quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Onde esbarra o sonho Europeu português

"Por diversas vezes nos últimos anos, e sobretudo referente ao Benfica, ouvimos falar de um sonho Europeu, e de como a retenção dos jovens talentos poderá viabilizar tal desiderato.
É comum vermos os adeptos a formar 11’s com um sem número de jogadores de nível fabuloso, garantindo que se ainda permanecessem, no caso, no Benfica, haveria possibilidades para sonhar com uma conquista Europeia.
O que poucos parecem perceber, é que as próprias possibilidades de desenvolvimento individual dos jogadores, ficam coarctadas se por Portugal permanecerem. Não adianta crer que com Bernardo Silva seria possível ao Benfica ser campeão europeu, porque Bernardo Silva, nunca seria Bernardo Silva se não tivesse emigrado e experimentado contextos muito mais valorosos, e que contribuem e contribuíram de sobremaneira para o seu desenvolvimento.
Da mesma forma que no momento actual, a formação do Benfica trabalha com uma qualidade incrível, e potencia ao máximo as capacidades dos seus jogadores, pelas condições que lhes proporciona, pela qualidade dos seus treinadores, e pela forma como pensa o processo, nomeadamente o contexto competitivo em que insere os seus jogadores, garantindo sempre um estímulo elevado, que lhes permite um desenvolvimento próximo do óptimo, a chegada ao futebol sénior e à Liga NOS dos mais talentosos, só será um estímulo adequado ao seu desenvolvimento nos seus primeiros anos na competição.
Posteriormente, o ritmo lento com que as situações se sucedem, a falta de qualidade comparativamente com o nível alto europeu, quer de colegas, mas sobretudo até dos adversários, inibe uma evolução mais efectiva.
Em Portugal continuarão a formar-se jogadores de qualidade fabulosa. Porém, estes só atingirão o patamar dos melhores num contexto Europeu, se para lá se mudarem. Porque a própria evolução do jogador relaciona-se com o nível que enfrenta.
De uma forma simplista, se a Liga Portuguesa é um 6 em 10. Os melhores não passarão do 7. O suficiente para terem sucesso no contexto em que competem.
O sonho Europeu seja de Benfica, Porto ou Sporting, passa antes de tudo o mais por ter uma Liga com adversários muito fortes. E não parece que alguém se esteja a preocupar com tal premissa…"

Erradique-se a incompetência

"O VAR representa a possibilidade de diminuir substancialmente o número de erros de arbitragem no futebol. Munidos de meios tecnológicos, os árbitros deixam de padecer dos males da decisão instantânea e ficam habilitados a não falhar nas questões meramente factuais, nomeadamente na validação de golos, no local exacto onde foi cometida uma infracção ou na aferição da posição dos jogadores para fins de aplicação da lei do fira de jogo. Nesta altura, mais de um ano depois do corajoso arranque rumo ao futuro, patrocinado pela FPF, há coisas que não são entendíveis, muito menos explicáveis, aos olhos do adepto que conhece as leis e quer acreditar no que vê dentro das quatro linhas. Por isso, novamente o Conselho de Arbitragem deve vir a terreiro dar satisfações sobre o que aconteceu no Estádio do Dragão no primeiro golo do FC Porto contra o Feirense. Para benefício da discussão, esqueça-se quem estava frente a frente e foquemo-nos apenas no lance. Como foi possível o VAR insistir na reversão de uma decisão certa, e, a seguir, o árbitro, que tem a última palavra, voltar atrás depois do visionamento das imagens? Estamos perante uma situação muito grave, que põe em xeque a qualidade técnica do VAR (e que ninguém queira convencer-me que um mau árbitro, que percebe e interpreta mal o jogo, pode dar um bom VAR...) e a personalidade (para dizer o mínimo) do árbitro, e lança dúvidas sobre a pertinência do sistema implantado. Sejamos absolutamente claros: a tecnologia funciona, e o método é comprovadamente eficaz. Porém, se não cuidarmos, enfrentando o problema sem tibiezas, da qualidade técnica da componente humana, estaremos condenados ao fracasso."

José Manuel Delgado, in A Bola

Justiça em causa na escuta a Vieira

"Foi ontem revelada uma conversa telefónica entre o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e o empresário César Boaventura que tratava, em finais do ano passado, da negociação do treinador do Benfica, Rui Vitória, para o Everton. O próprio empresário confirmou ontem à noite tratar-se de uma conversa verdadeira, embora, segundo ele, descontextualizada e manipulada.
O tema, sobretudo nesta fase em que o treinador do Benfica tem sido muito criticado por adeptos do clube, insatisfeitos com recentes resultados e exibições, ganhou, desde logo, contornos de escândalo. Afinal, para o presidente do Benfica, não apenas Rui Vitória era negociável em plena época em que o Benfica lutava pela penta, como dispensável.
A conversa acontecer depois de o Benfica ter sido eliminado da Champions, numa campanha desportivamente desastrosa e numa altura em que o treinador tinha a sua imagem fragilizada, mas conhecendo-se melhor o contexto e a data em que ocorreu, apesar de ser reveladora de uma abertura para negociar o seu treinador, não se pode dizer que a posição de Vieira fosse criticável.
Mais questionável e preocupante é a revelação em si mesma. Se não foi Vieira, nem Boaventura quem divulgou a conversa, quem foi? Com que intuito? Pior: com que obscuros interesses? Fará parte, como aventado, de uma peça processual, da qual foi extraída parte que a terceiros interessava publicar? Será que o sistema judicial pode, mesmo, estar tão grosseiramente infiltrado pelo crime organizado no futebol português? Grave de mais para que se mantenha a dúvida."

Vítor Serpa, in A Bola

A nova PGR, as toupeiras e as doninhas

"Paulo Gonçalves e a Benfica SAD estão indiciados pela prática de não sei quantos crimes no caso designado como e-toupeira, por terem alegadamente aliciado funcionários judiciais a darem-lhes acesso a um conjunto de informações sobre processos em curso na justiça.
Acontece que desse próprio processo em que Paulo Gonçalves e a Benfica SAD são arguidos ficaram este fim de semana a conhecer-se peças integrais - como o “Apenso F” - através de um dos blogues que andou meses a fio a pôr no ar emails do clube da Luz e de seus dirigentes e funcionários. Ora, aqui é que a porca torce o rabo: então Paulo Gonçalves e a Benfica SAD estão a responder por alegados crimes e depois são vítimas de crimes iguais e, neste caso como noutros, perante o flagrante delito, nada nem ninguém ousa fazer coisa nenhuma?
Não se compreende.
Se as chamadas toupeiras de Paulo Gonçalves ou do Benfica, segundo a acusação, prestavam informações a troco de bilhetes para os jogos no Estádio da Luz, acesso às chamadas zonas VIP e ainda camisolas assinadas por jogadores, o que será que darão em troca tais blogues, ou quem estará por trás deles, às doninhas que lhes libertam estes documentos?
Ou não há toupeiras nem doninhas e há para aí hackers que, além de violarem os emails do Benfica, pelos vistos agora também conseguem aceder à base de dados do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP)?
E, já agora, como vem a público uma escuta em que o presidente do Benfica surge a falar com um empresário sobre a eventual disponibilidade do clube para receber uma proposta pelos serviços do treinador Rui Vitória?
A justiça desportiva sempre esteve sob suspeição popular por ser, de um modo ou de outro, associada aos interesses dos chamados três grandes, com maior predominância de um ou de outro, dependendo das épocas.
Ora, seja pelo “sistema” ou por simples clubite, a verdade é que a justiça civil parece estar também, e cada vez mais, contaminada pelo mesmo mal.
Assim não sendo, já há muito que estes blogues anónimos teriam rostos e responsáveis. Porque, como diz o povo, ou há moral ou comem todos.
Daí que, perante estes novos desenvolvimentos, seja estranha a inacção do Ministério Público e o silêncio da nova procuradora-geral da República, Lucília Gago. Não é, de facto, um bom prenúncio para o mandato que ainda agora está a começar."

Cadomblé do Vata (especial prosa...)

"Continuam a suceder-se a velocidade galopante os episódios embaraçosos envolvendo o Benfica, que colocam em causa toda a transparência e legalidade das competições futebolísticas nacionais. O mais recente capítulo desta demanda encarnada pela viciação de resultados, foi revelada esta semana, quando se ficou a saber que em Dezembro do ano passado, Luis Filipe Vieira descontente com a prestação de Rui Vitória ao comando da equipa principal de futebol do clube, terá mandatado um agente desportivo para tentar arranjar colocação para o treinador no melhor campeonato do Planeta, em vez de despedir sumariamente o ribatejano, deixando a cargo dos tribunais a decisão de definir uma eventual indemnização.
O que poderia ser já o ponto alto da infâmia, é apenas o início. Não conseguindo um clube interessado em receber o técnico, LFV olhou para o contrato em vigor e (cuidado que o que vou escrever a seguir pode ser susceptível de impressionar as mentes mais sensíveis) em vez de proceder à rescisão natalícia, respeitou-o, dando-se ao desplante de o renovar, sem que esta vergonha tenha custado ao clube a perda de 6 pontos, como por exemplo aconteceu ao FC Porto, devido a situações muito menos gravosas, envolvendo visitas ao economato a altas horas da noite, que é quando dá aquela larica que provoca insónia.
Perante o desprezo benfiquista pela instituição do "chuto no cú", causa estranheza o silêncio da FPF, da LPFP e especialmente da ANTF, cujo presidente sempre solícito quando estão em causa outros clubes, está a deixar cair nas malhas do esquecimento o inenarrável respeito que o Sport Lisboa e Benfica exibe por um membro de uma classe profissional, bem habituada a ser o parente pobre da tabela classificativa. Mais grave ainda é que este caso é apenas mais um sintoma do psicótico comportamento do Glorioso para com a classe técnica futebolística. Se mais dúvidas houvessem, basta ver que nos últimos 10 anos apenas 3 treinadores passaram pelo SLB, muito diferente dos casos dos seus rivais que contaram 10 personalidades no banco, no caso do FCP e 14 génios tácticos no que diz respeito aos de Alvalade. A "partilha" é um valor que nos ensinam desde crianças, mas quando o tema é o cargo de treinador, no Benfica faz-se tábua rasa dos mais básicos princípios da vida em sociedade.
No Clube da Luz, o monopolismo do banco tornou-se lei, numa prática que muito envergonha os apaniguados dos encarnados e brancos. Qual conglomerado industrial e multinacional, na Luz não se deixa o estofo do banco disponível para qualquer nádega, açambarcando centenas de jogos em apenas 3 exemplares de traseiros. Felizmente vivemos num estado de direito onde a correspondência e o diálogo privado não têm lugar. O colectivismo intelectual do país obriga à partilha de informação para que todos saibamos de todos. O grito de Morte aos Xibos dos Peste & Sida não vingou e cabe-nos demonstrar gratidão à xibaria, por tornar este e outros casos dignos de constrangimento glorioso, em revelações ilegais, legalizadas pela capota do "interesse público"."

Cadomblé do Vata (especial meio da semana!!!)

"1. Foi divulgada uma escuta telefónica, onde LFV pede 10 milhões ao Everton, para libertar Rui Vitória... as finanças do SLB andam tão mal que o mínimo exigido para formados no clube já baixou a barreira dos 15 milhões de euros.
2. Continuam os protestos por Rui Vitória não ter substituído Almeida ao intervalo, colocando Sálvio na lateral direita... ninguém entendeu ainda que o treinador do SLB poupou o internacional argentino a uma lesão no menisco, caso o André sentisse o seu lugar ameaçado pelo 18 Glorioso?
3. Trofense 0-2 fora em 2009; Arouca 2-2 na Luz em 2013; Jamor SAD 0-2 em 2018... desconte-se o Tondela e o histórico de estreia do SLB contra equipas que disputam a 1ª Liga pela primeira vez, não é nada agradável.
4. O primeiro golo do FCP contra o Feirense daria uma excelente publicidade para a ciência da pedicure... "se o Tiago Mesquita tivesse cortado as unhas, o Feirense hoje só tinha 4 golos sofridos no campeonato".
5. Domingos Soares Oliveira diz que daqui a 15 anos o SLB será um dos 10 melhores clubes europeus... já não bastava o Rui Vitória dizer que temos que saber lidar com o insucesso, agora vem este avisar que nos devemos preparar para cair 9 lugares na lista dos melhores clubes europeus em apenas dezena e meia de anos."

A venda da justiça

"Por favor, doutora.
Por favor. É um homem a implorar.
A doutora é uma magistrada. Juíza, procuradora, não sabemos; nem o seu nome. Já o do homem, sim. É suspeito de homicídio.
Desde 2013, o Código de Processo Penal decreta que o interrogatório dos arguidos deve ser gravado em áudio ou vídeo. Neste não houve vídeo. Houvesse, e teríamos também, além da voz, a imagem deste homem divulgada às oito da noite, na abertura de um bloco dito noticioso de um canal de TV. 
Porque é num canal de TV que ouvimos a voz deste homem a implorar. Num canal de TV, no início de um bloco de notícias.
Mas não, não há notícia nenhuma.
Só voyeurismo. Só comprazimento nesta humilhação. Só o deleite de ter acesso a algo que não era suposto ser conhecido, cuja divulgação é proibida. Um "exclusivo", diz o pivô.
Só a destruição da dignidade de uma pessoa e da sua presunção de inocência.
Sim, eu sei: este conceito, o da presunção de inocência, não é popular. O que é popular é acusar, é exibir, é usar os processos judiciais e as suas peças processuais reservadas, cuja divulgação é interdita, como fonte de audiências, de cliques, de vendas. O que é popular é arrastar pessoas pela lama, já que já não - ou ainda não - podemos desmembrá-las no Terreiro do Paço.
O que é popular é dizer "temos o direito de saber tudo, de ver tudo, de vender tudo".
Porque o que vende é pôr a justiça à venda.
Corromper os seus princípios, usá-la como instrumento de perseguição e linchamento. Fazer da justiça exactamente o contrário do que ela é suposta ser.
Usar os seus recursos ao serviço de interesses privados, de lucros privados. E os seus intervenientes como actores de novela - uns com gosto, certamente, outros como coisas.
Não há nenhuma diferença entre esta indignidade - a da divulgação da voz deste homem que implora - e a da célebre fotografia dos foragidos do Porto tirada por um polícia e posta a circular como troféu. O abuso de poder é igual, o propósito de humilhação idêntico. E tudo ilegal.
No caso da fotografia tivemos a imediata reacção do ministro que tutela as polícias. Reputou de inaceitável a divulgação e ordenou um inquérito para descobrir os culpados. Tivemos o Presidente a fazer coro com o ministro. Tivemos a certificação de que há Estado de Direito em Portugal e de que abusos de poder não podem ficar impunes.
Sobre a divulgação dos áudios, porém, nem um 'ai'. Nem da ministra da Justiça, nem do PR. Nem sequer da Procuradoria-Geral da República, que, além de ser a detentora da acção penal em nome do Estado, é também a detentora - a dona, portanto - do processo de onde vieram aqueles áudios.
Temos, pois, de concluir que o que é inaceitável nas polícias aceita-se, bico calado, olhando para outro lado, na justiça.
Ou seja, na justiça o inaceitável torna-se aceitável.
Talvez devêssemos então dar-lhe outro nome. Justiça é que não pode ser."

The Olympic Performance: formação e intervenção com treinadores e atletas em psicologia do desporto

"Traduzindo-se o Programa “The Olympic Performance” num conjunto de acções de formação especializada lançado pelo Comité Olímpico de Portugal (COP), nas mais diferentes áreas que suportam o desempenho desportivo de excelência (como sejam a Medicina Desportiva, a Psicologia do Desporto, a Nutrição, entre outras), iniciou-se na passada sexta-feira, nas instalações do mesmo, o primeiro módulo de formação em Psicologia do Desporto, sob o tema “Saúde e Bem Estar como pilares de um Rendimento Desportivo de Excelência”.
Por ser um passo importante, no que respeita ao suporte que passa a ser dado a atletas e treinadores que representam Portugal nas mais diferentes competições internacionais, entende-se como oportuno fazer a sua caracterização de forma mais alargada, para que os todos os interessados possam, de alguma forma, aceder ao mesmo.

Análise de necessidades
Com a preocupação de dotar os diferentes agentes desportivos (treinadores, atletas, dirigentes, equipas médicas, árbitros, encarregados de educação, entre outros) com conhecimento específico nas áreas da Psicologia do Desporto e Comportamento Humano, entendeu o COP lançar, de forma sustentada, a área da Psicologia de Desporto, integrada no âmbito da Direcção de Medicina Desportiva (sob responsabilidade do Dr. José Gomes Pereira).
Mediante informação recolhida junto das Federações (via questionário, contacto telefónico e reuniões presenciais), conseguiu-se caracterizar, de facto, uma realidade que revelou estar aquém do esperado para um contexto de alta performance (a realidade olímpica), onde uma série de disciplinas científicas se devem cruzar (e onde é suposto ver-se encontrada a área da Psicologia do Desporto) com o intuito de suportar o desempenho dos nossos atletas.
Em traços gerais, apenas cerca de 33% das Federações tinham esta especialidade instalada, cerca de 10% tinham o apoio pontual de profissionais de especialização diversa, permanecendo o remanescente sem qualquer apoio.
Entendeu, por isso, o COP, lançar um conjunto de medidas estruturais com o intuito de se assumir não só como um canal de intervenção directa com os diferentes agentes desportivos, mas acima de tudo, como uma activa parceria na ligação com as Federações, suportando e enquadrando ajuda especializada em diferentes vectores.

Medidas de intervenção
1. Suporte à Contratação e Qualificação do Serviço prestado:
- Definição de um Perfil de Especialista em “Psicologia do Desporto”, ancorado no trabalho já desenvolvido pela Ordem dos Psicólogos Portugueses, mas avançando, desde logo, uma proposta de enquadramento, mediante os níveis de especialização e experiência (propondo uma série de categorias);
- Apoio ao Recrutamento, suportando entrevistas finais de possíveis candidatos à função de Psicólogo(a) do Desporto nas Federações, emitindo pareceres de análise curricular;
- Disponibilização de um Grupo de Supervisão de Prática Profissional, instalado no COP, com o intuito não só de ajudar a encontrar modelos de intervenção ajustados às especificidades das Federações, mas também elevar a qualidade do serviço prestado.
2. Formação – introdução à Especialidade:
- No âmbito da promoção da difusão do conhecimento acerca dos contributos da especialidade da Psicologia do Desporto para a optimização do rendimento desportivo, associou-se o COP, através do Programa “The Olympic Performance – Psicologia”, às Federações que, entendendo ser útil, queiram integrar formação especializada junto dos seus Treinadores, nos cursos já existentes para os mesmos. 
3. Formação Especializada – Psicologia do Desporto
* Tendo em mente o ciclo olímpico que agora decorre, e com o intuito de poder abranger o maior número de interessados, foi delineado um conjunto de acções de formação para públicos distintos: Treinadores, Atletas e Equipas Médicas.
* O planeamento das acções a ministrar, resultou de uma análise cuidada que pudesse reflectir as preocupações emergentes na realidade nacional e internacional, mas também a dotação de um nível de competências inicial, no que respeita aos “Mental Skills” necessários à exibição de desempenhos de nível superior, de forma consistente e sustentada. A saber:
* Saúde Mental e Bem-Estar como Pilares de Rendimento Desportivo de Excelência
* Competências Psicológicas e Impacto no Rendimento Desportivo: O que são e como treinar/potenciar?
* Gestão de Stress e Regulação Emocional: Transformar a Adversidade em Desafio
* Optimização de Competência Comunicacional para Atletas/Treinadores: Impactos directos e indirectos no Rendimento Desportivo

Propósito global
O intuito deste conjunto de acções e do próprio Programa “The Olympic Performance” (onde se encontram integradas outras áreas de especialidade) prende-se desta forma, não só com a difusão de conhecimento especializado mas, acima de tudo, com a necessidade de gerar proximidade e parceria com aqueles que, dedicando horas de trabalho invisível para o grande público, fazem da sua actividade principal a representação de Portugal nos grandes palcos desportivos mundiais."

Entrevista do Presidente, na TVI

"Telefonema esclarecido
Vender Rui Vitória [em dezembro de 2017]? Não. Normalmente quando fazemos um contrato com um treinador é para cumprir. Primeiro do que tudo dizer que é de estranhar como aparece uma conversa destas [com um empresário] na Comunicação Social. Disseram-me quais eram as condições e o Benfica disse qual era a cláusula de rescisão, e tudo o que seja para melhorar a vida do nosso treinador… Rui Vitória conhecia a proposta [do Everton], era muito superior à do Benfica. Manifestou-me que não queria sair e que queria levar o projecto até ao fim. Havia um conhecimento do processo através do seu empresário. Clarificámos um com o outro, está mais do que clarificado. Pelas condições que me disseram que ele iria fazer o contrato, não era eu que lhe iria cortar as pernas, nunca o fiz. A diferença de vencimentos era oito vezes mais.”

Rui Vitória 'é o homem certo'
hoje uma grande injustiça em relação a Rui Vitória... Nos dois primeiros anos de Benfica, conquista seis títulos; é campeão com o recorde de pontos: 88; vai aos oitavos e quartos de final da Liga dos Campeões. Tem feito um trabalho fantástico, consegue ter equipas competitivas, lançando sempre jogadores da formação. É o homem certo para o projecto que o Benfica quer. Por minha vontade, será o treinador do Benfica até ao final do contrato. Tem havido um tipo de crítica a Rui Vitória que ele não merece. O Benfica vive pelos seus meios e não quer ser amarrado financeiramente. Continua a investir no Caixa Futebol Campus, porque ali produzem-se verdadeiros campeões. Rui Vitória é o treinador mais indicado para continuarmos a desenvolver este projecto. Além dos jogadores lançados, temos previstos mais três ou quatro para a próxima época. O Benfica não pode andar aos ziguezagues, ao sabor dos resultados. O Benfica está a preparar-se para dominar o futebol português. Queremos ganhar e é com Rui Vitória que vamos ganhar.”

Presente e futuro passam pelo Seixal
Todo o nosso projecto assenta no Seixal. As pessoas têm de entender que o Benfica não deverá fazer o que fez no passado. Temos de ganhar com os talentos e já provámos que podemos ganhar com eles. Nesta altura estamos a reter os talentos. Não saem a não ser pela cláusula de rescisão. Imagine que tínhamos conseguido reter os outros talentos que saíram... Já temos a base da Selecção Nacional. Se tivermos ofertas de 20/25 milhões de euros, não deixamos. Tivemos ofertas de 40 milhões e 35 milhões nesta época e não vendemos. Qualquer jogador que entre na primeira equipa do Benfica é logo blindado com cláusulas de rescisão elevadas. Gedson renovou e João Félix também vai renovar. Se tivéssemos ganho ao FC Porto… Não ganhámos por um detalhe, mas fomos competitivos, estivemos na luta até ao fim. Quando um jogador recebe uma proposta 2,5 milhões de euros limpos [por ano], como é que se retém este jogador? A única hipótese de sonhar com uma conquista europeia é retendo talento. Há jogadores com 10, 11 e 12 anos de Benfica e podem ficar mais dois ou três anos para irem ao encontro à ambição do Benfica, que é fazer um determinado trajecto na Europa. Depois, poderão sair.”

Momento desportivo
Compreendo que as pessoas ficassem frustradas com o jogo que perdemos com o Belenenses. Lenços? O que mais me aborreceu foi ver pessoas a sair ao intervalo. Espero que continuem a apoiar como têm apoiado. Ainda no jogo com o Ajax estavam lá 3000. Na hora da derrota temos de estar juntos, porque só juntos ganhamos. Foi sempre assim. São os Sócios que contagiam e arrastam para os êxitos. Num momento negativo não se pode pôr tudo em causa, porque aquilo que se fez até hoje custou muito a fazer. Há 17 anos, o Benfica partiu com um endividamento de 365 ou 370 milhões de euros. Hoje tem 150 milhões de euros de dívida pelos empréstimos obrigacionistas. É autossuficiente há quatro anos. A grande maioria dos Benfiquistas reconhece o trabalho feito e que estamos a fazer. O Benfica está a recuperar os seus capitais próprios e há de continuar a fazê-lo. Temos uma equipa supercompetitiva para o futebol português e a Europa está em aberto. Só peço às pessoas que acreditem e nos apoiem.”

Casos e reputação
Os nossos principais parceiros têm renovado contrato connosco. A Emirates renovou, outro vai renovar, porque as pessoas sabem a gestão que fazemos e acreditam.” PARCERIAS “Vamos ser uma realidade na China, nos Estados Unidos e noutros países. Perguntaram ao Benfica se estaria disponível para gerir um clube em Inglaterra. Estamos a estudar isso. Hoje há uma procura muito grande, as pessoas querem falar com o Benfica porque, na realidade, somos um sucesso na Europa. Dentro de pouco tempo vamos ter uma boa notícia para os Benfiquistas, uma bomba...”

Paulo Gonçalves
Em relação ao que se passou num primeiro momento, nada sabíamos. A juíza não decretou medidas de coação. O Paulo Gonçalves não queria continuar na SAD do Benfica. Eu e a Direcção reunimos e, por unanimidade, decidimos que deveria ficar. Num segundo momento, constituído arguido, o Paulo Gonçalves foi ter connosco, disse que não tinha condições para continuar no Benfica e que queria dedicar-se à sua defesa. O que é mau para o Benfica é que o Clube perdeu um grande profissional na área dele. Tudo o que o Benfica ganhou foi dentro de campo com o seu suor.”

Vitórias dentro de campo
Se se provar que o Benfica ao longo destes 15 anos cometeu actos menos lícitos que levassem à corrupção, eu demito-me imediatamente. Estive sempre na primeira linha pela defesa da verdade desportiva, mas estamos num País em que há muitas denúncias anónimas. Não digo mais nada sobre os processos que estão em segredo de Justiça. Ganhámos sempre dentro do campo, com muito suor, com os nossos jogadores, treinadores e adeptos. Reforçámos a nossa equipa de advogados para que eu e o Domingos Soares de Oliveira não nos envolvêssemos mais nisto. Os Benfiquistas não estão preocupados, sabem quem está à frente do Clube.”

E-Mails
Receber e-mails a pedir bilhetes? A isso respondo 'OK'. Acha que tenho tempo para ver os e-mails com calma? Eu não trabalho nas bilheteiras do Benfica. Eu tenho outras responsabilidades e preocupações. O Clube tem profissionais que são elogiados na Europa. O que se deve condenar é o roubo de correspondência de dez anos do Benfica. Espionagem industrial? Revolta-me falar nisto. Obviamente alguém entrou na correspondência privada do Benfica, expondo as vidas dos funcionários. Não há lá ofertas a ninguém, dinheiro a prostitutas, almoços com árbitros, nada.”

Até às últimas consequências
A história dos e-mails marcou-nos, não estávamos preparados para lidar com o crime organizado. Os hackers e os bloggers têm de ser penalizados. Iremos até às últimas consequências. Fizeram muito mal ao Benfica. FC Porto e Sporting por detrás disto? Isso é com a Justiça. Vamos aguardar pela chegada de notícias, e acredito que em breve haverá novidades. A verdade tem de aparecer. Quem pagou, por que pagou... O Benfica tem de pedir altas indemnizações pelos estragos que nos fizeram. Parece que há uma Justiça para uns e uma Justiça para outros. O futebol português é uma indústria que gera milhões e milhões de euros e tem sido maltratada.”

Luisão
Tem 15 anos de Benfica, é um grande capitão do Benfica, é o meu companheiro de viagem, o único que conhece a desgraça que havia e a fartura, no bom sentido, que hoje existe no Benfica, onde nada falta. Pela influência que tem, eu tinha de lhe renovar o contrato. Um dia falámos os dois, falámos com o treinador, rescindiu e fica no Benfica a trabalhar de outra maneira, com outras funções. Gostamos de tratar bem todos os atletas e Luisão merecia uma atenção especial. Como não estava a jogar, não se sentia bem. Problema com Rui Vitória? É difícil que haja um problema dentro da nossa casa. Duvido que tenha havido. São vizinhos, falam muito um com o outro. Disse-me que estava na hora de pendurar as chuteiras. A princípio não estava a acreditar, mas quando vi que era a sério perguntei-lhe como é que ia ser a festa de despedida.”

Caso António Simões
Quem me conhece sabe que nunca fiz censura no Benfica, praticamente nem vou ao canal [BTV]. Não vou falar muito de António Simões por respeito ao Benfica. O senhor António Simões mentiu! Quando quiser ficar clarificado de vez, vai falar comigo. O Benfica respeita-o e ele tem de respeitar o Benfica. Eusébio só há um! Não admito que venha dizer que é o Benfica. Devo ter sido o único presidente do Clube que apoiou os antigos jogadores. Ninguém pode imitar Eusébio. Não posso receber lições de António Simões. Se alguém está perto e ajuda sou eu. O senhor António Simões não tem o direito de fazer o que fez publicamente, manchando grandes profissionais da nossa casa. Não foi ele que ligou para mim, fui eu que liguei para ele, porque sabia de conversas dele e do Malheiro na rua. A conversa que tive com ele não vou divulgá-la. Se ele tem algum problema com o Benfica que o resolva dentro do Clube. Veja-se o que ele fez com o Calado. Simões esqueceu-se de quem o ajudou no passado. Não há um comentador nas televisões que leve um recado meu.”

15 anos de Presidência
O Benfica era um Clube falido, nem as pedras da calçada eram nossas. Investimos na construção do estádio. Fizemos um centro de estágio que é considerado um dos melhores da Europa. Vamos continuar a aumentar a capacidade do Caixa Futebol Campus porque é por ali que passa o nosso projecto. Temos uma aposta firme na Formação. Vamos ser a primeira SAD a ter os capitais próprios recuperados. Não dependemos de nenhum banco, temos uma estrutura profissional que é reconhecida internacionalmente. Há clubes de renome que vêm ter connosco para saber como é que o Benfica tem sucesso e recuperou financeiramente tão depressa. Isto só foi possível pela estabilidade das Direcções que tenho comandado. Posso já dizer que sou candidato às próximas eleições.”

15 anos de Estádio da Luz
O melhor momento foi na inauguração. Foi uma sensação muito esquisita, a forma como foi construído, o envolvimento no projecto… Não foi fácil e só foi possível por causa do Mário Dias. O dia da maior tristeza foi o do adeus ao Eusébio. Foi um dia que marcou muito os Benfiquistas. As pessoas sabem como sou.”

Jorge Mendes e renovação de João Félix
A Gestifute, empresa de Jorge Mendes, é parceira do Benfica. Ainda ontem acordámos a renovação de João Félix. Não é fácil facturar 100 milhões de euros em vendas de jogadores. Tem de haver uma parceria.”

A renovação de Salvio
A vontade do Benfica é que renove. Depois de amanhã vou estar com o empresário dele. Temos toda a vontade de que fique. E Salvio tem toda a vontade de ficar. Samaris? É um activo do Benfica.” 

Mercado de Inverno
Temos um plantel com 28 jogadores e poderemos encurtar um pouco.”

Jonas
O Benfica sempre manifestou vontade de renovar contrato com Jonas. Acho que houve uma fase em que ele esteve inclinado em sair, mas, depois de falar com a família, disse-me que não queria sair. É o jogador mais caro do Benfica, não interessa quanto ganha.”

Candidato nas próximas eleições
"Se alguma coisa me move são os Sócios do Benfica. Faltam-me dois anos para terminar o mandato. E vou ser novamente candidato a presidente do Benfica. E se tiver de fazer outro, faço. A oposição vai sempre existir. Quando houver unanimidade é muito mau. Os Sócios é que vão decidir. Até agora têm-me escolhido. Pelo trabalho que desenvolvi, acredito que a grande maioria vai votar em mim. Temos projectado fazer o Colégio, em três fases, estamos a negociar mais um terreno, vamos ter direito de superfície de 50 a 75 anos para mais seis campos e um polo hoteleiro. O Seixal fica blindado. Estamos a fazer o projecto do Centro de Alto Rendimento para arrancar. Outra coisa que queremos fazer em termos estatutários é limitar o endividamento. Não temos hipotecas, zero! Todo o património é do Sport Lisboa e Benfica. Quero entregar o Benfica aos Benfiquistas."

Grupos organizados de adeptos
Aquilo que chamam de claques, mas não são claques. E assim vou manter este assunto. São Sócios do Sport Lisboa e Benfica, pagam as suas quotas, têm as mesmas regalias que eu tenho, têm RED PASS. Tenho de os respeitar como Sócios do Clube.”

Arbitragem condicionada
Artur Soares Dias não desistiu da queixa [da invasão ao Centro de Treinos da Maia]. Onde é que ela está? Se calhar o Conselho de Arbitragem não tem protegido os árbitros. Estou à vontade, nunca almocei com árbitros, nunca estive em túneis a criticá-los, a ameaçá-los... A arbitragem está condicionada, mas não somos nós. Nós não condicionamos ninguém! Eu não estou contra a arbitragem em si. Não voltámos ao tempo do Apito Dourado, atenção. Erram com todos [os clubes] e vão errar. Se até o VAR erra...”

Relação com os rivais
Conheci e lidei de perto com cinco presidentes do Sporting. Quando se preocupavam só com o Sporting, ganhavam alguma coisa, alguns títulos. Os que, para unir as tropas, tiveram de falar no Benfica, ficaram pelo caminho. O senhor Frederico Varandas, se vem com o mesmo propósito, também não deve lá ficar muito tempo. Se se preocupar só com o Sporting, pode ser que tenha sucesso. Se se preocupar com o vizinho do lado, nunca mais lá vai chegar, porque o vizinho do lado já vai com grande andamento. Não tenho problema nenhum em sentar-me com os outros presidentes. Isso aconteceu para resolvermos problemas da Liga. Uma coisa que acordámos [Luís Filipe Vieira e Pinto da Costa] é que nem o Benfica nem o FC Porto podiam ter pessoas nos órgãos da Liga, e assim vai continuar.”

Reconquista, Champions e Formação nas Modalidades
A Reconquista é um objectivo que temos. Estruturámos uma equipa para ganhar o Campeonato e para estarmos na Europa. Nas modalidades a mesma coisa, tendo equipas competitivas sem nunca nos desviarmos da Formação. No próximo ano, qualquer plantel das modalidades tem de ter pelo menos 25% de jogadores saídos da Formação. Se é assim no futebol, também tem de ser nas modalidades. O futuro passa por aqui e não me vou desviar. Champions? Não é impossível o Benfica ir aos oitavos de final. A derrota na Holanda [com o Ajax] foi uma injustiça. Mas temos de recuperar e é já na próxima terça-feira [segundo jogo com o Ajax, agora no Estádio da Luz] que temos de ganhar.”"



Foi você que tirou a bola a este senhor no recreio da escola?

"Quatro meses.
O Real Madrid teve mais de sessenta dias para avaliar, pensar, reflectir, pensar novamente e escolher o treinador certo para o projecto da equipa principal. Depois de ter feito tudo isso, acredita-se, optou por Julen Lopetegui e não perdeu tempo em segurá-lo: assinou até poucos dias antes do início de um Mundial. O que colocou em cheque o carácter do treinador e agitou a selecção espanhola.
No fim de contas, o resultado de tanta avaliação, pensamento, reflexão e mais pensamento, durou quatro meses. Um dos quais nem sequer teve competição.
Bastaram pouco mais de noventa dias para o Real Madrid rasgar um acordo que devia ter sido feito em consciência. Com ponderação, equilíbrio e sensatez.
Num comunicado que lava as mãos e tapa os olhos, Florentino Perez pôs aquela cara do não olhem para mim, só estava a passar por aqui, eu nem sequer sou o responsável por isto e tão pouco estou de acordo, mas sou uma pessoa educada e não posso permitir esta traição.
Pôs enfim uma cara de anjo e vestiu um par de asas.
A verdade é que a esmagadora maioria dos dirigentes de futebol parece ter sido excluída dos jogos quando era criança e tenta recuperar o tempo perdido em adulto. Não é bem uma vingança, é um acerto de contas com algum tipo de caso mal resolvido na personalidade.
Comportam-se, enfim, como se estivessem no recreio da escola e desta vez fossem eles a mandar. 
Põem e dispõem, mandam entrar e sair, proíbem, castigam, promovem e despromovem, contratam e dispensam. Sem um critério, sem uma ideia, sem um fundamento.
No fundo para nós, simples mortais que tivemos uma infância normal, que brincámos ao pisa o pé e à macaca, à apanhada e ao bota fora, que jogámos à bola até ser hora de jantar, dirigir um clube devia ser uma coisa feita com método e preceito, seguindo princípios bem definidos e um conceito superior de caminho para o sucesso. Uma coisa séria, portanto, que não se regesse por impulsos.
O Real Madrid acabou de nos mostrar que muitas vezes não é assim.
Mas quem fala em Real Madrid pode falar de qualquer outro clube. Em Portugal, por exemplo, as chicotadas psicológicas tornaram-se rotineiras, por vezes um clube tem até três treinadores numa época. Neste preciso momento, aliás, José Peseiro e Rui Vitória estão com a corda na garganta.
Um dia qualquer haverá um treinador despedido e um dirigente a lavar as mãos.
Como se também ele não fosse culpado, como se também ele não tivesse falhado, como se também ele não fosse responsável pelo fracasso que a equipa poderá estar a viver.
Gil y Gil dizia que, para ele, despedir um treinador era como beber uma cerveja. «Posso despedir vinte. Posso até despedir cem treinadores, se for preciso.»
O que no fundo é lapidar. É assim que funciona um dirigente num país latino.
Sem um critério, sem um desígnio, sem um projecto. Será assim tão difícil fazer as coisas bem feitas?
Quatro meses, meus senhores..."

Vitória nos Barreiros...

Marítimo 0 - 1 Benfica
Guga


Tem havido muito rotação: Juniores, jogadores da B, algumas lesões importantes, e até o treinador principal já foi trocado, talvez por isso os 'automatismos' desta equipa não sejam melhores! E somos de longe a equipa com média de idades mais baixa...
Hoje foi uma vitória no suor, jogámos pouco, principalmente no ataque...

Destaque para o Tomás Domingos, que fez o seu segundo jogo a titular no Benfica, e voltou a jogar bem, temos mais um lateral direito de qualidade...

Ainda acabámos com  9 jogadores, depois de 2 expulsões!!! Não discuto o critério das expulsões, mas é de facto muito fácil expulsar jogadores do Benfica... Agora, ficou por marcar um penalty descarado a favor do Benfica, um autêntico atropelamento...!!!

Manual de sobrevivência de um benfiquista crédulo para a época em curso…

"1. Não deixes contaminar a tua superior dimensão de adepto Benfiquista com a de consumidor, subordinado a um contexto empresarial de eficiências líquidas garantidas. Nem uma estrutura de platina me convenceria a trocar o símbolo do Benfica, a nossa identidade, por uma valiosa marca. Primeiro o Benfica, depois as decorrências.
2. Quando fores confrontado por apóstolos de diferentes interpretações, age como São Tomé. Não acredites em nada que não vejas ou oiças directamente. Senão, és alvo fácil de manipulação cruzada. Os votos e os euros são teus, o resto é conversa.
3. O melhor Benfiquista que conheces és tu. Acredita que há milhões de outros Benfiquistas, mas nenhum é melhor, mais autorizado, ou garantido, que tu. Só assim se mantém o “nosso lema”.
4. Desconfia da imprensa escrita e dos diversos produtos e subprodutos audiovisuais sobre o futebol português, difundidos por grupos de comunicação locais, nomeadamente os falidos ou em pré-falência . Eles não são mediadores entre a verdade e o público. São muito mais que isso. Aprende a viver sem eles. Reconforta-te com a ideia que eles não vivem sem ti.
5. Encara o futebol português como algo intencionalmente embrutecido para que o mérito e a história se diluam na corrupção generalizada.
6. Olha para a FPF e Liga de Clubes como inevitabilidades políticas, como a carga fiscal, que nunca te darão o que exiges. Arbitragem, disciplina, órgãos, deliberações, comunicados são todos conceitos sinónimos de uma economia circular, em torno da adulteração da verdade desportiva.
7. Reafirma o teu carácter com a permanente denúncia dos indícios de corrupção que observas. As redes sociais servem para isso e para perceberes que não és um extraterrestre isolado numa cápsula. Digam eles o que disserem…
8. Prepara-te para os encontrares – corruptos e/ou corruptores - num campo de futebol, num balneário, num gabinete de polícia, numa sala de audiências. Se é verdade que em todo o lado há adeptos como tu, também podes ter a certeza que nem todos têm os teus limites. Enfrenta com naturalidade os limites dos outros, como enfrentas a lei da gravidade quando comemoras um golo do Benfica.
9. Está para nascer o treinador que ganha sozinho. Ainda não foi inventada a fórmula de sucesso para o Presidente/Treinador/Jogador/Adepto. A última experiência tentada pode acabar pior do que alguma vez imaginaste ser possível.
10. Exige, exige sempre. Não há profissionalismo e resultados sem real exigência. Doa a quem doer. Relativiza as desculpas, acentua a exigência fundamentada. Foi ela que nos conduziu ao sucesso recente; é ela que nos pode livrar da difamação, da calúnia, do abuso de poder, da intimidação, da violência e da humilhação de sermos prostrados por um uma tralha de criminosos de periferia."

Olho da Águia

"Belenenses - 2 x 0 - SL Benfica
Árbitro-Artur Soares Dias (Internacional)
VAR-Vítor Ferreira (ascendeu esta época à 1.Liga)

27m – O defesa do Belenenses Reinildo, atinge com o pé direito, Sálvio na sua perna esquerda, no interior da grande área da equipa da casa. Em lance corrido é muito difícil, descortinar esta infracção. Mas é para este tipo de jogadas, que se pede a intervenção do VAR. Vítor Ferreira, descortinou a infracção e aconselhou Artur Soares Dias a consultar o monitor que se encontra junto ao terreno de jogo. Depois da consulta no monitor, o árbitro assinalou penalti a favor da equipa do Benfica e exibiu cartão amarelo ao defensor do Belenenses. Decisão correta, tanto na vertente técnica como disciplinar. O jogador Sálvio ficaria isolado perante o guarda redes, mas o infractor não deve ser expulso, para não sofrer a chamada Tripla punição.
Aproveito esta oportunidade para explicar o porquê do cartão amarelo, neste tipo de lance, já que oiço e leio muita confusão em relação a jogadas deste tipo.
O Internacional Board, por entender que era um castigo muito duro, deu indicações para terminar a Tripla punição. Esta regra começou a ser aplicada no Euro 2016.
O que é a Tripla punição ?
- marcação de penalti (punição máxima em termos técnicos).
- cartão vermelho (punição máxima em termos disciplinares).
- suspensão do infractor no jogo seguinte.
É Só Isto…não “inventem”, para não criar dúvidas…
O que é necessário para que o árbitro apenas exiba o cartão amarelo e não o vermelho, mesmo que o adversário se dirija para a baliza com muitas possibilidades de obter golo ?
Desde que o jogador defensor, tenha apenas a Intenção de jogar a bola, mas chega um pouco tarde ao lance e derruba o seu adversário, o árbitro deve exibir apenas o cartão amarelo.

33m – 1º caso grave do jogo ! Keita jogador do Belenenses em disputa de bola com Rúben Dias, atinge de forma violenta com o cotovelo, a face do jogador do Benfica. O árbitro exibiu o cartão amarelo. Decisão incorrecta. É lance para cartão vermelho. Este jogador deveria ter sido expulso e vai marcar o 2º golo do Belenenses aos 47m de jogo.

35m – Numa jogada de ataque do Belenenses dentro da grande área do Benfica, Licá é derrubado pelo guarda-redes do Benfica, Vlachodimos, que vem a deslizar e tenta jogar a bola com as mãos, chega atrasado e derruba o jogador adversário. Pontapé de penalti e não foi punido em termos disciplinares. Muito bem o árbitro, já que o jogador do Belenenses, entrou na grande área, mas pela zona lateral e assim não estava isolado perante o guarda-redes.
Antes da alteração da lei, que se iniciou no Euro 2016, o guarda redes teria que ser advertido (cartão amarelo). Mas com a “nova lei” é como se “descesse” um “degrau” em termos de punição disciplinar.
O que era vermelho passou a amarelo.
O que era amarelo passou a “nada”.
Entendido ? Espero que sim.

42m – 2º caso grave do jogo ! No inicio da jogada, Lucca jogador do Belenenses, SEM estar a disputar a bola, derruba Pizzi, jogador do Benfica e impede-o de continuar a disputar o lance. No seguimento desta jogada, Keita que deveria estar expulso, desde o minuto 33, vai marcar o 2º golo do Belenenses. Admite-se que o árbitro em lance corrido não tenha detectado a infração. Mas não se admite que o VAR, com as indicações que tem para rever toda a jogada que deu origem a um golo, não tenha informado o seu colega da irregularidade.
Muito mal o VAR !

45m – Jardel defensor do Benfica, entra de forma dura a um adversário. O árbitro exibiu o cartão amarelo. Correta a decisão.

79m – Fejsa jogador do Benfica agarrou Fredy jogador do Belenenses e cortou uma jogada de contra-ataque. Cartão amarelo. Correta a decisão.

Não podemos dar uma nota positiva tanto a Artur Soares Dias, como ao VAR (Vítor Ferreira). Se o VAR tivesse informado o árbitro principal do encontro nas duas situações graves, descritas neste artigo, seria de certeza uma arbitragem muito positiva.
Continuamos à espera de desempenhos de Artur Soares Dias na nossa Liga de acordo com as excelentes exibições que efectua quando é nomeado para jogos internacionais. Nem parece o mesmo árbitro !"

terça-feira, 30 de outubro de 2018

O príncipe da Cidade-Luz

"Em Maio de 1980. Benfica e Ajax estiveram frente a frente no Torneio de Paris. A vitória dos encarnados foi impressionante: 5-1. E, acima de todos, brilhou a luz de uma avançado irrepetível: Nené. Marcou todos os cinco golos!

Eis-nos no meio de dois jogos entre Benfica e Ajax. Há que dizer que, no final dos anos 60 e início dos anos 70, o confronto como que se tornou um clássico da velha Taça dos Campeões Europeus.
Depois, os sorteios mantiveram os dois fidalgos à distância.
O que não quer dizer, naturalmente, que as refregas não se tenham dado noutro plano: o dos jogos particulares e dos torneios internacionais.
Era aqui que eu queria chegar.
O Torneio de Paris foi, durante muito tempo, um dos mais luminosos do mundo, não fosse a capital de França a Cidade-Luz.
Não se esqueçam de que foi aí que Eusébio se deu a conhecer ao universo num jogo extraordinário frente ao Santos de Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pepe e Pelé. Edson Arantes do Nascimento: por extenso, Pelé, como dizia o bendito Nelson Rodrigues.
Em 1980, o Benfica voltou ao Torneio de Paris.
As coisas não correram muito bem: afastamento da final por contra do Standard de Liége. 1-1 nos noventa minutos e, em seguida, 4-5 no desempate por grandes penalidades.
Norton de Matos foi o marcador da penalidade decisiva a favor dos belgas. Ele que jogara no Benfica.
Nené marcou o golo dos encarnados numa cabeçada fulminante. Nesse torneio, Nené chegaria aos píncaros da Luz.

Faltou a final
Não restava aos encarnados mais do que tentar o terceiro posto.
No Parque dos Príncipes, defrontaram o Ajax. E os holandeses já tinham dado amargos de boca aos portugueses. Não admira era uma equipa extraordinária!
Já não havia Cruyff, Kaizer nem Neeskens. Mas ainda havia Schrivers, Arnesen, Soren Lerby, Jensen e o bailarino Tahamata.
O Benfica tinha Humberto Coelho e Shéu, Carlos Manuel e Pietra, Diamantino, Toni e Reinaldo. Ah! E Nené!
O que aconteceu nessa tarde de Paris não se repete.
18 minutos: livre na direita apontado por Carlos Manuel, Humberto Coelho na grande área do Ajax a provocar um desvio na bola. Nené surgindo velocíssimo para o toque derradeiro. 1-0.
'Isto promete', terão pensado os adeptos portugueses nas bancadas. E preparam-se para o que aí vinha. O problema é que ninguém estava preparado para o que veio.
36 minutos. Humberto Coelho, ao seu estilo, entra no meio-campo holandês. Do seu pé direito sai um passe primoroso para as costas da defesa contrária. Nené não se faz esperar. Felino vai ao encontro da bola e, isolado, marca de novo 2-0.
O intervalo parecia garantir a vitória lusitana.
Mas havia mais: muito mais!
63 minutos. Carlos Manuel, interpreta uma cavalgada do quilé, como diria o grande Fernando Assis Pacheco. Vai para cima de Jensen, passa por ele com à-vontade, fica com Schrivers pela frente. À saída do guarda-redes, toca a bola para o lado. Nené, que acompanhara a corrida do companheiro, só tem de tocar par a baliza abandonada. 3-0.
Em quatro golos do Benfica, nesta edição do Torneio de Paris, Nené assinara quatro. E não estava satisfeito.
65 minutos. Novamente Humberto a entrar no meio-campo adversário. Passe medido, orientado: Nené fica cara a cara com o keeper do Ajax: meteu-lhe a bola por cima num toque de suprema categoria. 4-0.
76 minutos. Desta vez a bola passou pelos maravilhosos pés de Shéu. Tão redonda, que fazia impressão. Nené recebe-a carinhosamente e, de imediato, atira para trás do defesa que vinha na sua direcção. Segue-a um remate espectacular de força e colocação, 5-0.
Nas touradas, dir-se-ia: Nené -  cinco golos cinco!
Os holandeses teriam direito a reduzir, a três minutos do fim, por Lerby.
De pouco lhes serviu.
Nené era o príncipe de Paris! O seu nome brilhava intensamente no coração da Cidade-Luz."

Afonso de Melo, in O Benfica

A sua confirmação que tardou em chegar

"Após uma grande exibição frente ao Benfica, José Águas viveu dias de hesitação

Os grandes jogadores destacam-se pela forma como aproveitam as oportunidades. Para José Águas, bastaram duas oportunidades para conseguir jogar de 'águia ao peito', ainda que para tal tenha sofrido bastante.
O avançado, que despontou no Lusitano do Lobito, era um benfiquista fervoroso, ao ponto de se envolver directamente nas questões do Clube: 'quando o Rogério estava para ir para o Brasil, eu tirei-me dos meus cuidados e escrevi-lhe uma carta a pedir que não fosse, que não podia abandonar o Benfica'.
A sua qualidade e o seu benfiquismo foram argumentos suficientes para que, 'em Maio de 1950, um nosso amigo, Nuno Medeiros, escrevesse ao sr. Francisco Retorta, dizendo-lhe das minhas possibilidades em ingressar no Benfica, e que estava certo que eu viria a fazer carreira'. A resposta não foi concreta: 'o sr. Retorta respondei que, depois, em Angola se veria', num momento em que os 'encarnados' já haviam agendado uma digressão a África.
Foi um dos convidados para a selecção de Lobito, que iria defrontar o Benfica a 19 de Agosto de 1950. Era uma oportunidade soberana para mostrar a sua qualidade, ficando por isso mais pressionado: 'calcule, pois, os nervos com que eu aguardei aquela prova, que se apresentava como decisiva para o meu futuro'. A equipa local fez um bom jogo e José Águas foi autor de dois dos três golos.
Após essa grande exibição, ficou confiante de que iria conseguir jogar pelos 'encarnados'. Os dias foram passando e a ansiedade aumentando, afirmou: 'sofri a bom sofrer'. Perante tal situação, Nuno Medeiros teve de voltar a intervir e, após falar com os dirigentes benfiquistas, estes acederam a que o avançado se juntasse à equipa. Para José Águas era o suficiente, a grande oportunidade pela qual tanto tinha esperado, mesmo que 'sem contratos fixados, sem nada'. A motivação mantinha-se, 'eu queria era jogar no Benfica'.
Na primeira partida de 'águia ao peito', foi um dos protagonistas do encontro, ao apontar três golos. A imprensa ficou rendida, 'está ali um jogador de largo futuro. O rapaz tem, de facto, invulgar intuição para o jogo'. Ingressou no Clube e alinhou de 'encarnado' durante 14 épocas, nas quais se sagrou cinco vezes o melhor marcador do Campeonato Nacional.
Saiba mais sobre um dos maiores goleadores do futebol nacional na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

Estádio do Benfica (ou) e Benfica Estádio

"O novo Estádio da Luz foi inaugurado no dia 25 de Outubro de 2003, após um longo período de muito sangue suor e lágrimas.
Algures em Setembro de 2002, conheci Luís Filipe Vieira em Sesimbra, que me foi apresentado por um amigo comum.
Nesse mesmo dia, tive a oportunidade de ser presenteado com uma explicação detalhadíssima do que seria o project finance do futuro Estádio da Luz.
Confesso que apesar dos mil e um livros que havia lido na minha vida, das horas intermináveis a estudar e dos cursos que havia frequentado, fiquei fascinado com a explicação que o Luís me fez do que pretendia para o Benfica, especialmente da construção do novo Estádio da Luz.
Os momentos e a sabedoria que os meus sentidos absorveram naquele longo (curto) momento apenas poderão ser reproduzidos por expressões, emoções, tudo do foro sensorial, impossíveis de reproduzir do foro racional.
Foi efectivamente fascinante! E o que parecia um sonho tornou-se uma realidade!
O jornal O Benfica na sua edição de 4 de Dezembro de 2002, afirmava que 'O novo Estádio da Luz será uma caixinha de surpresas', (...)
Um verdadeiro sonho! Um verdadeiro conto de fadas!
Relembremos que o Benfica, havia 2 anos, tinha saído de uma das piores crises da sua história! Chamava-se Vale e Azevedo!
Sabemos que, actualmente, existe um conjunto de pessoas que estão entretidas a tentar acabar com o Benfica. Um desses locais é este link: https://mercado-debenficapolovo.wordpress.com.
Como é possível que um mero link, alojado na Internet nos Estados Unidos da América, na Califórnia, navegue sem que ninguém lhe possa colocar controlo, travões, que lhe dê um 'cut final', em que todas as autoridades parecem bonecos amestrados em perseguição de uma cenoura que, andando sempre à frente do Burro, este nunca a consegue apanhar?
Basicamente, o que o Luís me explicou na parte em que consegui acompanhar o seu acelerado raciocínio foi que o Estádio da Luz necessitaria para a sua construção de apoio bancário -  pudera, o outro havia delapidado tudo e todos - e deveria ser construído um project finance que permitiria, obviamente em condições constantes e normais de mercado, que se fosse pagando a si próprio.
O estádio encontra-se contabilizado nas constas da Benfica Estádio SA, pelo valor de 136 milhões de euros. De notar que aqui se vão englobando, além do custo inicial, custos  com reparações e outros que devam ser contabilizados em imobilizado.
Do outro lado, tivemos o financiamento para a construção do estádio, que inicialmente orçou em cerca de 120 milhões de euros.
A Benfica Estádio, nas contas que reportam de 30-6-2016 a 30-6-2017, evidencia ainda uma dívida de financiamentos obtidos no valor de 40 milhões de euros. No entanto, estes financiamentos possuem um valor muito residual no que concerne ao reembolso do pagamento do financiamento obtido para a construção do 'ex-novo' Estádio da Luz.
Sabe-se que o Estádio da Luz, apesar de ter um investimento até hoje na ordem dos 150 milhões, não é um activo vendável, por razões óbvias, e com isso impede obtenção de liquidez e de receita.
No entanto, ficará inquestionavelmente para as gerações vindouras e não é propriedade de ninguém, mas sim, propriedade de todos!
Se, à imagem de Vale a Azevedo, que quis vender por custo zero o Benfica a si próprio, fosse realizado dinheiro com a venda do estádio, seria facilmente populista com esse dinheiro 'burlar' o coração dos benfiquistas. Mas não! É do Benfica!
Por essa razão, comungo da frase de lapidar do presidente Luís Filipe Vieira, que numa entrevista ao jogar O Benfica no dia 25 de Outubro de 2013, disse: 'Passados estes anos todos, tenho orgulho e todos os benfiquistas têm orgulho no que aqui está feito e que hoje é determinante no Clube'.
Nada mais correcto, senhor presidente!"

Pragal Colaço, in O Benfica

Off Record

"Para os editores actuais tudo o que vem à net é publicável. Primeira publica-se, depois interroga-se. Todas as toupeiras são de confiança, excepto se forem identificadas e levadas à Justiça.
Sou do tempo em que as corporações de jornalistas se amofinaram contra a publicação de uma gravação do treinador António Oliveira, feita sem o conhecimento deste por um de vários repórteres numa conversa informal, o polémico "off Record".
Naquele tempo, não havia redes sociais na internet e os editores só publicavam matérias com autenticidade, proveniência e contexto conhecidos, comprovados e credíveis. Não havia toupeiras, mas havia jornalistas."

Sair a jogar: o princípio do fim da aleatoriedade dos duelos

"O treinador Blessing Lumueno escreve um texto que pretende pôr todos os adeptos e agentes do futebol a reflectir: "Como adepto do progresso e da democracia, caríssimos, penso que o pior amigo do avanço e da evolução é a inoperância e a reflexão inerte. Daí a falência das democracias actuais. É responsabilidade nossa, porque nos escondemos da nossa obrigação de analisar e criticar o conteúdo que nos é oferecido"

A nova ordem do futebol em Portugal define que há que separar quem analisa o jogo de quem faz uma crítica. Isto porque uma análise está despida de uma forma específica de ver o jogo e uma crítica tem na sua raiz um fundamento ideológico próprio. Essa separação quer fazer-nos pensar que todas as ideias para o jogo são válidas, e que quem gosta realmente de futebol consegue analisar, mas quem gosta do jogo que idealizou na sua cabeça só está capacitado para criticar. Isto é, quem elogia tudo e o seu contrário em função do sucesso circunstancial é que está mais próximo de amar o futebol e de o analisar de forma correta; os outros apenas gostam do jogo como o imaginam e, como tal, não podem dizer que analisam.
Esse pensamento tem três pressupostos profundamente paradoxais:
1. A ideia de que o futebol é um jogo democrático onde tudo pode ser considerado bom e que por força da maioria/do contexto todas as situações têm valor. É uma ideia falaciosa na medida em que o futebol é um jogo com regras e as regras constrangem. Não é um jogo onde vale tudo e esse constrangimento faz com que existam boas e más formas de o jogar. Por exemplo: nunca poderá ser considerado bem jogado alguém rematar contra a própria baliza. Isto porque o futebol tem uma regra que diz que vencerá o jogo quem marcar mais golos e rematando contra a própria baliza estamos a possibilitar ao adversário (sem que ele tenha feito nada por isso) a possibilidade de marcar um golo; 
2. A ideia que quem analisa é diferente de quem critica. Isto é, que quando alguém faz análise sai do seu próprio corpo, do seu rol de vivências, elimina as suas aprendizagens, transforma-se noutra pessoa e faz uma análise limpa sem qualquer influência do seu “eu” nos parâmetros e na forma como os aplica para avalizar ou reprovar as acções de jogo em causa. Pergunto-me: como é que é possível analisar ou criticar como se fôssemos outra pessoa, ou como se não fôssemos nós? Como é que se faz isso sem que se esteja a falar de uma análise com números de acções em grosso, sem qualquer margem para interpretação? É uma capacidade que, caso exista, gostaria de ter;
3. A ideia que a democracia em termos de aceitação do jogo é uma virtude, é de quem ama o jogo e é a característica essencial do analista; mas depois a separação e a exclusão do mundo da análise de quem faz uma análise com o critério mais apertado. Ora bem, ou se defende a democracia ao nível ideológico e não faz qualquer tipo de sentido separar em analistas e críticos, em quem ama o jogo e quem ama o jogo da sua cabeça, ou se defende que afinal há critérios que cada um utiliza para analisar baseados na sua experiência e diferente forma de olhar para o jogo; ou então mais vale dizer-se logo que há análises melhores e piores, análises simplistas e mais complexas, análises com reflexão crítica ou análises inertes, onde a democracia está na aceitação de todas sem que isso signifique que tenham o mesmo valor.
A saída de bola é um exemplo paradigmático das primeiras linhas deste texto.
Por força da nossa cultura pelo imediatismo, o elogio às equipas que tentam sair a jogar com passes curtos e de forma mais apoiada aparece sempre com a condição de ter jogadores com qualidade suficiente para fazê-lo. Por isso aceita-se que, com aqueles jogadores, por terem aquela qualidade, sair a jogar curto é o melhor início para o seu jogo. Para outras equipas, para outros jogadores, sair a jogar curto só se deve fazer se não existir pressão do adversário, para que não exista o risco de se perder a bola naquela zona.
Estes dois pressupostos partem do princípio que o risco de se perder a bola em zonas mais próximas da baliza é maior do que o risco de perder com a equipa toda organizada atrás da linha da bola. É um princípio certo, mas está incompleto. Falta-lhe informação complementar para que se possa fazer uma análise mais rica em termos de escolha entre uma e outra acção.
A saída de bola longa tem como grande vantagem em caso de perda a equipa estar toda mais ou menos organizada, e mais longe da baliza que defende. Se a equipa trabalhar para essas acções de jogo, em caso de perda, os jogadores estarão mais próximos uns dos outros e por isso com menos espaço para o adversário penetrar por entre as suas linhas. O risco nesse momento é menor, mas as consequências desse menor risco são a informação que falta e da qual normalmente não se faz uso. O passe longo é um passe de execução mais difícil que o passe curto, assim como também é de recepção mais difícil. E a dificuldade é ainda maior no caso de existirem adversários por perto. Ou seja, tudo isso resulta numa maior possibilidade de o adversário recuperar a bola.
E aqui voltamos às regras que constrangem o jogo: ganha quem marcar mais golos que o adversário. Isso significa que quanto mais vezes o adversário tiver a bola, mais possibilidades lhe estamos a oferecer para que nos marque golo. E mesmo em termos defensivos, uma vez que o jogo tem como regra apenas permitir uma bola em jogo, a melhor forma de impedir que o adversário nos marque é tendo a bola. A melhor forma de defender é esta: ter a bola o maior tempo possível, porque quando temos a bola eles não nos marcam. Portanto, é melhor ter bola do que não ter. Não há democracia na escolha do melhor, é apenas a lógica do jogo.
O passe longo tem também como condão resultar em duelos, e mesmo com jogadores fortes desse ponto de vista o grau de aleatoriedade é muito maior do que quando se executa um passe curto.
É sempre difícil de perceber quem vai ficar mais vezes com a bola nos duelos, e isso gera um pior controlo do rumo do jogo. Ora, estamos fechados na necessidade de se vencerem os duelos quando o objectivo deveria ser criar estratégias para os evitar. Quanto menos duelos tivermos que disputar maior será a nossa capacidade de prever para o jogo irá seguir, e com isso estamos a diminuir a aleatoriedade do jogo. Porque os duelos são maus para todos. São maus para quem ataca e são maus para quem defende. E para chegarmos aí basta olharmos para aspectos tão básicos do jogo quanto: é melhor para um jogador receber a bola sozinho ou com oposição? É melhor para quem ataca uma bola no ar que o faça sozinho ou em disputa com outro jogador? E quando falo em evitar duelos não estou a dizer que no caso de a situação aparecer se deva fugir deles, mas em como se criam situações no jogo para que os jogadores tenham mais tempo, mais espaço e menos oposição para decidir em função da situação. No fundo, falo em como se trabalha para se ter maior controlo sobre o rumo do jogo.
Quando se pensa no passe longo, também não se costuma dizer que são muito poucas as situações de jogo em que o passe longo é realmente vantajoso, e que a criação de uma saída para jogar longo (para quem tem a ideia de jogar curto) é perniciosa. Isto é, os jogadores encontram ali uma saída fácil para se livrarem da bola, para fugirem da possibilidade do erro, da responsabilidade, e para se entregarem também eles ao imediatismo do jogo sem pensar em mais nada. E isso normalmente leva a que eles optem mais pelas soluções mais longas, para eles mais seguras porque não os expõe no “foto finish” do que a opção por um maior controlo do passe curto. Veja-se, os jogadores do Manchester City, do Chelsea, do PSG, do Bétis, ou do Tottenham também cometem erros grosseiros. Não são poucos os erros que cometem, em posse, por jogo. E o número de erros comprometedores é grande. Mas, qual é a reacção dos treinadores ao erro? Incentivam ou reprimem? Mudam a ideia e o estilo de jogo? É essa convicção e essa força da ideia do treinador que dá ao jogador a segurança e a confiança para aceitar o risco, a responsabilidade, e para ficar mais confortável com um jogo que não está habituado a jogar.
Por tudo isso, a opção pelo passe curto, mesmo com pressão, tenderá a ser melhor do que a do passe longo. E os jogadores e treinadores que jogam desta forma estão cientes dos seus riscos, e são assumidos por eles. Já as equipas que jogam com o passe longo, e quem os aplaude, não costumam estar cientes dos seus pontos negativos. Quem joga em passe curto fá-lo em função de conquistar espaços, de conquistar mais tempo, de procurar colocar a bola em zonas de referência para definir o lance e de conseguir um maior controlo sobre o jogo. Joga-se curto para que o jogo proteja os jogadores, para que o jogo os sirva. Para que o jogo os beneficie, dando-lhes melhores condições para que possam executar. Os posicionamentos escolhidos são também para que no caso de perda se consiga rapidamente recuperar a bola, ou ganhar tempo para que se fechem os espaços vitais e cheguem mais jogadores para às zonas que são importantes.
Nem sempre se consegue, é certo. Mas o maior controlo do jogo garante, no mínimo, mais possibilidades de se criar situações para marcar e menos para o adversário, porque há uma melhor definição e previsão, uma melhor ligação, dos caminhos a seguir. Há menor margem de erro no passe, há menos duelos. Eu concordo com a ideia que cada treinador deve escolher aquilo que faz sentido para si, porque entre escolher o que sente como seu ou o que não faz sentido para ele a escolha é óbvia.
Sabemos que para converter os jogadores a darem tudo por ele, a darem o melhor deles, só se fazendo algo pelo qual se está profundamente apaixonado e determinado. Com as ideias limpas. Mas isso não faz com que tais ideias sejam avalizadas, ou que possam ser consideradas positivas para o jogo que é o futebol, para as regras do jogo de futebol. Damos por garantido que quando se diz que a equipa não tem qualidade para sair a jogar é porque o treinador quer ganhar, como se houvesse algum treinador a sair a jogar que jogue para perder.
E, se por acaso o treinador optar por tal, ao primeiro erro logo aparecemos a dizer “vês, é um risco que não compensa”. Como é que se percebe que uma equipa, que determinado grupo de jogadores, não tem condições para sair a jogar quando não são expostos constantemente a esse tipo de estímulos?
Mas o mérito ou demérito de uma ideia, o sucesso ou insucesso de uma forma de jogar não está num grande sucesso circunstancial nem num grande falhanço. É preciso tempo para se perceber ao longo do percurso se realmente há ou não condições para o fazer. É preciso que a regularidade venha e mostre de forma mais fidedigna o que é preciso melhorar, o que é preciso mudar, e o que se deve manter. Antes disso, antes dessa exposição consecutiva, é sempre demasiado cedo para se aceitar ou rejeitar uma ideia com o contexto como desculpa para não se fazer melhor.
Quando disse acima que se aceitava com relativa tranquilidade equipas que saiam a jogar com qualidade não referi que essa aceitação traz sempre, em surdina, um burburinho que sussurra o risco enorme que é sair a jogar e no momento em que se sofre um golo por isso logo se ergue a bandeira do imediatismo: “Eu bem disse que isto era um risco”. Porém, nunca ouvi nem em surdina uma voz a dizer que se sofreu um golo como consequência de se jogar em passe longo para o meio-campo do adversário. Afinal, os efeitos de uma perda de bola ali não são tão imediatos, e há por isso maior dificuldade em ligar-se a perda de bola, mesmo com a equipa organizada, ao golo que se sofre passados alguns momentos. Da mesma forma que todos falam da forma de vencer duelos e da importância que eles têm para o jogo, e ninguém debate sobre as formas de os evitar, sobre como ganhar mais controlo e diminuir a aleatoriedade do jogo.
Dizemos todos bem alto que o jogo mudou, que está mais evoluído, e que isso obriga a que se encontrem outro tipo de soluções para superar os desafios; mas depois aplaudimos de pé quem continua a formar equipas como no tempo dos Flinstones. É, no fundo, o mesmo que elogiar a evolução tecnológica e gabar quem ainda constrói carros à carvão, ou até defender a democracia mas aplaudir os méritos da ditadura. A história está lá para ser admirada pela forma como se foi desenvolvendo em função da informação de que se dispunha até então, e é uma ferramenta fantástica para nos guiar a não cometer os erros que lá vão. Porque no futebol, como na vida, há pontos positivos e negativos a retirar de tudo. Mas a evolução deu-se sempre que se percebeu o que é que tem mais pontos positivos do que negativos, e se escolheu trilhar esses caminhos fundamentalmente bons.
Como adepto do progresso e da democracia, caríssimos, penso que o pior amigo do avanço e da evolução é a inoperância e a reflexão inerte. Daí a falência das democracias actuais. É responsabilidade nossa, porque nos escondemos da nossa obrigação de analisar e criticar o conteúdo que nos é oferecido. Falta-nos análise crítica por termos ficado cómodos com o que temos e com as respostas que nos dão. Deixo então, democraticamente, que seja cada um de vós a decidir se este texto é do campo da análise e do amor pelo jogo, ou se pertence à crítica que existe apenas e só na minha cabeça."