Ano novo, velhos problemas

"É altura de pôr um(a) Lage sobre as más exibições, vencer o Rio Ave e agradecer o profissionalismo de Rui Vitória

O Portimonense não teve sorte em vencer o Benfica. O Benfica é que teve sorte em não perder com o Desportivo das Aves, na passada sexta-feira e ser eliminado da Taça da Liga. Dois jogos abaixo do admissível para a qualidade da equipa que não podem ser desculpados com uma arbitragem medíocre no Algarve que prejudicou sempre o Benfica (a expulsão de Jonas é um escândalo).
Para quem gosta de estatísticas ridículas e curiosidades inúteis, talvez não seja mau lembrar: primeira derrota para o campeonato da nossa história com o Portimonense. Não marcámos um golo a uma das piores defesas do campeonato. Pior primeira volta dos últimos dez anos.
A única lembrança positiva é ter já um jogo domingo para tentar fazer esquecer este pesadelo, embora o Rio Ave venha com legítima ambição de o aumentar. Em 16 jogos o Benfica perder 13 pontos num campeonato em que o vencedor nunca poderá perder mais de 15. Ainda estamos na Taça da Liga (final four), na Taça de Portugal (quartos-de-final) e Liga Europa (dezasseis avos-de-final).
Fazer um campeonato mais fraco que o perspectivado, não é igual a ter uma época desastrosa e convém jogadores e responsáveis perceberam isso a tempo.
Na última década (nem na nossa história) não fomos habituados a anos sem títulos, e por isso este ano de 2019 também queremos vencer. O jogo com o SC Braga mostrou que pode haver um outro Benfica a lutar por conquistas e por isso os adeptos não aceitam outra realidade.
O problema no Algarve não foi individual e por isso a solução também terá que ser colectiva. Nestas alturas procurar as soluções é sempre mais útil, embora menos frequente, que encontrar culpados. O futebol é o momento, o êxito e sucesso é medido pelos resultados. O momento do Benfica é fraquinho, mas os resultados ainda estão muito longe de serem definitivos, por isso a busca de outro rumo é obrigatória.
Serenidade e ambição. Destruir pouco e construir muito, porque as melhores mudanças são efectivas e tranquilas.
Domingo contra o Rio Ave, jogar bem, jogar melhor e vencer. Pôr um(a) Lage sobre as más exibições e vencer numa altura em que é obrigatório agradecer o profissionalismo ao treinador Rui Vitória que venceu dois Campeonatos, uma Taça de Portugal, uma Taça da Liga e duas Supertaças (4 anos/6 títulos)."

Sílvio Cervan, in A Bola

Lixívia 15

Tabela Anti-Lixívia
Benfica..... 32 (-5) = 37
Sporting... 34 (+13) = 21
Corruptos.. 39 (+21) = 18

E continua tudo na mesma... com os problemas internos no Benfica, a ajudar à festa, permitindo mais um Roubo Corrupto, ter passado praticamente despercebido nos merdia...!!!

Sim o Benfica estava a jogar feio, sim o Benfica tem processos de jogo deficientes, ofensivamente e defensivamente. Pessoalmente, acho que o problema é uma questão de 'falta de treino', nem é má vontade dos jogadores, nem 'sabotagem' interna...
Mas nada disto, 'apaga' os Roubos que se têm passado nos relvados...

Em Portimão, voltámos a ter uma arbitragem horrível: o cartão Amarelo ao Cervi é o indicador perfeito: corte limpo, na bola, numa jogada junto da área do Portimonense, aos 20 minutos, e Amarelo para o Cervi...; os nossos adversários, vão fazendo faltas atrás de faltas, vão protestando, provocando, batendo... e nada!!!
Houve dois lances duvidosos na área do Portimão, logo no início da 2.ª parte, numa jogada com o Jonas fiquei com dúvidas, mas a imagens não são claras, portanto dou o benefício da dúvidas aos árbitros; no Canto onde a bola bate no braço de um jogador da casa, a decisão de não marcar penalty foi correcta... pois a bola desviou na coxa e foi ao braço...!!!
O grande erro foi mesmo a expulsão do Jonas. Mais uma caso, onde uma boa decisão ao árbitro de campo, num momento inicial, é alterada após visionamento do VAR !!!!
Neste tipo de jogadas, quando o avançado chega primeiro à bola, e depois existe contacto com o guarda-redes, 'pede-se' penalty (aliás se esta jogada tivesse sido com o Bas Dost ou o Soares, seria mesmo penalty..!!!), a única diferença é que neste lance, o 'contacto' foi efectuado com a cabeça do guarda-redes! Por exemplo, no 2.º golo do Portimonense, o Jackson também toca nos braços do Odysseas depois de fazer o chapéu... mas ninguém 'pediu' falta!!!
Não existe jogo perigoso, não existe imprudência... Existe um choque, normal, de quem tentou (e conseguiu) jogar a bola... Na minha opinião, não houve qualquer falta, de nenhum jogador... Até porque não é claro que 'provoca' o contacto!!!

António Nobre é outro daqueles internacionais de proveta, que ainda à bem pouco tempo, num Benfica B - Sporting B no Seixal fez uma exibição miserável... Ter 'activado'  protocolo do VAR neste lance só pode ter sido má intenção... com os Corruptos ou os Lagartos, com a mesma jogada, teria 'chamado' o VAR para marcar penalty...!!!
António Nobre, que também foi o VAR no Marítimo - Benfica, onde não viu nenhuma agressão dos jogadores do Marítimo aos do Benfica... e houve várias!!!

E já agora, Manuel Mota, apitou na 12.ª jornada, o Corruptos - Portimonense, onde fez uma arbitragem horrível, e 3 jornadas depois, foi premiado com mais uma nomeação para um jogo 'grande'!!!

Nem sequer está em causa o resultado do jogo, pois o Benfica perdia 2-0 e mostrava que não iria conseguir mitigar o resultado... mas este tipo de actuação, prova a intenção de prejudicar o Benfica, pois este erro, tem impacto no próximo jogo do Benfica com o Rio Ave, com a ausência do Jonas...


Em Alvalixo, o 'amigo' Capela tudo fez para a sua equipa ganhar!!! A troca de carícias ao intervalo com dois jogadores Lagartos no túnel é esclarecedor do sentimento de impunidade desta escumalha...
Os golos foram legais... não houve grandes casos!!!
O penalty que o Belém 'pediu' perto do fim não é possível esclarecer com as imagens, agora nos poucos minutos que esteve em campo o Petrovic devia ter sido expulso...
Um dos avançados do Belém, é agarrado e depois leva uma tesoura do Coates, na meia-lua, seria um livre perigossímo e o Capela manda seguir... Seriam dois Amarelos!!!
E depois do golo do Belém, 2-1, os minutos de compensação foram uma vergonha!!! Não se jogaram 30 segundos de futebol... A última falta marcada contra o Belém, com Amarelo para o defesa do Belenenses, é de uma falta de vergonha na cara descomunal...!!!


Nas Aves, 0-1 para os Corruptos, com o golo a ser marcado numa jogada onde existe um fora-de-jogo, fácil de marcar, mas que o VAR decidiu ter 'dúvidas'!!! Mais uma vitória conquistada à custa dos árbitros!!! São incapazes de ganhar 'limpo'!!!
Até podem argumentar que se o golo tivesse sido invalidado, os Corruptos teriam tido outra atitude, e teriam marcado de outro forma?!!! Talvez. Mas não o iremos saber, porque eles não o precisaram. de fazer...
Também acho interessante a forma como os contra-ataques do Aves foram 'parados', principalmente na primeira parte, com faltas graves, e sem Cartões... Assim é fácil!!!

O Benfica podia trocar toda a equipa com o Liverpool ou o Man City ou a Juventus, ou o Barcelona, com o treinador incluído, e este ano, nunca seríamos Campeões!!! É matematicamente impossível ... os Corruptos se precisarem não perdem mais um ponto até ao final da época!!!

Dizem-me na caixa de comentários que esta classificação é exagerada!!! Até parece que sou eu que marco golos ilegais aos Corruptos, que não expulso os jogadores dos Corruptos após as agressões repetidas, parece que sou eu que não marco penalty's óbvios contra os Corruptos, e invento penalty's a favor dos Corruptos...!!!
Se houvesse arbitragens 'normais', os Corruptos não iriam repetir jornada após jornada, os mesmos 'erros'!!! Teriam que contratar treinadores competentes, melhores jogadores e teriam que encontrar estratégias legais para ganhar jogos!!! Mas eles têm consciência que não precisam... Só têm que correr, dar pauladas... mostrar alguma vontade, e as vitórias vão caíndo do céu...!!!
É muito mais barato, contratar os Fontanelas desta vida, do que gastar dinheiro em jogadores...
E depois, chegamos aos 'absurdos' de ainda não estarmos a meio do campeonato, e os Corruptos já terem 19 pontos à custa das arbitragens!!!!
Um recorde diga-se: desde que faço a Lixívia, nunca uma equipa teve 19 pontos a mais, à 15.ª jornada!!! Aliás, creio que ninguém teve 19 pontos a mais, no final do campeonato, nos últimos 9 campeonatos, pelas minhas 'contas'!!!!!

Anexo(I):
Benfica
1.ª-Guimarães(c), V(3-2), Pinheiro(Sousa), Nada a assinalar
2.ª-Boavista(f), V(0-2), Mota(Malheiro), Nada a assinalar
3.ª-Sporting(c), E(1-1), Godinho(Sousa), Prejudicados, (2-1), (-2 pontos)
4.ª-Nacional(f), V(0-4), Veríssimo(Xistra), Prejudicados, Beneficiados, (0-7), Sem influência no resultado
5.ª-Aves(c), V(2-0), Rui Costa(Paixão), Prejudicados, (3-0), Sem influência no resultado
6.ª-Chaves(f), E(2-2), Capela(Esteves), Prejudicados, (1-3), (-2 pontos)
7.ª-Corruptos(c), V(1-0), Veríssimo(Sousa), Prejudicados, (2-0), Sem influência no resultado
8.ª-Belenenses(f), D(2-0), Soares Dias (V. Ferreira), Prejudicados, (1-0), Impossível contabilizar
9.ª-Moreirense(c), D(1-3), Almeida(Esteves), Prejudicados, (3-3), (-1 ponto)
10.ª-Tondela(f), V(1-3), Pinheiro(Nobre), Prejudicados, (1-4), Sem influência no resultado
11.ª-Feirense(c), V(4-0), Rui Costa(Mota), Prejudicados, (5-0), Sem influência no resultado
12.ª-Setúbal(f), V(0-1), Xistra(Sousa), Prejudicados, (0-2), Sem influência no resultado
13.ª-Marítimo(f), V(0-1), Pinheiro(Nobre), Prejudicados, Sem influência no resultado
14.ª-Braga(c), V(6-2), Soares Dias(Esteves), Prejudicados, (7-2), Sem influência no resultado
15.ª-Portimonense(f), D(2-0), Mota(Nobre), Prejudicados, Sem influência no resultado

Corruptos
1.ª-Chaves(c), V(5-0), Almeida(Vasco Santos), Beneficiados, Impossível contabilizar
2.ª-Belenenses(f), V(2-3), Xistra(Capela), Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
3.ª-Guimarães(c), D(2-3), Veríssimo(Paixão), Beneficiados, Sem influência no resultado
4.ª-Moreirense(c), V(3-0), Malheiro(Ferreira), Beneficiados, Impossível contabilizar
5.ª-Setúbal(f), V(0-2), Manuel Oliveira(Vasco Santos), Beneficiados, Impossível contabilizar
6.ª-Tondela(c), V(1-0), Godinho(Malheiro), Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
7.ª-Benfica(f), D(1-0), Veríssimo(Sousa), Beneficiados, (2-0), Sem influência no resultado
8.ª-Feirense(c), V(2-0), Rui Oliveira(Vasco Santos), Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
9.ª-Marítimo(f), V(0-2), Xistra(Sousa), Beneficiados, Sem influência no resultado
10.ª-Braga(c), V(1-0), Soares Dias(L. Ferreira), Nada a assinalar
11.ª-Boavista(f), V(0-1), Hugo Miguel(Veríssimo), Beneficiados, (2-1), (+3 pontos)
12.ª-Portimonense(c), V(4-1), Mota(Pinheiro), Beneficiados, (1-2), (+3 pontos)
13.ª-Santa Clara(f), V(1-2), Godinho(Esteves), Beneficiados, (2-1), (+3 pontos)
14.ª-Rio Ave(c), V(2-1), Martins(Malheiro), Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
15.ª-Aves(f), V(0-1), Pinheiro(Soares), Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)

Sporting
1.ª-Moreirense(f), V(1-3), Martins(Miguel), Nada assinalar
2.ª-Setúbal(c), V(2-1), Manuel Oliveira(L. Ferreira), Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
3.ª-Benfica(f), E(1-1), Godinho(Sousa), Beneficiados, (2-1), (+1 ponto)
4.ª-Feirense(c), V(1-0), Rui Oliveira(Esteves), Beneficiados, (1-1), (+ 2 pontos)
5.ª-Braga(f), D(1-0), Soares Dias(Veríssimo), Beneficiados, Sem influência no resultado
6.ª-Marítimo(c), V(2-0), Almeida(Sousa), Beneficiados, (1-0), Impossível contabilizar
7.ª-Portimonense(f), D(4-2), Miguel(L. Ferreira), Nada a assinalar
8.ª-Boavista(c), V(3-0), Xistra(L. Ferreira), Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
9.ª-Santa Clara(f), V(1-2), Mota(V. Ferreira), Beneficiados, (1-0), (+3 pontos)
10.ª-Chaves(c), V(2-1), Martins(M. Oliveira), Beneficiados, (0-1), (+3 pontos)
11.ª-Rio Ave(f), V(1-3), Xistra(Malheiro), Beneficiados, Prejudicados, (2-3), Impossível contabilizar
12.ª-Aves(c), V(4-1), V. Ferreira(L. Ferreira), Beneficiados, (4-3), Impossível contabilizar
13.ª-Nacional(c), V(5-2), Veríssimo(Miguel), Beneficiados, Prejudicados, (3-2), Impossível contabilizar
14.ª-Guimarães(f), D(1-0), Godinho(Sousa), Nada a assinalar
15.ª-Belenenses(c), V(2-1), Capela(Esteves), Beneficiados, Impossível contabilizar

Anexo(II):
Benfica:
Sousa: 0 + 4 = 4
Pinheiro: 3 + 0 = 3
Mota: 2 + 1 = 3
Esteves: 0 + 3 = 3
Nobre: 0 + 3 = 3
Rui Costa: 2 + 0 = 2
Soares Dias: 2 + 0 = 2
Xistra: 1 + 1 = 2
Godinho: 1 + 0 = 1
Veríssimo: 1 + 0 = 1
Capela: 1 + 0 = 1
Veríssimo: 1 + 0 = 1
Almeida: 1 + 0 = 1
Malheiro: 0 + 1 = 1
Paixão: 0 + 1 = 1
V. Ferreira: 0 + 1 = 1

Corruptos:
Vasco Santos: 0 + 3 = 3
Veríssimo: 2 + 1 = 3
Malheiro: 1 + 2 = 3
Xistra: 2 + 0 = 2
Godinho: 2 + 0 = 2
Capela: 1 + 1 = 2
Sousa: 0 + 2 = 2
L. Ferreira: 0 + 2 = 2
Esteves: 0 + 2 = 2
Almeida: 1 + 0 = 1
M. Oliveira: 1 + 0 = 1
Rui Oliveira: 1 + 0 = 1
Mota: 1 + 0 = 1
Soares Dias: 1 + 0 = 1
Miguel: 1 + 0 = 1
Martins: 1 + 0 = 1
Paixão: 0 + 1 = 1
Pinheiro: 0 + 1 = 1

Sporting:
L. Ferreira: 0 + 4 = 4
Sousa0 + 4 = 4
Miguel: 1 + 2 = 3
Martins: 2 + 0 = 2
Xistra: 2 + 0 = 2
Godinho: 2 + 0 = 2
V. Ferreira: 1 + 1 = 2
Veríssimo: 1 + 1 = 2
M. Oliveira: 1 + 1 = 2
Rui Oliveira: 1 + 0 = 1
Soares Dias: 1 + 0 = 1
Almeida: 1 + 0 = 1
Mota: 1 + 0 = 1
Pinheiro: 1 + 0 = 1
Esteves: 0 + 1 = 1
Malheiro: 0 + 1 = 1
Épocas anteriores:

Apagou-se a luz que deu a Vieira

"Vitória, Vitória, acabou-se a história! Desta vez não houve luz que o salvasse e a ligação ao Benfica terminou mesmo. Rui Vitória fica na história dos encarnados pelos títulos que conquistou - será sempre o professor do tetra - e ainda como o quarto treinador de sempre com mais tempo seguido à frente do clube, depois de Janos Biri, Jorge Jesus e Otto Glória. Por respeito ao que conseguiu na Luz, não fazia sentido prolongar a agonia em que se estava a transformar a sua permanência de águia ao peito. Para o Benfica e para Rui Vitória, a separação foi a solução mais avisada.
Com o Benfica a jogar muito pouco (goleada ao SC Braga foi andorinha que não fez a primavera), haveria sempre uma primeira responsabilidade a imputar ao treinador. Mas a culpa não pode esgotar-se em Rui Vitória. Quem tornou o investimento de verão no maior fiasco do Benfica nos tempos modernos? Quem responde pelos empréstimos? Quem assume a responsabilidade pelo nome de Jorge Jesus ter andado na praça pública, fragilizando Vitória sem que o Benfica fizesse qualquer desmentido? Antes de dar o passo seguinte, seria importante que o Benfica fechasse, com declarações públicas, todas estas gavetas...
Quanto ao senhor que se segue, creio que ninguém terá dúvidas da grande qualidade de Jorge Jesus como treinador. Mas será que tem condições para unir os benfiquistas? Será possível passar uma esponja nos processos judiciais que foram intentados e em tudo o que foi dito? Duvido...
De qualquer forma, o Benfica não pode prolongar qualquer solução interina para além do prazo de validade normal. E, neste caso, o tempo foge."

José Manuel Delgado, in A Bola

O armário

"Luís Filipe Vieira tinha visto, há cerca de um mês, uma luz que lhe disse para manter Rui Vitória no comando técnico da equipa. A luz da sala ficou acesa mas o esqueleto do despedimento do treinador ficou no armário, de lá não saiu. A porta estava fechada, mas ele estava lá.
A série de oito jogos com sete triunfos e um empate poderiam ter amenizado definitivamente como que ganhava vida própria a cada exibição menos conseguida do Benfica - e foram algumas.
Após a desaire em Portimão, o esqueleto voltou a agitar-se muito dentro do armário e este ameaçava cair com estrondo caso o esqueleto ficasse lá dentro. E as consequências dos estragos causados na estrutura do edifício do futebol benfiquista pela queda do armário poderiam ser gravíssimos. Cada jogo do Benfica teria odor a desgraça; Rui Vitória como que caminhava descalço num trilho de pedras sob um sol inclemente sem que ninguém lhe chegasse uma página de água. Agora, acabou, numa comunicação fria à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), sem palavras públicas, como está na moda.
É verdade que os últimos tempos foram pouco menos do que um suplício para a nação benfiquista, mas Rui Vitória ganhou títulos e ganhou quando muitos esperavam que não o fizesse - lembram-se de 2015/2016? No site oficial do Benfica surgiram palavras de agradecimento ao treinador mas o que ainda distingue os homens é o calor dos sentimentos. Portanto, não teria ficado mal ontem uma declaração de Luís Filipe Vieira, nem que fosse à oficialíssima BTV e sem direito a perguntas.
Pode dizer-se que, em termos práticos, face aos sete pontos de desvantagem do Benfica para o FC Porto, este despedimento poucos efeitos terá. E as pessoas pagam é por um bom espectáculo. Se este for mau, não vão; não pagam não há receitas. E o espectáculo do Benfica era mau."

Hugo Forte, in A Bola

Breve retrospectiva de 2018

"No primeiro artigo do novo ano começamos por desejar um Feliz 2019 a todos quantos contribuem para a produção diária de Record, com a alta qualidade que se lhe reconhece. E aproveitamos para fazer uma breve retrospectiva do que foi a nossa colaboração, em boa hora reiniciada em Março de 2018 – e que muito nos honra.
Propusemo-nos reflectir principalmente sobre futebol – o que temos (que criticamente adoramos) e o que desejaríamos ter (onde imperasse a verdade desportiva e houvesse mais e melhor espectáculo) – e também sobre outras modalidades desportivas, como o atletismo.
Receámos ir chocar muitas ideias instaladas – o que aconteceu nalguns comentários que nos chegaram –, mas já tivemos a satisfação de verificar que, a seguir a alguns textos nossos, os temas têm sido tratados, em papel, com uma profundidade que ainda não tinham atingido. Referimo-nos concretamente ao reduzido tempo de jogo (em que Portugal é o maior, pela negativa, com expedientes para todos os gostos), à cronometragem (que seria a medida necessária, quiçá indispensável) e às lições do Mundial/18, entre outros.
Embora geralmente com uma postura crítica – "Contra a corrente" – não nos eximimos a elogiar as boas medidas tomadas e as situações em que imperou o bom senso e o desejo de melhorar, só lamentando que alguns dos artigos não tenham merecido destaque na edição em papel.
Centrados no futebol jogado dentro das quatro linhas, começámos por apontar as três lacunas que importa eliminar: a falta de verdade desportiva, o anti-jogo e o jogo passivo, e a exiguidade de golos. 
Discutimos o lançamento lateral, a ser feito com os pés; o fora de jogo, cuja eliminação pura e simples talvez descaracterizasse o jogo; o número de árbitros a apitar a I Liga (22, cada vez mais insuficiente); o sistema de nomeação, propondo que cada árbitro só pudesse apitar dois jogos de cada equipa, um em casa e outro fora, sendo um na 1.ª e outro na 2.ª volta; os empréstimos de jogadores, há que reduzir, reduzir...; os 3 pontos por vitória, "à partida todos os jogos são iguais, mas uns valem 3 pontos e outros apenas 2"; as substituições, "porque não 5, com possibilidade de 2 reutilizações dos substituídos?"; e as dimensões dos campos da I e II Liga, já que alguns (Aves, Covilhã) chegam a ter menos 740m2 do que os 105x70m (7.350m2) que deviam ser obrigatórios em todas as competições de elite.
Dedicámos vários artigos às faltas cometidas, sua deficiente interpretação (nomeadamente o jogo perigoso); às demoras resultantes da sua marcação e da reposição da bola em jogo; à excessiva protecção dos guarda-redes a queimarem tempo, mesmo depois de amarelados; ao VAR, com elogios à sua implementação (em Portugal e no Mundial) e críticas a alguns retrocessos, como foram as recomendações aos árbitros portugueses para evitarem a banalização dos penaltis; e demos especial atenção à questão da cronometragem, defendendo que a exacta contagem do tempo com cronómetros à vista de todos (incluindo os jogadores) seria uma machadada fatal no anti-jogo, e elogiando as tímidas aberturas para a sua implementação, apenas faltando vontade política de quem tenha poder e o assuma plenamente.
Analisámos a formação em Portugal, com destaque para a do Sporting, altamente representada na selecção campeã da Europa, a valia dos extremos que formou (Futre, Simão, Figo, Quaresma, Cristiano Ronaldo e Nani) e o erro de acabar com a equipa B; a do Benfica, cada vez com mais presenças nas selecções; os campeões de Juniores, com destaque para a vitória dos Sub-19 no Europeu; e também a criação do campeonato de Sub-23 versus equipas B.
Em termos históricos relembrámos os grandes jogadores do passado e do presente, comparando os que fizeram toda a carreira no mesmo clube (Travaços, Pelé, Eusébio, Messi) e os que espalharam o seu talento por variados países e continentes (Maradona, Ronaldo Nazário, Zidane, Ibrahimovic, Figo, Cristiano Ronaldo, Ronaldinho, Neymar); e os treinadores, portugueses e estrangeiros, que mudaram o futebol em Portugal ou conquistaram títulos que nos tornaram conhecidos em todo o mundo.
Em termos organizativos, abordámos a Liga das Nações, que elogiámos mas propusemos um formato diferente, com 48 países distribuídos por três divisões com quatro grupos de quatro equipas cada, e os restantes sete países a disputarem uma única poule de acesso ao patamar superior; a Taça de Portugal, apontando dois aspectos que importa alterar, a disputa das meias-finais a duas mãos (porquê se, por falta de datas, têm sido disputadas com enormes intervalos) e a repescagem de equipas derrotadas, fácil de resolver com o aumento do número de participantes dos campeonatos distritais na 1.ª eliminatória; e a forma rápida e expedita como funcionou a justiça italiana no julgamento do caso de corrupção (calciocaos) em 2006, que se traduziu na despromoção da Juventus, campeão em título (este a merecer o comentário de um leitor, "Que raio de artigo...").
E meditámos sobre atletismo (dois artigos) – outras modalidades sê-lo-ão a seu tempo –, com a evolução tecnológica (tartan, colchões insufláveis, fibra de vidro, cronometragem electrónica) a ter larga influência nos recordes que vão sendo batidos; a estranha manutenção da forma arcaica de medir os saltos em extensão, que continua a provocar saltos nulos; a possibilidade de haver provas contra-relógio (como no ciclismo), fora das competições oficiais, com direito ao registo dos respectivos recordes; e a eventual criação de novas provas como o duplo salto e o quíntuplo salto em comprimento, e o salto em altura com obrigatoriedade de utilização de algum dos estilos antigamente utilizados (rolamento ventral e outros), que seriam susceptíveis da obtenção de marcas superiores aos recordes antes atingidos.
No futuro propomo-nos continuar no mesmo sentido – "Contra a corrente" – visando os mesmos objectivos com que iniciámos a nossa colaboração."

Suspeito nº 12 – Acreditar que… e a Reacção às…

"O Pai estava a pagar a portagem, quando o filho, no banco de trás, com o respectivo cinto de segurança colocado, diz - “Pai, olha o Presidente Mark Angie”. O Pai olha e o carro arranca. “Parecia chateado!” - acrescentou o filho. A mesma sensação tinha o motorista do Presidente, o Sr. Daniel Green, que acompanhava o Presidente há muitos anos. Era uma pessoa discreta, super responsável, preocupado com os outros e, enquanto passa os olhos pelo retrovisor, vê o Presidente com os dentes e punhos cerrados, um pouco rosado, inclinado para a frente e as sobrancelhas quase sobrepostas. Parecia que estava furioso, que lhe apetecia lutar com alguém. “O que é que está a incomodar o Presidente” – pensava o Sr. Daniel Green.
Enquanto isso, o Presidente pega no telemóvel e faz uma ligação. “Detective Colombo, desculpe incomodá-lo, mas necessitava de falar com alguém” – começou por dizer o Presidente Angie, enquanto o Detective Colombo pensou – “o que é que se passa?” – e o Presidente Angie continuava – “estou a regressar de uma reunião da Liga de Clubes e aquilo foi um “circo”.”
“O que se passou?” – perguntou o Detective Colombo que estava sentado numa esplanada, a tomar um café e a ler um livro, agora pousado, com uma caneta a marcar a página.
“Estávamos a analisar os direitos televisivos, envolvendo 500.000.000 Euros, e surgiram duas posições diferentes, os Clubes “Grandes” queriam manter a posição de negociarem individual e directamente os direitos televisivos, enquanto os outros preferiam que a Liga negociasse todo o campeonato, com os operadores” – partilhava o Presidente Angie, que confiava na descrição do Detective, dadas as muitas provas de descrição.
Enquanto o Detective Colombo pensava – “que esta deve ter sido das poucas situações em que os Clubes “Grandes” estavam de acordo com algo, se encontravam do mesmo lado” e disse - “o que aconteceu a seguir?”. “Os Clubes “Pequenos” começaram a acusar-nos de estarmos preocupados apenas com os nossos interesses, que para haver “Grandes” tinha que haver os outros, que ao olharmos apenas para os nossos interesses os estávamos a subvalorizar e de repente estávamos todos a falar ao mesmo tempo, cada vez mais alto, a discutir com um tom agressivo e a atacarmo-nos uns aos outros, com cada lado a defender a sua posição” – respondeu o Presidente Angie.
“Uns aos outros! Como assim?” – tentava perceber o Detective Colombo. “Parece mentira” – começou por dizer o Presidente Angie – “mas, de um lado estavam os Clubes “Grandes”, do outro, os “Pequenos” e nenhuma das partes ouvia a outra, antes atacavam-se mutuamente”.
“Qual foi o resultado dessa reunião?” – perguntou o Detective Colombo. “Chateámo-nos uns com os outros, houve inclusive uma proposta de corte de relações, entre alguns Clubes, as pessoas estavam e ficaram irritadas, e de concreto, não se analisou nada e ficámos pior do que estávamos no início da reunião” – disse o Presidente Angie.
“Por que razão começaram a discutir uns com os outros?” – perguntou o Detective Colombo. O Presidente Angie fez uma pausa e disse - “por que havia diferenças entre nós” e o Detective Angie perguntou – “por que razão é que as diferenças os levaram a discutir?”. Nesse momento, o Presidente Angie começou a pensar que o Detective lhe estava a dar “baile”, mas ao mesmo tempo, pensou nas diversas vezes que as perguntas do Detective, que lhe pareciam estúpidas, o tinham ajudado a perceber as coisas e respondeu – “porque as diferenças são um problema”.
“As diferenças serem um problema ajudou os Clubes e a Liga obterem um resultado construtivo, útil, razoável e aceitável, para todos, ao longo do tempo?” – perguntou o Detective. “Não, de maneira nenhuma” – respondeu o Presidente.
“Que princípio alternativo poderia ter em vez de “as diferenças são um problema”?” – perguntou o Detective. “Não estou a perceber!?!” – devolveu o Presidente Angie.
“Há uns anos atrás, quando estava a estudar o comportamento organizacional, para me tornar Detective, fiz parte de um Centro de Investigação para o Treino e Trabalho das Equipas” – começou por dizer o Detective Colombo, enquanto pensava nas centenas de reuniões e horas de aprendizagem, que tinha desfrutado com os outros investigadores e com a pessoa que designava de “Teacher”, que o tinham marcado muito positivamente e, do outro lado da linha, o Presidente Angie escutava-o e continuou – “quando surgia uma diferença eu era como que sequestrado pelos meus impulsos e reagia atacando o ponto de vista diferente do meu e com isso podia gerar uma discussão, mas não era isso que acontecia, bem pelo contrário”.
O Presidente Angie estava curioso por saber o que é que acontecia, que gerava um resultado diferente das discussões, quando surgiam as diferenças, mas, entretanto, o Sr. Daniel Green disse – “Presidente Angie, desculpe interromper, mas necessito de sair neste posto de gasolina para abastecer”. “OK, Daniel, força” – respondeu o Presidente, que de imediato disse ao Detective – “estou super curioso por saber qual é a alternativa para lidar com as diferenças, mas vou ter de desligar, porque estou num posto a abastecer o carro, mas já lhe ligo de volta.”
“Grande parte das pessoas que passava e via o Presidente Angie no carro acenava, gritavam “Galácticos Olé” ou “Mark Angie Olé” e, entretanto, o Sr. Green regressa ao carro e arrancam, enquanto o presidente acenava para os adeptos do seu Clube, de imediato pega no telemóvel e volta a ligar ao Detetive Colombo.
“Sim, Presidente” – respondeu o Detective Colombo e continuou – “naquele Centro as pessoas tinham uma ideia diferente das “diferenças”, isto é, As Diferenças Não Eram Um Problema, Mas Antes Uma Oportunidade”. “Como assim?” – perguntava o Presidente.
“Presidente” – começou por dizer o Detective Colombo – “complete a frase que vou começar: se as diferenças são uma oportunidade, então quando surgirem as diferenças …” e o Presidente continuou - “… vou conter o impulso de atacá-las, … vou escutá-las, … vou considerá-las, … vou aproveitá-las”.
“Qual será o resultado de acreditar-se que “as diferenças são uma oportunidade”?” – perguntou o Detective. “Imaginando um cenário como esse, as pessoas não atacavam as pessoas que tinham uma posição diferente, uma “importância” diferente, nem levantavam a voz para as outras pessoas, com isso criavam um contexto seguro, abordavam realmente a situação e, ao fazê-lo, podiam começar a perceber que tinham pontos de convergência com os outros, fossem esses outros os “Grandes” ou os “Pequenos” e que tinham pontos de divergência com os que pensavam de forma semelhante. Ou seja, criava-se um contexto em que os grupos, “Grandes” e “Pequenos”, podiam considerar e integrar as diferenças e com isso poderem encontrar uma solução que não tinham considerado à partida e que até pudesse ser melhor do que a que defendiam” – respondeu o Presidente Angie.
“Como chamaria a essa nova solução?” – explorava o Detective Colombo e de imediato o Presidente Angie respondeu – “solução criativa e inovadora”.
O Presidente Angie estava mais sereno, já estava encostado para trás, o olhar estava dirigido bem para a frente, como que a visualizar uma nova oportunidade e começava-lhe a fazer sentido ver as diferenças com novo olhar, como alguém que vê mal e coloca os óculos e de repente consegue enxergar o que estava à sua frente ou como quem vê bem mas está a olhar para tão distante, que nada vê, mas ao pegar nos binóculos consegue ver tudo na perfeição e pensou - “posso olhar para as diferenças como um problema ou como uma oportunidade”, quando o Detective Colombo diz - “imagine que estava na mesma reunião da Liga de Clubes e que todos acreditavam que as diferenças são oportunidades, isso ajudaria os Clubes e a Liga a obterem um resultado construtivo, útil, razoável e aceitável, para todos, ao longo do tempo?” “Sem dúvida” - pensava o Presidente Angie, enquanto tentava resumir e reter a ideia central: que do mesmo modo que o Sr. Daniel Green teve que meter gasolina para o carro avançar, também as pessoas, as equipas, as organizações necessitam das diferenças para melhorarem, progredirem e prosperarem e que o problema não está nas diferenças, mas nas nossas crenças sobre elas e na nossa capacidade para lidar com elas. Ou seja, as diferenças estão para as pessoas, equipas e organizações, como o combustível está para os automóveis. Necessitámos delas para avançarmos e ao reagir a elas comprometemos toda a evolução”.
O Presidente Angie tinha encontrado mais um dos “culpados” de estar a “matar” a mudança no seu Clube, no desporto e na sociedade em geral – “reagir às diferenças” e estava comprometido a passar a olhar e relacionar-se com as diferenças como oportunidades, quando estivesse com os filhos, com os colegas de Direcção, com os Professores dos filhos, com os patrocinadores, com os Treinadores, com os jornalistas, com (…) e reconhecia o enorme valor do que tinha aprendido, pois na reunião da Liga estavam 500.000.000 Euros em jogo e questionava-se quanto vale “as diferenças são uma oportunidade”:
- quando está em causa encontrar a melhor abordagem para um parto prematuro de gémeos em situação de risco, numa equipa cirúrgica?
- quando a direcção de uma empresa e os seus trabalhadores têm pontos de vista diferentes sobre o sistema de remunerações, o tratamento dado às pessoas, a participação e contribuição das pessoas e o sentido das coisas e os veem como uma oportunidade?
- quando um parlamento e os seus diferentes partidos procuram as melhores soluções para a vida das pessoas?
“Muito obrigado Detective Colombo” – agradecia o Presidente Angie enquanto recordava que o Detective o tinha alertado para duas coisas: a mudança da crença – que estava resolvida e que iria partilhar com o mundo– e as estratégias que potenciam a nossa capacidade para lidar com as diferenças. Que estratégias serão essas? – questionava-se o Presidente Angie."