terça-feira, 22 de outubro de 2024
Festa da Taça de Portugal só é festa quando envolve o Benfica
"Um arranque de Taça de Portugal positivo para o glorioso SL Benfica diante do Pevidém, numa verdadeira festa que encheu as bancadas do Comendador Joaquim Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos.
Não foi das exibições mais espetaculares, mas houve um momento Beste na primeira parte, e posteriormente na etapa complementar para sentenciar a partida e respetiva qualificação para a ronda seguinte. Muitas alterações, jogadores a tentaram mostrar que merecem vestir o manto sagrado e um árbitro incapaz de ter uma exibição competente.
No meio deste processo judicial de que o clube é alvo, temos que seguir a mensagem do Bruno Lage e caminhar jogo a jogo por mais vitórias. Quarta-feira temos mais uma noite mágica de Liga dos Campeões no Estádio da Luz e queremos dominar e vencer o Feyenoord. O que os fruteiros dizem pouco interessa. A melhor resposta é esmagar todos os adversários e conquistar troféus.
Sobre o resto, a justiça deve ser feita, mas no apuro dourado ó FC Porto foi suspenso ou desceu de divisão? O Sporting não deu dinheiro aos jogadores do Marítimo? Deixemos os grandes cartilheiros falar, nós só pretendemos ver o Benfica brilhar.
Aproveitar os duplos desafios na catedral frente ao Feyenoord e Rio Ave para juntos celebrarmos mais duas vitórias.
Viva ao Benfica!"
Os heróis da Taça e a falta de qualidade
"Quem não gosta de boa surpresa na Taça de Portugal? A menos que o seu próprio clube seja o surpreendido, claro… Mas, a verdade é que as proezas dos «pequenos» também expõem as debilidades dos supostos «gigantes».
É tão natural como respirar: todos sorrimos e aplaudimos quando «acontece» Taça, quando os pequenos se empertigam e agigantam, quando as diferenças entre divisões se desvanecem, quando os favoritos são apanhados na teia da sua sobranceria e não provam em campo a teórica superioridade dada pelo facto de militarem num escalão superior e acabam batidos por uma equipa «inferior».
É a magia da Taça, o fator que faz com que todos (ou quase) possam sonhar com a presença na final do Jamor, com a participação na festa do futebol, com a eventual conquista do troféu.
Não dando para chegar tão longe, há momentos de fama e glória que perduram (pelo menos) na memória de quem os vive, dos protagonistas e adeptos.
Se a surpresa incluir eliminar um dos três grandes, o feito eterniza-se. Alverca, Torreense ou Gondomar, por exemplo, ganharam lugar na história da Taça sem chegar a uma final.
Lusitano de Évora, Varzim e União de Leiria são clubes com um passado rico no futebol português. Sendo certo que já tiveram dias (bem) melhores, usaram a Taça, este domingo, para espreitar, de novo, o mediatismo dos grandes momentos.
Trocariam, provavelmente, a glória efémera destas vitórias por uma subida de divisão.
Depois, há o reverso da medalha: quem perdeu - Estoril, Boavista e Nacional - não estragou a época este domingo; as derrotas na Taça foram antes mais um sinal dos problemas que têm e terão ao longo da temporada.
Estrela da Amadora e Farense, em dificuldades na Liga, lá superaram os testes que tiveram. É verdade que já tentaram inverter o rumo negativo do início de época com mudanças de treinador, mas ainda terão muito trabalho para subir de rendimento.
Porque a tão falada falta de competitividade do futebol português corresponde a uma falta de qualidade. Sim, há jogos da Liga que são tudo menos um bom espetáculo. Talvez porque o facto de descerem de divisão apenas duas equipas permita investir menos. Ou talvez vários clubes não consigam mesmo investir mais. Talvez andemos a tapar o sol com uma peneira há demasiado tempo.
Haverá imensas propostas ou ideias bem-intencionadas para resolver problemas e aumentar a qualidade e a competitividade.
Por se investir tanto na formação em Portugal, talvez não fosse mal visto dar mais espaço aos jovens jogadores portugueses que, tantas vezes, só encontram espaço em divisões secundárias e, depois, até aparecem como protagonistas em algumas destas surpresas."
A pancadaria voltou em grande
"Tenho o prazer de escrever semanalmente para este jornal há oito anos. Juntei o gosto pela escrita ao privilégio de o fazer num espaço público de referência, uma instituição com quase oito décadas, que nunca perdeu a preferência dos seus leitores. Um dia contarei orgulhoso aos meus netos que fiz parte da equipa d'A BOLA, a Bíblia do jornalismo desportivo.
Mas a frequência desta presença obriga-me à responsabilidade tremenda de selecionar cuidadosamente o(s) tema(s) a abordar. Nem sempre é fácil, confesso. Uma das estratégias que procuro seguir é a de comentar atualidade futebolística, preferencialmente em matéria de arbitragem. A razão é simples: é a minha área de especialização, à qual dedico parte importante do meu tempo nesta casa e noutras que prezo (SIC Notícias e Expresso).
Mas a liberdade de expressão que me é concedida permite-me falar também de outras coisas. E quando entro por aí, há algo que me acontece com frequência: o regresso a assuntos que abordei no passado. Não o faço por esquecimento, negligência ou para encher balões (sou dos revê tudo o que escreveu), mas porque entendo importante reforçar determinadas mensagens.
Acredito que voltar a ideias importantes é meio caminho andando para que a mensagem seja interiorizada com mais facilidade. Acho sinceramente que a repetição traz a perfeição e a insistência a compreensão.É essa a tática de hoje. Quero voltar ao tema da violência no desporto, um dos fenómenos que mais ameaça esta atividade.
Não sei se o caro leitor tem noção, mas quase todos os fins de semana há no desporto deste país um conjunto de práticas censuráveis que parecem não ter fim.
Não me refiro aos insultos, ofensas e impropérios, que a sociedade, incapaz de resolver, decidiu normalizar. Refiro-me a situações mais graves, de agressão física, ameaças veladas, perseguições em estrada, danos nos veículos, etc e tal.
O exemplo que vos trago hoje é sobre uma cena de pancadaria que aconteceu num jogo de seniores da Divisão de Honra da AF Vila Real.
Alguns jogadores (e elementos técnicos) de Abambres SC e Mondinense protagonizaram um dos episódios mais feios da época. Socos e pontapés, empurrões e agarrões, gente embrulhada no chão, viu-se de tudo um pouco durante largos minutos. Uma vergonha, uma falta de civismo sem paralelo. Um exemplo horrível dado por vários dos intervenientes na partida. Podem as duas partes argumentar que a culpa é deste ou daquele, que houve provocação e resposta, ação e reação. Que seja o organismo competente a decidi-lo. Para a perceção público, para quem estava deste lado, é irrelevante! A imagem que passou foi que tudo aquilo parecia um filme de orçamento baixo com atores amadores. Um filme que, na verdade, ainda continua a passar nalgumas salas do país.
Começa a ser desesperante a incapacidade de tanta gente qualificada para reduzir ao mínimo este tipo de situações. As ações de sensibilização existem, são bem feitas mas infelizmente produzem pouco efeito. O esforço pessoal e financeiro de tanta gente e de tantas estruturas, esbarra quase sempre no lado mais animal de alguns humanos.
Também as sanções disciplinares e/ou penais são pouco dissuasoras. Apesar de avanços recentes a esse nível, a verdade é que os focos de violência continuam ativos, sobretudo a nível distrital e de formação.
Sabemos que essa amostra tem por base problemas estruturais mais profundos, mas ainda assim acho que podíamos fazer mais e melhor em matéria sancionatória.
Sei que o nosso ordenamento jurídico é demasiado pro reu e permite mil e um expedientes para adiar decisões. Tenho pena que assim seja. Continuo a achar que só quando a tal desgraça acontecer um dia é que a coisa vai mudar. Somos ótimos a apontar o dedo depois da tempestade varrer a costa. Antes é que é mais chato..."
Para onde vais tu, José Mourinho?
"Treinador português continua sem dar sinais de melhoria depois de ter voltado a descer de patamar e assinado pelo Fenerbahçe. Missão nunca seria fácil, mas já se ouvem críticas
A 26 de abril de 2011, Pep Guardiola fartou-se. Antes da primeira mão da meia-final da Liga dos Campeões e depois de José Mourinho ter ironizado com as críticas do rival ao «acerto do árbitro» na final da Taça do Rei perdida para os merengues, acusando-o de viver num mundo só dele, o catalão deu o murro na mesa que abanou todo o futebol espanhol. Era a primeira vez que respondia às provocações. «Amanhã, encontramo-nos no relvado às 20h45. Fora deste, já me ganhou. Vou dar-lhe a sua própria Liga dos Campeões fora de campo, deixá-lo desfrutar e levá-la para casa. Nesta sala, ele é o puto jefe (patrão), o puto amo (mestre) e não quero competir com ele em momento algum.»
Se o português gostaria de ter pelo menos criado a dúvida com esse triunfo em Valência, nos embates seguintes o Barcelona foi ainda mais devastador. Ganhou a Champions, a liga e ainda a Supertaça no arranque do ano seguinte, antes de finalmente permitir o título a Mourinho e ao Real, com um Guardiola desgastado com o ruído e os mind games dizer adeus ao Camp Nou. Esperava-se então a mudança de status quo, mas o ex-adjunto Tito Vilanova, que Mou agredira antes de forma imperdoável junto à linha lateral, conseguiu manter os catalães no rumo certo. À volta dos clássicos, o clima continuou a ser de guerra civil. E terá sido nesse momento que Mourinho se afundou em definitivo, engolido pelos próprios fantasmas.
O Special One só pôde reclamar novamente o cognome no regresso ao Chelsea, com a conquista da Premier, ainda que nem os Blues tenham sido porto de abrigo por muito tempo, e depois com as conquistas da Liga Europa pelo Manchester United e Liga Conferência com a Roma, tatuadas com orgulho. Acabou sempre a sair pela porta pequena e, apesar do entusiasmo que gerou na Turquia, o Fenerbahçe está vários patamares abaixo daquele que foi e ainda deveria ser o seu lugar. Dificilmente veremos por aí o arqui-inimigo Guardiola, que continua a ganhar muito e, ao invés, não nutre por ele sentimento recíproco, preferindo Klopp. Tê-lo-á esquecido?
Apesar da humildade de não se importar em descer do pedestal, a verdade é que, poucas semanas depois, Mourinho vive novas guerras, com os alvos de sempre. Ou são os árbitros. Ou jornalistas. Não faltará muito para que sejam os jogadores. O Fenerbahçe nunca seria um trabalho fácil, mas o português já é como aqueles futebolistas de quem esperamos que seja desta vez a cada ano que passa. É uma tristeza enorme não tê-lo de volta."
Nadal, não deixes o ténis, meu, fica connosco
"Quando nos calha na rifa debitar palavras nesta newsletter, o ponteiro da bússola que determina o que escrever nem sempre obedece a um magnetismo claro, decidido à primeira.
Esta semana, eu me confesso, a fita mental ponderou fixar o tema em Jürgen Klopp, porque não matutar acerca das nefastas consequências que uma decisão de carreira do empático treinador apetrechado de milhões na conta bancária graças à voragem do mais e mais do futebol, mas percecionado como guarda-costas do lado romântico da modalidade, está a ter na imagem pública do alemão por ter aceitado ir aconselhar o projeto de futebol da Red Bull; ou, ainda mais na berra, escancarar as incongruências de Gianni Infantino, o suíço presidente na FIFA que pode bem ter as intenções guardadas no lugar certo e, ao contrário de Klopp, tem o lastro público de ser o mauzão do futebol, um Drácula a mercantilizar um pouco mais o futebol cada vez que desce do seu castelo.
Nenhuma hipótese pareceu, lamento, tão fulcral quando contraposta ao ocaso de uma lenda, à luz que finda na vela de cera de Rafael Nadal, pelo que assim se deu a minha rendição ao espanhol e ao que ele foi, essa memória suplanta o que hoje resta do tenista, nem que seja pelo respeito às últimas vezes em que se pode versar sobre a sua versão jogador.
Este fim de semana, a mexer-se com a anca por arames e um pé cronicamente calçado em dor, preso pela ferrugem dos 38 anos, pesado num corpo feito já não apenas de músculo e potência, pontuado por uma cabeça descabelada, vimos talvez o último jogo de singulares de Nadal e logo com Novak Djokovic do outro lado da rede, uma coincidência de lendas proporcionada pela vénia de ambos ao dinheiro da Arábia Saudita.
Denotou a Lídia Paralta Gomes pertinentemente que as derradeiras faíscas entre as raquetes de dois mitos não deveriam aparecer assim, num torneio plástico e supérfluo, de relevância artificial. Deveríamos ter ficado com as que eles deixaram no verão em Paris, na terra batida de Roland-Garros, onde espanhol e sérvio se cruzaram nos Jogos Olímpicos e a inclemência do tempo, grande destrinçador de capacidades, mostrou mais uma vez a severidade com que atingiu Nadal. Custa horrores ao canhoto ser a locomotiva indomável de outrora, aliás, é-lhe impossível ser tal encarnação durante mais do que um breve fogacho, uma pancada estonteante caso a bola lhe vier a jeito. Um jogo do ténis tem hoje de se aprontar aos limitados conformes do espanhol em vez de se ver subjugado à sua vontade como foi hábito nas últimas quase duas décadas.
Na encenação de Riade, entre Nadal e Djokovic houve um court a albergar as suas 647 semanas conjuntas enquanto números 1 do mundo, os 46 Grand Slams conquistados, os 76 torneios do Masters 1000 e o rasto das 60 partidas oficiais que disputaram, um mausoléu estatístico às suas carreiras que o Six Kings Slam, pomposo nome de batismo dado ao postiço evento, nunca conseguiria estar à altura de celebrar. E resumir só com números a história do espanhol, ou da epopeia entre ambos, seria uma desonra.
Nenhum faz jus aos detalhes, como a ávida brincadeira de Novak, em 2006, no balneário de Roland-Garros, onde pediu que lhes pintassem a caneta um “Vamos Nole” na parte de trás das sapatilhas para emular o “Vamos Rafa” que a Nike desenhara nos calcantes do touro na flor da idade, que sairia vencedor desse primeiro duelo na sua terra batida, porque já era dele, só poderia ser quando um dos templos do ténis tem hoje à porta, para boa-vindar quem lá chegue, uma estátua do espanhol, um dos poucos desportistas que ainda no ativo pôde competir numa arena com um tributo esculpido em sua memória. E bem, porque os 14 títulos de Nadal em Paris são das mais incríveis façanhas do desporto, sintoma de quem andou a desbaratar a nossa noção de majestoso.
Aquilo com que ‘Rafa’ preencheu duas décadas foi a banalização do extraordinário, um mutante do além a consumar-se entre humanos enquanto outras duas anomalias da natureza foram também átomos invisíveis a coincidirem no mesmo palheiro. Se Nadal ficará como o mais dominador numa superfície - cada um teve a sua, o quintal de Djokovic está na Austrália e Federer é o tratador da relva de Wimbledon -, o sérvio perdurará como o dono do único rácio vitorioso no duelo com os rivais - 31-29 sobre o espanhol, 27-23 contra Roger - e o suíço é quem mais fez durar a sua supremacia no ténis, a certo período, ao encadear 10 finais consecutivas de torneios do Grand Slam.
Por isto e devido a tudo o que é incontável por ser intangível, haja os recordes que houver, vimos Roger a dar mão a Rafael, há dois anos, ambos a chorarem na despedida do suíço, e agora constatámos a prontidão elogiosa de Novak face ao maior rival, humilde a prestar o seu tributo ao espanhol que tanto o antagonizou, tal como Federer, por a figura de ambos arrancar maior carinho dos corações dos fãs de ténis: o sérvio pediu-lhe, por favor, “não deixes o ténis, meu, fica connosco mais um bocado”. A grandiosidade de todos liquidificou-se em combustível para cada um, que foram mordiscando mutuamente os calcanhares enquanto fugiam às dentadas de algum deles. Um ciclo vicioso em que Nadal chamuscou raquetes com o seu fogo, não houve uma gota de suor derramada por Federer sem elegância e Djokovic desconjuntou-os com a mecânica do seu gelo.
E nós viciámo-nos no trio de lendas, baixámos a guarda perante o lado aditivo de apreciar uma modalidade elevada a um nível colossal, eu pelo menos também admito que toldei o julgamento durante anos e acreditei que o ténis era aquilo, passerelle constante de grandeza, e que estes três modelos seriam eternos. Não haverá mais jogos a doer entre eles e o fim definitivo de Rafael Nadal será daqui por um mês, em Málaga, na certamente emotiva final da Taça Davis para a qual o espanhol agendou o seu adeus. Não há antídoto para o feitiço do tempo e depois de ‘Rafa’ restará Djokovic, sozinho na sua luta contra o relógio. Muito haveremos de escrever quando chegar o dia do sérvio, porque todos o merecem. O vazio que ficará connosco encarregar-se-á de o provar."
Boas indicações...
Benfica 7 - 0 Elétrico
Segunda vitória, confirmando as impressões que tinham ficado da 1.ª jornada: equipa muito intensa, muito agressiva na defesa, transições defensivas muito rápidas, tentar sufocar o adversário, usando a velocidade sempre que possível... O Elétrico apresentou hoje uma equipa 'curta' no banco, acabou por não conseguir criar dificuldades no 2.º tempo, mas estas primeiras impressões são muito boas!
Ofensivamente, o 4x0 é claramente o preferido, hoje chegámos a jogar com o Silvestre, o Kutchy, o Lúcio e o Carlinhos em simultâneo!!! Mas ainda faltam alguns automatismos... o André Coelho ainda está fora das movimentações dos colegas, e ainda falta ver o Diego neste 'esquema'!
Diego e Raul Moreira, estão lesionados.
✨ Noite de homenagem ao Melhor Jogador Jovem do Mundo e ao nosso Campeão do Mundo!#FutsalBenfica pic.twitter.com/ktNiiwbIK8
— SLBenfica Modalidades (@modalidadesslb) October 21, 2024
A maior burla do século XXI...!!!
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— Mauro Xavier 🇵🇪 (@MauroXavier) October 21, 2024
Benfica: balneário com a porta fechada
"O exemplo de Bruno Lage no processo dos emails
O tema da acusação ao Benfica de corrupção desportiva e infração fiscal era incontornável na conferência de imprensa de antevisão de Bruno Lage ao jogo da Taça de Portugal. As perguntas tinham de ser colocadas e Lage respondeu como devia, com sobriedade e lucidez, porque não é advogado, nem é juiz, é treinador da equipa do Benfica, como o próprio colocou em perspetiva.
Terá, neste âmbito, a responsabilidade de saber blindar o balneário contra eventuais efeitos nocivos deste caso, mas também neste ponto o técnico esteve bem. Dar o exemplo de que esse é um assunto que não é assunto no balneário será, realmente, a melhor forma de lidar com a gravidade do que se passa, porque, na verdade, trata-se de um adversário do qual os jogadores não se podem defender e ao qual não terão como marcar golos.
Mas se Bruno Lage parece saber o que fazer, e que por muito que não se fale os jogadores terão consciência de tudo, a questão da blindagem quase que se resolve por ela. O balneário do Benfica tem quase duas dezenas de internacionais, muitos jogadores estrangeiros, alguns contratados este verão, para os quais a realidade do clube e da SAD irá pouco mais para trás do que se passa esta época; para os quais pouco ou nada dirão Luís Filipe Vieira, Paulo Gonçalves e um processo a que chamam dos emails, que dura já há bastante tempo e ainda perdurará. O calendário cheio de jogos se encarregará de ocupar a cabeça do plantel, e apenas se começar a perder ele deverá sentir o ambiente pesado que outros temas ameaçam formar."
Fernando Gomes, por ação ou omissão…
"Levanta fervura a luta pela FPF, enquanto que a possibilidade de Fernando Gomes pensar no COP já provocou alguma urticária, travestida de apartheid…
Está já na rua, de forma pública e notória, como se viu, aliás, exuberantemente, em tudo o que rodeou o Plenário das Associações Distritais, realizado em Castelo Branco no último sábado, a corrida à sucessão de Fernando Gomes na presidência da FPF. Um dos candidatos, Nuno Lobo, presidente da AF Lisboa fará amanhã a apresentação oficial da sua candidatura, e não deverá faltar muito para que Pedro Proença, presidente da Liga Portugal, lhe siga as passadas, sem que para tal tenha de se demitir das funções que ocupa (à imagem do que fez o próprio Fernando Gomes, também ele presidente da Liga em dezembro de 2011, quando derrotou Carlos Marta nas eleições federativas).
O estado de excelência em que Fernando Gomes vai deixar a FPF, do ponto de vista desportivo, financeiro e patrimonial, é ao mesmo tempo um incentivo de monta para quem quer suceder-lhe, e uma tremenda responsabilidade, porque a fasquia colocada pelo presidente cessante até ao nível do Everest. Deveremos, pois, estar atentos às movimentações em curso, que passam pela necessidade de cada um dos candidatos lutar pelos 43 votos que lhe garantam a vitória na AG eletiva da FPF, que deverá realizar-se em janeiro ou fevereiro de 2025. Sobre esta matéria, logo que se conheçam em detalhe os programas dos candidatos e os seus apoiantes (o que muitas vezes é complicado, porque o voto é secreto e nunca há garantias de nada…) haverá muito que dizer. Para já, fica a certeza de que a contagem de espingardas está em curso, com a cadeira da presidência, na Cidade do Futebol, no ponto de mira.
Relativamente a Fernando Gomes, que integra o Conselho da FIFA, teve três mandatos de grande fulgor na FPF – a construção da Cidade do Futebol, juntamento com o título europeu de 2016 e a Liga das Nações de 2019 são apenas a ponta do icebergue de sucessos –, e tem sido aventada a hipótese de ser candidato à presidência do Comité Olímpico de Portugal (COP), que será liderado até março de 2025 por Artur Lopes, que acedeu ao cargo após a morte de José Manuel Constantino. Provas dadas de visão de futuro, sensatez nas contas, acesso direto ao poder político, independentemente de quem estiver no Governo, e capacidade de realização, não faltam, comprovadamente, a Fernando Gomes, qualidades que legitimam uma eventual presidência do COP. Não sendo certo que o ainda líder da FPF esteja disposto a avançar para o 36 da Travessa da Memória, em Lisboa, já se ouviram vozes dizendo que o facto de proceder do futebol (esquecendo até que a modalidade onde se notabilizou como praticante de alto nível foi o basquetebol) era um ‘handicap’ importante. Porquê? O futebol só falhou os Jogos Olímpicos de 1896 e 1932, tendo entrado, no feminino, a partir de 1996, o que afasta liminarmente esse argumento. Não sei se Fernando Gomes avança, ou não, para o COP, provavelmente outros candidatos competentes surgirão, e os votos irão decidir quem se encarregará de preparar Los Angeles/2028. O que sei é que é redutor, complexado e mesquinho aplicar uma espécie de apartheid ao futebol. Haja noção!"