terça-feira, 3 de setembro de 2024

Que caiamos juntos


"Adoro viajar. Aproveito todas as oportunidade para explorar um lugar que ainda não conheço. Por conta desta meu hobby, já entrei em aviões umas quantas vezes. Há algo que é transversal a todas elas: o receio de que algo possa correr mal. Melhor dizendo, a sensação de que não estamos no controlo da situação, mas entregues, de corpo e alma, às funções executivas de alguém.
De há algumas viagens para cá recorri à seguinte fórmula: olhar para quem toma as rédeas da deslocação e assumir como minhas as suas sensações. Onde encontrava medo, passei a encontrar descontração. De inseguro, passei a confiante. De medroso, a valente. De assustado, perturbado e temeroso, a relaxado, bem-disposto e tranquilo. No fundo, passei de ser tudo aquilo que eu era, a ser tudo aquilo que os oficiais de bordo aparentavam ser.
Algo diferente teria ocorrido se, às tantas, um dos empregados de bordo pegasse num paraquedas e abandonasse o voo. Pior: se, antes disso, um beep rompesse o silêncio e uma luzinha vermelha iluminasse o avião - o presságio de que estamos f******. Ainda pior: se, ao longo da viagem, esse mesmo empregado tivesse levado as mãos à cara um par de vezes, "bufado" de desespero outras tantas e apresentado uma expressão ininterrupta de aluno impreparado ao longo da viagem.
A esta hora, Rui Costa grita "bingo": completa na perfeição o quadro acima descrito. Um senhor que, logo que não se aperalte para a entrevista da praxe, representa tudo aquilo que reconheci ao tal empregado. Uma pessoa cuja expressão in-game é não mais do que a imitação rasca daquela que vos descrevi. Alguém que, à semelhança de um oficial de bordo que foge de paraquedas, achou por bem levantar-se e desaparecer de vista aquando do golo do adversário. Uns dizem que não queria enfrentar a ira dos adeptos e que foi embora com o motorista. Outros, que foi ao balneário dar mais uma "surra" à equipa, não tivesse o último murro na mesa dado origem a um tremor de terra. Meto as mãos no fogo: nem uns, nem outros, adeptos como nós, abandonariam a equipa. Rui Costa, o Presidente, fê-lo.
Ao dia de hoje, os beeps são ensurdecedores. As luzinhas vermelhas são mais do que as estrelas. Asfixia-nos a sensação de que realmente estamos f******. De que, mais do que nunca, o avião está a cair. Desta vez, deixo a exigência no bolso: a Rui Costa peço somente que não mais recorra ao paraquedas. Se for para cairmos, que caiamos juntos."

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