Derrota...

ABC 30 - 27 Benfica
16-11
Belone(6), Rahmel(4), Carvalho(4), Migallon(3), Oliveira(3), Lourenço(3), Moreno(2), Taleski(2), Valencia, Mendes, Sequeira, Almeida, Rocha; Capdeville, Zoric

Péssima entrada no jogo, e depois apesar da luta, nunca conseguimos recuperar a desvantagem inicial... a inexperiência e a ansiedade não ajudaram!

Época onde tudo correu mal, mas apesar de todos os azares, nesta fase final da época, foi dada a oportunidade a muita juventude, que no futuro próximo poderá ser aposta...

A cereja? Ou o bolo?


"Renovar ou não renovar com Di María é uma questão perversa para a SAD do Benfica

Rui Costa falou aos adeptos na quinta-feira e confirmou que Roger Schmidt vai continuar a ser o treinador do Benfica. Não esclareceu, como não podia nesta altura ainda de arranque do mercado de transferências, se a SAD vai vender os passes de João Neves e de António Silva, e ficou por clarificar qual a vontade e orientação em relação a Di María.
O presidente dos encarnados contou apenas quais eram os planos iniciais do astro argentino, que passavam por um ano na Luz e depois regressar ao país dele, e deixou no ar a esperança de condições para que o extremo de 36 anos continue mais uma temporada em Portugal, juntando que no início da semana está agendada uma reunião com o empresário do jogador para falar sobre isso. Ficou, nas entrelinhas, dito o que parecia claro mesmo antes da intervenção pública de Rui Costa: Di María até pode continuar, mas não nas mesmas condições financeiras do contrato do início da época passada.
A continuidade do argentino, por muito que ele ainda seja um jogador extraordinário, encerra em nela uma perversidade que obrigaria, mais uma vez, como obrigou em 2023/2024, a desviar Schmidt e o Benfica do projeto de futebol e de equipa que colocou em marcha e resultou na conquista da Liga em 2022/2023 e numa campanha entusiasmante na Liga dos Campeões.
Di María foi o segundo melhor marcador do plantel, com 17 golos e 13 assistências, atrás dos 22 golos de Rafa, e a influência ofensiva do extremo não está em causa, o problema, e isso foi claro em muitos jogos, é que ele não é, nunca foi e certamente não será um jogador de equilíbrios e para ele jogar sempre (culpa, aqui, também de Schmidt, que talvez tenha exagerado ao quase nunca prescindir do atacante, mesmo que por vezes tenha sido claro que estava esgotado e incapaz de ajudar enquanto elemento coletivo) será preciso montar uma equipa para ele. E isso talvez faça pouco sentido.
Rui Costa também disse que os €100 milhões gastos em contratações são igualmente a pensar no futuro, mas se os extremos Schjeldrup e Prestianni têm, respetivamente, 19 e 18 anos, Rollheiser tem 23, Tiago Gouveia tem 22; quando será o futuro deles? Schjelderup pediu para ser emprestado precisamente no momento em que soube que Di María iria entrar no plantel, como não dar agora uma oportunidade ao melhor jogador da liga dinamarquesa?
Ter Di María como a cereja seria o ideal, mas que não estrague o bolo.
A impactante época de estreia de Schmidt assentou sobretudo numa equipa em que todos defendiam e atacavam; e a diferença de intensidade no momento da recuperação da bola foi um dos momentos que mais oscilou na época das águias.
Ninguém se atreverá a pedir a Di María que seja diferente, porque ele é muito bom como é, mas será mesmo de Di María que o Benfica precisa para voltar a ser feliz?"

Nélson Feiteirona, in A Bola

O trunfo de ser e parecer genuíno


"Rui Costa tentou apaziguar os adeptos e abrir caminho à paz na relação com Schmidt. O treinador continua, mas com tolerância mínima

Rui Costa deu, enfim, uma prova de vida. Foi, manifestamente, uma escolha pensada, essa de falar só depois de passada a tempestade e já com o navio em porto seguro. Não me parece ter tido vantagens, bem pelo contrário. O povo benfiquista teve tempo e razões para acumular iras e opiniões firmes que estiveram na origem de uma contestação que acabou por envolver o treinador, pouco hábil a comunicar com o adepto latino, e o próprio presidente, que, pelo silêncio, transmitiu uma ideia de pouco corajoso e pouco decidido a enfrentar e a resolver os problemas.
A entrevista aberta a (quase) toda a comunicação social nunca poderia ser suficiente para emendar o erro de base, mas poderá ter ajudado a diminuir os efeitos.

O modelo
A comunicação do Benfica optou por um modelo inovador. Um grupo de jornalistas em redor do entrevistado, com direito a duas rondas de perguntas. Uma importante vantagem em relação às habituais entrevistas exclusivas ao canal do clube e, isso, deve ser devidamente salientado. Um critério aberto e que, respeitando princípios essenciais de independência, ofereceu desde logo uma imagem de disponibilidade do presidente para responder a todas as questões, por mais difíceis e incómodas que se apresentassem.
Não é, porém, um modelo ideal para a construção global de uma entrevista. Porque perde orientação, estrutura jornalística e coerência editorial. A entrevista, apesar de todas as evoluções tecnológicas no âmbito da comunicação, continua a ser um género jornalístico autónomo e de uma densidade específica. Há grandes jornalistas que nunca foram bons entrevistadores e há excelentes entrevistadores que nunca foram grandes jornalistas. A boa entrevista deve promover um todo, até mesmo uma certa empatia, entre entrevistador e entrevistado, sobretudo nos momentos de confronto.
Daí que seja muito mais difícil conseguir-se um resultado consistente para o entrevistado quando a entrevista resulta de uma soma de perguntas avulsas e que não obedecem, nem poderiam obedecer, a uma estratégia comunicacional. Daí que no final da entrevista de Rui Costa muitos benfiquistas tivessem ficado com a sensação de que muita coisa ficou por responder. Do plano de desenvolvimento das modalidades, ao crescimento do desporto no feminino; da análise da atual situação financeira, à relação com as claques mais radicais do clube, que continuam a afetar gravemente o seu património reputacional e se tornaram num grave problema interno, que deixa antever batalhas difíceis.

O entrevistado
Dentro das circunstâncias do meio caminho escolhido entre a entrevista e a conferência de imprensa, Rui Costa teve uma prestação positiva. Ser e parecer genuíno em frente às câmaras é sempre um trunfo. Seja na política, seja no desporto. Rui Costa não se apresentou como uma gestor frio e racional, mas como um presidente com amor à camisola, apaixonado pelo clube e companheiro dos seus adeptos. Para a maioria do universo dos benfiquistas é uma imagem importante. Para as necessidades de uma empresa desportiva com dimensão europeia seria pouco mais do que irrelevante. Mas toda a comunicação tem de saber definir bem as suas prioridades e a prioridade de Rui Costa era, manifestamente, a de abrir as portas ao apaziguamento com os sócios e os adeptos do clube, começando a preparar a nova época e a abrir espaço para a reconciliação entre adeptos e o contestado treinador, que continuará, sim, mas com mínima margem de tolerância.

Sérgio e a sede de cervejinhas
Longe do aquecimento global que todos os jogos lhe provocam, Sérgio Conceição ganha estatuto de cidadania e não prescinde do humor como forma inteligente de comunicação. Esteve bem a lembrar a confidência de Rúben Amorim, quando o treinador do Sporting disse que já tinha bebido umas cervejinhas na festa do título. Sérgio diz que, agora, deve ser a vez dele beber umas cervejinhas para celebrar o que chamou - e bem - a grande festa do Jamor. Só faltou dizer que no fim da época, iriam beber umas cervejinhas juntos.

A liberdade e os direitos
A discussão sobre a liberdade de expressão está na ordem do dia. Não há cão, nem gato que perca oportunidade de dizer o que acha sobre o assunto. O fogo começou no lugar improvável do hemiciclo da Assembleia da República. Pode dizer-se tudo? E José Pedro Aguiar-Branco respondeu: sim. Caiu o Carmo e a Trindade. Tudo? Mas se não se pode dizer tudo, quem é que marca a linha vermelha? Essa é uma questão a que os jornalistas estão habituados a responder. É que nenhuma liberdade é livre de atropelar todos os direitos."

Vítor Serpa, in A Bola

O 20 ou 24 em versão brasileira


"Em Portugal, todas as discussões futebolísticas são tóxicas. No Brasil, às vezes, também. Mas no país pentacampeão o passado é honrado

O Sporting foi campeão pela 20.ª ou pela 24.ª vez? A discussão, como todas que surgem no futebol português, dominado por três cores que desconfiam de tudo o que um dos rivais propuser mesmo que as contas, no final, nem prejudiquem ou beneficiem especialmente ninguém, tornou-se tóxica logo à nascença.
O futebol brasileiro sabe ser tão tóxico — ou mais — do que o português mas não é tão claustrofóbico porque em vez de três, há, pelo menos, 12 grandes, espalhados por um território continental, amplo, respirável.
Nesse contexto, foi acolhida em 2010 pela CBF a tese do historiador Odir Cunha de que a Taça Brasil, criada em 1959 para apurar um campeão brasileiro para disputar a Taça dos Libertadores, e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Robertão), a versão nacionalizada, a partir de 1967, do Torneio Rio-São Paulo, deveriam ser equiparados ao Brasileirão, fundado em 1971.
Os indignados argumentaram logo que a Taça Brasil era a eliminar — mas onde está escrito que um campeonato é jogado só por jornadas ao domingo à tarde? O campeonato do mundo não é campeonato por ter final?
Os inconformados, entretanto, registaram que não, que não pode ser porque, em dois anos, Taça e Robertão coincidiram — mas onde está escrito que um campeonato é anual? O citado campeonato do mundo é de quatro em quatro e a América hispânica tem até Aperturas e Clausuras.
Como o Atlético Mineiro, entretanto, se proclamou campeão brasileiro por ter ganho o Torneio dos Campeões, de 1937, e o America, do Rio, sob a presidência de Romário, reclama agora o título por ter ganho, em 1982, uma prova com o mesmo nome, os críticos perguntam-se se a CBF não está a ser permissiva demais nas equiparações.
Talvez. Mas a CBF, conhecida por não respeitar o presente, mostra que, pelo menos, sabe honrar o passado. Com as equiparações, Pelé, Tostão, Gerson, Jairzinho, Carlos Alberto e outros atletas de classe mundial que tiveram o azar de nascerem antes dos burocratas chamarem o Brasileirão de Brasileirão, sentiram, que o seu esforço nas provas que o antecederam não foi em vão. E puderam, finalmente, sentir-se campeões nacionais.
Como em Portugal o organismo a quem cabe decidir é fiel àquela máxima de Lampedusa de que é melhor deixar tudo como está, títulos ganhos por Tamanqueiro, Francisco Stromp, Pepe, Augusto Silva, Camolas, Peyroteo, Carlos Luvas Pretas Alves, Gustavo Teixeira ou Francisco Ferreira, os craques da época, foram reduzidos a um asterisco."

João Almeida Moreira, in A Bola

É tempo de sairmos do armário


"Tanto por fazer na área da saúde mental

«NÃO há gesso que imobilize uma mente inquieta e partida.» Este título pertence a um fenomenal texto do escritor e ex-jornalista (se é que isto existe) Duarte Baião, que durante vários anos estampou o seu talento nas páginas de A BOLA.
Fala-nos o texto de saúde mental, como será percetível. Foi este o tema de um estudo recentemente levado a cabo, estudo esse que originou um interessante seminário, cujos conteúdos os mais atentos terão lido neste jornal, em papel ou online, descritos pela pena do meu companheiro Afonso Santos.
Atletas e ex-atletas falaram sem assombros de más experiências vividas à conta de tormentos desse órgão fundamental que é o cérebro. Insistem, sem exceção, na necessidade de acompanhamento psicológico, sobretudo na alta competição. De forma reativa, claro, sempre que necessário, mas também de forma preventiva.
O Duarte lembra que «não há forma de fazer raios-X aos pensamentos». É tempo de todos sairmos dos armários preconceituosos em que muitos ainda vivemos.

De chorar por mais
Comovente e reveladora a forma como Pep Guardiola se referiu ao rival Jurgen Klopp a propósito da saída deste do Liverpool. Classe à parte.

No ponto
Palmas para a referência ao Benfica no discurso de Frederico Varandas durante a receção ao Sporting na Câmara Municipal de Lisboa.

Insosso
Lances idênticos julgados de forma diferente em Portugal e Inglaterra, no passado fim de semana, mostram quanto o VAR ainda precisa de evoluir.

Incomestível
Incompreensível a forma como o Barcelona se despede de Xavi Hernández, uma das suas grandes lendas. Não é o primeiro..."

Alexandre Pereira, in A Bola