A gratidão nacional e a seleção nacional


"Não foi bom o Europeu de Portugal. Foi de menos a mais, com uma exibição muito competente na despedida, mas esta foi uma seleção que demorou a assentar num plano de jogo, viveu um experimentalismo tático com alteração de estruturas – dois e os três centrais? - que consumiu tempo e revelou escassa utilidade, sofreu com algumas opções incompreensíveis, em que avulta a substituição de Vitinha com a Eslovénia, e não teve, o que é óbvio ao fim de cinco jogos, verdadeiro poder de fogo no ataque. Os mais de 300 minutos sem conseguir marcar um golo com que despediu da prova são eloquentes.
Cristiano Ronaldo não foi naturalmente o único problema, mas foi um problema, como se adivinhava, em particular após o jogo com a Irlanda, que iludiu quanto à condição atual daquele que é um dos melhores futebolistas mundiais de sempre. Ronaldo não devia ter sido titular indiscutível da seleção e menos ainda participar (quase) todo o tempo em todos jogos, prolongamentos incluídos. Parece hoje evidente que a sua história, única e incomparável, não o pode eternizar nas opções táticas, porque não pode a gratidão nacional a definir o onze da seleção nacional. Jogando tempo idêntico, é difícil imaginar que Gonçalo Ramos, Diogo Jota ou João Félix – aqueles que também podiam desempenhar a função – não tivessem acrescentado golos à carreira lusa no torneio da Alemanha.
A gestão do futuro não se afigura fácil, sem que se descortine uma solução ótima. Cristiano Ronaldo não deu sinais de querer abandonar o grupo e parece até óbvio – e respeitável, do ponto de vista pessoal - que pretenda outro final para a sua história de quinas ao peito. Assim, contar ou não com CR7 na Seleção, e em que moldes – não sendo eu adepto de teorias da conspiração ligadas a influências de A ou B - estará na exclusiva competência e responsabilidade de Roberto Martínez. Quando o técnico espanhol assumiu a equipa de Portugal, Fernando Santos tinha acabado de virar uma página, assumido pela primeira vez, com atos – a colocação de Ronaldo a suplente em dois jogos do Mundial do Catar – que o craque indiscutível tinha deixado de o ser. Instalou-se um psicodrama, os três golos de Ramos de pouco valeram, a seleção perdeu com Marrocos e Santos caiu. Recém-chegado, Martinez foi à Arábia falar com o português mais famoso do mundo e decidiu que mais valia gerir a questão Ronaldo a partir de dentro do que tê-la a atormentá-lo, em permanência, a partir de fora. Mais que avaliar agora se foi certo ou errado, algo me parece evidente: na caminhada para o Mundial, Portugal já não poderá, em definitivo, ser Ronaldo e mais dez. Acontece que um recomendável meio termo – ter Ronaldo mas assumir que ele pode ser substituído, suplente e até nem convocado – nunca vai ser fácil de gerir, desde logo pelo próprio, mas também pelos média e pelo público mais ululante que se acotovela a ver jogos quando da seleção se trata.
Restam-me duas certezas:
1. Clarificar o lugar está reservado a Ronaldo é fundamental para que não se desaproveite mais uma vez o potencial desta incrível geração de talentos, em que alguns dos mais brilhantes – como Bernardo, Bruno e Cancelo – até já tocam a casa dos 30;
2. Uma coisa é a crítica, outra é o achincalhar um atleta, seja com números ou memes, para mais quando se trata de uma lenda única como Ronaldo, no tanto que representa para Portugal e os portugueses.

PS: Já agora e guardadas as proporções, o mesmo se aplica a João Félix, um dos celebrados (e verdadeiros) grandes talentos da seleção: atacar e desvalorizar um atleta, aproveitado o facto de ter falhado um penalti é mais que ignorância e injustiça, é uma indecência."

Dar a cara...

Angel...

Negociadores infalíveis!

Pontos Europeus!

Golos Europeus!

Vergonha: provavelmente as 3 melhores jogadores nacionais, fora da convocatória!

Honra e orgulho


"Fernando Pimenta é porta-estandarte da comitiva portuguesa nos Jogos Olímpicos. Este é o tema em destaque na BNews.

1. Escolha justa
O canoísta Fernando Pimenta, um dos 20 atletas do Benfica em representação de Portugal nos próximos Jogos Olímpicos, foi escolhido para encabeçar a comitiva portuguesa na cerimónia de abertura do certame. A par do atleta benfiquista estará Ana Cabecinha, marchadora do Clube Oriental de Pechão.

2. Na final
A Argentina está na final da Copa América e contou, nas meias-finais, com o contributo do capitão do Benfica, Otamendi.

3. Sessão de autógrafos
É hoje, às 18h00 na Benfica Official Store do Estádio da Luz, a sessão de autógrafos das hendecacampeãs nacionais de hóquei em patins.

4. Sub-23 em preparação
Prosseguem os trabalhos de pré-época desta equipa de formação do Benfica.

5. Campeão
A equipa feminina de aquatlo do Benfica sagrou-se campeã nacional. A nível individual, Miguel Arraiolos e Maria Gonçalves, atletas do Benfica, conseguiram o título nacional.

6. Convocada
Ana Bolzan, andebolista do Benfica, foi chamada pelo Brasil para participar nos Jogos Olímpicos.

7. Cinco anos de grande dedicação
Adriana Lage, tricampeã nacional de andebol, deixa de representar o Clube.

8. Para ti Se não faltares!
Está concluído o XII Torneio Final do Para ti Se não faltares!, um projeto da Fundação Benfica. O evento derradeiro, realizado no Pavilhão Fidelidade, contou com a presença das futsalistas Janice, Fifó e Ana Catarina."

Estes sorteios da Liga...


"A CULPA É DOS ALGORITMOS, MAS QUE SÃO PROGRAMADOS POR PESSOAS

Haveria muito para comentar sobre o sorteio de ontem para o calendário da Liga 24-25, mas vamos só concentrar-nos no que se tem passado nos embates entre Benfica e Sporting.
> Nas últimas nove épocas, desde que Pedro Proença dirige a Liga, só por duas, repito duas vezes o dérbi da segunda volta não calhou numa das últimas cinco jornadas. (Só uma vez calhou numa das cinco primeiras.)
> Só por uma vez não caiu numa das últimas sete jornadas.
> Em cinco das nove épocas, mais de metade, portanto, Benfica e Sporting defrontaram-se numa das duas últimas jornadas. (Nunca nas duas primeiras.)
> Em seis das nove épocas o Benfica defrontou o rival em casa deste na segunda volta.
Não estou a manifestar um lamento, nem a discutir se isto é bom ou mau para o Benfica, para o Sporting ou para a Liga. Só estou a manifestar a minha estranheza por tanta coincidência ao longo de tantas épocas.
A culpa, dizem para aligeirar responsabilidades, é dos algoritmos. Só não dizem que os algoritmos são programados por pessoas! Logo...
Sou contra as condicionantes dos sorteios. Devíamos voltar ao sorteio puro. E, como fazem os ingleses, a segunda volta ter um alinhamento diferente da primeira.
A proteção aos nossos clubes que andam pela Europa faz-se deixando mexer nas datas dos jogos dentro de determinadas regras, claras e bem esclarecidas previamente.
Isto posto, vamos é tratar de ganhar os jogos todos!
CARREGA, RUMO AO 39!!!"

Calendário da FIFA e Jogos Olímpicos


"Os Jogos Olímpicos não fazem parte do international match calendar masculino da FIFA 

Este ano realizar-se-ão os Jogos Olímpicos. No que diz respeito à modalidade futebol coloca-se a questão acerca da cedência de jogadores para as seleções olímpicas por parte dos respetivos clubes. Qual o enquadramento normativo desta questão? Podemos encontrar esta resposta no Regulamento do Estatuto e Transferência de Jogadores da FIFA.
No seu Anexo 1, estão previstos os princípios relativos à cedência de jogadores, femininos e masculinos, de futebol e de futsal, para atividades das seleções nacionais.
Tomando como exemplo os princípios estabelecidos para o futebol masculino, verificamos que os clubes têm a obrigação de ceder os seus jogadores para as respetivas seleções nacionais, e desde que a competição para a qual são convocados faça parte do international match calendar, ou seja, o calendário de jogos internacionais estabelecido pela FIFA por um período de 4 anos. Por outro lado, estabelecem as regras que o clube não está obrigado a ceder os seus jogadores para competições que não estejam incluídas neste calendário FIFA. Uma importante diferença é que se um jogador cedido no âmbito de uma competição incluída no calendário FIFA, e durante esse período, sofrer um acidente ou lesão que o impeça, temporariamente, de competir, o clube é indemnizado pela FIFA.
Ora, os Jogos Olímpicos não fazem parte do international match calendar masculino da FIFA, pelo que os clubes não estão, de acordo com as normas em vigor, obrigados – juridicamente falando - a ceder os seus jogadores para as seleções olímpicas. Contudo o mesmo não acontece para o futebol feminino, uma vez que o international match calendar feminino prevê expressamente o Women’s Olympic Football Tournament."

Falar de milhões é fácil, mas quem se lembra dos tostões?


"Por cada jovem jogador que chega à primeira divisão nacional (para não falar do resto), há milhares que ficam pelo caminho. É fácil apontar o dedo, é mais difícil pensar

Poucas horas antes de Lamine Yamal, Nico Williams, Olmo, Mbappé, Hernández ou Griezmann desfilarem no maior palco da Europa, o dos milhões, duas dúzias de futebolistas de Portugal treinavam-se no Complexo Desportivo do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol, em Odivelas, ao abrigo de uma iniciativa chamada «Estágio do Jogador».
O «Estágio do Jogador» é um eufemismo para «estágio de jogadores que iniciam a época desempregados, sem clube onde jogar». Parece um estigma? Talvez. Mas o «Estágio do Jogador» é uma excelente iniciativa do Sindicato, cuja ideia original remonta a 2001, ainda sob a liderança de António Carraça. Foi interrompida durante dois anos e retomada em 2004, já com Joaquim Evangelista à frente da direção.
O «Estágio do Jogador» fez o seu percurso. Realizou-se durante muitos anos no Estádio Nacional e desde 2018 tem lugar na Academia do Jogador, em Odivelas, o centro de treinos do Sindicato. Só isto já demonstra uma evolução. Histórico do «Estágio do Jogador»
Feita a média a todos estes anos, há uma taxa de empregabilidade na ordem dos 66 por cento. Dois terços dos jogadores que passaram por esta etapa menos expectável e mais dolorosa conseguiram clube na respetiva época. Podíamos elencar nomes e exemplos, alguns eventualmente surpreendentes, mas não é isso o mais importante.
O importante, mesmo, é que todos quantos giram em torno do futebol percebam que há o lado dos milhões e o lado dos tostões. Já agora, num tempo marcado por demagogias de direita e alvos fáceis, era importante que quem enche a boca com os chavões dos «milhões que se ganham no futebol» pensasse nas dezenas de milhares de praticantes que pouco mais têm que tostões. Que gostam de uma atividade, se embriagam com a possibilidade de sucesso e acabam a ganhar os tais tostões durante 10 ou 15 anos, para acabarem uma carreira aos 35 anos sem eira nem beira.
O Sindicato de Jogadores (engraçado falar de sindicatos hoje em dia, não é?), como é sua obrigação, tem-se preocupado com estes temas. E por isso, além de promover iniciativas como esta de mostrar jogadores ao mercado, tem insistido na importância das carreiras duais — simplificando ao máximo: estudar enquanto se joga.
Cabe aos pais, avós, encarregados de educação, tutores, treinadores ou seja quem for que se responsabilize pelas nossas crianças e jovens serem os primeiros a perceber que os milhões estão guardados para poucos, muito poucos. Por cada futebolista milionário há mais de mil futebolistas frustrados. Devia ser a vida, mas há gente que não o percebe."

Honra aos campeões


"As jornadas inaugurais não deviam ficar dependentes da sorte do sorteio para que exista uma comemoração. Neste caso até se poderia aproveitar os campeões serem o mesmo clube.

Pela oitava vez desde que passou a existir o campeonato nacional de basquetebol, em 1932/31, haverá um clube, neste caso o Benfica, que começa a temporada como tricampeão masculino e com ambições de chegar ao tetra. Coincidentemente, o mesmo que conseguiu tal feito em cinco dessas ocasiões, mas, uma vez mais, poucos parecem interessados, desportiva e comercialmente, em marcar o arranque da mais importante competição nacional com pompa e enaltecendo o facto.
Até para que se procure a distinção face às restantes modalidades que, nessa altura, já estarão em ação ou prestes a arrancar os respetivos campeonatos e, quer queiram ou não, serão concorrentes como produto desportivo para o qual se deseja manter ou conquistar público.
Por isso, foi com espanto que constatei que no sorteio da passada semana das Ligas Betclic masculina e feminina, entre as condicionantes que sempre existem, e bem, por parte da federação para que se acautele que equipas da mesma cidade ou região não atuem em casa no mesmo dia ou, se possível fim de semana, assim como se tem em conta deslocações entre as ilhas e o continente, e na gestão dos melhores árbitros, não estivesse igualmente a condicionante para que o primeiro jogo do campeão fosse em casa e fazer dele uma festa entre adeptos.
Foi tudo colocado no mesmo saco, como se fosse igual. Mas não é. Ou pelo menos não deveria ser. A equipa feminina das águias teve sorte e disputará a 1.ª jornada, a 6 de outubro, na Luz, contra o Basquete de Barcelos. Já a masculina, cuja competição começa um dia antes e tem visibilidade e impacto superior, vai à Madeira defrontar o Galomar.
Com patrocinadores que investem nos clubes e no campeonato, a Liga vai renovar com o seu por mais três temporadas, há muito que, pelo menos as jornadas inaugurais, não deviam ficar dependentes da sorte ou azar do sorteio para que exista uma comemoração. Neste caso até se poderia aproveitar o facto, ainda mais raro, de ambos os campeões serem do mesmo clube.
Podia, facilmente, referir a NBA, que no dia em que começa a fase regular só tem dois jogos agendados, um em cada costa e escolhidos a dedo, e com o campeão a ser uma das equipas em ação pela honra e para que o mundo que acompanha a Liga assista à cerimónia da entrega dos anéis e hastear do estandarte do título. E então, no dia seguinte, sim, jogam todos os outros. Exemplo há muito adotado por essa Europa fora, menos cá, onde nem os campeões jogam, por exemplo, um dia antes.
A surpresa foi ainda maior sabendo que o próprio Benfica não pediu para disputar o primeiro encontro em casa e até ficou contente por ir à Madeira e assim despachar cedo essa viagem tendo em conta que terá de fazer algumas devido à participação, para já, na Liga dos Campeões.
Houve quem dissesse que o encontro dos encarnados na 2.ª jornada, contra a Oliveirense, era mais apetecível na televisão para ronda inaugural. Não peço tanto. Bastava inverter quem joga em casa — ainda há tempo para isso —, e se crie um evento à volta do momento, dentro e fora do pavilhão, à imagem do que, em tempos, a Liga Profissional realizou, chegou a ser em outras localidades, para a garantir casa cheia. Não se vendem espetáculos nem patrocínios através de bancadas vazias.
Se bem que há quem pretenda que passe a existir a entrega de um anel aos campeões, uma vez mais à imagem da NBA, a verdade é que os vencedores da época anterior receberam uma medalha, o que não acontece na liga americana, e por isso o significado do anel seria mais simbólico, mas, numa altura em que se sabe que aumentou a visibilidade da prova e público nos pavilhões, gosto de quem deseja: redesenhar o troféu de campeão, que passe a haver mais jogos em direto nos canais televisivos e não só o Jogo da Jornada e que as transmissões tenham sempre, por contrato, que finalizar com declarações dos protagonistas e não a seco.
Até outubro ainda há tempo para muito, é só quererem. Mas será que clubes e a FPB querem?"