quarta-feira, 24 de abril de 2024
Peças no sitio certo
"Será gestão do plantel? Será a pensar já na próxima época? Respostas nos próximos jogos...
Querem mais
Depois de ter sido eliminado da Liga Europa em Marselha e do Sporting ter ganho o seu jogo com o V. Guimarães, passou a haver um Benfica muito pressionado para jogar em Faro e havia a expetativa sobre se Roger Schmidt lançaria sangue novo, como aconteceu com o Moreirense, antes de Marselha. Mas Schmidt tem vindo a perceber, embora tarde, que dá resultado e para defrontar o Farense fez cinco alterações. Será por gestão do plantel? A pensar já nas opções para a próxima época? A verdade é que os que jogaram mostraram que querem mais minutos, corresponderam e o jogo com o SC Braga e os próximos até final da época poderão trazer mais algumas respostas, perceber se Schmidt continuará ou não nesta linha.
Os que entraram aproveitaram a oportunidade.
Os que entraram aproveitaram a oportunidade. Carreras, Kokçu já jogou com um sorriso na posição 10, onde realmente mostra qualidade e intensidade, embora com uns apagões; Tiago Gouveia foi intenso, Di María foi menos individualista e jogou mais simples e para a equipa (tem sido ao contrário: mais individualista e às vezes para a equipa), esteve nos três golos; Arthur Cabral foi o melhor em campo. Marcou um belo golo, bela exibição, mostrou uma ótima relação com a baliza e penso que provou que nesta altura é o melhor ponta de lança do plantel. Schmidt arrumou as peças no sitio certo, no puzzle, e ficou provado que nem sempre os melhores jogadores fazem uma melhor equipa, e que uma boa equipa, como este Benfica, que foi intenso e muito equilibrado, faz também sobressair os bons jogadores.
Durante a primeira parte, foi um Benfica equilibrado e intenso como não se via há algum tempo e foi fruto do sangue novo e da boa resposta dos que jogam menos e foram titulares. O Farense não jogou com o autocarro mas teve muitas dificuldades nas suas transições. Montada num 4x2x3x1, a equipa procurou jogar com qualidade, mas o Benfica, no primeiro tempo, foi dominador e harmonioso, equilibrado com e sem bola.
Mais paciência
Na segunda parte vimos um Benfica mais paciente, a saber gerir os vários momentos do jogo, mas não tão intenso e a criar menos chances de golo. Roger Schmidt manteve o sistema mas trocou os protagonistas, de características diferentes. O terceiro golo matou o jogo e estranho apenas Schmidt não ter experimentado aqui um 4x4x2, com Marcos Leonardo e Arthur Cabral juntos na frente. O Farense sim, mudou para um 4x4x2, juntou Rui Costa na frente, conseguindo meia oportunidade de golo. O Farense tem um treinador experiente, José Mota está habituado a gerir equipas nesta situação. Em relação ao Benfica, fica e expetativa sobre que caminho Roger Schmidt vai seguir agora no jogo com o SC Braga.
Final a arder
Merece uma palavra a homenagem feita em Faro, com um Estádio São Luís cheio, a Hassan, ponta de lança marroquinho que na década de 90 jogou nos dois clubes. E merece atenção um estádio em ebulição, um Benfica a arder no final do jogo com a contestação dos adeptos a Roger Schmidt. Não é normal numa equipa que acabou de ganhar o jogo. Mas são retroactivos de um treinador que tem revelado dificuldades em comunicar para fora e em especial com os adeptos. Os adeptos têm o direito à manifestação, nada justifica a existência de atos de violência, mas a teimosia do treinador não tem ajudado a resolver a questão. É um problema para ele, para Rui Costa e para a equipa, que naturalmente se intranquiliza."
Inimigos...
I
"Os inimigos do Benfica são os próprios adeptos.
A equipa, bem ou mal, tem sido bastante criticada, mas isto não tem a ver com futebol, isto são pessoas frustradas com a sua vida pessoal e que descontam os seus problemas com a equipa."
Vitória justa
"O triunfo obtido, por 1-3, na deslocação ao Farense é o tema em destaque nesta edição da BNews.
1. Triunfo merecido
Na opinião de Roger Schmidt: "Tivemos energia fresca no campo e fizemos um bom jogo. Criámos oportunidades, marcámos muito bons golos e foi um bom jogo, com muito domínio e uma vitória clara. Estou muito contente com a performance dos jogadores."
O treinador do Benfica, porém, lamenta o comportamento de alguns adeptos no final da partida: "Consigo entender que nem todos estejam contentes, às vezes também perdemos jogos e falhamos golos, mas, na minha opinião, quando avalio os meus jogadores, a nossa equipa... o que vejo sempre é que dão tudo pelo Benfica. Serem atacados e ofendidos por algumas pessoas... não acho que seja o que merecem. Para mim, este tipo de reação também não é aceitável. É demasiado. Precisamos dos nossos adeptos. Precisamos dos adeptos positivos, dos que amam o Benfica, que apoiam a equipa."
2. Boa exibição
Álvaro Carreras, que se estreou a marcar, destaca o coletivo e enaltece a forma como tem sido recebido no Clube e no plantel: "Vim para ajudar a equipa e fazer o melhor possível, desde o início que me acolheram muito bem. Entramos sempre para ganhar os jogos, fazer o melhor possível, e hoje, a verdade é que o fizemos muito bem. Estou contente pela equipa e pelo golo."
3. Confiança do mercado
A emissão do empréstimo obrigacionista Benfica, SAD 2024-2027, que atingiu um montante de 50 milhões de euros, foi plenamente realizado, com a procura a exceder a oferta em 35%.
Para Luís Mendes, o sucesso da operação reflete um ativo fundamental do Clube e SAD: "Significa a confiança no Benfica e a confiança na solidez do balanço do Benfica. A confiança na forma como o Benfica tem tratado os seus investidores, o retorno que lhes dá, o facto de estarmos permanentemente a pagar a tempo e horas, os juros, fazermos os reembolsos de capital também a tempo e horas. Temos um percurso imaculado no mercado de capitais, isso faz com que os investidores queiram continuar connosco. Deixa-nos extremamente satisfeitos."
4. Outros resultados
A equipa B foi derrotada, por 3-1, na visita ao Nacional. A equipa feminina de voleibol obteve o apuramento para a 3.ª ronda do play-off da Taça Federação ao ganhar, por 3-0, ante o Clube K. E, em polo aquático no feminino, o Benfica terminou a 1.ª fase do Campeonato Nacional com um pleno de triunfos.
5. Ases do futuro
Foram 271, um recorde de participação, os jovens aspirantes a futebolista nascidos de 2015 a 2018 a prestarem provas nos treinos de captação realizados, no passado fim de semana, no Benfica Campus.
6. Benfica internacional
Saiba como decorreram duas edições recentes do Benfica Camp, em Bali – uma estreia na Indonésia – e na Irlanda, em vários locais dos arredores de Dublin.
7. Casa Benfica Mortágua
Esta embaixada do benfiquismo celebrou o 23.º aniversário."
Vim para apoiar
"1. Eriksson voltou a Lisboa e ao Estádio da Luz na semana passada. O treinador sueco que orientou a nossa equipa durante 5 temporadas terá regressado ao seu país plenamente consciente de como é respeitado e amado pelos benfiquistas. Foi linda a festa que o Benfica lhe fez.
2. O homem que revolucionou o futebol português no início da década de 80 do século passado foi o convidado de honra do jogo com o Marselha da 1.ª mão dos quartos de final da Liga Europa e, no decorrer do intervalo, desceu ao relvado acompanhado pelos antigos jogadores que tiveram o privilégio de por si serem treinados. À chegada ao Estádio da Luz, perante o frenesim de mais uma noite europeia - ele que conheceu tantas -, assumiu-se como 'apenas mais um benfiquista', o que é francamente modesto da sua parte. E acrescentou: 'Eu vim aqui para apoiar'.
3. Este 'eu vim aqui para apoiar' proferido por um ex-treinador que trava a luta mais dramática da sua vida dá que pensar. O Benfica tem milhões de adeptos, e não são todos treinadores de futebol nem são todos 'Erikssons'. São 'apenas' sócios e adeptos do maior clube português de todos os tempos. Façam, portanto, como Eriksson fez nesta sua última visita à nossa casa. 'Eu vim aqui para apoiar'. Tão simples quanto isto.
4. Eriksson aproveitou esta sua visita a Lisboa para recordar um episódio por muitos desconhecido. 'Tenho de agradecer ao Benfica todos os dias, porque é um clube enorme. E, depois, abriram-me a porta para o resto da Europa. Tive a oportunidade de vir para cá a terceira vez. Fiz uma má escolha, fui para o México em 2008. Devia ter vindo para cá outra vez'. É verdade que, em 2008, não voltou ao Benfica, mas também não deixa de ser verdade que nunca de cá saiu.
5. No prefácio do livro Cartilha da Benficofobia, recentemente lançado por João Malheiro, o presidente do Benfica assinou estas palavras: 'Tentar associar a grandeza e o sucesso do Benfica ao Estado Novo é errado, injusto e falso. O Benfica já era enorme e ganhador antes da ditadura e continua a sê-lo após a mesma'. Nunca é demais recordar.
6. Alejandro Grimaldo colaborou, e de que forma, na conquista do primeiro título de campeão da Alemanha do Bayer Leverkusen. É de crer que todos os benfiquistas tenham torcido pelo sucesso de Grimaldo no seu novo clube depois de ter representado o nosso clube durante 8 temporadas a fio.
7. O lateral-esquerdo espanhol deixou o Benfica em Maio do ano passado e saiu como campeão nacional depois de uma temporada brilhante pela qualidade do seu futebol e pelo empenho e profissionalismo com que cumpriu o seu contrato até ao fim. Grimaldo foi um exemplo de como sair do Benfica pela porta grande."
Leonor Pinhão, in O Benfica
A capela da Catedral
"Um local de oração no antigo Estádio dos benfiquistas
A existência de capelas em estádios desportivos, ao contrário do que se possa pensar, não é totalmente incomum. Foram vários os clube que decidiram criar um espaço de oração para os seus adeptos e equipas, e o Benfica não foi exceção, quando resolveu inaugurar uma capela no antigo Estádio da Luz, em 1995. À época, era uma iniciativa já com 'paralelo em outros estádios, das Antas ao Camp Nou'.
Este projeto teve como principal impulsionadora Margarida Prieto, mulher do presidente Manuel Damásio. Apesar de se ter popularizado como a capela do Benfica, Manuel Damásio preferia que fosse designada por santuário, justificando que o 'Benfica não pode exercer qualquer atividade religiosa; por isso, não se trata de uma capela, mas, sim, de um local de recolhimento'. E explicou um dos motivos para ter realizado esta iniciativa: 'Custa-me ver alguns jogadores virarem-se para os seus armários, no balneário, e fazerem as suas preces'. De acordo com Margarida Prieto, seria um espaço aberto à 'oração a todos os funcionários do Benfica, independentemente do seu deus'.
A Capela de Nossa Senhora da Luz foi instalada no local onde funcionara a Rádio Benfica, que emitiu entre 1988 e 1993, e recebeu o apoio, através de uma doação, da Fundação Berardo. Foi inaugurada em 15 de Março de 1995, dia de jogo no estádio a contar para a Liga dos Campeões. Vários sócios mostraram interesse em visitar a capela, mas, 'dada a grande azáfama que já envolvia o evento Benfica-Milan, por volta das 18 horas, era de todo impossível corresponder aos desejos dos benfiquistas'. Este acolhimento por parte dos adeptos foi visível também após as cerimónias de inauguração, quando os dirigentes e membros do clero 'se dirigiram à parte exterior do estádio, e, junto à estátua de Eusébio, centenas de benfiquistas que ali sempre se colocam tiveram ocasião de os bem receber'. Este espaço teve uma breve existência, tendo funcionado até 2000/01, a pouca distância do início da demolição da antiga Catedral e da construção da Nova Catedral.
Saiba mais sobre a história do antigo Estádio da Luz na área 17 - Chão Sagrado, do Museu Benfica - Cosme Damião."
Lídia Jorge, in O Benfica
Um amor sueco
"Ao longo das nossas vidas, nem sempre nos conseguimos despedir das pessoas de quem gostamos e admiramos. Seja porque, por acasos da sorte, deixamos de estar com elas, seja porque morrem sem que tenhamos tempo para mostrar a dizer tudo o que sentimos.
Não foi o caso de Sven-Goran Eriksson. O treinador sueco que revolucionou o futebol do SL Benfica na década de 1980 anunciou há poucos meses que tem menos de um ano de vida, em função de uma doença terminal. Em vez de ser agarrar a uma sala de tratamentos intensivos e paliativos, Eriksson partilhou a informação com quem o segue e, desde esse momento, tornou-se alvo de gratidão e do respeito de milhões de adeptos de futebol em todo o mundo. Depois de ter sido convidado a fazer de treinador de uma equipa de velhas glórias do Liverpool FC, o homem que levou o Glorioso à conquista de 3 Campeonatos Nacionais e a 2 finais europeias esteve no Estádio da Luz para assistir ao primeiro jogo dos quartos de final da Liga Europa frente ao Marselha. Ao intervalo, desceu ao relvado com a guarda de honra de cerca de 20 antigos jogadores por si orientados no maior clube de Portugal. E eu chorei. E o meu vizinho do lado na bancada também. Os da fila de cima, idem, os da bancada em frente, aspas. E em caswa e na net, presumo que se tenha passado o mesmo, num misto de tristeza e agradecimento.
Tenham ou não memória viva dos tempos de Eriksson na Luz, os benfiquistas sabem que não se deixa para trás um dos nossos e que é nos momentos amis complicados que mostramos a nossa força e empatia.
O momento Eriksson na Luz foi das coisas mais bonitas e emocionantes a que pude assistir na Catedral, ao nível do funeral de Eusébio ou da despedida de Chalana. Neste caso, com a enorme vantagem de cada um de nós se ter podido despedir do ídolo em vida, ver a sua reação, proporcionar-lhe um momento inesquecível e vê-lo sorrir de gratidão. Passe o que passe, será escrita mais uma história linda do Sport Lisboa e Benfica."
Ricardo Santos, in O Benfica
Fica, Di Maria
"Quando se colocou a hipótese do regresso de Fideo ao Benfica, muita gente torceu o nariz. Tinha 35 anos e vinha de uma temporada infeliz na Juventus, marcada por sucessivas lesões e nenhum título. Eu próprio, confesso, nunca duvidando da sua enorme capacidade técnica, nem do seu comprovado profissionalismo, temia que a condição física já não lhe permitisse apresentar tudo o que sabia, nem corresponder, à imagem que deixara quando de cá partiu, em 2010, rumo ao Real Madrid.
À medida que nos aproximamos da fase final da temporada, é seguro afirmar que superou as melhores expectativas.
Tem, neste momento, quase tantos golos marcados como o conjunto dos pontas-de-lança do Benfica, e os seus números só encontram paralelo se recuarmos até 2019, quando estava a entrar na casa dos trinta, e compunha um tridente ofensivo com Mbappé e Neymar.
Neste seu regresso, tornou-se rapidamente uma bandeira do clube em campo, um ídolo para as bancadas, e um exemplo para os mais jovens.
Rui Costa disse publicamente que Di Maria não lhe fez qualquer exigência salarial, pedindo apenas aquilo que o Clube lhe podia pagar. Aliás, a sua fantástica carreira, naturalmente muito premiada em termos financeiros, parece corresponder antes a um guião estabelecido pelo próprio atleta, com passagens pelos maiores clubes de Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Itália. Ter-lhe-á faltado o Bayern para fazer bingo no futebol europeu. O desejado regresso ao seu Rosário Central confirma a ideia, numa linda história que, também a nível de seleção, tem tudo o que há para mostrar.
O astro argentino termina contrato ao fim desta época. Muito gostaria que ficasse por cá mais um ano. E como o meu Red Pass é no piso 3, não adiantando levar cartolinhas para o estádio, aproveito estas linhas para pedir: Fica, Di Maria!"
Luís Fialho, in O Benfica
Futebol para toda a vida!
"Quem disse que o que é bom sempre se acaba? Se esta máxima parece poder aplicar-se a muitas coisas da nossa vida, deixou de fazer sentido pelo menos numa delas e bem preciosa para tantos e tantos de nós.
É que o futebol tal como nos habituámos a considerá-lo deixou de ser um jogo geracional. Por isso a Fundação Benfica tem um enorme orgulho em ter dado uma contribuição decisiva para que assim acontecesse na Europa e em Portugal, com horizontes a alargar-se a outras latitudes do mundo que já espreitam esta curiosa forma de sentir e viver o desporto-rei.
Walking football é muito mais do que bem-estar e saúde. Walking football é muito mais do que convívio e combate ao isolamento. Só essas duas coisas já fariam dele um tesouro, mas a verdade é que o walking football nos trouxe a liberdade de poder jogar futebol ao longo de toda a vida, e isso é um verdadeiro diamante a que todos, sejam ricos, sejam pobres, têm acesso. Um diamante que brilha e rebrilha, irradiando a cor rubra da alma e do engenho benfiquista!"
Jorge Miranda, in O Benfica
Núm3r0s d4 S3m4n4
"1
O Benfica conquistou, pela 1ª vez, a Taça FAP de andebol no feminino;
3
Di María isolou-se na 3ª posição do ranking dos goleadores benfiquistas na Liga Europa / Taça UEFA (10 golos);
5
António Silva é agora o 5º com mais jogos oficiais (42) no atual estádio da Luz entre os formados no Benfica Campus (João Neves, com 34, passou a ser o 8º a par de Lindelöf);
7
Rafa passou a ser o 7º mais goleador de sempre do Benfica em competições europeias, com 18 golos, tantos quantos os marcados por José Águas. É o 10º na Liga Europa / Taça UEFA, com 5 golos, ex-aequo com Darwin, Isaías, Lima e Luisão. E é agora o 8º em jogos europeus, com 67, o mesmo de registo de Simões;
13
Roger Schmidt é o 13º treinador do Benfica a chegar às 50 vitórias no Campeonato Nacional. Fê-lo em 63 jogos, com 79,37% de aproveitamento (só Jimmy Hagan e Rui Vitória alcançaram a meia centena de triunfos no campeonato mais rapidamente, ambos à 62ª partida);
17
Excluindo autogolos, a lista de marcadores do Benfica na presente época em jogos oficiais ascende a 17 membros com a entrada, no desafio com o Moreirense, de Rollheiser;
32
Com a estreia de Diogo Spencer, passaram a 32 os jogadores utilizados por Roger Schmidt em competições oficiais na presente temporada;
50
Resta um totalista na presente temporada: João Neves;
1000
De acordo com o anunciado pelos meios de comunicação do Benfica, a Taça FAP de andebol no feminino foi o 1000º troféu conquistado pelo clube (coletivo, seniores, masculinos e femininos).
* Não inclui o Marselha – Benfica."
João Tomaz, in O Benfica
A doença (mas curável)
"Pentacampeonato do Benfica em 2017/18 teria mudado o seu trilho desportivo nacional
Serve de mote para o texto de hoje uma notícia que circulou nos media que aclamou a Benfica SAD como rei das transferências no futebol nacional nos últimos cinco anos mas sem que houvesse correspondência em títulos desportivos. Embora legítima a análise da peça jornalística com base no seu hiato temporal, este peca ao contabilizar uma época que ainda não findou (2023/24) e por englobar um período curto de tempo a nível económico que é, ao mesmo tempo, dilatado a nível desportivo.
Se fosse feita uma análise a 10 anos, é verdade que o investimento teria sido sempre maior, mas o Benfica contabilizaria seis títulos de campeão nacional (com três para o FC Porto e um para o Sporting). Não estou a querer contradizer a evidência do investimento e da gestão económico-financeira suportados no custo de 383,05 milhões de euros nos últimos cinco anos. Mas coloco em causa a sua respetiva correspondência a nível desportivo pois, para este efeito, é exigível sempre uma assunção mais rigorosa, criteriosa e sensível por cada época que compõe a referida análise com base em incontáveis fatores (planeamento e equipas dos concorrentes, lesões, vendas, dívida, etc.).
Ou seja, nunca se deve partir do pressuposto (errado) de que quem investe mais será sempre quem, à partida, ganhará mais ou terá que ganhar mais. Isto porque é possível adquirir valor desportivo positivo através de um gasto menor tal como se pode adquirir valor desportivo negativo a preço de ouro. Por outras palavras, é fácil pagar caro por jogadores que não servem o projeto desportivo, tal como investir menos dinheiro e cirurgicamente para aumentar a probabilidade de sucesso. Agora, não devem servir de estudo para debate os valores e contas com base num espaço temporal aleatório para depois se fazer a sua correlação com quem foi campeão por cada época. Se assim fosse, bastava pegar na rácio económica das últimas cinco épocas desportivas em que a SAD do Benfica e do Sporting apresentaram resultados líquidos positivos acumulados e idênticos de 21 milhões de euros para depois se medir diretamente o sucesso desportivo entre cada uma.
Mentalizem-se: as culturas e as idiossincrasias de cada clube são distintas, logo, forçam e obrigam a gestões diferenciadas. Ainda hoje se vive a tendência, cuja origem e razão de ser se desconhece, em querer comparar o que é incomparável. O único momento em que se pode analisar por comparação os três maiores clubes portugueses surge em campo, quer no confronto direto entre eles por cada época, quer indiretamente contra as outras equipas tendo por base o desempenho e resultado dos seus rivais. Ora, o apuramento da doença de que cada SAD eventualmente padece resulta sempre da sua forma de gestão e planeamento.
No que respeita ao Benfica, há de facto um período desportivo (e não económico) relevante de cinco anos no seu passado que não foi concluído e que hipotecou o seu futuro. O facto de não ter conquistado a Liga 2017/18, por culpa única e exclusiva dos dirigentes, não lhe permitiu obter um inédito pentacampeonato que teria mudado o seu trilho desportivo nacional dali até hoje. Recordo que o planeamento dessa época ficou caracterizado pela venda de quatro jogadores altamente influentes por um preço total de 85,740 milhões de euros (Ederson, Nélson Semedo, Lindelof e Mitroglou) e pelo investimento de 8,250 milhões de euros em sete jogadores (Krovinovic, Svilar, Chrien, João Amaral, Matos Milos, Pedro Rebocho, Bruno Varela, enquanto Seferovic veio a custo zero e Gabriel Barbosa por empréstimo).
Neste caso, vendeu-se qualidade e talento por preço elevado mas não se colmatou o buraco com matéria suficiente para manter a velocidade cruzeiro rumo ao título que mudaria a sua história e que provocaria um rombo nos seus dois rivais diretos que ainda hoje teriam muitas dificuldades em recompor-se. Note-se que o 1.º semestre da SAD nessa época 2017/18 apresentou lucros de 19,1 milhões e uma redução do passivo em 53 milhões com um encolhimento da dívida bancária em 7% (fixação do passivo à volta de 385,4 milhões e do ativo em 473 milhões). Mas as receitas sofreram uma redução de 6,9% devido à quebra em receitas de prémios monetários pelo desempenho desportivo na Europa. A culpa é dos treinadores e atletas? Não: é de quem os contrata!!!"
O ataque como melhor defesa
"Combater a violência é essencial, mas não vamos atacar a verdade desportiva de caminho
Sexta-feira passada, no Apúlia-Maximiense de sub-15, um adepto da equipa visitante partiu a cabeça ao árbitro com uma cana de pesca. No dia seguinte, na primeira fila da bancada do GDS Cascais, o pai de um atleta local deu uma cabeçada a um jogador da outra equipa que acompanhava o jogo também do lado de fora. Já domingo, em Ílhavo, um apoiante do Vista Alegre entrou em campo e agrediu o guarda-redes do visitante Valonguense, motivando a suspensão do encontro do campeonato distrital de Aveiro. Em Trás-os-Montes, mais ou menos pela mesma hora, houve invasão de campo nos instantes finais de um jogo de Liga. Seis adeptos do Chaves foram detidos, dois jogadores do Estoril acabaram expulsos, um deles ainda identificado pela Polícia de Segurança Pública por suspeita da prática de crime de ofensa à integridade física.
Este relatório não deixaria de ser relevante se resumisse os incidentes de uma época inteira, mas torna-se particularmente preocupante quando reflete três dias apenas. Deve, por isso, fazer soar alarmes em vários gabinetes pelo país, e não apenas de responsáveis do universo futebolístico. Embora com erros no processo, como o famoso cartão do adepto, o combate a este flagelo, visível sobretudo no futebol, vai sendo feito, através da aplicação de novos enquadramentos legais, incluindo a criação da Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD). Ainda assim, os incidentes do último fim de semana comprovam que o fenómeno exige uma ação mais célere e mais eficaz. Que essa preocupação esteja bem presente na Assembleia Geral Extraodinária da Liga marcada para esta terça-feira, que prevê apreciar e votar um novo regulamento de prevenção da violência, ainda que fique a ideia de que o foco continue excessivamente colocado na pirotecnia e no arremesso de objetos.
A luta quer-se transversal, com a Federação Portuguesa de Futebol num plano naturalmente superior, e deve ter a pretensão de mudar mentalidades, sendo que pensar em prevenção é também estabelecer sanções suficientemente pesadas para inibir comportamentos inaceitáveis. Tanto no plano criminal como na justiça desportiva.
É caso para dizer que a melhor defesa é o ataque, mas isso remete-nos também para o que sucedeu em Chaves, na medida em que a gestão do incidente retirou verdade desportiva ao encontro. É certo que o árbitro, Nuno Almeida, tem as leis e regulamentos do seu lado, mas faltou-lhe o bom senso que deve ser inerente ao conceito de justiça. Não faz sentido que uma equipa que viu a sua integridade física ameaçada por adeptos contrários acabe com dois jogadores expulsos e um avançado à baliza a sofrer o golo do empate ao minuto 90+20.
As leis carecem todas de interpretação, e não estamos perante o caso de um adepto que entrou em campo para pedir uma fotografia e acabou agredido por um jogador, ou de um animal pontapeado sem compaixão. Quem pode censurar a defesa de Marcelo Carné, agarrado pelo pescoço por um adepto, ou mesmo a joelhada voadora de Pedro Álvaro perante o invasor que avançava na sua direção?
Talvez Nuno Almeida tenha justificado uma nota positiva, mas a avaliação do incidente deixou a desejar, desde logo pela decisão de retomar um jogo que ia já no minuto 90+3 por altura da invasão. Sabendo que tinha exibido cartão vermelho a dois jogadores do Estoril, podia ter optado por fazer soar o apito final logo após o reatamento, mas deu margem para um desfecho que não defende a verdade desportiva."
Quem vai pedir desculpa por esta goleada?
"Nem mesmo a minha crescente antipatia em relação a Roger Schmidt pode validar a reação excessiva de uma minoria
Depois de um jogo de futebol vencido tranquilamente pelo Benfica, jogo esse que jamais permitiria apaziguar o sentimento dos últimos dias ou meses, dei por mim a ver um vídeo de protestos bastante vocais. A coisa circulou rapidamente nas redes sociais e, à hora em que escrevo este texto, já deverá estar num grupo de WhatsApp frequentado pelo leitor. Confesso que a coisa começou por me parecer aceitável, apesar da agressividade.
Não estou satisfeito, como não está nenhum daqueles adeptos. Aqui chegados, a sabedoria popular descreve o nosso presente estado como aquela cegueira que se apodera de uma pessoa, de tal forma que, na posse de todas as faculdades, já não vemos mais nada à frente. De lucidez quase totalmente toldada, revi o vídeo minutos depois em busca de uma confirmação moral da minha irritação com esta época e tive uma desilusão. Lá percebi que eram essencialmente insultos e que o momento incluíra arremesso de objetos. É geralmente neste momento que estes benfiquistas descontentes perdem a solidariedade da maioria dos adeptos.
Nem mesmo a minha crescente antipatia em relação a Roger Schmidt pode validar a reação excessiva de uma minoria. Não me revendo no comportamento, revejo-me no enorme descontentamento. Que Schmidt não aceite manifestações mais violentas, parece-me perfeitamente legítimo. Que se recuse a ver a época pelo enorme falhanço que foi, já é mais difícil de aceitar.
Estamos a chegar ao final de uma época em que falhámos essencialmente todos os objetivos a que nos propusemos. Gastámos muito, em contratações e em salários, demasiado para tão pouco futebol e tão poucas alegrias. Ninguém sabe exatamente o que é o projeto desportivo do Benfica neste momento. Cada título do clube nos últimos cinco anos custou 127 milhões de euros, praticamente o mesmo que o Benfica terá encaixado com a venda de João Félix. Os anos passam e a conclusão é óbvia. Foi-nos prometida uma mudança de paradigma e essa mudança não aconteceu.
Até títulos em contrário, continuamos a ser bastante mais competentes a vender jogadores por 126 milhões do que a utilizar esses mesmos 126 milhões para encher o museu com mais troféus. Algures pelo caminho, parecemos ter esquecido, nuns momentos de forma consciente, noutros por défice de competência, qual é afinal a finalidade de um clube de futebol. Penso que falo pela maioria dos adeptos quando digo que aceito a dimensão económica e financeira da vida do meu clube, mas é uma infeliz coincidência que tanto do nosso destino ao longo destes cinco anos seja mais fácil de encontrar em balancetes do que nas fichas dos jogos disputados.
Ouvi Schmidt disparar contra os adeptos que perderam a cabeça e, não sendo conselheiro sentimental, pareceu-me que esta relação só muito dificilmente, por milagre mesmo, voltará à longínqua lua de mel que vivemos juntos. Perante o ruído ensurdecedor criado em torno de um treinador que há muito não parece feliz na vida e no clube que escolheu, preocupa-me mais o silêncio ensurdecedor. Os meses passam, os maus resultados sucedem-se, a época está essencialmente terminada, e não há uma reação oficial da liderança do clube ao momento que se vive. É muito estranho que assim seja. É estranho porque se exigem esclarecimentos, mas causa estranheza também porque parece haver um desfasamento entre a liderança que se cultiva e a liderança que é necessária. Por muito que a ideologia e o estilo possam comandar o comportamento e a atitude de alguém, os dias que o Benfica vive pedem alguém que se adequa às circunstâncias e exiba coragem e frontalidade, a mesma que pareceu demonstrar nos momentos em que tudo corria de feição.
Lembro-me bem de ver Rui Costa emendar o erro de Roger Schmidt após uma goleada embaraçosa no Estádio do Dragão, pedindo desculpa a todos os Benfiquistas pelos cinco golos sofridos e pela péssima exibição, em relação à qual a postura resignada de Roger Schmidt foi uma espécie de cereja no topo do bolo. Por isso mesmo, apetece-me perguntar: para quando o pedido de desculpas pela nova goleada que sofremos esta época? Não é um resultado qualquer. Foram quatro golos sofridos sem apelo nem agravo. Após mais de 100 milhões de investimento, erros de planeamento desportivo identificados e nunca devidamente corrigidos, decisões do treinador que, por feitio e défice de competência, prejudicaram repetidamente a equipa e poderiam até ser equiparadas a gestão danosa (insistir em Tengstedt e deixar Cabral no banco é disso um exemplo quase perturbador). Após tudo isto, 4-0 para os nossos adversários: derrotados na Liga, eliminados na Taça da Liga, eliminados na Taça de Portugal e mais uma vez pelo caminho numa prova europeia, com a sensação angustiante de que poderíamos e deveríamos ter feito muito mais.
Antes de decisão sobre o treinador, antes da apresentação de ideias e respostas que mostrem que afinal existe algum rumo no projeto desportivo, antes dos esclarecimentos necessários quanto à saúde financeira do clube, e antes de algumas respostas necessárias quanto à cultura democrática do Benfica, antes de tudo isso, comecemos pela pergunta essencial: quando é que alguém pede desculpa pela goleada que nos privou de quatro troféus ao alcance do Benfica?"
Para ler... tudo (II) !!!
“Schmidt ainda não entendeu o clube onde está e ninguém da direção lhe explicou”. Aparentemente alguém devia ter dito ao homem (e a mim também) que está num clube onde é normal atirar garrafas ao treinador. 2 vezes numa época. Na época passada aconteceu 1 vez. O arremesso 1/8
— A Mão de Vata (@A_Mao_de_Vata) April 23, 2024
Para ler... tudo (I) !!!
Cantar e criticar é legítimo. Quererem invadir o campo e dar porrada na equipa depois de uma boa vitória por 3-1 é de uma filha da putice digna dos lagartos em Alcochete. Gritam tanto que o Benfica é vosso e depois cagam a escrita toda com estas merdas que não orgulham ninguém.
— Polvo das Antas - Em Defesa do SL Benfica (@moluscodasantas) April 22, 2024
Não fazem falta...
"O que alguns 'benfiquistas' fizeram em Faro foi uma autêntica vergonha. São aqueles que se ufanam de democracia, mas continuam a recusar o veredicto das urnas no último sufrágio. São os que se arrogam numa pretensa exigência, mas não passam de arruaceiros e ordinários.
Não fazem falta."
Isto é o Benfica
"Não é a primeira vez que tal sucede, tenho repetido inúmeras vezes em grupos de amigos.
Estamos perante 2010/11, com uma mistura de 13/14…os condimentos são os mesmos.
Depois de uma temporada fantástica, não se ganha nada e tudo vai para cima do treinador.
É o normal, escusam de vir com cantigas, quem escolhe o 11, a tática, faz as substituições e dá aval às contratações é o TREINADOR.
Só não era assim no Real Madrid dos Galaticos em que o presidente comprava à revelia do treinador…por isso ganharam tão pouco nesse período.
Não, isto não é defender a direção porque esta é igualmente culpada pela total ausência de comunicação!
Sejamos honestos, que comanda as tropas que provocam desacatos são os guerreiros digitais, os mestres dos teclados, os gurus dos lives nas garagens ou sofás da sala com cachecóis expostos na parede, camisolas vestidas e cada um a apregoar que é mais benfiquista que os demais…é esta a realidade!
A direção há anos que abdicou de uma comunicação de combate, uma comunicação que foi “comida de cebolada” quando a santa aliança do hotel Altis se juntou para manipular as massas em seu favor, uma comunicação que emite lacónicos comunicados cheios de nada passados dias do acontecimento, isto leva a que o seu espaço seja preenchido pelos paineleiros e pelos trauliteiros do teclado como eu que dizem o que lhes apetece e que moldam as mentes das pessoas, que por si só já estão insatisfeitas com a vida, juntam a derrota do Benfica e ainda pior!
Não, o treinador não deve sair ponto final.
E não é por aquilo que custa a sua saída…se questionarem o universo Benfiquista não devem haver muitos que não digam que até pagam do próprio bolso a sua saída (tipo operação coração ou início da SAD…não hora da verdade o dinheiro é sempre menos da metade…)!
É tão somente porque os projetos tem de ter capacidade para resistir à adversidade.
JJ teve anos horríveis…anos sofríveis em que fez 70 e poucos pontos com planteis que envergonhavam estes…mas seguramos o homem e ele devolveu as finais europeias e deu início ao tetra!
Rui Vitória levou no pelo forte e feio em qualquer deslize, deu o corpo às balas sozinho porque o Jorge Gabriel já cá não morava e só havia estes monos de enfeitar…
Lage idem…JJ novamente…idem também,…só Rui Vitória resistiu ao segundo ano porque venceu…TUDO…e mesmo assim foi arrasado nos anos vindouros…isto não é propriamente exigência é uma mistura com insanidade.
Somos impactados diariamente pelos opinion makers que tal como diz Mourinho “nós devemos gostar” porque em mais nenhum país há painéis de 3/4 pinos que muitas vezes nem para irem à baliza eram escolhidos a falar diariamente sobre a revista “Maria” do futebol…não é mais nada…
Raramente se discute o passe de merda, o virtuosismo de um lance a beleza de um golo…no entanto consegue-se andar 1 semana ou duas a debater se as linhas do VAR foram bem ou mal colocadas…como dizia o outro…
“É disto que o meu povo gosta”…
Há que romper com o passado e Rui Costa precisa de tê-los no sítio para segurar Roger Schmidt…sei que não é fácil…mas tem de lhe dar o 3 ano à frente do clube.
Claro que Schmidt não pode achar que pode andar mais um ano de mãos nos bolsos…é preciso mais, muito mais…mas não posso acreditar que aquele Benfica que deu chocolate foi obra do acaso!
É talvez a maior decisão que Rui Costa terá de tomar na sua vida, mas será uma que terá um impacto importante a longo prazo.
De qualquer das formas, não me revejo nas selvajaria que se viu hoje em Faro…tal como não me revi naquela que vimos na escadaria do Jamor…mas compreendo que a frustração leve a estas coisas mais a mais quando são impactados a todo o instante com o mais negativo do Benfica."
A catapulta de Di María lança o Benfica na revolta dos reforços
"Na resposta à eliminação de Marselha, as águias ganharam (3-1) no Algarve. Schmidt rodou a equipa e o argentino, muito forte a servir os companheiros, brilhou num encontro em que três contestadas aquisições da temporada — Kökçü, Arthur Cabra e Álvaro Carreras — marcaram
A época 2023/24 do Benfica é uma montanha-russa, subindo e descendo entre mini-crises e períodos que escapam às mini-crises. Depois dos dois dissabores seguidos contra o Sporting e da queda em Marselha, a viagem a Faro era feita novamente na parte inferior da viagem, outra vez procurando culpados, apontando dedos e apurando responsáveis.
Neste tribunal da temporada, dois dos maiores pontos de debate e crítica pareceram viajar para o Algarve com vontade de dar mais uma prova de vida na campanha, evidenciar que ainda havia mais uma palavra que dizer, procurar uma última mudança de relato. Di María, a lenda que, segundo algumas leituras, veio destabilizar a ordem estabelecida e consolidada do campeão; os reforços, as caras nomes que não se adaptaram nem fizeram esquecer Grimaldo, Ramos ou Enzo.
Reagindo ao triunfo do Sporting, o Benfica fez dos criticados os protagonistas, dos questionados os destaques. Vitória por 3-1, Di María envolvido em todos os golos, que foram apontados somente por reforços: Orkun Kökçü, o turco da entrevista polémica, Arthur Cabral, um dos pontas-de-lança da roda vida que Roger Schmidt dita que existe à frente, Álvaro Carreras, o lateral cedido pelo Manchester United que também anda às voltas na orfandade de Grimaldo, entre o erro de casting Jurasek e as lesões de Bernat.
Com Rafa Silva a não sair do banco, talvez começando uma inevitável despedida da Luz, foi como se um vislumbre da época que poderia ter sido surgisse em Faro: um 2023/24 em que apenas o lado solar de Di María aparecia, uma temporada em que os reforços rendiam, uma campanha em que Schmidt rodava e fazia uso de todo o seu plantel. Mas estamos no fim de abril, o Benfica vem de nova mini-crise e corre atrás do prejuízo. O Sporting segue a sete pontos quando só faltam 12 por disputar.
O primeiro obstáculo da noite algarvia do Benfica foi um pesadelo trazido da primeira volta. Na Luz, Ricardo Velho fez uma das melhores exibições do campeonato, um festival de defesas atrás de defesas que atrasou as águias numa das tais mini-crises. No arranque do desafio, Di María, Arthur Cabral e Tiago Gouveia encontraram a oposição do minhoto, especialista em acumular muitas paradas por desafio.
No tal vislumbre do que a época poderia ter sido, Schmidt fez cinco alterações no onze. Saíram Aursnes, João Neves, Rafa Silva, Neres e Tengstedt e entraram Carreras, João Mário, Kökçü, Gouveia e Arthur Cabral. Os cinco saíram do São Luís com nota altamente positiva.
Com um onze refrescado, o bom arranque dos visitantes foi premiado com um bolo. A principal fórmula de perigo do primeiro tempo foi Di María+Bah=golo. O argentino, como todos os craques, domina o tempo, sabe que a finta mais eficaz às vezes não é a que as pernas fazem mas a que usa o relógio para enganar, simular, fugir. O campeão do mundo aguentou, esperou pelo lateral dinamarquês e Kökçü abriu o ativo. Foi o terceiro golo do turco nas últimas três vezes que foi titular pelos lisboetas.
O tango de Di María terá espicaçado Belloumi, o argelino que é o maior artista à disposição de José Mota. O técnico não bate o Benfica há quase 20 anos, desde um triunfo pelo Paços de Ferreira em 2005/06, mas terá sonhado com isso nas asas do talento do seu canhoto que arranca da esquerda, dribla e cria.
Aos 23', depois de uma confusão na sequência de um canto, a bola sobrou para Belloumi, que disparou um grande tiro para empatar.
O jogo poder ter dado um vislumbre de uma outra época, de uma outra 2023/24, mas estamos nesta, na temporada o campeão em título que vai de mini-crise em mini-crise. Em dezembro, depois do empate na Luz contra o Farense, o Benfica saiu de uma dessas mini-crise à boleia do calcanhar de Arthur Cabral. Aos 34', o ponta-de-lança foi a consequência da fórmula Di María+Bah e, na área, voltou a marcar com nota artística. Logo a seguir, o brasileiro esteve perto de bisar, num remate de longe que foi ao poste.
No recomeço, Tiago Gouveia quis imitar uma célebre jogada de Emilio Butragueño, a lenda do Real Madrid, contra o Cádiz. Fintou Belloumi criando espaço onde este não habia, mas depois ficou a meio do trabalho. Na resposta, o o driblador argelino do Farense obrigou Trubin a esticar-se para evitar a igualdade.
Mas o serão de Faro era de Di María. O campeão do mundo é, aos 36 anos, um criativo de vistas largas, um artista de catapulta no pé esquerdo, sempre pronto a criar perigo à distância, levantando a cabeça e servindo quem está longe com precisão.
Aos 67', a mira de longo alcance do Fideo foi da direita à esquerda para encontrar Álvaro Carreras. O espanhol é um símbolo de parte do que correu mal na época: para suceder a Grimaldo, veio um lateral que cedo se perceber ser curto para as exigências técnicas; para corrigir isso, veio outro que não está em condições físicas, uma reedição do fenómeno Draxler; finalmente, chegou Carreras, que anda há três meses entre o peso de suceder a Grimaldo e a carga de corrigir estes erros.
O jovem cedido pelo Manchester United recebeu e, provando que é um canhoto que não acaba no pé esquerdo, fez o 3-1 de direito. Pouco depois, a catapulta de Di María esteve quase a somar nova assistências, mas o cabeceamento de António Silva foi ao lado.
Se o fulgor de Di María ou o rendimento dos reforços poderiam dar um vislumbre do que a época poderia ter sido, o apito final esclareceu onde estávamos. Contestação de adeptos, o Sporting a sete pontos. À saída de uma mini-crise e com pontos de interrogação quanto ao futuro próximo, o Benfica continua vivo no campeonato."
Bom Jogo, Boa Vitória e a Confirmação de Que Temos Plantel Para Mais
"Farense 1 - 3 Benfica
Antes de Jogo
> Sem possibilidade de chegar ao primeiro lugar - não alinho nessa história do matematicamente possível - e com o segundo garantido, espera-se que Schmidt aproveite os cinco jogos que faltam para dar a titularidade a jogadores menos utilizados e que podem fazer parte do nosso futuro.
> Rafa é um exemplo de jogador - Di María será outro - que não faz sentido entrar no onze: vem fazendo jogos miseráveis, já se percebeu que não quer continuar connosco, para quê colocá-lo a jogar? Preparar o futuro!
> Na primeira volta, na Luz, foi dos melhores jogos da equipa nesta época. Empate muito injusto, é bom lembrar. E na primeira volta, aqui, o Sporting ganhou com um penálti à la Taremi do Edwards, é bom lembrar também.
> Sem possibilidades de ir a Faro, vejo o jogo em casa de amigos - na minha a Sporttv não entra.
Durante o Jogo
> 00 min Somos os maiores - e o abono de família do futebol português: sem hipóteses de chegar ao primeiro lugar enchemos o São Luís!
> 16 min vejo Florentino a recuperar mais uma bola, a fazer um grande lançamento em profundidade - só joga para trás e para lado, certo? -, Di María temporiza e o Bah oferece de bandeja ao Kökcü. Belo golo: 1-0.
> 20 min Vai-se confirmando: Kökcü na sua posição preferida é outra coisa. E quantas bolas já recuperou o Florentino em tão pouco tempo de jogo? Impressionante!
> 23 min Em vez de estarmos a dar dois ou três, sofremos o golo do empate. Não há pachorra para as nossas baldas defensivas.
> 30 min Bom jogo, boas combinações ofensivas, mas perdulários em demasia.
> 34 min Mais uma vez Di María a lançar Bah - e vai a segunda assistência do dinamarquês, desta vez para o Arthur Cabral marcar um grande golo de calcanhar. A lembrar Salzburgo: lindoooooo.
> 37 min Arthur Cabral ao poste. Que remate! Está inspirado. (É mais ponta de lança do que o Tengstedt, ou não?)
> 45 min Boa primeira parte: 12 remates, 6 na baliza, mais 2 nos ferros, 5 defesas de Ricardo. 2-1 é curto para tanto domínio.
> 52 min O Di María a colecionar aberturas em vez de fintas desnecessárias é outra coisa.
> 55 min Ó Schmidt, mete aí o Rollheiser, pf.
> 60 min Esta segunda parte nada tem a ver com a primeira. (Entram o Neres e Neves.)
> 67 min O Carreras nem estava a ter grande entrada na segunda parte, com algumas bolas perdidas, mas agora saca de um golo em jogada individual - e com o pé direito!
> 73 min João Neves leva cabeçada e vamos ter Aursnes... a jogar no meio campo - uau, que luxo!!!
> 77 min Depois de tanto tempo para avaliar o lance do Bah, para quê parar o jogo para confirmar que não foi penalti?
> 79 min Mais uma nota artística do Arthur Cabral: agora um pontapé de bicicletas que merecia golo.
> 90 min Isto entrou em ritmo de treino. OK, está despachado. Venha o Braga, com mais oportunidades aos miúdos, de preferência."