sábado, 3 de agosto de 2024

Vermelhão: Último treino, antes da 1.ª batalha...

Benfica 0 - 1 Fulhan


A seguir à goleada com o Feyenoord nem tudo estava bem, nem hoje, após a derrota com o Fulham está tudo mal! Hoje, faltou essencialmente, a eficácia dos primeiros 18 minutos do jogo da Luz, faltou agressividade na 1.ª parte... e ainda faltou um árbitro minimamente competente!!!

Aursnes e João Mário, nas Alas não é novidade, no ano do 38 aconteceu várias vezes, principalmente com as lesões do Neres, se a equipa fica mais equilibrada na pressão, perde criatividade, e torna-se demasiado previsível... Hoje, na 1.ª parte, só o Prestianni conseguia desequilibrar!

Mas no inicio do 2.º tempo, praticamente com a mesma equipa, aumentado a agressividade, tudo mudou! Mesmo com basicamente 4 centro-campistas de características 'parecidas', sem Alas de raiz, conseguimos criar perigo, dominámos, mas não conseguimos marcar...

Com as primeiras substituições, a equipa 'melhorou': com o João Mário no meio, a bola circulou mais rápido, e o Kokçu também entrou bem para o lugar do Prestianni... mas com o adversário a substituir 'lentamente' toda a equipa, voltámos a ter muitas dificuldades em dominar territorialmente a partida!

Resultado bastante injusto, o Trubin foi obrigado a uma defesa, o golo do Fulham nasce na sequência duma falta óbvia sobre o Bah; e no 2.º tempo houve um penalty descarado também sobre o Bah!

Apesar dos bons sinais, o meu principal problema com esta pré-época, é o facto de neste momento não existir um 11 tipo!!! Ainda falta o Di Maria e o Otamendi (Argentina foi eliminado hoje...), o Kokçu fez os primeiros minutos, e o próprio António ainda está a ganhar ritmo! Com a saída do Neves e a chegada do Sanches, também podemos ter aqui outro jogador 'novo' no 11, sem automatismos com os companheiros! Isto além das lesões do Rollheiser e do Schjelderup!!!

A dupla de meio-campo, Tino/Barreiro ainda não me convenceu, são dois jogadores muito parecidos, que gostam de pressionar alto, mas dão espaço nas costas, e com a bola no pé, não têm qualidade para serem 'patrões'! Aliás o João Mário tem feito bons jogos nesta posição... e até o Martim Neto tem demonstrado boa qualidade, principalmente nos passes médios/longos algo que esta equipa precisa... além disso, o Neto parece-me ser o jogador com mais 'cabeça' na recuperação, não é tão forte, na pressão alta, é mais posicional, mas isso é necessário... o Rollheiser que começou tão bem, está a fazer muita falta...

Faltam nove dias para a estreia no Campeonato, muitas dúvidas no 11, mas a certeza que o treinador tem opções, mesmo com o plantel ainda 'aberto' para entradas e saídas, como o Rui Costa confessou... Agora, falta encaixar as peças...

Benfica: «Di María para quê?»


"Ironicamente, aqui chegados, o jogador de maior carreira no plantel e que na época passada teve números estatísticos incríveis é discutido nas bancadas da Luz.

O Benfica está a fazer uma boa pré-época, tanto assim foi que, como se previa, o negócio João Neves/Renato Sanches pôde acelerar entre uma goleada ao Feyenoord e uma enchente no Algarve com o Fulham que, esperam os adeptos encarnados, continue a somar triunfos e exibições de acordo com as expectativas.
Isto apesar de alguns contratempos, como as lesões de Rollheiser e Schjelderup, que mais do que terem afetado ânimo dos adeptos, afetaram as esperanças deles próprios.
Agosto é um mês de futebol: de jogos de pré-época, de jogos oficiais, de supertaças, qualificações europeias, inícios de campeonatos, sorteios de UEFA e fim de mercado. No fundo, sem nos darmos conta, é o mês em que mais futebol se consome, até pela expectativa de um novo começo.
No Benfica, será um recomeço, com Roger Schmidt a recuperar ideias e alguns adeptos – ainda haverá ceticismo pela Luz. Os sinais da equipa são bons – já o escrevi antes, também são no Dragão e Alvalade -, mas o verdadeiro teste será quando chegar a peça que está em falta: Di María.
Ironicamente, aqui chegados, o jogador de maior carreira no plantel e que na época passada teve números estatístico incríveis é discutido nas bancadas da Luz. Porquê? Porque ele é também o que tem maior estatuto.
Ninguém duvida do talento que El Fideo ainda tem. Capaz de ganhar jogos, de fazer coisas que, provavelmente, só ele consegue fazer apesar do muito talento que brota na I Liga. Aqui a questão é a quantidade de vezes, a recorrência, portanto, com que ainda o faz.
Esse, a gestão do seu melhor jogador, é um desafio que Roger Schmidt ainda tem de mostrar aos exigentes benfiquistas que é capaz de lidar. Porque essa dúvida é aquela que ainda paira no ar: como vai ser quando chegar Di María?
O coletivo está a responder bem - mesmo sendo pré-temporada na qual todas as análises devem ser prudentes - está confiante, está solidário e, sobretudo, responde taticamente. Seja numa direita do ataque ocupada por João Mário ou por um mais criativo David Neres. Já agora, até o treinador parece mais ativo na lateral.
Após a goleada de 5-0 ao Feyenoord vi numa rede social a pergunta: «Di María para quê?» Essa não pode ser uma dúvida que paire no ar na realidade benfiquista de 2024/25. Roger Schmidt sabe-o e confia que tem a resposta certa."

Villas-Boas, Rui Costa, Varandas: tão diferentes, tão iguais


"O frenesim do costume: especulações, empresários interessados em valorizar os seus jogadores, comunicação social ávida de novidades (e quanto mais impensáveis, melhor…), clubes à procura de soluções boas e acessíveis no mercado internacional, scouters a tentarem valorizar as suas leituras nos escalões etários mais baixos ou em mercados cujas posições financeiras são mais atraentes para os clubes de média dimensão, habitualmente entrepostos de jogadores no acesso às principais ligas, valorizando-os e realizando importantes mais-valias financeiras.
Portanto, o normal numa altura da temporada em que a bola vai, finalmente, começar a rolar a sério, numa perspetiva muito aguardada pelos adeptos e muito temida pelos técnicos, uma vez que a loja continua aberta e todas as transações são verosímeis, se aparecer algum interessado endinheirado…
Têm , portanto, a palavra os dirigentes e, sobretudo, os presidentes, sabendo-se como se sabe que Portugal cultiva um regime profundamente presidencialista na gestão dos principais clubes. E o mais curioso é que, depois de um final de época conturbado, com pretensas rescisões, convites, viagens-relâmpago, zangas internas e acusações de deslealdade, tudo começa com as peças no lugar, sem alterações de monta e com um conceito, o da estabilidade, a sobrepor-se à ditadura quase infantil das claques, à reação sempre epidérmica dos adeptos e a algum aproveitamento para o clickbite dos media digitais.
No Benfica, Rui Costa conseguiu, em maré revolta, o que parecia mais difícil mas, em simultâneo, mais importante: serenar os ânimos internos, resolver com alguma sabedoria a questão (recorrente nos últimos encontros da época passada) da contestação sistemática mas pouco adulta da claque organizada dos encarnados, recentrar a equipa profissional em torno do seu treinador (campeão em 2022/2023, é sempre bom recordar…), equilibrar o plantel com contratações cirúrgicas mas indispensáveis ao nivelamento de um grupo que tem sempre a ameaça dos tubarões europeus no concurso dos seus principais jogadores.
O presidente encarnado ainda tem, pelo seu lado, alguns fortíssimos argumentos: foi jogador de eleição (e dos que mais criteriosamente geriram a sua brilhante carreira nacional e internacional), um plano de valorização patrimonial e desportiva do clube longe de atingir o seu termo, e a noção exata de duas realidades que devem concorrer para o êxito benfiquista: a de que o Seixal terá sempre de continuar a ser um alfobre de qualidade acima da média, quer na perspetiva nacional, quer no cotejo de uma valorização que permita o encaixe financeiro necessário; e a de que a marca Benfica é, talvez, o mais importante e significativo património do clube da Luz para, de modo transversal e em diversas áreas, potenciar o seu universo e a sua dimensão global.
Apenas três quilómetros ao lado, mora o campeão nacional, um Sporting que tem em Frederico Varandas um dos seus elos mais fortes e valiosos. Um presidente com critério e visão de longo prazo, de aplicação desportiva imediata com um treinador que representa tudo o que o técnico português de futebol tem de excelente: jovem, conhecedor (também porque ex-jogador de bom nível), arrojado, com media training e capacidade disruptiva na comunicação, e com visão de futuro nos objetivos e nos meios (entenda-se, nos atletas) de que necessita para valorizar o clube e para se valorizar como profissional.
Os iludidos com a viagem-relâmpago a Londres (e alguns amigos até me garantiam tê-lo visto entrar em instalações de determinados clubes…) rendem-se agora à evidência: esse foi o episódio pensado para tocar a reunir numa altura determinante da temporada, em que o desafio do título parecia ameaçado e em que, na comunicação interna de balneário, era necessário um abanão, era fundamental uma campainha de aviso.
Amorim e Varandas foram e são os artífices de um Sporting moderno, renovado, reforçado na sua estrutura organizacional e capaz de enfrentar desafios como há muito não se via. A prova de que um clube — também ou, talvez, sobretudo em Portugal… — carece sempre de um backstage forte, com planeamento e organização incólumes às influências externas.
E se rumarmos a norte, a temporada que agora se inicia apresenta-se altamente desafiadora da nova gestão do FC Porto. O conhecimento transversal do futebol de alto rendimento que André Villas-Boas aporta ao Dragão é algo que não se via no clube há vários anos. Uma forte e vencedora dinastia não dura para sempre e Jorge Nuno Pinto da Costa bem merece ficar conhecido como o presidente dos presidentes. Mas os azuis e brancos precisam de mais. Precisam de nova visão, de uma reestruturação financeira que equilibre contas e permita investimentos, de um olhar prospetivo para as condições do clube e da sua expansão nacional e internacional, e de uma mensagem de vitória, positiva, agregadora e motivadora.
Ora a gestão de Villas-Boas sublinha tudo isso, até com a opção por Vítor Bruno, a quem sai o prémio de uma imensa fidelidade ao clube e a responsabilidade de suceder a um verdadeiramente mágico Sérgio Conceição (no modo como, durante sete anos, conquistou títulos e congregou adeptos).
São três símbolos tão distintos mas, com Rui Costa, Frederico Varandas e André Villas-Boas, tão iguais no que se pretende de melhor para a próxima época: rivais e oponentes no relvado; aliados e confluentes fora dele.
Para que, em Portugal, o futebol só tenha a ganhar.

Cartão branco
Completou ontem cinco anos de emissões regulares e continua a ser benchmark a nível mundial: o Canal 11 é o único 24/7 news agregado a uma federação de futebol em todo o mundo.
Tive o orgulho de integrar a sua equipa de lançamento e, durante um ano e meio, vestir a camisola de um projeto que continua o seu caminho, pleno de estratégia de longo prazo: fazer com que mais rapazes e raparigas gostem de futebol e pratiquem o jogo, mostrar o futebol em estado puro e dar espaço a centenas de protagonistas que, no mainstream, dificilmente o teriam.
Um abraço a todos os que continuam a fazer dele o canal do puro futebol.

Cartão amarelo
Falar de futebol, pela paixão que a modalidade arrasta, é transversal e provavelmente empolgante para a maioria.
Mas as discussões fúteis, agressivas, nada profiláticas e muito ruidosas (em sentido amplo do termo) promovidas por alguns operadores televisivos prestam um mau serviço à modalidade e estimulam rivalidades e, por vezes, ódios (sobretudo se plasmados em sede de redes sociais).
Aproveitemos o início de uma nova época para um pacto (ainda que apenas tácito) em torno do jogo, da modalidade, dos protagonistas. Critiquemos com moderação e percebamos que, uns sem os outros, o futebol não existiria…"

Instabilidade...


"Sócio Benfiquista que prefere ficar no anonimato.
Concordo plenamente com o que escreveu.
Juntos somos mais fortes
"A venda de João Neves para o PSG está a suscitar uma discussão que apenas serve o propósito de criar instabilidade no Benfica. Os mesmos que dizem que o regresso de Renato Sanches é uma manobra eleitoralista de Rui Costa, são os mesmos que se escondem atrás de João Neves para atacar a direção e um presidente eleitos por mais de 34 mil sócios do Benfica.
É preciso que um adulto na sala se chegue à frente e pare com este frenesim mediático. O negócio João Neves fez-se porque é bom para todas as partes. Bom, para o Benfica, que tem o seu modelo de negócio montado em cima das vendas que lhe permite ter planteis competitivos. Bom para o jogador, que resolve a sua vida e da família e bom para o futebol português que se continua a projetar como autêntica fábrica de talentos.
A contestação é ridícula e puramente emocional. A saída de João Neves não terá o impacto que se antecipa, na equipa, como as recentes exibições o provam e será resolvida, como sempre acontece, de uma forma coletiva.
O Benfica terá uma equipa melhor que a do ano passado, o João Neves terá um contrato muito melhor que o que tinha no Benfica e, no final do dia, é só isto que interessa. Muita desta discussão, não tem propriamente a ver com o João Neves e com o Benfica. Tem a ver com as eleições em 2025 e com o total desrespeito de uma minoria de adeptos do clube pela esmagadora maioria de sócios que mandatou a atual direção para tomar decisões como a que tanto criticam.
No fundo, manipuladas pelos restos de uma candidatura que perdeu as eleições em 2020, estas pessoas desprezam aquilo que tanto dizem defender. A democracia. Porque, em democracia, o pilar fundamental é o respeito pela vontade da maioria. Se calhar, em Outubro de 2025, está na altura dos Vascos Mendonças, os Pedro Ribeiros, os Manhãs, os Adões e de todos os seus peões digitais, aprenderem mais uma lição. Que, com a maioria silenciosa do Benfica, não se brinca.""

Maus hábitos!!!


"Em tempos, o FC Porto teve um treinador que dizia "temos de ter mais penaltis".
E foi o que se viu..."

O mea culpa inconsciente de um país com o dedo na testa


"Catarina Costa teve o azar de ser a primeira atleta portuguesa a entrar em ação nos Jogos Olímpicos. Os ansiosos adeptos da competição ainda estavam a sacudir o pó a três anos de espera. A judoca não teve uma prova de sonho. Na segunda eliminatória da categoria de -48kg, ainda pelo fresco da manhã, acabou derrotada pela paraguaia Gabriela Narvaez. Dois combates e todo o trabalho para chegar a Paris esvaziou-se sem recompensa. Digamos que até podia ter sido pior. No judo, existe a possibilidade de um atleta ser projetado para fora de cena em meros segundos, mas sabemos como são os críticos: olham sempre para o copo meio vazio.
No exercício masoquista de espreitar os comentários das publicações que iam divulgando a eliminação de Catarina Costa pelas redes sociais, foi fácil encontrar quem lhe atirasse à cara a ousadia de, antes de competir, ter falado na possibilidade de chegar às medalhas. O escárnio chegava ao ponto de questionar a ambição da atleta que, em Tóquio, ficou em quinto lugar. Felizmente, todos os críticos eram especialistas em judo, o que dá a Portugal boas perspetivas quanto ao futuro da modalidade (neste espaço, é igualmente permitido recorrer à ironia).
Também nos -48kg estava a competir Shirine Boukli. Por cada vez que combateu, recebeu uma overdose de entusiasmo contagiante. Tratava-se de uma onda de aplausos e gritos que nascia na última fila de cadeiras e desaguava no tatami onde arrecadou a medalha de bronze. O ambiente fervoroso era percetível na televisão, mas o Pedro Barata, o enviado da Tribuna Expresso aos Jogos Olímpicos, teve a lupa apontada aos detalhes da Arena Champ de Mars.
Sim, Shirine Boukli é francesa e isso foi condição primordial para ter o pavilhão do seu lado. Agora, coloquemos a situação noutra perspetiva. Num cenário hipotético, imaginemos que, amanhã, Portugal recebe os Jogos Olímpicos. Faz um investimento brutal em infraestruturas e condições logísticas e o mito acontece. Dá para imaginar mais de 8.000 portugueses a vibrarem com um combate de judo?
Portugal refastelou-se em cima de uma cultura desportiva unidimensional. Todas as modalidades, que não o futebol, são menosprezadas e, curiosamente, é aos intervenientes do desporto-rei que são permitidos mais deslizes (de toda a ordem, mas foquemo-nos nos técnico-táticos). E é aqui que se torna injustificável qualquer nota negativa à prestação de Catarina Costa, aspirante a médica e também judoca. É que apontar o dedo ao resultado menos bom de Catarina ou de qualquer outro atleta olímpico é apontar o dedo à cultura desportiva com palas, nada panorâmica ou abrangente, que pouco oferece e espera muito receber. Apontar o dedo a Catarina é dar com ele na nossa própria testa. É um inconsciente assumir de responsabilidades pela reduzida atenção que o país dá aos desportistas. Limitemo-nos assim a não perturbar o momento alto das suas carreiras.
Há o caso de Catarina Costa, mas não só. Há o caso de Ana Cabecinha, que foi mãe há três meses e vai participar na marcha. Ou o caso de Irina Rodrigues que vai desfalcar as escalas de médicos do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira para estar em Paris. A seleção de futebol, a quem todas as benesses são concedidas, mais uma vez, não está nos Jogos Olímpicos.
Por mais ou menos apreciadores que reúnam, os resultados vão aparecendo. Nelson Oliveira, no ciclismo de estrada, conquistou o primeiro diploma olímpico com o sétimo lugar no contrarrelógio. Os méritos não chegam ao ritmo dos Estados Unidos que terminaram o segundo dia de Jogos com 12 medalhas. Para isso, seria sempre necessário que os petizes tivessem acesso a uma oferta desportiva diversificada e cativante. Veja-se o caso de Chase Budinger, o norte-americano que jogou na NBA e hoje é atleta olímpico graças ao voleibol de praia, porque, em jovem, praticou as duas modalidades. Talvez um dia lá cheguemos."

Jogos Olímpicos: cerimónia majestosa


"A cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 foi muito longa ( 4 horas) e extensa , desta vez, não foi num estádio, mas sim no rio Sena ( 6 km) e em diversas zonas de Paris.
Os Jogos Olímpicos são um evento de alcance universal e isso foi conseguido. Teve várias inovações e a França mostrou o seu esplendor com um culminar da cerimónia nunca antes visto.
Uma cerimónia que só se deu por terminada quando chegou ao fim, tendo pelo meio surpresas, singularidade e excentricidade.
Voilà la France, depois de ter uns dias difíceis em que tudo tinha para não dar certo, em recentes eleições, num ambiente tenso e crispado. Em que vem sempre à memória distúrbios, atentados e o movimento dos coletes amarelos.
Começou, logo de manhã com as linhas do TGV incendiadas em França , por actos de vandalismo, assim como, o aeroporto franco-suíço de Basileia-Mulhouse foi evacuado por razões de segurança.
Nem a chuva conseguiu estragar esta cerimónia, que foi bela, espectacular, inclusiva, multicultural e inovadora.
A cena da última ceia é um pequeno pormenor que não agrada a todos. Também podemos dizer que não previram a chuva. Enfim!
A música de Cerrone "Supernature" e a coreografia de raios laser na Torre Eiffel foi um " must" desta cerimónia.
Um final bem francês, mas no verdadeiro sentido do seu chauvinismo.
A Torre Eiffel transformada em em palco, o cenário do Trocadero , a homenagem aos grandes astros históricos do desporto. Aqui o futebol é mais uma modalidade, teve a palavra Rafa Nadal, Serena Williams, Carl Lewis e Nadia Comãneci.
Gostei de ver a união dos atletas olímpicos e paralímpicos , o cortejo da tocha olímpica com seu campeão centenário e um caldeirão espectacular, um caldeirão nunca antes visto.
Na parte final uma Céline Dion, um exemplo de querer e tenacidade ao derrotar a sua doença em que encarna da melhor forma o espírito olímpico: acreditar, tolerar e melhorar.
No fim disto tudo, o que ficará na memória será o barco dos atletas no Sena, o cavaleiro prateado e o balão flamejante . Algumas óptimas imagens de verdadeira estatura olímpica.
A cerimónia de abertura de Paris 2024 não anulou as suas imperfeições, mas certamente apagou-as. Houve momentos polémicos, como um grupo de dançarinos e drag queens sentados em poses que recordavam representações da Última Ceia, a última refeição que se diz que Jesus tomou com os seus apóstolos, mas não manchou a beleza, a alegria, emoções ricas e foi um desfile espectacular, para puxar atrás e rever.
O director artístico do espectáculo, Thomas Jolly tinha prometido que a cerimónia iria celebrar a diversidade e a alteridade. Estou de acordo e acrescento elevado requinte e bom gosto.
Thomas Jolly afirmou que a sua intenção não era ser subversivo, gozar ou chocar. A sua mensagem de inclusão, tolerância e não divisão passou. Num Mundo tão dividido e intolerante é importante um acontecimento desta envergadura.
A França é pioneira, um exemplo na liberdade de expressão e nos direitos dos cidadãos.
Gostei da mensagem de amor, inovação, de viver em paz, num Mundo melhor unido em toda a nossa diversidade.
Agora é seguir os jogos na Eurosport que tem imensos canais com diversidade de modalidades e, até um canal 4K."

A raiva incontida de Elena que mandou 110 mil para um sítio feio


"Elena Schiavo foi considerada a melhor futebolista do seu tempo e tinha um feitio polvoroso.

Nos tempos da velha A Bola, ainda com todos os grandes mestres que fizeram o favor de me ensinar, almoçava com frequência com a vice-diretora do jornal e maior acionista, dra. Maria Margarida Ribeiro dos Reis, filha de um dos fundadores, o tenente-coronel Ribeiro dos Reis, inseparável amigo de Cândido de Oliveira, ambos com profundos conhecimentos no futebol internacional. Foi por causa da Doutora, como era tratada por toda a redação, que simpatizei com a figura de Stanley Rous, o presidente da FIFA de 1961 a 1974, e que ela conhecera ainda muito jovem. A simpatia veio por terceira pessoa, mas a verdade é que Sir Stanley Ford Rous era um conservador empedernido, como qualquer velho inglês, e tinha morrido há pouco tempo quando os almoços no Farta Brutos e no Papa Açorda se foram tornando mais frequentes. Curioso porque, falando com uma senhora, tentava formar a imagem de um homem que tanto lutou contra o crescimento do futebol feminino, tendo chegado a proibir, como presidente da The Football Association, todos os clubes ingleses de terem equipas de mulheres a jogar nos seus campos, nem que fossem de treino. A dra. Maria Margarida abandonou A Bola antes desta cair no pavoroso buraco de onde nunca mais saiu. E morreu antes dela, por assim dizer. De uma e de outra restam memórias de um tempo feliz em que o trabalho e o divertimento se misturavam para fazer páginas únicas que jamais voltarão a ser o que foram e se arrastam, hoje em dia, até com o cabeçalho amputado, num deserto aflitivo e que dói em muitos de nós. Enfim, comecei por aqui mas onde queria chegar era a outra senhora, também ela tão infeliz como a Doutora no fim da sua vida: Elena Schiavo, nascida em Mereto di Tomba, uma cidadezinha do planalto veneto-friulano, no dia 14 de janeiro de 1949, felizmente ainda viva para assistir ao triunfo universal do futebol das mulheres.
Em 1971 participou no primeiro Campeonato do Mundo Feminino, uma prova abafada pela imprensa europeia e atirada pela FIFA para o poço do olvido, a despeito de os jogos no Estádio Azteca da Cidade do México terem recebido mais de 110 mil espetadores, números hoje em dia impossíveis de cumprir. A Itália seria eliminada numa das meias-finais, pelo México, jogo muito condicionado por um árbitro tão caseiro que fez Elena perder a tramontana e andar por ali, pelo meio do campo, ao som insuportável de assobios estrídulos, a prometer e a dar porrada a quem lhe aparecesse pela frente. Sempre foi de paciência curta como um pavio de pólvora. Mas isso não a impediu, e se calhar até ajudou, de ser considerada a melhor jogadora do mundo do seu tempo. «Li ho insultati alla fine, frustrata dalla sconfitta», diria mais tarde. «Mandei todos os cento e dez mil para o lugar que vocês sabem».
Foi em 1963 que Elena começou a jogar em Cormons, uma cidade perto da sua, junto à fronteira com a Eslovénia, num clube apelidado de Furie Rosse, o que vinha a propósito do seu feitio sensível. Nessa altura também praticava atletismo tirando partido da sua estatura alta e esguia. cinco anos mais tarde, a Federação Italiana, à revelia da vontade da FIFA de Sir Stanley, criou a Série A do Campeonato Italiano Feminino, e clubes como o Génova, a Lazio, a Roma e o Bolonha abraçaram o projeto. E, assim sendo, Elena Schiavo tornou-se apelativa para quem ansiava por títulos. Em 1969 foi para a Roma e ganhou o campeonato; em 1970 mudou-se para o Real Torino e ganhou o campeonato outra vez. Continuou a carregar o facho ardente da vitória no Astro Corsetterie Torino, no Falchi Crescentinese e no Montecatini, com vitórias na Coppa Itália, mas a sua transferência para a Juventus em 1975 foi como uma praga que Elena não merecia. Um lesão no joelho impediu-a de fazer um jogo que fosse com a camisola juventina e, pouco depois, o clube acabou com a sua equipa de raparigas. Nos quatro anos que se seguiram vestiu quatro camisolas diferentes, mas só foi campeã com a do Valdobbiadene. Tinha trinta anos quando as dores constantes a obrigaram a parar. Estava no Gorgonzola, verteu lágrimas tão amargas quanto as que tinha entornado na camisola azul da Itália em 1971, um momento que jamais conseguiu esquecer. «Mi ricordo ancora le voci dagli spogliatoi», afirmou numa entrevista recente. «Sonhávamos trazer aquela taça tão bonita para casa, mas o árbitro queria as mexicanas na final. Perdi a cabeça e chamei-lhe os nomes todos». Um ano antes, contra a Dinamarca que venceu esse Mundial apagado da História, Elena tinha recebido 60 mil liras por um golo, em Turim, contra a mesma Dinamarca. «Ho spedito un rigore in curva. Mi hanno dato della puttana in 60 mila. Però non male vero? 60 mila erano venuti a vederci». Sempre foi uma mulher sem medo das palavras."