segunda-feira, 26 de março de 2012

O futuro

"Qual a inscrição de um clube na vida de um profissional? Como é que um clube pode ser de tal modo vivido por um profissional do futebol que chegue a cicatrizar-se, a inscrever-se, na sua vida?

Na vertigem dos tempos, na voragem do mercantilismo actual, parece que toda a ligação emocional está subjacente à melhoria do contrato, à comissão do intermediário e ao conselho interesseiro do empresário. Vive-se a emoção no “tempo que dura” e o “tempo que dura” é balizado pela alínea c) da adenda Y ao contrato X. Depois, há as excepções. São aqueles em quem a cicatriz se tornou visível para o exterior. Aqueles que percebem que a cicatriz da inscrição de um clube na sua vida acaba por transformá-los em referências simbólicas e colectivas. Ou seja, aqueles que sabem viver a sua profissão também pela emoção da pertença a algo que os transcende.

É, para todos nós, um enorme orgulho ver a carreira de Ryan Giggs cicatrizada no Manchester United ou a de Gerrard no Liverpool; ver como o River Plate respira o sonho de ver regressar o “nosso” Aimar; sabermos que o Aimar é nosso por adopção e do River por nascimento, da mesma forma que o Rui Costa “é” da Fiorentina por adopção e nosso por nascimento. Esta vitória da componente emocional sobre a racional é das maiores alegrias que o adepto pode vivenciar na sua relação com este desporto apaixonante.

Recentemente, surgiu a notícia de que a Fiorentina gostaria de poder contar com a ajuda do nosso Rui Costa. Percebo, e bem, esse interesse. É natural que em Florença se queira construir o futuro alicerçado em estrutura sólida. Perceberão também os da ‘società viola’ que nós, os da Luz, também contamos com ele para alicerçar o nosso futuro. E nós, Benfica, não podemos abdicar do futuro."


Pedro F. Ferreira, in O Benfica

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