sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Futebol de sarjeta

"Pode ser que o regresso da competição tire o futebol da sarjeta onde alguns dos seus protagonistas insistem em colocá-lo. Não tenho qualquer visão moralista sobre os incidentes, nem sobre os actos ou ditos que a quente possam surgir, mas é verdadeiramente um escarro aquilo que se sucedeu de seguida.
As mentirolas pueris de alguns protagonistas sem noção do ridículo ou mesmo o papel de almocreve de petas a que alguns comentadores se prestam em troco de umas moedas são deploráveis. Quando comparado, os debates Clinton/Trump foram uma luta de donzelas e cavalheiros. Venha o futebol e a festa da Taça de Portugal para nos refrescar.
Espero que a recepção ao Marítimo não seja tubo de ensaio de muitas alquimias, a Taça é um objectivo e muitas alterações fariam perigar a sua conquista logo no início da prova. Devem jogar os melhores, os que estiverem em forma e aqueles que puderem mais facilmente ganhar um jogo que só tem um objectivo: vencer. Normalmente, quem roda muito na Taça, roda para fora da taça. O Benfica joga em Istambul na quarta-feira para a Liga dos Campeões mas, querendo sempre ganhar, o jogo não tem o carácter decisivo de sábado.
O espaço mediático inverte um pouco a realidade das coisas. O FC Porto vive nos últimos dez dias em depressão colectiva porque empatou com o Benfica, o Sporting está em euforia porque eliminou o Praiense. Temos que relativizar - nem o FC Porto é assim tão grande que entre em depressão por empatar connosco, nem o Sporting é assim tão pequeno como querem fazer crer os seus responsáveis. Como no Mito da Caverna de Platão, há revelações que expõem a alienação humana e desvirtuam a realidade. Pode não ser fumo como alguns querem fazer querer, mas são apenas sombras de personagens sombrias.
Amanhã, na Luz, é entrar para ganhar e marcar presença no próximo sorteio da Taça."

Sílvio Cervan, in A Bola

Derrota em Inglaterra

Sunderland 2 - 1 Benfica B
Heri


Depois da vitória no 1.º jogo, uma derrota na segunda visita a Inglaterra... com algumas alterações ao onze habitual... Esta mania de jogar sem ponta-de-lança, deixa-me confuso!!!!!!!

O que disse Klopp e ainda algo mais

"Jurgen Klopp, o alemão de 49 anos que treina o mítico Liverpool, teve recentemente uma intervenção, a propósito de uma noite de copos que envolveu Wayne Rooney, que merece atenção. Numa conferência de imprensa (e assim se prova que estas sessões não são sempre enfadonhas), o técnico germânico desvalorizou o pifo do capitão dos Três Leões, lembrando uma coisa que a maior parte das pessoas desvaloriza: «Esta geração é a mais profissional que alguma vez tivemos». Na verdade, antigamente as coisas fluíam de forma diferente - daí Klopp ter referido que «as lendas bebiam como diabos e fumavam como loucos» - por questões que têm a ver com uma censurabilidade social relativamente ao álcool e ao tabaco que nada tem a ver com os dias de hoje.
E não só. Embora correndo o risco próprio das generalizações, creio que os profissionais de futebol da actualidade levam de forma mais empenhada o seu trabalho, cuidam-se mais e possuem uma mentalidade mais compatível com as exigências. Antigamente (e joguei com muitos profissionais irrepreensíveis!) em muitas situações era a lógica do «ganha-se pouco mas é divertido» a estar presente.
Tenha-se em conta, porém, uma coisa: nas décadas de cinquenta a oitenta do século passado, quase toda a gente fumava (até durante debates em directos televisivos...) e não era atribuído ao consumo de álcool a carga negativa de hoje. E os jogadores alinhavam por este padrão. Era a esse facto, incontornável e indesmentível, mas que deve ser lido à luz da época, que Klopp se referia. Porque, com as condições naturais que Deus lhe deu, se Eusébio fosse profissional nos dia de hoje..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Túneis

"Lamentável mas infelizmente nada inédito o que se passou no túnel do Estádio de Alvalade.

Em Portugal, a malta realmente não se dá lá muito bem com os túneis. É uma relação quase sempre polémica, controversa, muito agitada e até acidentada. Foi assim com o túnel do Marquês, em Lisboa, lembram-se?, foi assim com o túnel do Marão, oh lá se foi... e é assim até com o túnel do Grilo, onde frequentemente a malta se envolve em incidentes. E é assim com os túneis do futebol. Túneis, na verdade, não é com a gente. Fazem-nos mal ao ego!
Por estes dias, um dos túneis do Estádio de Alvalade tornou-se fortíssimo concorrente das mais seguidas telenovelas portuguesas, e não sei mesmo se as audiências do espectáculo do túnel não foram as maiores da semana.
A polémica a que assistimos em torno da novela do túnel de Alvalade, perfeitamente comparável À dos túneis do Marquês e do Marão, por exemplo, ultrapassou, porém, a decência de uma mera discussão mais intensa, e mostrou um bocadinho aquele lado menos aceitável da natureza humana, que tem a ver com a agressividade física e intencional a que alguns, infelizmente, ainda se dedicam, quando, pelos vistos, não conseguem manter (pelas mais diversas razões) sensatas e civilizadas conversas.
Mesmo que fossem conversas da treta.
Não é aliás muito difícil reconhecer que é sempre preferível uma boa discussão a qualquer triste episódio como o que se viu no túnel de Alvalade.

Novelas nos túneis, caro leitor, é mesmo coisa que daria pano para mangas no que diz respeito ao futebol. A grande diferença não é o que lá se continua a passar; a grande diferença é que hoje vemos o que lá se passa. Durante décadas não foi assim.
E se hoje ainda se passa o que se passa nos túneis do futebol quando todos podemos vê-lo pelas imagens das abençoadas câmaras de vigilância, imagine-se o que se foi passando nos famigerados túneis no tempo em que ninguém podia ver o que se passava.

Genericamente, e ainda antes de se apurarem as exactas responsabilidades no sucedido - o que não será exactamente uma tarefa simples... - só há um maneira de olhar para o que se passou no túnel de Alvalade: com condenação e tristeza.
Primeiro, nenhum dos protagonistas ficaria nada bem no filme fosse em que circunstância fosse, e muito menos, está bom de ver, por se tratarem de quem se trata: dois presidentes do clubes desportivos.
Segundo, e pelo que é possível concluir das imagens, se é verdade que a iniciativa do conflito, e portanto o tom de maior agressividade, parece realmente ter partido do presidente do Arouca, não é menos verdade que a misteriosa resposta do presidente do Sporting não pode deixar de merecer também condenação. Além disso, e por muito que as versões oficiais o desmintam, aquilo teve todo o ar de... ajuste de contas!
Já sei que nem sempre o que parece, é. Mas é o que parece!
Ou não é?!

Foram quatro os momentos particularmente perturbantes do que foi possível ver nesta verdadeira telenovela em que se transformou o incidente do túnel de Alvalade:
- a forma, realmente, agressiva e condenável como o presidente do Arouca, já de dedo em riste e certamente empolgado no tom de voz... se dirige ao presidente do Sporting;
- o acto de de cuspir do presidente do Sporting para a cara do presidente do Arouca, tenha sido vapor de cigarro electrónico... ou vapor de cigarro electrónico com perdigotos... ou perdigotos sem vapor... ou seja o que tenha sido...;
- O modo muito inconveniente para não dizer mesmo inaceitável - como um solícito, e muito empenhado, assistente em funções no estádio agarra o presidente do Arouca, prendendo energicamente o homem, é o termo, provocando-lhe o aumento da fúria...;
- e, por fim, mas não menos perturbante, a inqualificável atitude de um dos delegados da Liga, que parecendo assistir ao deflagrar do conflito (como se observa pelas imagens divulgadas...) em vez de acudir, resolveu entrar e esconder-se numa sala à sua esquerda, supostamente a sala do controlo anti-doping, de onde, entretanto, acabou por sair outro delegado da Liga, esse sim, imediatamente decidido a intervir na zona do disparatado incidente.

Depois do túnel do Marquês, do Marão e até do Grilo, depois do túnel do velhinho Estádio das Antas e do mais recente túnel da Luz, é agora a vez do túnel de Alvalade marcar presença no mapa dos agitados túneis deste país. Lamentável, mas infelizmente, como se sabe, nada inédito o que lá se passou no final do Sporting-Arouca.
A malta, realmente, tem azar aos túneis. É o que é!"

João Bonzinho, in A Bola

Uma cena da vida real

"O problema não é que uma imagem valha por mil palavras; é que, em cada mil palavras, 999 sejam escusadas

Com ou sem cuspo, no futebol discute-se e insulta-se. De pouco adianta pormos cara de diáconos Remédios, no dia a seguir, para ralhar aos participantes (as televisões pareciam o Concílio Vaticano II ontem e anteontem), até por nenhum de nós estar livre de perder o juízo por um minuto ou dois.
Mas, se nem sempre é possível impedir que uma discussão comece, porque se está nervoso ou porque se tem "a doença do pavio curto", não há razão para que um adulto racional decida prolongar uma cena triste no dia seguinte ou dois dias depois. Nenhum grande bovino obrigou Bruno de Carvalho, já sentado ao balcão da sala de Imprensa, a comparar o presidente do Arouca a um búfalo ou a considerá-lo tão digno de atenção como um rebanho de ovelhas.
Jorge Jesus quase acertava quando disse que uma imagem vale por mil palavras. O problema de Bruno de Carvalho, enquanto presidente de um gigante como o Sporting, é que, em cada mil palavras que pronuncia, 999 são escusadas, não originam nada que seja necessário nem positivo. Não têm nenhuma utilidade que não seja satisfazer uma ânsia qualquer que só lhe diz respeito a ele. Estas últimas mil palavras tiveram a arte de produzir outras mil, ontem publicadas na página do Facebook do Arouca, ainda mais lastimáveis, numa espiral de inutilidades que já não se explicam com feitios, nem humores, nem ressacas, nem doenças do pavio curto.
A única vantagem destes últimos dois dias foi mostrar-nos que aquelas imagens não foram lapsos, nem momentos de descontrolo."

Uma luz, lá muito ao fundo...

"Sempre gostei de túneis. Fascina-me, desde criança, estar na escuridão com a certeza ed que lá ao fundo, mesmo que muito lá ao fundo, há sempre uma luzinha que brilha e nos trará de volta a realidade que, por instantes, nos surgira transformada num vazio, por vezes tão silencioso, muitas outras ruidoso.
Durante toda a minha infância na linha de Sintra, e porque lá em casa não havia automóveis, ir a Lisboa significava atravessar o túnel do Rossio. Assistir àquele espectáculo de luzes intermitentes, a humidade a escorregar das paredes envelhecidas, o perigo sempre constante (pelo menos na imaginação de uma criança) de que tudo aquilo que vivia por cima de estrutura poderia a qualquer instante ruir e esmagar-nos. Sempre com aquela luzinha lá no fundo, o Rossio.
Como nas longas viagens rumo a Trás-os-Montes, primeiro na linha do Norte, entre Santa Apolónia e Campanhã, madrugada fora, quando os túneis se diferenciam da noite pelo som único que produzem; e depois até ao início da tarde, entre São Bento e o Pocinho, ali já perto do final da magnífica linha do Douro, o rio mágico e serpenteante que corta montanhas e rochas. E que, de quando em vez, desaparecia do nosso olhar, substituído pela escuridão, para logo depois nos surgir, de novo, resplandecente.
São esses os túneis mágicos que, desde sempre, me fascinam. Os outros, os que nos últimos tempos ganharam notoriedade pelos piores motivos, onde perante câmaras de segurança se cometem crimes sem castigo, esses apenas enjoam. São lixo. Do mais reles e putrefacto. E, portanto, o lugar deles não pode ser no mais belo jogo do mundo nas antes na lixeira ou numa qualquer incineradora que os deixe feitos em pó. Castigue-se, pois, e sem clemência, quem tem de ser castigado. Para que, lá ao fundo, volte a ver-se, enfim, alguma luz."

João Pimpim, in A Bola

Perigeu

"1. Esta foi a semana do perigeu ou, como o povo prefere dizer, da Supertaça, enfim, aquele fenómeno que sucede quando o nosso satélite, devido à natureza elíptica da sua órbita, se situa no ponto mais próximo da Terra. Talvez seja por isso mesmo que não faltaram situações em que nos confrontámos com gente de cabeça enfiada nas estrelas, quer dizer, gente aluada.
2. Certamente que por mera coincidência, esta foi também a semana em que no desporto se conheceram mais representações de uma nova mania colectiva, nascida, crescida e multiplicada na e pela internet, isto é, de modo vital, para usar a nomenclatura cibernética. A coisa atende pelo nome de Manequim Challenge (basicamente, fotos tiradas como se toda a gente tivesse ficado paralisada) e já afectou igualmente a própria selecção nacional de futebol. A nossa e outras também. Que o digam os ingleses que, por causa de tal brincadeira, fizeram com que os três jornais mais lidos no país tenham convergido num único título: «Burros».
Entretanto, indiferentes àqueles breves instantes em que tudo parece congelado, ou petrificado em estátuas de sal, noutro distante canto do mundo, conhecido como Coreia do Sul, suspenderam-se aterragens e descolagens de aviões, estradas foram cortadas, camiões proibidos de circular, obras de construção interrompidas, lojas abriram mais tarde e pais encheram os templos rogando pelo sucesso dos filhos. Para quê tudo isto? Para que durante 30 minutos, e em 1183 locais disseminados por todo o País, o nível de ruído não interferisse com a atenção e concentração de 600 mil estudantes submetidos à prova de acesso à universidade. Jogava-se o futuro."

Paulo Teixeira Pinto, in A Bola

Ainda sobre o revisionismo...

"Quando Bruno de Carvalho empreendeu a sua demanda revisionista acerca dos títulos do futebol português, assisti perplexo à demissão da comunicação social do seu dever de informar e, também, da FPF em esclarecer o assunto. A contagem dos títulos do futebol português é clara e sem margem para interpretações. Disse-o a própria FPF, no seu relatório de actividade publicado no final da temporada em que procedeu à reformulação das competições: '(...) os Campeonatos das Ligas e de Portugal passaram a designar-se, respectivamente, Campeonatos Nacionais e Taça de Portugal'.
Já por diversas vezes referi este assunto e devo enaltecer o empenho de Alberto Miguéns e Manuel Arons de Carvalho, ambos benfiquistas atentos e dedicados, que há muito combatem incansavelmente o desleixo e, sobretudo, a má-fé, no tratamento da história do desporto português. Passo a passo, os seus contributos são inestimáveis e merecem o nosso imenso apreço. Este tema é só mais um exemplo.
Entretanto, a imprensa 'acordou'. Uma palavra para o DN, que tímida, mas acertadamente, o primeiro levantou questões importantes sobre a validade das tais pretensões revisionistas, através do testemunho de dois historiadores do futebol português: Francisco Pinheiro e João Nuno Coelho. E, finalmente, para o jornal A Bola, que, num excelente artigo da autoria de António Simões, desmontou e desmentiu cabalmente a tese de Bruno de Carvalho. Falta a FPF pronunciar-se, como já o deveria ter feito há muito tempo.
Não deixa, no entanto, de ser interessante que o presidente sportinguista tanto se dedique ao assunto dos títulos. É que, desde que foi eleito, somos tricampeões. Que continue a falar por muitos e bons anos..."

João Tomaz, in O Benfica

Fumo e fogo

"Foi uma semana engraçada. O futebol nos relvados limitou-se ao da selecção nacional, mas fora dele foi uma semana intensa. Começou logo na segunda-feira com a divulgação das imagens de videovigilância da confusão entre os presidentes do FC Arouca e do Sporting CP. Uma vergonha, diga-se. Dois dirigentes desportivos de equipas da primeira liga engalfinhados num corredor de um estádio, trocando - alegadamente - insultos, empurrões e saliva. Perderam-se horas em televisão a decidir quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha, o cuspo ou o insulto, o empurrão ou o desaforo. Depressa os acólitos de um e outro lado de barracada - não é gralha, foi mesmo uma barracada - se apressaram a defender os seus dirigentes. Do lado do Arouca fala-se em cuspo da cara. Do lado do Sporting, defende-se com fumo de cigarro electrónico. Será fumo, será gente? Gente não é certamente. E o fumo não sai assim.
Mais um caso, mais uma distracção para um princípio de época que está longe de ser aquilo que os adeptos de um e outro clube esperariam - um está na zona de descida, outro está a lutar pelo terceiro lugar.
Enquanto o fumo - ou o cuspo - não se dissipa, a paragem no campeonato continua por mais uma semana. E até lá, o Tricampeão continua sereno e líder. É tempo de recuperar lesionados, preparar a Taça de Portugal e a Liga dos Campeões, não responder a provocações e assistir de camarote à chegada da época natalícia e dos muitos espectáculos de circo que para aí vêm. Com animais exóticos, malabaristas e palhaços, claro."

Ricardo Santos, in O Benfica

Nojo

"Uma imagem vale por mil palavras. E quando a imagem é nítida, não há palavras que lhe reisitam, nem areia ou vapor que nos tapem os olhos.
Todo o pais viu o presidente de um clube cuspir ostensivamente na cara de outro. Só isso basta para concluir estarmos perante uma situação gravíssima, e inédita na história do dirigismo desportivo. Impõe-se que as instituições jurisdicionais sejam implacáveis. Mas é preciso que também a comunicação social assuma as suas responsabilidades, e deixe de compactuar com comportamentos que, a prazo, matam o próprio negócio, e têm efeitos nefastos a outros níveis.
Estamos a falar de um fenómeno de massas, seguido por milhões de crianças e jovens. Os exemplos que nos entram em casa via TV transcendem o universo desportivo, atingindo uma dimensão social não negligenciável. Os jornais e as televisões não podem, com paninhos quentes, debaixo da hipocrisia do politicamente correcto, tolhidos pelo receio de ferir susceptibilidades clubistas, sustentar, branquear ou promover figuras que usam este tipo de conduta, que fomentam guerrilhas, e deles se servem para, em bicos de pés, conquistar protagonismo e poder junto de falanges de adeptos fanatizados.
Não é de Benficas, de Sportingues, ou de Aroucas que se trata. Aliás, com todo o clima de ódio que nos tem sido particularmente dirigido, somos Tricampeões, e estamos no rumo do Tetra. O problema aqui é já de sociedade. Este episódio passa todas as marcas. E no dia em que alguém me convencer de que é normal presidentes andarem a escarrar na cara uns dos outros nos túneis dos estádios, deixarei de ir ao futebol."

Luís Fialho, in O Benfica

Benfica’s youth-centric plan to rule Portugal and challenge in Europe

"There is no doubting that FC Porto have been the most dominant Portuguese side of this century. Shrewd signings and high-profit sales fuelled a staggering 11-year period in which Porto won 26 domestic, European and international titles between 2002 and 2013. In the same timeframe, perennial rival SL Benfica could only manage eight – of which just two were league titles.
While Porto earned plaudits for the development of a long list of talents under a long list of brilliant managers, with the most noteworthy being current Manchester United boss José Mourinho, Benfica struggled due to crippling debt and years of mismanagement of the club from top to bottom.
The seeds of revival, however, were planted in 2009 when Benfica welcomed enigmatic manager Jorge Jesus to the club. At the time, Benfica could boast a squad containing David Luiz, Ramires and Angel Di Maria. They won the league in the 2009-10 season but a fire sale was imminent and sustainable and reliable streams through which Benfica could replace these players were not yet clear.
Jesus provided an unusual stability for Benfica and many of the club’s problems were deflected by the absurd nature of their manager, whose personality reflects a Portuguese version of legendary Czech coach Zdeněk Zeman.
Meanwhile, Benfica’s state-of-the-art Seixal academy was beginning to bear its first fruits. André Gomes and Bernardo Silva were the first notable graduates of the academy. However, in the fledgling years of the academy, a disconnect emerged between the youth division and the first team. Jesus was not prepared to give academy graduates the opportunity to stake a claim for consistent first-team football – undermining the existence of the academy itself.
Benfica’s re-emergence would not be complete without the interference of Portuguese football’s third most influential player, Sporting CP. On 5 June 2015, Jorge Jesus announced he would not be renewing his contract at Benfica and would instead join Sporting, their bitter crosstown rivals. At the time, it was not yet known that this would be next step in Benfica’s evolution.
Former Benfica youth team coach Rui Vitória was signed after a wonderful season at Vitória de Guimarães and immediately set about implementing a familiar policy at Benfica which had served him so well there. That policy would involve maximising the use of the academy.
Now, Benfica top the pile in Portugal. They have won three consecutive league titles, including a nail-biting victory against Jorge Jesus’ Sporting in last year’s domestic campaign. But that is only the start of the good news emanating from Lisbon.
The first-team is bursting at the seams with academy graduates, even without the sales of Gomes, Silva, Renato Sanches, Ivan Cavaleiro and João Cancelo, which have cumulatively earned the club over €100 million (not including potentially massive add-ons from Sanches’ Bayern Munich move). Since Rui Vitória’s arrival, young players like Viktor Lindelöf, Gonçalo Guedes, Ederson Santana and Zé Gomes have all made contributions to the first team, with Lindelöf and Santana being notably influential.
These academy graduates have been joined by an extensive list of clever, cheap and young recruits, headlined by the majestic 19-year-old left-back Alex Grimaldo who was signed for just €1.5 million from Barcelona in January. Joining Grimaldo are Franco Cervi (€4.1 million), André Horta (€400,000), Nelson Semedo (free), Andrija Zivkovic (free), Danilo Barbosa (loan) and Rafa Silva at a slightly more expensive €16.4 million.
This introduction of youth is not slowing Benfica down either. Still dominant in Portugal, they even enjoyed their best start to a league season in 2016-17 – no mean feat considering the greats of yesteryear.
Furthermore, Vitória has implemented an exciting, fast-paced brand of football that takes advantage of the incredible depth of quality the club possesses in wide areas. This is also the most efficient way of utilising his veteran core through the centre of midfield and defence, which sits deeper and offers the younger creative players the chance to be expressive and to press higher.
The experienced Serbian Ljubomir Fejsa is at the heart of this. He fills a number of defensive gaps vacated by the attacking wing-back pair of Grimaldo and Semedo. In addition, Lisandro Lopez has become an increasingly clever and composed centre-back and, when paired with the menacing Giorgio Chiellini-like Lindelöf, the two complement each other wonderfully well. As a partnership, they are yet to truly be thwarted.
The solidity of that duo has contributed to the incredible attacking output of Grimaldo and Semedo at wing-back, who frequently chip in with goals and assists. The former, with his La Masia-nurtured impeccable technical quality, has taken Portugal by storm this season and is establishing himself in a similar way to Héctor Bellerín at Arsenal last season. The latter, despite a serious knee injury that hampered his 2015-16 season, has cemented his place at Benfica and is now challenging for a starting spot at international level with Portugal. His pace and willingness to run both ways is elite.
Further up the pitch, André Horta has become one of the shrewdest signings in all of Europe as he accustomed himself to the attacking midfield position in Benfica’s 4-2-3-1 seamlessly. Not only that, Horta’s style of play is great to watch. His touch is immaculate and his ability to break the lines with a perfectly weighted pass is similarly eye-catching.
In attack, Franco Cervi and Gonçalo Guedes are not yet providing massive attacking outputs. Despite this, they have made strong contributions in the early stages of their career and Guedes looks as though he could become a high-volume goalscorer in the future. Out wide, Cervi is a pocket-rocket; he is constantly bouncing around in the final third chasing loose balls, pressing and making a general nuisance of himself.
It makes for a feel of general good will around the club. Benfica sit atop not only their domestic league table but are also excelling in Europe again. Debt is being drawn down, and a new TV rights deal will see Benfica earn €40 million per season for the next decade. They even posted a €20 million profit in the 2015-16 year.
The club faces an enormous task to reduce their debt burden in the long-term – believed to be in excess of €300 million – but the foundations are perfectly laid for the club to minimise this debt over the coming decade. This is important because, with greater financial security, Benfica will hold more leverage in their attempts to keep their best talents. This has the potential to elevate the Portuguese champions from elite talent producers to a truly elite European team.
Eventually, most of the wonderful talents will leave the club, and likely for large sums of money. More will replace them and they too will leave. But during these neo-formative years, Benfica are still asserting a dominance that fans will be undoubtedly excited by. All the while, Champions League knock-out round adventures, domestic titles and great football are becoming the norm in at the Estádio da Luz."