sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Apito Dourado, versão 7 ou 12, já perdi a conta

"É quase pecaminoso, em semana do décimo aniversário da BTV, para a qual me é oferecido o privilégio do meu contributo, dedicar este espaço a um dos aspectos mais reles do futebol português: a arbitragem.
Creio, no entanto, que o momento o justifica, não fosse, mais uma vez no passado fim-de-semana - sublinho, mais uma vez - ter sido comprovado que este desporto, em Portugal, é vítima da incompetência (selectiva?) da generalidade dos árbitros nas suas diversas funções. Acresce que os famigerados árbitros portugueses, talvez precisamente por muitos deles actuarem incompetente com assustadora regularidade, aparentam serem permeáveis às reiteradas tentativas de condicionamento, directas ou indirectas, de que são vítimas neste lodo que alguns teimam em afundar cada vez mais o nosso futebol. Mais fascinante é verificar que esses árbitros perduram no primeiro escalão - será esse o objectivo de não divulgação atempada dos critérios de avaliação dos árbitros? Evidentemente, jogar bem à bola é sempre o melhor antídoto para este flagelo, se bem que nem sempre eficaz, reconheça-se... Ainda assim, há alguma equipa portuguesa que, nesta época, se tenha evidenciado nesse aspecto? A resposta é um irrefutável não. A actuação de Carlos Xistra em Setúbal, cujos erros foram demasiado numerosos para que os possa enumerar em tão exíguo espaço de opinião, tratou-se somente de mais um triste capítulo desta longa e repetitiva novela, cujos pontos altos ocorreram, pelo menos e sempre a favor do mesmo, nos jogos que o FC Porto defrontou V. Guimarães, Belenenses, SAD, Feirense, Boavista e Portimonense. Pobre futebol português..."

João Tomaz, in O Benfica

Ao lado do Jonas, o rei Midas é um menino

"Haveria de chegar o dia. Na verdade já chegou há algum tempo, mas ainda ninguém falou nisto, pelo que me vejo obrigado a dar conta de um gracioso acontecimento. Uma das mais extraordinárias figuras mitológicas chamava-se Midas, um rei que detinha o poder de transformar em ouro tudo aquilo em que toucasse. Espantoso, não é? Era. Deixou de o ser, a partir do momento em que alguém se assumiu como autor de uma habilidade ainda mais impressionante, tornando a proeza de Midas completamente banal. Transformar tudo aquilo em que se toca em ouro é estupendo, sim, mas transformar qualquer bola em golo é ainda mais fascinante. Poderia dizer que Jonas é uma espécie de rei Midas do mundo contemporâneo, porém não estaria a fazer jus à genialidade do Pistolas. Jonas está acima. Para compreender a diferença basta colocarmos uma questão a nós mesmos: será mais difícil converter um pedaço de pão em ouro, ou atirar de primeira para o fundo das redes uma bola que viaja aos pulos sobre um relvado escorregadio? Eu tenho poucas dúvidas. Se eu estiver uma tarde inteira sem comer, o pão adquire um valor bem mais alto do que o ouro com bastante facilidade. Marcar golos de todas as formas e feitios é que é mais complicado. Os recordes são para superar, e as façanhas também. Midas teve o seu lugar na história da humanidade, mas está ultrapassado. Afinal, alguém quer saber de ouro para alguma coisa quando se pode deleitar com golos do Jonas? Mais a mais, até o investimento é menos dispendioso. Se Midas quisesse transformar um pão em ouro, teria de desembolsar cerca de 0,15€, o preço médio de uma carcaça. Mais barato do que isso foi o Jonas, que assinou a custo zero."

Pedro Soares, in O Benfica

Regresso ao passado

"Durante cerca de três décadas, o futebol português foi manchado por arbitragens que, ano após ano, ajudaram o FC Porto a construir o palmarés que hoje ostenta. Era o tempo dos 'quinhentinhos', do Guímaro, dos irmãos Calheiros, do aconselhamento matrimonial, e da fruta para Jacinto Paixão, entre outros episódios obscuros que sistematicamente subverteram a verdade desportiva e envergonharam o país. Julgávamos que tal pertencia ao passado, mas esta temporada está a demonstrar exuberantemente o contrário.
O 'Apito Dourado' regressou em força, sem vergonha de se fazer notar a cada semana que passa.
Deste o início do campeonato, o FC Porto foi beneficiado em todas (!) as jornadas.
Os seus jogadores ainda não viram um único cartão vermelho, quando pelo menos onze lances o justificariam (só Felipe deveria ter sido expulso umas quatro vezes).
No Bessa e com o Portimonense, as equipas adversárias viram sonegadas grandes penalidades claras em momentos determinantes. Fazendo o balanço, entre golos mal validados, penáltis inexistentes e expulsões perdoadas, chegamos a um líder fantasma, que pouca joga mas muito ganha.
Enquanto isso, o Benfica vai enfrentando arbitragens hostis. Quem viu o jogo do Bonfim, e verificar que terminámos com mais cartões amarelos do que o V. Setúbal, percebe o que estou a dizer. Acrescentemos o golo anulado a Zivkovic, dois sadinos por expulsar, e temos uma das mais tendenciosas arbitragens dos últimos tempos. Valeu Jonas, mas assim é difícil vencer.
Se isto é para continuar, não percam mais tempo: entreguem já as faixas, e assumam o que pretendem."

Luís Fialho, in O Benfica

Obrigado, Vítor!

"Sinto um vazio enorme. Habituei-me a assistir aos jogos do Glorioso perto de Vítor Manuel Carvalho Neves e aos 73 anos resolveu fintar-nos, partindo mais cedo. Vítor Neves desempenhou, de forma competente, dedicada e com uma discrição exemplar, cargos no Grupo Sport Lisboa e Benfica. Quer na SAD, quer nas outras empresas do nosso clube, teve sempre uma postura de grande dignidade. Benfiquista de alma e coração, o Vítor conseguiu unir o que alguns desuniram, contruiu pontes que muitos julgavam impossíveis e, sobretudo, desbloqueou situações complexas graças ao seu carácter e à forma como vivia, apaixonadamente, o Glorioso. Com ele aprendi muito.
Aprendi a ser mais confiante nas horas difíceis. Aprendi a relativizar questões que não tinham a importância que eu pensava que tinham. E aprendi que para servir o Sport Lisboa e Benfica não basta a emoção. Com o Vítor aprendi que a razão faz sempre a diferença. Ele era um homem cerebral e sempre focado na sua missão - servir o SL Benfica. Sei que muitos desconhecem a sua obra, a sua dedicação, a sua resiliência e a sua abnegação. Perdemos um Emblema de Ouro, um Senhor que foi muito importante no regresso do nosso clube à hegemonia do Futebol Português. Sei que muitos não sabem, mas o Vítor Neves foi uma pedra fulcral nas equipas que o presidente Luís Filipe Vieira criou para conquistar os 16 títulos no futebol desde 2009/10. Se há um dirigente determinante na conquista do Tetra, Vítor Neves faz parte desse lote dourado. O minuto de silêncio que lhe foi dedicado, antes do Benfica x Paços de Ferreira, foi uma homenagem justíssima. Tenho a certeza que os filhos - a Ana, o Miguel e o Nuno - e ainda o neto, o Matias, continuarão o valor da honradez.
Obrigado Vítor!"

Pedro Guerra, in O Benfica

O meu menino é de oiro!

"Nem todas as infâncias são de ouro, mas as crianças, sim, são-no todas! Esta frase, dita assim em sentido figurado, parece tirada de uma canção do Zeca inspirada numa cantiga popular, 'o meu menino é de oiro...'.
Todos a conhecemos pela beleza singular de letra e da meio-dia, e todos nos remetemos ao seu significado simbólico e à protecção de que as crianças carecem cada vez mais em todo o mundo. E por isso já lhes fizemos cartas universais de direitos, instituições e apoios sociais e familiares, de tudo um pouco, ou talvez fosse melhor dizer de tudo muito pouco, mesmo muito pouco, face ao que se impõe fazer.
A verdade é que, apesar dos grandes avanços sociais e económicos do pós-guerra no século passado e do extraordinário século de progresso sem paralelo que vivemos actualmente, as crianças estão expostas, hoje como nunca, a riscos e situações de violência e exploração a uma escala sem precedentes. Continuam a ser vitimadas, e são-no cada vez mais, seja porque catástrofes ambientais cada vez maiores e mais frequentes asa atingem violentamente, seja porque conflitos regionais de grande escala as envolvem a atiram para êxodos forçados ou mesmo para a morte.
Apesar dos desígnios éticos e religiosos próprios da condição humana, construímos um mundo em que a tecnologia permite produções alimentares que chegariam para alimentar sem problemas todo o planeta, mas em que a fome é a realidade de muitos. Em que a riqueza produzida é cada vez maior e a sua repartição cada vez mais injusta, com uma concentração nunca vista nas mãos de uma minoria ínfima. Em que a saúde, quer na prevenção quer na clínica, está ao alcance da tecnologia e da ciência mas não é alcançável pelos sectores desfavorecidos nos países desenvolvidos ou por toda a população em subcontinentes inteiros. E por aí fora... Olhamos o mundo e percebermos que os países mais desenvolvidos são os que menos se reproduzem e mais envelhecem. São aqueles que, apesar das condições únicas de paz e abundância que detêm, não encontram ainda assim estímulos positivos para que as gerações se renovam pelo menos em igual número. Compensam, isso, invariavelmente, com as migrações e, também invariavelmente, vitimizam ou ostracizam os migrantes e os seus filhos.
Tudo isto não pode estar certo nem do ponto de vista ético e humano nem do ponto de vista económico, mesmo à luz da crueza dos números. E Portugal já vai em 5.º no ranking, o que quer dizer que um país com a dimensão que temos e com a história desproporcionalmente impactante no mundo que também temos corre o risco de perder relevância por 'falta de portugueses' num horizonte muito próximo, a duas ou três gerações as contas da nossa demografia já não são famosas.
Para nos mantermos no grupo dos privilegiados do mundo, como país desenvolvido que somos, precisamos de reproduzir a nosso capital humano, criar condições para tornar mais famílias felizes e capazes de ter crianças saudáveis, educadas e plena de valores. Mas também precisamos de cuidar como tesouros de todas as crianças que existem na nossa sociedade, mesmo daquelas que a sorte remeteu para as margens ou para a exclusão. É delas o futuro, o nosso futuro! E esse futuro só poderá melhorar se, em vez de, como hoje acontece em Portugal, nasceram cada vez menos crianças e de entre essas cada vez maior proporção em pobreza e exclusão, formos capazes de as arrancar nos destinos de má sorte, então teremos um excelente capital humano. Teremos portugueses qualificados em todas as áreas ao melhor nível do mundo como sabemos que somos capazes, e aí, sim, teremos ouro. Porque, como cantava o Zeca, '... o meu menino é de oiro, é de oiro fino...' e pode ser mesmo, assim saibamos, mimá-lo e dar-lhe tudo o que pudermos. Pelo nosso lado, o Benfica dá de si o mais que tem: o sorriso e o carinho dos atletas!"

Jorge Miranda, in O Benfica

Caixa Campus: a incrível realidade do que sonhámos

"A partilha do conhecimento, constituindo em termos absolutos um dos esteios da sociedade contemporânea para nos fazer melhorar e evoluir, não deixa, em todo o caso, de ter os seus quês. Quanto mais estritamente competitivo foi o ambiente de desempenho das instituições, mais restritivas serão, naturalmente, as normais da partilha. Em teatro de conflito, universalizar a natureza e as capacidades dos recursos estratégicos de uma entidade pode, até, representar muito mais do que a perda das aptidões diferenciadoras e de superiorização, relativamente à concorrência em campos específicos. E daí que - bem o sabemos hoje, no Benfica - indivíduos desprovidos dos mais básicos escrúpulos, movidos pela inveja e pela ganância, não hesitem em atacar, por todas as vias ilícitas e seja a que preço for, as fontes mais reservadas do conhecimento e os modelos das melhores práticas em vigor nas mais capacitadas instituições, com o único sentido de alcançarem tudo quanto, em termos de concorrência legal, jamais poderiam alcançar.
Por isso é tão cuidadosamente preservado de olhares indiscretos o Caixa Futebol Campus. Aberto exclusivamente em horários de jogos das equipas de formação no futebol e com circulação limitada aos circuitos dedicados aos respectivos campos, ou então, em ocasiões muito especiais extraordinariamente determinadas pela Benfica, SAD, até aqui, os Benfiquistas apenas esporadicamente têm podido entrever através de reportagens dos jornalistas da BTV não mais do que algumas dependências e espaços de trabalho e alguns dos mais conhecidos utentes do extraordinário campus de estádio do Sport Lisboa e Benfica. Mas creio poder deixar aqui escrito que, mantendo-se naturalmente a necessária reserva de domínio, algo vai mudar em breve, de modo a que o universo dos Benfiquistas mais dedicados possa melhor conhecer e mais se orgulhar da espantosa nova realidade que já é hoje o Caixa Campus, no Seixal.
Menos de dez anos depois da inauguração, a capacidade de sonho do presidente Luís Filipe Vieira não só não se esgotara no primeiro modelo desenhado para o já vastíssimo complexo de treinamento como se foi constantemente desenvolvendo, com base nas permanentes análises de execução e performance. E agora, aos doze anos de vida do complexo, os equipamentos de hotelaria, de gestão administrativa, técnica e física, assim como os espaços de treinamento de equipas, beneficiam de um impressionante segundo impulso de redimensionamento (que não será o último...), aumentando capacidades e valências, de forma a consolidar as melhores condições para a formação integrada de muitos mais novos atletas de estirpe e de estágios e treinos para as equipas de elite do Sport Lisboa e Benfica.
Enquanto director do nosso jornal, na passada sexta-feira foi-me dada a rara oportunidade de revisitar, com Leonor Pinhão, o Centro da Quinta da Trindade, no Seixal, onde tinha estado pela última vez havia três anos. Fomos fraternalmente recebidos e conduzidos por Rui Costa, num demorado circuito de cinco horas: percorremos todas as instalações e departamentos; observámos todos os mil e um equipamentos de toda a natureza; pudemos mesmo assistir a um momento do treino da equipa principal; e tivemos ensejo de conviver pessoalmente com especialistas e profissionais de muitas áreas de trabalho e até com alguns dos nossos craques. Por fim, depois de nos cruzarmos com o presidente, lográmos um extenso, muito esclarecedor e esperançoso encontro com o treinador Rui Vitória, em que, além de Rui Costa, participaram ainda Tiago Pinto, Luís Bernardo e Ricardo Lemos.
Falámos muito do Benfica no presente e, positivamente cativado pela serenidade de todo aquele ambiente de futuro, compreendi mais claramente como é possível que mesmo os mais remotos novos desígnios agora apontados por Luís Filipe Vieira venham a cumprir-se como realidades próximas. Que grande Benfica termos, nós todos, ali, nas nossas mãos!"

José Nuno Martins, in O Benfica

A frase que afinal Einstein não disse

"Os desígnios do futebol são insondáveis, o que é verdade hoje pode muito bem ser mentira amanhã e... prognósticos só no fim. Dito tudo isto, a propósito das quatro vitórias consecutivas do Benfica depois da luz que deu a Luís Filipe Vieira, confesso que tenho mais dúvidas do que aquelas que metodicamente me assaltam no quotidiano.
Há uma frase, erradamente atribuída a Albert Einstein, que traduz com fiabilidade a razão do meu cepticismo: «Insanidade é fazer as coisas sempre da mesma forma e esperar resultados diferentes». Ora, é isso mesmo que está a acontecer com o Benfica, onde a submissão ao 4x3x3 persiste, a falta de dinâmica do miolo também, a Jonasdependência igualmente, e a má forma de vários jogadores idem, idem. Poderá haver quem, perante este quadro, pegue nos triunfos sobre Feirense, Arouca, V. Setúbal e AEK e consiga ver o copo quase cheio. Sinceramente, tenho alguma dificuldade em vislumbrar outra coisa que não seja um caminho estreito, pedregoso e pejado de perigos, que aumentam à medida que o ruído mediático envolvendo o clube e os seus dirigentes não dá sinais de diminuir (uma decisão favorável à SAD do Benfica na próxima quinta-feira pode ser um tónico poderoso; se a juíza decidir em sentido contrário, a instabilidade assentará arraiais).
Numa coisa Rui Vitória tem razão: a única forma deste Benfica abordar o futuro é passo a passo, jogo a jogo, um problema de cada vez. No próximo domingo, o Estádio dos Barreiros, no Funchal, será palco de mais um episódio desta saga. Que podia ter por título, «No arame e sem rede...»."

José Manuel Delgado, in A Bola

Gerir a competição

"A distribuição da carga de jogos ao longo de uma época deve ser um aspecto tão importante para o gestor da competição como para o treinador. Quanto mais elevado o nível da competição, mais atenção deve merecer aspecto, uma vez que por norma aumentam o número de jogos. Na verdade, jogar a um nível elevado implica cuidado na gestão dos mais importantes elementos do jogo, aqueles por quem o público se desloca aos estádios, os jogadores. São processos os melhores mas os melhores precisam de recuperar bem.
O tempo de recuperação entre jogos é importante, como a intensidade competitiva é decisiva para o crescimento dos intervenientes. Um equilíbrio fundamental. Jogar, no caso do futebol, de três em em três dias é excessivo como jogar de três em três semanas também o é.
Alguns estudos apontam como correcto, no futebol, um intervalo de cinco dias para minimizar os riscos de lesão. Só a partir desse momento a curva se mantém igual para o dia seguinte. Contudo, na passagem do 3.º para o 4.º dia o risco já é bem menor do que do 2.º para o 3.º. Por isso se realizam tantos jogos no intervalo entre as 72 e as 96 horas.
Bem sabemos que frequentemente não é possível intervalos desses entre jogos. O volume de partidas obriga a intervalos menores. Esta situação deve merecer uma cuidada análise. Em muitos casos, fazem-se paragens de interno preciosas para a indispensável recuperação dos jogadores. E a recuperação não é apenas física. Neste altura da época existem campeonatos que já realizaram mais 25% a 30% de jogos do que outros, um  número elevado tendo em atenção que se iniciaram na mesma altura.
A gestão da competição, nos dois sentidos aqui utilizados, não pode abdicar de perceber que a sua planificação tem influência no rendimento individual e colectivo. Uma errada planificação tem consequências que o público não vê; mas são consequências que prejudicam a competição."

José Couceiro, in A Bola

São as modalidades colectivas que definem o nível

"O Desporto em Portugal não está — pelos resultados, pelo número de atletas federados ou ainda pela violência que o envolve — ao nível dos seus congéneres europeus. Porque temos uma população mais pequena? Não, em termos de população somos um país europeu médio. As razões serão outras…
Razões aliás que procurámos disfarçar com a demonstração da inequívoca qualidade dos nossos atletas das modalidades individuais. Pois… mas o que estabelece o nível qualitativo da prática desportiva de um país são as suas modalidades colectivas. Essencialmente porque qualquer país do mundo pode ter campeões individuais mundiais ou olímpicos — a Etiópia tem 53 medalhas olímpicas (22 de ouro) em 13 presenças e com um PIB quinze vezes inferior ao de Portugal, que tem 24 medalhas (4 de ouro) em 24 participações.
O mesmo não se poderá dizer das vitórias e títulos das modalidades colectivas que exigem estruturas e organizações desportivas de grande complexidade multidisciplinar, mostrando assim a dimensão do interesse cultural pelo Desporto.
A participação desportiva portuguesa, com cerca de 620 mil federados em 2017, é fraca. Somos um país de futebol, dizemos. E somos mesmo, com mais de um terço dos federados pertencentes à Federação de Futebol, apesar dos nossos recentes resultados internacionais serem possíveis graças essencialmente aos futebolistas imigrantes que jogam em campeonatos muito mais competitivos que o nosso.
E aos poucos que somos juntámos a pouca precisão e pouca exigência como se demonstra na definição legal das modalidades individuais que serão todas aquelas, que não permitem substituições… como o remo (!!), de barcos de oito ou quatro, por exemplo.
Não conseguimos — juros de anos de isolamento — ter uma visão sistémica do Desporto e pouco sabemos do que se passa por aí fora — mesmo a paredes-meias — ignorando o desenvolvimento de novos métodos e desleixando descobertas que se mostram eficazes como a designada “periodização táctica” que Vítor Frade terá iniciado e que os treinadores portugueses, a começar por Mourinho, têm espalhado pela Europa do Futebol, e que tem sido adaptada por outros, para outras modalidades colectivas.
Por cá, pouco ou nada queremos saber desses desenvolvimentos e nada fazemos para que sejam englobados nos nossos métodos de treino e extensíveis a outras modalidades colectivas. Embora desperdiçando as mais-valias e misturando conceitos e confundindo valores, gostámos de nos mostrar preocupados…
Porque o Desporto Escolar isto e aquilo, mas continua desarticulado com os clubes que, afirmámos!, constituem a base fundamental do associativismo desportivo. Que existe evolução das metodologias de treino, dizemos!, mas regulámos (pre)conceitos formativos que fazem de treinadores experientes uns novos estudantes a quem se impõe programas e estudos obrigatórios — qual a Ordem profissional que tem “formação contínua” obrigatória? — a que se acrescenta, numa abusiva demonstração de poder, esta sentença: a anulação da certificação de anos de treinador para quem não atinja o valor mínimo de créditos.
Assim, não vamos lá!"

A manipulação da Sport TV

"O momento passou despercebido a muitos telespectadores, mas a mais recente 'manobra de diversão' da Sport TV merece ficar registada para memória futura, como um dos casos mais lamentáveis nos 20 anos de vida do canal.
No intervalo do FC Porto-Portimonense, da jornada anterior, a Sport TV tentou enganar os seus próprios clientes, sem qualquer pudor, a propósito do penálti que ficou por assinalar sobre Nakajima. 
O derrube de 'Felipe Vale-Tudo' ao extremo japonês do Portimonense foi tão evidente que, desta vez, não houve um único especialista de arbitragem com coragem para dizer o contrário.
A Sport TV, porém, prestou-se a um papel ridículo, lamentável e indigno, pondo seriamente em causa os princípios mais elementares daquilo que deve ser a relação de uma empresa com os seus consumidores. Há limites para tudo.
O que fez, então, a Sport TV? Enquanto se esperava pelo início da 2.ª parte, pôs no ar imagens manipuladas (e misturadas) que não correspondiam ao lance da grande penalidade que ficou por assinalar.



Nessa outra jogada, também protagonizada por Felipe e Nakajima, o jogador do FC Porto não cometeu falta. A Sport TV tentou através dessas imagens fazer-nos crer, portanto, que o brasileiro não tocou em Nakajima.
O próprio narrador de serviço (Rui Orlando) foi apanhado de surpresa com a situação e ficou exposto, sem saber muito bem o que dizer perante aquele golpe baixo.
A demora de repetições de lances duvidosos dentro da grande área de certos clubes já era conhecida. Mas agora estas montagens manipuladas devem ser caso único no Mundo. Não dá para acreditar."

Benfiquismo (MXXXIV)

Primórdios do Hóquei em Patins...!!!