E inclusive reagiu como 'bom' adepto corrupto, e ajudou a afastar o Rúben... protegendo o 'seu' jogador!!!
Tudo isto com o silêncio do VAR, Tiago Martins, que a única 'dúvida' que teve, foi no golo limpo do Benfica!!!

Todas estas 'não expulsões' de jogadores Corruptos, até poderiam ser justificadas pelo critério... talvez um critério largo! Mas isso não bate certo, com o zelo 'único' demonstrado nos dois Amarelos consecutivos ao Gabriel...!!!

Mas além de todas estas tropelias, onde se prova que houve intenção de beneficiar uma equipa e prejudicar a outra, recordo a última falta da equipa, onde a falta é marcada ao contrário, dando um livre perigoso contra o Benfica...; e ainda uma tentativa de obstrução falhada do Filipe que o Pizzi se 'safa' muito bem, que daria um ataque muito perigoso, mas acabou por dar falta contra o Benfica!!!
E nem 'falo' do albarroamento do Casillas ao Rúben... que ainda a meio da semana, para a Taça, deu penalty para os Corruptos por muito menos...!!!
Com cartões a ficarem no bolso para o Alex Telles, o Manafá e o Oliver pelo menos...!!!
Foi basicamente assim o jogo todo...
Até no Canto, onde o Filipe cabeceia à barra... poderia ter havido 'festa', porque não era Canto, era Pontapé de Baliza!!!

A visita ao balneário do Sousa em Moreira de Cónegos deu resultado... tudo fez para os Corruptos ganharem, tal como os Fiscais e o VAR...
Aliás as nomeações para este jogo, foram mais uma prova que o Fontelas está ao serviço das Putas... alias é mais uma Puta ao serviço dos Corruptos!!!


No Alvalixo, mais do mesmo: penalty claro contra o Sporting não assinalado; e perto do fim, penalty duvidoso a favor do Sporting, para 'matar' o jogo...!!!

Anexo(I):
Benfica
1.ª-Guimarães(c), V(3-2), Pinheiro(Sousa), Nada a assinalar
2.ª-Boavista(f), V(0-2), Mota(Malheiro), Nada a assinalar
3.ª-Sporting(c), E(1-1), Godinho(Sousa), Prejudicados, (2-1), (-2 pontos)
4.ª-Nacional(f), V(0-4), Veríssimo(Xistra), Prejudicados, Beneficiados, (0-7), Sem influência no resultado
5.ª-Aves(c), V(2-0), Rui Costa(Paixão), Prejudicados, (3-0), Sem influência no resultado
6.ª-Chaves(f), E(2-2), Capela(Esteves), Prejudicados, (1-3), (-2 pontos)
7.ª-Corruptos(c), V(1-0), Veríssimo(Sousa), Prejudicados, (2-0), Sem influência no resultado
8.ª-Belenenses(f), D(2-0), Soares Dias (V. Ferreira), Prejudicados, (1-0), Impossível contabilizar
9.ª-Moreirense(c), D(1-3), Almeida(Esteves), Prejudicados, (3-3), (-1 ponto)
10.ª-Tondela(f), V(1-3), Pinheiro(Nobre), Prejudicados, (1-4), Sem influência no resultado
11.ª-Feirense(c), V(4-0), Rui Costa(Mota), Prejudicados, (5-0), Sem influência no resultado
12.ª-Setúbal(f), V(0-1), Xistra(Sousa), Prejudicados, (0-2), Sem influência no resultado
13.ª-Marítimo(f), V(0-1), Pinheiro(Nobre), Prejudicados, Sem influência no resultado
14.ª-Braga(c), V(6-2), Soares Dias(Esteves), Prejudicados, (7-2), Sem influência no resultado
15.ª-Portimonense(f), D(2-0), Mota(Nobre), Prejudicados, Sem influência no resultado
16.ª-Rio Ave(c), V(4-2), Godinho(Sousa), Prejudicados, (4-1), Sem influência no resultado
17.ª-Santa Clara(f), V(0-2), Capela(Rui Costa), Prejudicados, Beneficiados, (0-3), Sem influência no resultado
18.ª-Guimarães(f), V(0-1), Martins(Vasco Santos), Prejudicados, Sem influência no resultado
19.ª-Boavista(c), V(5-1), Rui Costa(Esteves), Prejudicados, (6-1), Sem influência no resultado
20.ª-Sporting(f), V(2-4), Soares Dias(Pinheiro), Prejudicados, (1-6), Sem influência no resultado
21.ª-Nacional(c), V(10-0), Almeida(Pinto), Nada a assinalar
22.ª-Aves(f), V(0-3), Miguel(V. Ferreira), Nada a assinalar
23.ª-Chaves(c), V(4-0), Mota(Esteves), Prejudicados, (6-0), Sem influência no resultado
24.ª-Corruptos(f), V(1-2), Sousa(Martins), Prejudicados, (0-3), Sem influência no resultado

Corruptos
1.ª-Chaves(c), V(5-0), Almeida(Vasco Santos), Beneficiados, Impossível contabilizar
2.ª-Belenenses(f), V(2-3), Xistra(Capela), Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
3.ª-Guimarães(c), D(2-3), Veríssimo(Paixão), Beneficiados, Sem influência no resultado
4.ª-Moreirense(c), V(3-0), Malheiro(L. Ferreira), Beneficiados, Impossível contabilizar
5.ª-Setúbal(f), V(0-2), Manuel Oliveira(Vasco Santos), Beneficiados, Impossível contabilizar
6.ª-Tondela(c), V(1-0), Godinho(Malheiro), Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
7.ª-Benfica(f), D(1-0), Veríssimo(Sousa), Beneficiados, (2-0), Sem influência no resultado
8.ª-Feirense(c), V(2-0), Rui Oliveira(Vasco Santos), Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
9.ª-Marítimo(f), V(0-2), Xistra(Sousa), Beneficiados, Sem influência no resultado
10.ª-Braga(c), V(1-0), Soares Dias(L. Ferreira), Beneficiados, (+2 pontos)
11.ª-Boavista(f), V(0-1), Hugo Miguel(Veríssimo), Beneficiados, (2-1), (+3 pontos)
12.ª-Portimonense(c), V(4-1), Mota(Pinheiro), Beneficiados, (1-2), (+3 pontos)
13.ª-Santa Clara(f), V(1-2), Godinho(Esteves), Beneficiados, (2-1), (+3 pontos)
14.ª-Rio Ave(c), V(2-1), Martins(Malheiro), Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
15.ª-Aves(f), V(0-1), Pinheiro(Soares), Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
16.ª-Nacional(c), V(3-1), Rui Costa(Vasco Santos), Beneficiados, Impossível contabilizar
17.ª-Sporting(f), E(0-0), Miguel(Martins), Prejudicados, Impossível contabilizar
18.ª-Chaves(f), V(1-4), Almeida(Godinho), Nada a assinalar
19.ª-Belenenses(c), V(3-0), Godinho(L. Ferreira), Beneficiados, (2-1), Impossível contabilizar
20.ª-Guimarães(f), E(0-0), Rui Costa(Rui Oliveira), Beneficiados, Impossível contabilizar
21.ª-Moreirense(f), E(1-1), Sousa(L. Ferreira), Beneficiados, (2-0), (+ 1 ponto)
22.ª-Setúbal(c), V(2-0), Almeida(Rui Oliveira), Beneficiados, (2-1), Impossível contabilizar
23.ª-Tondela(f), V(0-3), Godinho(Xistra), Nada a assinalar
24.ª-Benfica(c), D(1-2), Sousa(Martins), Beneficiados, (0-3), Sem influência no resultado

Sporting
1.ª-Moreirense(f), V(1-3), Martins(Miguel), Nada assinalar
2.ª-Setúbal(c), V(2-1), Manuel Oliveira(L. Ferreira), Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
3.ª-Benfica(f), E(1-1), Godinho(Sousa), Beneficiados, (2-1), (+1 ponto)
4.ª-Feirense(c), V(1-0), Rui Oliveira(Esteves), Beneficiados, (1-1), (+ 2 pontos)
5.ª-Braga(f), D(1-0), Soares Dias(Veríssimo), Beneficiados, Sem influência no resultado
6.ª-Marítimo(c), V(2-0), Almeida(Sousa), Beneficiados, (1-0), Impossível contabilizar
7.ª-Portimonense(f), D(4-2), Miguel(L. Ferreira), Nada a assinalar
8.ª-Boavista(c), V(3-0), Xistra(L. Ferreira), Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
9.ª-Santa Clara(f), V(1-2), Mota(V. Ferreira), Beneficiados, (1-0), (+3 pontos)
10.ª-Chaves(c), V(2-1), Martins(M. Oliveira), Beneficiados, (0-1), (+3 pontos)
11.ª-Rio Ave(f), V(1-3), Xistra(Malheiro), Beneficiados, Prejudicados, (2-3), Impossível contabilizar
12.ª-Aves(c), V(4-1), V. Ferreira(L. Ferreira), Beneficiados, (4-3), Impossível contabilizar
13.ª-Nacional(c), V(5-2), Veríssimo(Miguel), Beneficiados, Prejudicados, (3-2), Impossível contabilizar
14.ª-Guimarães(f), D(1-0), Godinho(Sousa), Nada a assinalar
15.ª-Belenenses(c), V(2-1), Capela(Esteves), Beneficiados, Impossível contabilizar
16.ª-Tondela(f), D(2-1), Almeida(Malheiro), Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
17.ª-Corruptos(c), E(0-0), Miguel(Martins), Beneficiados, Impossível de contabilizar
18.ª-Moreirense(c), V(2-1), Rui Costa(Capela), Beneficiados, (1-2), (+3 pontos)
19.ª-Setúbal(f), E(1-1), Malheiro(V. Santos), Nada a assinalar
20.ª-Benfica(c), D(2-4), Soares Dias(Pinheiro), Beneficiados, (1-6), Sem influência no resultado
21.ª-Feirense(f), V(1-3), Mota(Esteves), Prejudicados, Beneficiados, (2-3), Impossível contabilizar
22.ª-Braga(c), V(3-0), Sousa(Martins), Prejudicados, Sem influência no resultado
23.ª-Marítimo(f), E(0-0), Martins(Rui Oliveira), Beneficiados, Impossível contabilizar
24.ª-Portimonense(c), V(3-1), Capela(Esteves), Beneficiados, (3-2), Impossível contabilizar

Anexo(II):
Benfica:
Sousa: 1 + 5 = 6
Esteves: 0 + 5 = 5
Rui Costa: 3 + 1 = 4
Pinheiro: 3 + 1 = 4
Mota: 3 + 1 = 4
Soares Dias: 3 + 0 = 3
Nobre: 0 + 3 = 3
Godinho: 2 + 0 = 2
Capela: 2 + 0 = 2
Almeida: 2 + 0 = 2
Xistra: 1 + 1 = 2
Martins: 1 + 1 = 2
V. Ferreira: 0 + 2 = 2
Veríssimo: 1 + 0 = 1
Miguel: 1 + 0 = 1
Malheiro: 0 + 1 = 1
Paixão: 0 + 1 = 1
V. Santos: 0 + 1 = 1
Pinto: 0 + 1 = 1

Corruptos:
Godinho: 4 + 1 = 5
Sousa: 2 + 2 = 4
V. Santos: 0 + 4 = 4
L. Ferreira: 0 + 4 = 4
Almeida: 3 + 0 = 3
Veríssimo: 2 + 1 = 3
Xistra: 2 + 1 = 3
Malheiro: 1 + 2 = 3
Rui Oliveira: 1 + 2 = 3
Miguel: 2 + 0 = 2
Rui Costa: 2 + 0 = 2
Capela: 1 + 1 = 2
Martins: 1 + 1 = 2
Esteves: 0 + 2 = 2
M. Oliveira: 1 + 0 = 1
Mota: 1 + 0 = 1
Soares Dias: 1 + 0 = 1
Paixão: 0 + 1 = 1
Pinheiro: 0 + 1 = 1

Sporting:
Martins: 3 + 2 = 5
Sousa: 1 + 4 = 5
Miguel: 2 + 2 = 4
L. Ferreira: 0 + 4 = 4
Malheiro: 1 + 2 = 3
Esteves: 0 + 3 = 3
Xistra: 2 + 0 = 2
Godinho: 2 + 0 = 2
Almeida: 2 + 0 = 2
Soares Dias: 2 + 0 = 2
Mota: 2 + 0 = 2
V. Ferreira: 1 + 1 = 2
Veríssimo: 1 + 1 = 2
M. Oliveira: 1 + 1 = 2
Pinheiro: 1 + 1 = 2
Rui Oliveira: 1 + 1 = 2
Capela: 1 + 1 = 2
Rui Costa: 1 + 0 = 1
V. Santos: 0 + 1 = 1
Épocas anteriores: