terça-feira, 3 de setembro de 2024

Grande venda!

O dia D de Rui Costa e uma liga que promete


"Rui Costa está a jogar hoje, hoje mesmo, 3 de setembro de 2024, uma cartada decisiva para o futuro do Benfica e, mais ainda, para o seu próprio futuro como presidente do Benfica. A insistência absurda em Roger Schmidt, em nome de uma fezada de que a primeira época não fora por acaso (o que implicava que a segunda tivesse sido), resultou num desastre que não era difícil de prever e minou a confiança dos adeptos no que era o maior trunfo teórico do sucessor de Vieira: o conhecimento do jogo.
Uma equipa jogar bem não implica que ganhe sempre, como jogar mal não significa que nunca vença. Do domínio do quase impossível é jogar mal por regra e celebrar no fim. E, no caso do Benfica recente, pior que acreditar que a repetição de uma receita poderia dar resultado diferente, foi moldar todo o plantel em função de uma ideia de jogo que pareceu sempre mais uma ausência dela. Nunca se percebeu no jogar encarnado – falo de modelo, não de estrutura – uma identidade efetiva, que fosse além da banalidade que é a intenção de pressionar para recuperar a bola depressa. Na escolha do novo treinador, o único caminho é o contrário, o de optar por alguém que tenha uma ideia de qualidade e comprovadamente saiba treiná-la. Qualquer outra via - do “nome”, da nacionalidade, do conhecimento da liga ou da firmeza no discurso – como critério de partida será abrir a porta a novo insucesso. E duvido que a presidência de Rui Costa lhe sobreviva.
A comparação também não facilita a vida de quem lidera hoje o clube da Luz. O que se assinala é um Sporting empolgante no rendimento e coerente nas escolhas - Harden como alternativa a Gyokeres, também para o futuro - mesmo se a espera por Ioannidis foi além do razoável, um FC Porto coletivamente competente e que vai somar qualidade individual depois de movimentos de mercado invulgarmente conseguidos num contexto de falência técnica (Fábio Vieira e Samu acrescentam claramente), e um Sporting de Braga que corrigiu cedo a escolha - efetivamente errada? - do treinador e acrescentou talento indiscutível ao grupo, juntando de uma penada Guitane e Gharbi.
E não são apenas os quatro mais fortes que surgem com qualidade acrescentada e potencial reforçado. Tenho mesmo como difícil recordar uma época em que tantas equipas surjam como capazes de surpreender e equilibrar jogos, mesmo diante dos mais fortes. São os ótimos primeiros sinais de Vitória e Famalicão, a competência assinalável de Santa Clara e Moreirense, indicadores de crescimento de Gil Vicente, Rio Ave, AVS e Nacional, e, ainda sem tradução no rendimento, a capacidade de investimento que impressiona de Estoril, Casa Pia e sobretudo de um Estrela da Amadora capaz de juntar Nani, Alan Ruiz e Jovane.
Poderá este ser o mais competitivo campeonato em muitos anos? Arriscaria que sim. Mas isto apenas começou."

Que caiamos juntos


"Adoro viajar. Aproveito todas as oportunidade para explorar um lugar que ainda não conheço. Por conta desta meu hobby, já entrei em aviões umas quantas vezes. Há algo que é transversal a todas elas: o receio de que algo possa correr mal. Melhor dizendo, a sensação de que não estamos no controlo da situação, mas entregues, de corpo e alma, às funções executivas de alguém.
De há algumas viagens para cá recorri à seguinte fórmula: olhar para quem toma as rédeas da deslocação e assumir como minhas as suas sensações. Onde encontrava medo, passei a encontrar descontração. De inseguro, passei a confiante. De medroso, a valente. De assustado, perturbado e temeroso, a relaxado, bem-disposto e tranquilo. No fundo, passei de ser tudo aquilo que eu era, a ser tudo aquilo que os oficiais de bordo aparentavam ser.
Algo diferente teria ocorrido se, às tantas, um dos empregados de bordo pegasse num paraquedas e abandonasse o voo. Pior: se, antes disso, um beep rompesse o silêncio e uma luzinha vermelha iluminasse o avião - o presságio de que estamos f******. Ainda pior: se, ao longo da viagem, esse mesmo empregado tivesse levado as mãos à cara um par de vezes, "bufado" de desespero outras tantas e apresentado uma expressão ininterrupta de aluno impreparado ao longo da viagem.
A esta hora, Rui Costa grita "bingo": completa na perfeição o quadro acima descrito. Um senhor que, logo que não se aperalte para a entrevista da praxe, representa tudo aquilo que reconheci ao tal empregado. Uma pessoa cuja expressão in-game é não mais do que a imitação rasca daquela que vos descrevi. Alguém que, à semelhança de um oficial de bordo que foge de paraquedas, achou por bem levantar-se e desaparecer de vista aquando do golo do adversário. Uns dizem que não queria enfrentar a ira dos adeptos e que foi embora com o motorista. Outros, que foi ao balneário dar mais uma "surra" à equipa, não tivesse o último murro na mesa dado origem a um tremor de terra. Meto as mãos no fogo: nem uns, nem outros, adeptos como nós, abandonariam a equipa. Rui Costa, o Presidente, fê-lo.
Ao dia de hoje, os beeps são ensurdecedores. As luzinhas vermelhas são mais do que as estrelas. Asfixia-nos a sensação de que realmente estamos f******. De que, mais do que nunca, o avião está a cair. Desta vez, deixo a exigência no bolso: a Rui Costa peço somente que não mais recorra ao paraquedas. Se for para cairmos, que caiamos juntos."

Linha da frente, análise às primeiras 4 jornadas da Liga


"O arranque da Liga Portugal, com quatro jornadas disputadas, permite, desde já, antecipar o que poderá vir a ser o campeonato.
O Sporting, com um triângulo virtuoso de extraordinária qualidade — Rúben Amorim, Hugo Viana e Frederico Varandas — por esta ordem, parte claramente na frente. Arrisco-me, aliás, a dizer, que enquanto este trio se mantiver à frente dos destinos do clube, o Sporting tem tudo para marcar uma era no futebol português.
É evidente que o Sporting tem o processo de treino e de jogo mais evoluído e consolidado de entre todas as dezoito equipas, domina com mestria os diferentes momentos da partida e, jornada após jornada, acrescenta novas nuances e variantes tácticas, a que acrescenta, sempre, maturidade e consistência.
Tem um plantel sólido, com muitas soluções e, de entre os titulares indiscutíveis, perdeu apenas o capitão Coates que, rápida e habilmente, substituiu por um dos mais interessantes jovens centrais europeus, Zeno Debast, internacional belga, a que juntou mais dois jogadores com muito potencial, como são os casos de Maxi Araújo e Conrad Harder.
O FC Porto, a entrar numa nova fase da sua vida, após 42 anos de Pinto da Costa como presidente do clube, tem, hoje, em André Villas-Boas um Presidente fresco, moderno, arejado e muito bem preparado. Tal facto ficou já bem patente no excelente mercado de transferências que fez, apesar das gigantescas limitações financeiras que vive. No banco, a troca de Sérgio Conceição, o técnico mais titulado da história do clube, foi, ao contrário do que seria expectável, feita com relativa tranquilidade.
Tirando a derrota deste fim de semana em Alvalade, num jogo em que o Sporting foi melhor, o FC Porto mostra-se uma equipa bem trabalhada, coesa e com aquela alma, com aquela garra que mais nenhuma equipa portuguesa tem, como ficou bem patente na forma como conquistou a Supertaça, ao virar, de forma épica, um 3-0 ante o Sporting Clube de Portugal.
Obrigado a vender, perdeu Evanilson, David Carmo e emprestou Francisco Conceição (um erro grave, na minha opinião). Pese as limitações, o FC Porto reforçou-se com critério, quase de forma cirúrgica, diria, e as entradas de Samu Omorodion, um excelente avançado espanhol, de Nehuén Perez, um central argentino de grande qualidade, de Francisco Moura e Tiago Djaló, dois jovens portugueses com muito talento, e mantendo a base da época passada, mostrará um FC Porto vivo, forte e a lutar, em Portugal, por todos os títulos.
O Benfica, por sua vez, vive enredado em erros, equívocos e confusões. Vendeu João Neves, o coração da equipa, vendeu Neres, um dos mais talentosos e desequilibradores jogadores do campeonato, vendeu João Mário, um médio muito inteligente e completo e, ainda, Marcos Leonardo, um avançado de fino recorte com muito potencial. As entradas, até agora, deixam muito a desejar e, a somar a um péssimo mercado de transferências, resolveu manter um treinador esgotado, em clara ruptura com a massa adepta, não antecipando que ao primeiro percalço o copo iria transbordar. O Benfica joga pouco, joga mal, não tem rasgo, não tem ideias, não tem processo. Hoje, não tem, também, treinador e precisa urgentemente de acertar o rumo ou pode ficar fora de jogo numa fase muito inicial da época.
Já o SC Braga tem um plantel muito interessante, tem um extraordinário treinador e vai, uma vez mais, introduzir-se na luta entre os três grandes. Mateus continua a ser o melhor guarda-redes do campeonato, Ricardo Horta é craque e Zalazar, um dos melhores jogadores do campeonato, é o motor de uma equipa que tem tudo para fazer um percurso forte tanto em Portugal como na Europa.
Também no Minho, o Vitória, sob a liderança de uns dos melhores treinadores portugueses da nova geração, Rui Borges, vai dando cartas. Tem um plantel equilibrado, que, destacando Tomás Handel, um médio de muita qualidade, vale sobretudo pelo coletivo, pelo processo de jogo que revela, tanto com bola, como sem bola. Vai, seguramente, tentar imiscuir-se na luta pelo quarto lugar.
A fechar, é impossível não destacar o facto de, este ano, Portugal ter, novamente, todos os seus cinco representantes nas fases regulares das competições europeias — Liga dos Campeões, Liga Europa e Liga Conferência. Uma conquista não só numérica, mas também de prestígio, que pode ajudar a reforçar a posição de Portugal no futebol europeu."

Menos Sérgio Conceição, mais respeito por nós mesmos


"Há uma semana, o mundo do futebol despediu-se de uma das suas figuras mais carismáticas. Sven-Goran Eriksson foi aclamado por jogadores, treinadores rivais e adeptos de todo o mundo. Entre muitos elogios, duas notas dominantes: a sua capacidade enquanto treinador, mas acima de tudo a elegância e a forma de estar do treinador sueco, que cultivou amizade e simpatia por onde quer que passasse. Também há uma semana, escrevi aqui que o Benfica se tornou maior por causa de Eriksson e que o clube teve esse mesmo efeito em Eriksson. Acredito que foi um dos casamentos mais felizes da história do clube.
Pessoas como Eriksson não se limitam a passar por clubes ou a passear pelo futebol. No caso do sueco, a sua entrada na história do Benfica fez-se por via dos títulos conquistados, mas também pela forma como conviveu na arena futebolística portuguesa, e, não menos importante, pelo seu contributo para a construção de um Benfica ainda maior do que antes da sua chegada. Um Benfica que se faz respeitar dentro e fora de campo. Um Benfica que honra os seus pergaminhos enquanto instituição que fez história fora do relvado, que cumpriu uma função social muito para lá do futebol, e se notabilizou, ao longo de 120 anos de história, por emprestar a sua aura a um pequeno país que, com o Benfica, se tornou sempre maior. Num dos momentos mais angustiantes da história recente do clube, ajuda lembrar os ases que nos honraram o passado. Lembrar e honrar. Eriksson também foi, à sua maneira, um desses ases. E um clube que não tem memória dificilmente poderá aspirar a um futuro de glória.
A avaliar por algumas análises que tenho observado nos últimos dias, muitas mais do que algumas vezes imaginei ser possível nos adeptos do Benfica, há quem hoje veja na história do clube um recurso lírico e entenda que o apego a um conjunto de princípios orientadores da ação e da instituição nos afasta da vitória, e que, como tal, é um obstáculo ao engrandecimento do Benfica. Estas não são pessoas que querem reescrever a história. São pessoas que, aparentemente, não querem saber da história para nada. Admito a boa intenção de quem assume essa postura. São Benfiquistas com direito à sua opinião, que querem ver um Benfica ganhador, tal como eu, mas que, nessa ânsia, aparentam só ver a vitória à frente. Percebo que a angústia seja enorme perante o estado catatónico a que chegámos, mas não percebo que se pondere o impensável.
Após a saída de Roger Schmidt, ganha força uma corrente pragmatista segundo a qual o treinador mais preparado para o Sport Lisboa e Benfica é Sérgio Conceição. Não vou discutir os méritos do treinador, mas, nas palavras de quem discorda, é só porque o lirismo me impede. Assumo. Se é lirismo olhar para Sérgio Conceição e ver um treinador aliado a uma cultura de dirigismo que representa o pior do futebol, aqui estou disponível para aceitar o rótulo. Se é lirismo olhar para Sérgio Conceição e ver um treinador expulso 24 vezes ao longo da sua carreira, com alguns dos comportamentos mais lamentáveis que já vi numa pessoa com o seu cargo, chamem-me lírico à vontade. Se é lirismo olhar para Sérgio Conceição, lembrar a noite em que se recusou a acatar a ordem de expulsão de um árbitro e sentir pavor de ver um comportamento semelhante ao serviço do Benfica, pois bem, já perceberam a ideia. Se é lirismo recordar que Sérgio Conceição ignorou que um adjunto seu tentou atingir um adepto de um rival com uma medalha de vencido, parece que sou eu o lírico. Se é lirismo olhar para Sérgio Conceição e ver alguém que desrespeitou demasiadas vezes o Benfica, façam-me um favor e botem lirismo nisso.
Já agora, a quem gosta desta ideia, para mim quase repulsiva, fica a sugestão: porque é que não mandamos os líricos às malvas e trazemos o Luís Gonçalves também? Assim temos alguém para encostar a cabeça ao quarto árbitro quando as coisas não correrem de feição. Pelo caminho aproveitamos o embalo e contratamos um diretor de comunicação que faça do trabalho subterrâneo a sua vida e se dedique a tornar o nosso futebol mais pantanoso do que é. À Benfica, estão a ver? Já que estamos inspirados, podia ser interessante juntarmos a esta pandilha uma claque mais musculada que faça umas visitas aos árbitros no centro de estágios, só para ter a certeza de que as coisas correm bem. Afinal de contas, só ganhar interessa. Deixemo-nos de lirismos. Só a vitória importa! O Benfica que se lixe!
Reparem que ignorei olimpicamente os méritos de Sérgio Conceição enquanto treinador, e faço-o de forma deliberada. Não são para aqui chamados. Há coisas que estão acima disso. É um tipo de clubismo em que me revejo. E não sou o único. Há uma semana, Eriksson foi recordado num comunicado oficial do clube como um exemplo de «elegância, educação e urbanidade”» É importante que estas qualidades tenham sido salientadas, e quero acreditar que isso não aconteceu apenas para servir o propósito circunstancial de um elogio fúnebre. Foi mesmo porque a elegância, a educação e a urbanidade se tornaram traços do Benfica à passagem de pessoas como Eriksson e saíram fortalecidos enquanto atributos que definem o clube. Quem passa por aqui deve aspirar a tornar o clube melhor à sua passagem e isso faz-se tanto com os títulos conquistados quanto através da forma como lá se chega, ou da memória que se deixa. Se é verdade que a identidade do Benfica foi construída em função da sua capacidade para vencer mais vezes do que os outros, isso nunca equivale a dizer que o clube o fez a qualquer custo. O Benfica nunca foi apenas isto. Este clube do povo, de origens humildes, fez-se sempre maior quando olhou a meios para obter o que tantos outros desejavam: os títulos, a admiração, a inveja dos demais, e um lugar na sociedade portuguesa que transcende o desporto. Foi assim que se tornou um símbolo de orgulho cultural.
Ser do Benfica e isso nos envaidecer não é algo que se vê apenas no resultado final de um jogo. Por isso, perdoem-me o lirismo, mas considerar a contratação de alguém como Sérgio Conceição é ser o contrário de um clube que nos envaidece. É toda uma ideia de Benfica que eu me recuso a aceitar. É, também, um clube acometido de um desespero palpável. Os contextos adversos devem fazer-nos equacionar quais os melhores caminhos para regressar às vitórias, mas seria prudente não nos desviarmos de um respeito mínimo pela instituição que apoiamos e corporizamos. Há caminhos que poderão eventualmente aproximar-nos da vitória, mas produzirão um importante colateral: uma certa perda de respeito por nós mesmos.
Digamos o que dissermos, não me parece que sejam os adeptos a decidir, e portanto há que colocar o tema em perspetiva. Posso ter muitas críticas a fazer ao presidente do Benfica, mas tenho a convicção de que jamais contrataria alguém como Sérgio Conceição. Não acredito que fizesse isso ao clube. Independentemente das críticas que lhe tenho dirigido, é bom que um mínimo de bom senso exista em quem lidera um clube como o Benfica. Rui Costa parece-me completamente desorientado, mas não ao ponto de contrariar os líricos. E proteger uma instituição das piores decisões possíveis, como esta que agora se discute, não é um pormenor. É também aquilo que mantém a instituição viva e a torna mais respeitável.
Por isso, eu, lírico, me confesso. É verdadeiramente assustador que tantos adeptos vejam a possibilidade com bons olhos. Contratar Sérgio Conceição seria uma punhalada na identidade do Benfica. Não consigo imaginar um treinador menos adequado para o clube. Só mesmo o desespero e uma crise existencial crescente podem explicar que essa hipótese seja considerada. Não devemos colocar aspas em palavras como valores, ética ou princípios. Devemos escrevê-las na pedra. Honrar os ases que nos honraram o passado, e rejeitar quem jamais nos poderá representar condignamente."

Consistente: Parvo invertebrado...

Um por semana?!


"Desde o anúncio do despedimento de Roger Schmidt, muito se tem badalado sobre o possível sucessor. De Lage a Klopp, de Conceição a Tuchel, são várias as preferências e nada consensuais.
Num universo tão grande de sócios e adeptos, a minha sugestão seria a mais óbvia. Um sócio por semana... Assim acabavam-se as discussões.
Ou era isso ou o José Viterbo. Disse... 😏"

Sugestão, dada a complexidade do assunto!


"Ao invés de se contratar um treinador, contratamos o seguinte:
Preparador Físico;
Treinador de Guarda Redes (sim o mal há muito que está aqui e não nos guarda-redes que vamos tendo); Adjunto (é preciso alguém encartado para fazer substituições)
Treinador de bolas paradas;
Oficial de treino….(entendedores entenderão)
Os treinadores principais passam a ser os adeptos com recurso a uma plataforma online onde até à véspera da partida votam no esquema tático e no 11 titular e opcão em caso de lesão de última hora, apenas os sócios com mais de 1 ano de associado podem votar, sendo que estes também votam no esquema tático a utilizar nessa partida, a coisa é decidida pela maioria, durante o jogo, os mesmo terão de estar online para decidir as substituições e os jogadores a entrar e a sair, mais uma vez ganha a maioria, em caso de lesão durante o jogo, há sondagens rápidas para as substituições, o entregador de posições não tem tempo a perder.
Isto sim, é colocar o poder nas mãos dos sócios!
Depois podem gritar à vontade “o Benfica é nosso” para o Bem e para o Mal e se quiserem insultar, escarrar e escorraçar…aí já será o vizinho do lado!
Quem alinha nesta medida inovadora???"

Despedida, Morato...

Reforço apresentado


"O lateral-direito Issa Kaboré chega ao Benfica, por empréstimo, proveniente do Manchester City. Este é o tema em destaque na BNews.

1. Contratação para a lateral direita
Issa Kaboré, internacional pelo Burquina Faso, pertencente aos quadros do Manchester City, é reforço do Benfica. "É um prazer jogar num grande Clube como o Benfica. Estou muito feliz por estar aqui. Estamos aqui para conquistar troféus e é por isso que nos vamos bater", afirma.

2. Calendário
Já há data e hora para a receção ao Santa Clara na 5.ª jornada (sábado, 14 de setembro, às 20h30). E ficou a conhecer-se, no passado sábado, o calendário do Benfica na fase de liga da Liga dos Campeões. Na 1.ª jornada o Benfica visita o Estrela Vermelha (19 de setembro às 17h45).

3. Entrada vitoriosa
Apesar de reduzidas a 10 desde muito cedo na partida e de jogarem com 9 nos últimos 10 minutos mais tempo adicional, as Inspiradoras ganharam, por 2-1, frente ao Torreense.

4. Equipa B soma terceiro triunfo
A equipa B ganhou na deslocação ao Feirense (2-3), vencendo pela terceira vez em quatro jornadas. Os Juniores e os Juvenis registaram empates.

5. Ação de formação
Ao longo do fim de semana, os treinadores do futebol de iniciação do Benfica estiveram no Benfica Campus para uma ação de formação que contou com 98 participantes.

6. Início da época oficial
Uma vitória e um empate marcam a entrada do Benfica no Campeonato Nacional de andebol feminino.

7. Torneio conquistado
Em futsal no feminino, o Benfica ganhou a Copa Ibérica.

8. Arranque da pré-época
A equipa feminina de basquetebol do Benficatrabalha com vista à renovação do título de campeã nacional e mais conquistas."

Um Benfica e dois clubes


"O 112 é o Número Europeu de Emergência: 1 derrota, 1 empate e apenas 2 vitórias, neste inicio da Liga, parecem ter ajudado o Presidente Rui Costa a, enfim, compreender a urgência em substituir Schmidt. Segundo o Presidente, os atuais maus resultados e as dececionantes exibições justificam a decisão agora tomada.
Na liga passada, quais foram os últimos quatro resultados do Benfica? O mesmo 112: 1 derrota com o Famalicão por 2-0 (toca alguma campainha?), 1 empate 1-1 (outra campainha?) com o Rio Ave e 2 vitórias. Mas aí, antes de começar a época atual, a chamada de urgência não foi atendida, com os custos desportivos e financeiros daí decorrentes.
Os mesmos factos-mas em Maio os factos não contavam para nada, pois não? -têm agora leituras e consequências distintas. Infelizmente, o Benfica parece ser uma ótima entidade para se aprender a decidir.
Lamentavelmente, os problemas do Benfica, vão bem além da figura do treinador. O seu ponto focal situa-se na politica desportiva e financeira prosseguida. Entre outros defeitos comentados em artigos anteriores, é uma política bifurcada, em matéria de futebol profissional e modalidades.
Em 23 de maio passado, comunicando as ambições para a temporada corrente, de forma que hoje parece absolutamente risível, Rui Costa, assegurou que " tudo está a ser feito para corrigir os erros" e que o objetivo do clube é " entrar a todo o gás na nova temporada".
Efetivamente, o Benfica contratou para esta época, alguns dos melhores jogadores do mundo. No hóquei em patins, Pau Bargalló, cinco vezes MVP da liga espanhola, um símbolo do Barcelona, após 8 épocas no clube, é considerado o melhor jogador do mundo. Com ele, regressa João Rodrigues, após 6 épocas no Barça. No futsal, André Coelho, outro dos melhores jogadores do mundo, troca o mesmo Barcelona pelo Benfica. O esforço financeiro do Benfica não será pequeno. São quase desconhecidas, as situações em que, para as mesmas funções, os salários em Portugal sejam superiores aos praticados em Espanha. Aliás, o salário médio português é 21,5% inferior ao espanhol e, se subirmos nos escalões de rendimento e património para encontrar maior afinidade com a situação descrita, o número de espanhóis no escalão de topo é 7 vezes maior que o número de portugueses (versus 4,5 na população geral). Para alegria do ministro das Finanças português, que conta agora com este exemplo favorável, o declive de Portugal face à Espanha, não impediu o Benfica de escalar a montanha e ultrapassar o hiato salarial entre os dois países ibéricos. Temos assim dentro do Benfica, um clube F (futebol) e um clube M (modalidades). O clube F opera num contexto hipercompetitivo a nível nacional e, ainda mais, a nível internacional. Tem o escrutínio diário apaixonado de sócios e adeptos, bem como dos media. Uma multidão de pessoas exigentes, aspira a títulos nacionais, a uma participação europeia relevante e, no geral, a exibições motivadoras. O clube M funciona num contexto bem mais acessível. Algumas modalidades que podem oferecer títulos europeus, funcionam de forma apenas regional no velho continente. Outras, sendo competitivas na Europa, concedem a possibilidade de títulos em Portugal. O escrutínio é menor, a pressão da comunicação social é anémica e a oportunidade de luzir títulos, encher as prateleiras do museu e apresentar generosas estatísticas de vitórias é elevada. Leandro Barreiro e Pau Bargalló, são as duas faces da mesma moeda. No lado F temos um funcional médio luxemburguês; no lado M, temos o melhor avançado do mundo de hóquei em patins. Compreendemos bem a Direção do Benfica. Visivelmente, não querem que os sócios e adeptos do clube fiquem presos à solidão e vulnerabilidade do futebol e, sobretudo, ao risco traumático de novos insucessos. Uma peregrinação ao pavilhão da Luz, três golos de Pau Bargalló e a coisa está feita! Celebramos colectivamente a nossa grandeza e a derrota dos rivais. E se, como em Famalicão e em Moreira de Cónegos, e apesar da mudança de treinador, novos melodramas assolarem o futebol, haverá que multiplicar as romarias ao pavilhão. Alguém da Direção estará presente para nos acenar e celebrar as vitórias nas modalidades. Um amigo benfiquista disse-me há pouco tempo: "este ano estamos outra vez tramados". Provavelmente sim."

Agora que Roger Schmidt já é passado, a questão de ter razão no tempo certo


"Rui Costa não quis ver o que estava à frente dos olhos e perdeu meses preciosos. Agora, para recuperar o tempo perdido, precisa de um milagre semelhante ao que Bruno Lage operou em 2018/19, sendo que é raro os raios caírem duas vezes no mesmo sítio…

Há quase quatro meses publiquei, em A BOLA e em ABOLA.PT, a análise que à frente passo a transcrever, pela óbvia atualidade de que se reveste. É claro que não tenho poderes que me permitem ler o futuro, e quando faço algum tipo de previsão limito-me a interpretar os sinais, conhecer o meio envolvente, e nunca desprezar a história. O Benfica, no caso de Roger Schmidt, brincou com o fogo e queimou-se, apostou na lotaria e o bilhete não saiu premiado, sucedendo a Rui Costa o mesmo que já tinha acontecido a vários dos seus antecessores.

118 DIAS ATRÁS…
Mas recuemos ao princípio de maio de 2024 e recuperemos o que então escrevi, com o título «Nem a história nem o bom senso aconselham a manter Roger Schmidt à frente do Benfica», a que se seguia um pós-título que enfatizava o dilema que se colocava ao presidente do Benfica - «Rui Costa tem de decidir se despedir o treinador é uma despesa ou um investimento; poucas pessoas conhecem o Benfica e os seus adeptos como o presidente, que tem que tomar uma decisão que irá definir a sua liderança…»
Nem a história nem o bom senso aconselham a manter Roger Schmidt à frente do Benfica Nem a história nem o bom senso aconselham a manter Roger Schmidt à frente do Benfica Rui Costa tem de decidir se despedir o treinador é uma despesa ou um investimento; poucas pessoas conhecem o Benfica e os seus adeptos como o presidente, que tem que tomar uma decisão que irá definir a sua liderança…
A análise que se seguia, apoiada em factos, com datas e nomes, rezava assim:
«O que está a acontecer com Roger Schmidt no Benfica não é novo nem no futebol, nem sequer no clube da Luz. O problema principal reside no divórcio litigioso entre sócios e adeptos dos encarnados e o treinador alemão, público, notório, e parece-me que irreversível, que limita drasticamente a margem de manobra face a um eventual insucesso pontual do técnico germânico na próxima temporada, assim continue ao serviço do Benfica.
Valerá a pena lembrar que Roger Schmidt — sem que se lhe questione o profissionalismo — nunca lidou bem com a crítica, achou-se acima do estado de alma dos únicos donos do clube, e teve sempre da realidade uma visão virtual, que ficou patente nas declarações surreais que proferiu após a derrota com o Famalicão, onde considerou a época positiva, com muitas coisas boas, ao mesmo tempo que Nicolás Otamendi, capitão de equipa, pedia desculpa aos benfiquistas por uma temporada medíocre, muitos furos abaixo dos padrões exigíveis ao clube da Luz.
Com contrato até 2026 (e há que dizer que quando Rui Costa decidiu prolongar o vínculo com o treinador alemão ouviu aplausos de todos os quadrantes, mesmo daqueles que agora, com memória curta, questionam esse ato de gestão), Roger Schmidt tem, ou não, condições para levar a nau benfiquista a bom porto em 2024/2025?
O que deve fazer Rui Costa, manter o técnico contra a vontade dos adeptos, ou dar por fim o consulado de Schmidt, arcando com as despesas inerentes? A história diz-nos, reportando-nos ao Benfica, que correu sempre mal manter um treinador que tenha acabado a época fragilizado. Talvez a situação mais parecida com uma exceção a esta regra tenha ocorrido com Jorge Jesus, que em Maio de 2013 perdeu o campeonato, com o golo de Kelvin, a final da Liga Europa, para o Chelsea, no último minuto, e a final da Taça de Portugal para o V. Guimarães de Rui Vitória. Mesmo assim, porque tinha sido campeão em 2009/2010 e chegado a uma final europeia, Luís Filipe Vieira decidiu mantê-lo e JJ foi campeão em 2013/14 e 2014/15.
Porém, será pertinente lembrar que Jesus só não foi despedido à segunda jornada da época de 2013/2014, porque, quando perdia em casa com o Gil Vicente por 1-0, Markovic (90+1) e Lima (90+2) deram a volta ao resultado e evitaram a chicotada que parecia inevitável.
Em todos os outros casos, no últimos 30 anos, sempre que Manuel Damásio, Vale e Azevedo, Manuel Vilarinho ou Luís Filipe Vieira decidiram começar a época com treinadores já fragilizados, tal como sucede agora com Roger Schmidt, a vida não lhes correu bem.
Vamos então a factos:
Artur Jorge, que chegou à Luz com inúmeros anticorpos trazidos das Antas, depois de uma atribulada época de 1994/1995 (em que foi submetido a uma cirurgia delicada), foi alvo de grande contestação, mesmo assim começou a temporada de 1995/1996, e acabou despedido a 9 de setembro.
Paulo Autuori, que teve um alargadíssimo período de adaptação ao Benfica, sendo responsável pela estruturação do plantel, o que lhe gerou alguma impopularidade, durou apenas seis meses.
Manuel José, que aterrou na Luz em janeiro de 1997, chegou contestado a 1997/1998, e viu o contrato rescindido a 20 de setembro de 1997.
Jupp Heynckes, depois de uma época cheia de turbulência, essencialmente por culpa de Vale e Azevedo, não sobreviveu à derrota em Vigo, que provocou um rombo nas relações com os adeptos e lhe acabou com o estado de graça. Mesmo assim começou a época seguinte, 2000/2001, e acabou despedido a 18 de setembro de 2000.
Toni, que tendo antes sido bicampeão como treinador, aceitou ser bombeiro para o fogo que lavrava na Luz em 2000/2001, acabou essa época penosa para o Benfica (6.º lugar), e na temporada seguinte não chegou ao Natal.
Jesualdo Ferreira sucedeu a Toni, terminou essa época de 2001/2002 sem grande brilho, e na temporada seguinte foi despedido a 24 de novembro, depois de ter sido eliminado da Taça, em casa, pelo Gondomar.
Fernando Santos, que fez uma época razoável em 2006/2007, mas nunca caiu nas boas braças do Terceiro Anel, foi mantido no cargo em 2007/2008, e despedido após a primeira jornada!
Rui Vitória, que venceu os dois últimos campeonatos do tetra, teve uma terceira época sofrível, recebeu contestação, e depois de ser deixado pela Direção do Benfica em banho-maria tempo demais, acabou por rescindir o contrato a 3 de janeiro de 2019.
Finalmente, Jorge Jesus, que regressou à Luz contra a vontade da esmagadora maioria dos sócios e adeptos do Benfica, acabou despedido na segunda temporada, a 28 de dezembro, e só não o foi antes porque a pandemia colocou o futebol à porta fechada, e a contestação ao atual treinador do Al Hilal só se fez sentir com intensidade quando as bancadas voltaram a estar preenchidas.
Ninguém terá dúvidas de que Roger Schmidt não goza das boas graças do Terceiro Anel e que, inclusivamente, será, de todos os nomes que acima foram invocados, aquele que patina em gelo mais fino. E nem valerá a pena perder tempo a avaliar de quem foram as culpas da situação a que a relação do treinador com sócios e adeptos chegou.
Aliás, seria bem interessante que fosse clarificada a responsabilidade na feitura do plantel, que jogadores foram desejados por Schmidt e quais aqueles que lhe foram impostos, para se perceber como foi possível, num ano apenas, desequilibrar um plantel que primava pela homogeneidade e hipotecar um modelo de jogo que teve sucesso enquanto foi baseado na pressão alta, o que obrigava a que todos se emprenhassem a fundo no processo de recuperação da bola. Mas deixemos o detalhe dessa análise para outra ocasião. Para já, é por demais evidente que Rui Costa tem em mãos um problema delicado, de cuja resolução poderá depender em grande medida o sucesso do Benfica em 2024/2025.
O bom-senso aponta para que, perante a degradação da posição de Roger Schmidt, o Benfica dê por terminada a relação com o treinador alemão e vá em busca de uma solução inclusiva, empática e ao mesmo tempo ambiciosa e competente. A história, como se viu, vai exatamente no mesmo sentido. Tem a palavra Rui Costa…»

A CRIANÇA NOS BRAÇOS
Pois é, precisamente 118 dias depois da publicação desta análise, é Rui Costa que tem a criança nos braços, tarde e a más horas, já sem tempo para formatar o plantel à medida do modelo de jogo do novo treinador, a quem entregará um grupo de jogadores heterogéneo, com demasiados cromos repetidos, e algumas lacunas importantes que só poderão ser corrigidas em janeiro.
Contas feitas, Roger Schmidt durou mais três jornadas que Fernando Santos (recordista absoluto, despedido à primeira jornada), mais uma que Artur Jorge, as mesmas que Manuel José e menos uma que Jupp Heynckes. Nada de novo, pois, em casos de divórcio com o Terceiro Anel…
Neste contexto, não é preciso ter doutoramento em futebol para saber que, tirado da equação o principal alvo do descontentamento dos benfiquistas, a mira passou a estar apontada a Rui Costa, que deverá ter consciência de como é fino o gelo em que a partir de agora passa a patinar. O presidente do Benfica, mesmo assim, tem um trunfo que continua a poder jogar, desde que consiga inverter, acertando na escolha do novo treinador, o plano inclinado em que caiu a sua popularidade junto dos adeptos: Rui Costa é um ídolo do clube, ninguém lhe dá lições de benfiquismo, e a qualquer momento, porque nunca foi um presidente como os outros, poderá recuperar o que a teimosia por Schmidt lhe fez perder.

O FENÓMENO BRUNO LAGE
É certo que encontrar um fenómeno como o de Bruno Lage, que pegou numa época perdida (18/19) e acabou a festejar no Marquês, é altamente improvável (mesno para Lage). Mas em relação a Bruno Lage há que dizer mais, já que é apontado como uma das soluções mais consistentes para render Schmidt. O que ele fez nos primeiros 38 jogos de Liga em que esteve à frente do Benfica é absolutamente inaudito, já que nessas partidas, 19 de 2018/19 e 19 de 2019/20, venceu 36, empatou um e perdeu o outro. É certo que dificilmente um raio cai dua vezes no mesmo sítio e este é um momento da época de particular escassez de soluções quanto a treinador, porque, convenhamos, para o nível de exigência do Benfica, os nomes ‘à prova de bala’ não abundam, antes pelo contrário, a Champions está à porta e as ambições na Liga já passam por recuperar os cinco pontos deixados no Minho. É verdade, quando se fala em Lage, que o Benfica teve regressos de sucesso ao banco de responsáveis – por exemplo, Otto , Toni, Eriksson e Mortimore foram campeões na segunda passagem, depois de o terem sido na primeira – e casos em que isso não sucedeu, como Bèlla Guttmann e Jorge Jesus.
Mas dificilmente o sucessor do técnico alemão não virá alertado para as insuficiência demonstradas pelo Benfica, nomeadamente a previsibilidade do duplo pivot, a ausência de jogo exterior e a ’overdose’ de jogo interior, e a escassez de presença na área contrária. Se a tudo isto se associar uma gritante incapacidade de ser agressivo no momento de recuperar a bola, o retrato traçado não fica bonito, mas ficará, pelo menos, fidedigno.

A QUESTÃO POLÍTICA
Haverá, também, neste puzzle encarnado, que encarar a questão política, que já esteve presente de forma veemente nas últimas AG’s, e que perante este ‘restart’ há muito exigido por sócios e adeptos e agora decidido por Rui Costa, não deixará de tender a avolumar-se, especialmente se, no imediato, não houver uma inversão, quer dos resultados, quer da qualidade do futebol. Há, no Benfica, duas tendências opositoras organizadas, que estão permanentemente atentas aos desenvolvimentos na vida do clube, e perfilam-se como alternativas, em futuras eleições. E, como já o disse e escrevi inúmeras vezes, por melhor que seja a gestão de um clube, por mais equilibradas que estejam as contas, por mais sucesso que se obtenha nas modalidades ditas amadoras, o que faz e derruba presidentes são, em primeiro lugar, os resultados do futebol, e logo a seguir a perceção que haja relativamente ao rumo que a liderança está a dar à política desportiva do clube. E, neste particular, se a saída de Enzo Fernández foi vista pelo universo encarnado como inevitável, e ficou muito nítida a imagem de um presidente que fez tudo para manter o argentino na Luz pelo menos até ao fim da época, o mesmo não pode ser dito da transferência de João Neves para Paris, por valores que, embora altos, ficaram longe do potencial do jogador, para lá do rombo desportivo, ou da partida de David Neres e a ver vamos de quem mais.
Vêm aí os jogos da Seleção Nacional, e durante duas semanas o Benfica, leia-se Rui Costa, vai ter espaço e tempo para apresentar soluções. Depois, quando o Santa Clara visitar a Luz a meio de setembro, e logo a seguir se iniciar a nova Liga dos Campeões, será novamente a ditadura dos resultados, para o bem ou para o mal, a ditar leis…

PS – Depois de uma década de estabilidade relativamente a treinadores, dividida entre Jorge Jesus e Rui Vitória, que rendeu seis títulos nacionais, o Benfica tem sido pouco assertivo nas escolhas – Jorge Jesus, um excelente treinador, não tinha condições para regressar à Luz, e só não saiu mais cedo porque se cruzou com os jogos à porta fechada por causa da pandemia, e Roger Schmidt foi mais um cometa do que uma estrela, que viu prolongada em demasia a sua estadia em Lisboa – enquanto que o FC Porto manteve Sérgio Conceição durante sete anos, e ainda está por saber quanto tempo durará o consulado de Rúben Amorim em Alvalade. Se isto não for matéria de reflexão na Luz, se Rui Costa não afastar rapidamente o rótulo (provavelmente injusto, mas existente) de presidente hesitante que se lhe colou à pele, os problemas do Benfica, paradoxalmente numa altura em que tem o estádio sempre cheio e uma lista de espera para Red Passes de 20 mil sócios, tenderão a avolumar-se, até uma rotura que desembocará em eleições antecipadas."

Schmidt, Jesus, Lage e os sinais que o futebol deixa


"Os problemas, e a ocasional vantagem, de insistir num treinador que todos querem ver pelas costas

A saída de Roger Schmidt após o empate em Moreira de Cónegos só terá surpreendido os próprios dirigentes do Benfica, que acreditaram que o alemão poderia dar a volta a uma situação que, manifestamente, parecia insustentável já na época passada. Talvez a culpa seja do alemão, que elevou demasiado a fasquia nos primeiros seis meses na Luz. Foi sol de pouca dura. A segunda metade da época do título já tinha sido penosa e 2023/2024 foi uma acumulação de equívocos tal que surpreende a convicção, que Rui Costa confirmou em conferência de imprensa no sábado, de que Schmidt poderia dar a volta.
Acreditava o presidente do Benfica «que era mais fácil voltar a fazer o primeiro ano de Roger Schmidt do que o segundo ano de Roger Schmidt». Não sei porquê. Todos os sinais mostravam um declínio acentuado. Mais, como pode ler também em opinião do José Manuel Delgado, as decisões de manter treinadores que toda a gente quer ver pelas costas raramente resultam.
Há uma exceção: Jorge Jesus, em 2013, depois de perder três finais num mês — Liga, com derrota no Dragão na compensação; Liga Europa, com derrota frente ao Chelsea na compensação; e Taça de Portugal, com derrota frente ao Vitória de Guimarães na final, agravada pelo incidente com Óscar Cardozo. Mas por muitos erros que tenham sido cometidos nessas três finais, o Benfica teve manifestamente azar. Mais: jogava bem. Vieira insistiu na continuidade de Jesus, que não só fez, em 2014, o tri interno (campeonato, Taça e Taça da Liga) como ainda repetiu presença na final da Liga Europa (que o Sevilha ganhou nos penáltis).
O que me leva a Bruno Lage, o preferido da SAD encarnada para suceder a Roger Schmidt. Na época 2018/2019, quando foi promovido da equipa B para substituir Rui Vitória, somou 18 vitórias e 1 empate no campeonato para recuperar desvantagem de sete pontos para o FC Porto e ser campeão. Na seguinte, tudo correu bem até ao fim de janeiro; depois, ganhou dois jogos em dez (com quatro empates e quatro derrotas) e foi despedido.
Mas mesmo naquela primeira época a recuperação foi espetacular mas o futebol não. O Benfica viveu da inspiração de João Félix e ganhou muitos jogos que não deveria ter ganho. Os sinais de que algo poderia correr mal estavam lá todos. Insistir num treinador cujos trabalhos seguintes, no Wolverhampton e no Botafogo, ficaram muito aquém das expectativas parece-me uma solução demasiado perigosa para o estado atual do clube."

Benfica - o importante é ter saúde


"Saída de Rui Costa da bancada do estádio do Moreirense foi sinal claro de que algo teria de mudar

Minutos depois do sorteio da nova Liga dos Campeões, na semana passada, os comentários na publicação do Benfica na rede social X que anunciava os adversários eram um bom barómetro do que os adeptos estavam a sentir.
Um sugeria ao presidente Rui Costa vender este e arranjar novo sorteio, outro suspirava: o importante é ter saúde. Diz muito sobre o estado anímico dos adeptos - e ainda estávamos em agosto. Desânimo. Desconfiança. O sentimento de que se calhar nem vale a pena ir defrontar Bayern Munique, Barcelona ou Atl. Madrid.
Depois, o jogo pobre frente ao Moreirense (1-1) e, nas entrevistas rápidas, um desalinhamento – mais um - entre as declarações do capitão Nicolas Otamendi e o treinador Roger Schmidt, que muitas vezes surpreendeu com a análise ao jogo. «O primeiro tempo não foi, de todo, bom. Temos muito a melhorar e vamos ver se depois da paragem para as seleções temos reação rápida», disse o argentino.
«Para ser honesto, não sei porque não estamos a conseguir marcar golos», disse o alemão. Por esta altura, 23 horas de sexta à noite, Schmidt já não era mesmo treinador do Benfica. Deixara de o ser no momento em que Rui Costa saiu da bancada do estádio do Moreirense, após o golo da equipa da casa. Imagem forte de mais para não ter uma consequência. E Schmidt sabia-o, pela forma como recolheu rapidamente ao balneário.
Também podemos ver o lado do treinador. Ficou sem jogadores importantes, sim – não se cansou de referir Gonçalo Ramos e Enzo Fernández muito depois de terem saído. E ainda agora falou em Grimaldo, quando citava jogadores-chave perdidos como vai ser – ia ser? – João Mário. O que fez a SAD para compensar as saídas, num mercado feito por empréstimos, como Amdouni? Há João Neves, sobre o qual não terá tido muito a dizer, e David Neres – aqui sim, pois a ideia que ficou foi que o jogador quis sair. E quando não há espaço para um jogador destes...
Contas feitas, quem desajudou mais quem? A SAD que não deu a Schmidt peças equivalentes, ou o treinador que não as soube por a jogar? Sendo a separação inevitável, importante mesmo é ter saúde."

Só Pinto da Costa saberá como travar Gyokeres


"António Lobo Antunes disse um dia, numa entrevista, que tinha péssima memória: «Lembro-me de tudo», justificou. Concordo. Recordarmo-nos de tudo, de facto, não dá jeito algum. Quem não tem memória péssima é Pinto da Costa. Não se lembrou que era semana de Sporting- FC Porto e desatou a dar entrevistas atrás de entrevistas atrás de entrevistas atrás de entrevistas e sempre a dar bicadas.
A Frederico Varandas? Não. A Hugo Viana? Não. A Rúben Amorim? Não. Ao Sporting? Não. Ao seu próprio clube: o FC Porto. Poderia ter optado por elogiar o novo rumo do FC Porto ou por ser elegante para com André Villas-Boas e aquilo que o presidente do FC Porto tem feito nos últimos quatro meses. Não o fez. Deve ser mesmo difícil sair de um local onde estamos há 42 anos, sobretudo quando, com o tempo, ficamos a parecer uma lapa agarrada a um rochedo. Todos temos ego e, apesar de os budistas dizerem que, sem ego não há problema, compreende-se que seja um período difícil para ele. O mais fácil é atacar tudo e todos. Ou quase tudo e quase todos.
Não teria vendido agora Evanilson; com Sérgio Conceição haveria alguma possibilidade de o FC Porto voltar a ser campeão da Europa, agora não há qualquer possibilidade; traidor é uma palavra muito forte, talvez deselegante seja mais apropriado. Escaparam (para já) Jorge Costa e Andoni Zubizarreta. Alguma vez comprou ou tentou comprar um árbitro? Não. Já fez as pazes com Filipe Vieira e até, pasmem-se os mais pasmos, com Bruno de Carvalho. A continuar assim, qualquer dia mostra o cartão de sócio do Benfica ou então ainda aparece a dizer que isto do futebol feminino não lembra ao diabo.
Qualquer dia o Sporting muda de nome e passa a chamar-se Gyokeres Clube de Portugal. A marca do sueco neste Sporting só é comparável, nos últimos 50 anos, à marca de Hector Yazalde no Sporting de 1974 e à de Jardel no Sporting de 2002. Diz-se que faz sempre a mesma jogada e os adversários já deveriam saber travá-lo. Robben, meus caros, também fazia sempre a mesma finta, derivava sempre para o mesmo lado, rematava sempre com o mesmo pé e sempre da mesma zona e sempre com a mesma potência. E no entanto, como diria Galileu, a bola movia-se e entrava.
Deve haver, claro que deve, uma forma de parar Gyokeres. Que não é, decerto, a encontrada por Otávio. A verdade é que, quanto mais joga, mais o sueco parece quase imparável. Talvez Pinto da Costa, numa das próximas temporadas de entrevistas, desvende a forma ideal para parar Gyokeres. Só mesmo ele saberá como."