quarta-feira, 24 de abril de 2024

Um amor sueco


"Ao longo das nossas vidas, nem sempre nos conseguimos despedir das pessoas de quem gostamos e admiramos. Seja porque, por acasos da sorte, deixamos de estar com elas, seja porque morrem sem que tenhamos tempo para mostrar a dizer tudo o que sentimos.
Não foi o caso de Sven-Goran Eriksson. O treinador sueco que revolucionou o futebol do SL Benfica na década de 1980 anunciou há poucos meses que tem menos de um ano de vida, em função de uma doença terminal. Em vez de ser agarrar a uma sala de tratamentos intensivos e paliativos, Eriksson partilhou a informação com quem o segue e, desde esse momento, tornou-se alvo de gratidão e do respeito de milhões de adeptos de futebol em todo o mundo. Depois de ter sido convidado a fazer de treinador de uma equipa de velhas glórias do Liverpool FC, o homem que levou o Glorioso à conquista de 3 Campeonatos Nacionais e a 2 finais europeias esteve no Estádio da Luz para assistir ao primeiro jogo dos quartos de final da Liga Europa frente ao Marselha. Ao intervalo, desceu ao relvado com a guarda de honra de cerca de 20 antigos jogadores por si orientados no maior clube de Portugal. E eu chorei. E o meu vizinho do lado na bancada também. Os da fila de cima, idem, os da bancada em frente, aspas. E em caswa e na net, presumo que se tenha passado o mesmo, num misto de tristeza e agradecimento.
Tenham ou não memória viva dos tempos de Eriksson na Luz, os benfiquistas sabem que não se deixa para trás um dos nossos e que é nos momentos amis complicados que mostramos a nossa força e empatia.
O momento Eriksson na Luz foi das coisas mais bonitas e emocionantes a que pude assistir na Catedral, ao nível do funeral de Eusébio ou da despedida de Chalana. Neste caso, com a enorme vantagem de cada um de nós se ter podido despedir do ídolo em vida, ver a sua reação, proporcionar-lhe um momento inesquecível e vê-lo sorrir de gratidão. Passe o que passe, será escrita mais uma história linda do Sport Lisboa e Benfica."

Ricardo Santos, in O Benfica

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