A analogia de Duarte Gomes para explicar dois lances da Luz


"Comentador de arbitragem A BOLA analisa lances entre Di María e Júnior Pius e entre Coates e Rafa

Às vezes a melhor forma de tentar explicar alguns lances é através da analogia, de exemplos práticos que podem ajudar-nos a ter outra perspetiva e visão dos factos.

Tema:
Parece haver ainda alguma confusão sobre quando e como devem ser punidos determinados contactos físicos entre jogadores: quem provoca o quê, como, quando, em que circunstâncias e com que consequências.
O lance de ontem, entre Coates e Rafa, foi disso exemplo cabal, tal como outro na Luz entre Di Maria e Júnior Pius (SL Benfica/GD Chaves, da jornada anterior).

Vamos às analogias então:
SITUAÇÃO -1
- Imagine que está a fazer uma corrida e ao passar por outra pessoa (a fazer o mesmo), toca com o seu pé na perna dela, caindo no chão.
Repare:
- Essa pessoa não fez nada. Não perturbou a sua movimentação, não invadiu o seu espaço, não fez qualquer movimento com os pés e/ou pernas para que você tropeçasse ou caísse. Pergunta: - De quem é a responsabilidade da sua queda?
Resposta:
- É sua, caro leitor. Porquê?
- Porque promoveu deliberada e/ou involuntariamente um contacto com alguém que nada fez para o prejudicar, afetar ou perturbar a sua corrida.

SITUAÇÃO - 2
- Você está a correr em velocidade e quando passa por outra pessoa (também a correr), ela estica uma das pernas para o seu lado, para a frente da sua trajetória de corrida. Resultado? Você cai, porque tropeça num "obstáculo" inesperado que surgiu diante de si.

Pergunta:
- De quem é a responsabilidade dessa queda?

Resposta:
- É dessa pessoa, caro leitor, porque foi ele que iniciou movimento de risco para o seu espaço, para onde você estava a passar, levando-o a desequilibrar-se e cair. Não foi você que foi tocar nela. Foi ela que se posicionou de forma a que o impacto fosse inevitável.

Repto:
- Consegue o caro leitor ter lucidez e distanciamento suficientes para compreender a diferença entre as duas situações? Elas são aparentemente semelhantes, mas na verdade são totalmente opostas.
Acho que continuamos a ver futebol com demasiado coração, sem pôr a razão no sítio certo. E é talvez por isso que deduzimos que lances idênticos têm tratamento diferente.
Não! Lances idênticos têm tratamento idêntico, mas lances diferentes devem e têm que ter respostas diferentes!
Que alguns adeptos apaixonados não consigam ver essa realidade, tudo bem.
Agora que pessoas com outra obrigação e responsabilidades desconheçam as diferenças técnicas entre situações parecidas, bem... aí a história é outra."

Não é fácil ser Gonçalo Ramos


"É uma carreira construída a vencer enormes desafios: primeiro, a desconfiança no Benfica; depois, ter de fazer melhor que Ronaldo e Mbappé

Há jogadores que convencem no primeiro toque na bola e outros que precisam de muitos toques, corridas, passes, assistências, golos e mesmo assim não se tornam consensuais porque ao primeiro deslize o curto capital de confiança se desvanece, obrigando-os a fazer quase tudo de novo.
Gonçalo Ramos enquadra-se nesta categoria. Seja porque não é um avançado rápido com bola, um prodígio de técnica ou simplesmente porque muitos dos seus golos são feitos à base de um ou dois toques. Aquilo que desdenhosamente certos poetas da bola resumem à frase: «Só corre e marca golos.»
Mesmo tendo sido o melhor marcador do Benfica na época passada, não vi, ao contrário de outras transferências bem mais robustas, uma comoção geral pela sua partida após a transferência para o Paris Saint-Germain, como se fosse relativamente fácil encontrar um substituto que fizesse o mesmo.
Até mesmo dentro do clube havia, até à vinda de Roger Schmidt, uma desconfiança sobre o potencial do algarvio. Foi preciso chegar alguém de fora, com outras ideias, para chegar ao pé dele, ainda nos primeiros treinos, e dizer-lhe algo do género: ‘És o tipo de avançado que quero, vais ser essencial na minha estratégia’ – o alemão pode ter os seus defeitos, mas foi o único capaz de olhar para Ramos e retirar tudo o que ele tem de bom. Aconteça o que acontecer nos próximos meses, isto ficará na história.
Não é fácil ser Gonçalo Ramos. Porque é daqueles pontas de lança que requerem uma visão especial de quem recruta ou treina. Aquilo que em futebolês se designa por ‘ter olho’: a capacidade de identificar virtudes que não são aparentes mas que se encaixam imediatamente no puzzle mental de quem tem a incumbência de formar um onze ou um plantel. Não é fácil ser Gonçalo Ramos porque também é o único jogador no mundo com a responsabilidade de superar Cristiano Ronaldo e Mbappé. Nenhum outro tem, atualmente, um peso assim nos ombros. E no entanto é como se fosse um passeio no parque.
Na Seleção Nacional já se percebeu que as pernas nunca lhe tremem, mesmo que tenha de substituir o melhor futebolista português de todos os tempos. Os números falam por ele: oito golos em 514 minutos distribuídos por 11 jogos, o que dá uma média de um golo a cada 64 minutos.
E no Paris Saint-Germain (mesmo que não jogue na mesma posição que o capitão e seja teoricamente compatível) aconteceu um daqueles episódios que marcam uma carreira: com a equipa reduzida a 10 unidades e já a vencer por 1-0 frente ao rival Marselha, em pleno Vélodrome, Luis Enrique decide tirar a grande estrela da equipa para colocar o português em campo. Mbappé faz birra (e um desrespeito pelo colega que vai entrar no lugar dele), Gonçalo entra e depois faz o 2-0.
Fosse um daqueles jogadores destrambelhados e todos diríamos que seria a irresponsabilidade a sobrepor-se à pressão, mas como não é esse o caso só podemos encontrar na enorme força mental e autoconfiança a explicação para ele nunca acusar a responsabilidade de ter de fazer melhor que dois monstros do futebol mundial.
Gonçalo Ramos dificilmente será candidato a ganhar uma Bola de Ouro, mas aqueles que sonham com o troféu podem ficar mais perto de o conseguir se o tiverem na sua equipa. Porque é a antítese do avançado egoísta. E mesmo assim não perde o rótulo de goleador. Nada mau para quem só corre a marca golos. "

Extremamente desagradável


"Para Pinto da Costa, sócio levar estalo numa AG é desagradável. Faz lembrar aquele que disse que invadir um centro de treinos é chato

Pinto da Costa começou a entrevista à SIC – em cenário e pose de figura máxima da cidade do Porto, com drone a mostrar-nos belas imagens noturnas da Invicta aos pés do senhor presidente («Senhor presidente, peço desculpa por interrompê-lo»; «Não é intenção interrompê-lo mas pode acontecer amiúde porque são muitos e importantes os temas que temos para tratar», chegou a ouvir-se) – a relacionar período em que as arbitragens, disse ele, começaram a prejudicar o FC Porto, com o surgimento da candidatura de André Villas-Boas – ou Luís André, como se referiu durante toda a entrevista ao adversário na corrida eleitoral. Para Jorge Nuno Pinto da Costa, ou a candidatura de Villas-Boas está a promover que as arbitragens prejudiquem a equipa azul e branca, ou os árbitros se juntaram a conspirar para ajudar a eleger o antigo treinador como presidente dos dragões. Uma teoria que nada fica atrás das que já vimos em negacionistas, populistas, radicais apoiantes de Trumps e Bolsonaros e outros que tais que já chegaram a Portugal, agora, pelos vistos, também à campanha eleitoral portista.
Pinto da Costa também falou da assembleia geral em que toda a gente viu sócios a serem agredidos e que motivou operação policial com detidos, gente violenta que, garantem as autoridades, poderia por em causa o período eleitoral. Para Pinto da Costa, ver sócio do clube a que preside «levar um estalo é desagradável». Só isso...
Ouvir Pinto da Costa é regressar ao passado. Porém não àquele glorioso que faz dele o mais titulado presidente do mundo, que poderia lembrar e também capitalizar. Mas não, Pinto da Costa prefere ir ao baú das mais bafientas táticas, agora na campanha eleitoral. E ao classificar as situações da AG de novembro como desagradáveis, vai ao baú das mais infelizes frases proferidas por um presidente de um clube em Portugal, como Bruno de Carvalho, já expulso de sócio pelos sócios do Sporting, que na reação à invasão da Academia em maio de 2018 a considerou como uma situação chata. «Foi chato», disse na altura.
Chato e desagradável foi tudo o que dois presidentes de dois dos maiores clubes portugueses tiveram para dizer sobre dois dos mais tristes e graves episódios da história dos emblemas a que presidiam… Extremamente desagradável.
Pinto da Costa continuou o guião e não se conteve em minimizar o adversário eleitoral ao chamar-lhe Luís André (era esse o objetivo, acrescentado um sorriso jocoso sempre que o proferia), ainda o chamou de tolinho e de imbecil. O problema foi quando teve de falar de finanças: não sabia de nada, não foi capaz de responder a nada, não é ele que trata de nada. Sempre foi assim, dizem. Se calhar foi por isso que as finanças do FC Porto chegaram ao estado a que chegaram."

E agora, FC Porto?


"O «silêncio cúmplice» envolve os jogadores do FC Porto que em campo nada protestaram?

E quando pensamos que se bateu no fundo, eis que, afinal, o poço era ainda mais profundo. A análise feita pela estrutura do FC Porto à arbitragem da derrota no Estoril já havia tocado os limites da alucinação, algo só possível de explicar pela tremenda desilusão que invadiu jogadores, treinadores e dirigentes perante a constatação do fim da linha na Liga, por conta da (inalcançável?) distância para os rivais. A revolta contra árbitros e VAR foi tal que, segundo o presidente, impediu Sérgio Conceição de falar na entrevista rápida e, mais tarde, na conferência de imprensa. Se a primeira até poderia entender-se, à luz do calor do momento, a segunda não tem justificação, porque em causa estão profissionais, pagos a peso de ouro e que, se 10, 15 ou 20 minutos depois não conseguem encontrar ferramentas que os acalmem, estarão, provavelmente, com problemas a requerer apoio especializado.
Não acredito que seja o caso; considero, ao invés, que foi decisão concertada para dar mais palco a um presidente em campanha eleitoral. Palco que voltou a ter em entrevista à SIC e na qual foi mais longe do que se poderia imaginar, ao alegar que há ligação entre as prestações dos árbitros nos jogos do FC Porto e a candidatura de André Villas-Boas.
Acreditei desde o início que, nesta corrida à cadeira de poder, sairia vencedor quem falasse menos. É que, pelo que se tem ouvido, o silêncio é mesmo de ouro; pelo menos, em oposição ao discurso gasto, provocador e indigno de uma instituição centenária como o FC Porto.
E, se já não bastasse, eis a comunicação do clube também a alucinar, quase a estrebuchar, acusando media e analistas de arbitragem de «silêncio cúmplice» por não terem visto que o livre do golo estorilista foi marcado seis metros fora do local devido... Sobre honestidade intelectual, ficamos conversados. E pergunto: esse «silêncio cúmplice» envolve capitães ou outros jogadores do FC Porto que não avisaram o árbitro de tamanho erro?"

‘Geo-Blocking’


"Parlamento Europeu discutiu necessidade de repensar regras do bloqueio geográfico

No final do ano passado, o Parlamento Europeu discutiu a necessidade de repensar as regras da União Europeia em matéria de bloqueio geográfico, especialmente à luz da acelerada transformação digital e do aumento das compras online nos últimos anos.
Tais regras, atualmente, não se aplicam a serviços digitais específicos, como os que oferecem conteúdos protegidos por direitos de autor (por exemplo livros eletrónicos, música, software e jogos online) e ao setor audiovisual.
Em relação aos primeiros, os eurodeputados destacam os potenciais benefícios de incluir esses serviços ao abrigo das regras da UE.
Quanto aos segundos, sublinham a importância de modernizar o setor audiovisual para satisfazer as expectativas dos consumidores em termos de disponibilidade, acessibilidade, flexibilidade e qualidade de conteúdo audiovisual e eventos desportivos ao vivo, reforçando expressamente a disponibilidade e acesso de eventos desportivos através de serviços de streaming.
Pretendem especificamente que a Comissão Europeia e os Estados-Membros avaliem cuidadosamente todas as opções para reduzir a prevalência de barreiras injustificadas e discriminatórias de bloqueio geográfico, ao mesmo tempo que considerem o potencial impacto da alteração das regras nos modelos de negócio existentes e no financiamento das indústrias envolvidas.
Os eurodeputados argumentam, no entanto, que alargar o âmbito das regras ao setor audiovisual resultaria numa perda significativa de receitas, ameaçaria o investimento em novos conteúdos, reduziria a diversidade cultural dos mesmos e diminuiria os canais de distribuição e, em última análise, aumentaria os preços para os consumidores."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

EUA contra o Mundo


"O que dirá o sindicato dos jogadores se ser ‘all-star’ pode significar vir a ganhar mais...

Há uma semana, em entrevista ao programa da CNN King Charles, de Charles Barkley e Gayle King, o commissioner da NBA Adam Silver terá aberto, mais que nunca, a hipótese do All-Star Game, que esta época, em Indianápolis, e depois de seis edições com os capitães de cada seleção a escolherem, à vez, os 24 eleitos, voltou ao formato de Este contra o Oeste, passar a ser Estados Unidos contra Equipa Mundo. 
A ideia está longe de ser nova e tem bastantes adeptos, mas a novidade é mais por ser SiIver, que não é grande apoiante pelas mais variadas razões, nunca se ter referido a ela de forma tão séria.
Uma, e visto que os jogadores, no regresso ao Este-Oeste, continuam a não defender, abrindo autoestradas para os adversários afundarem ou lançando repetidamente de meio-campo para ver quem encesta num esforço, vá lá, com muito boa-vontade, de 40%, deve-se também ao fim dos contratos televisivos em 2025. A NBA pretende que os novos estejam assinados em 2024, para então mexer nos tetos salariais, aumentar receitas e avançar para a expansão.
Será essa a solução? Quem garante que os jogadores terão maior vontade de disputar um jogo de basquete a sério, que entusiasme os adeptos nos 214 países e territórios para onde está a ser transmitido, só por causa dessa divisão. Afinal uma das desculpas que as estrelas dão por não se aplicarem é para não se magoarem e querem ter um fim de semana de diversão. Será que no EUA contra o Mundo têm menos hipóteses de se lesionarem?
Outro problema. No início da temporada, as 30 equipas contabilizava cerca de 540 jogadores: 15 com contratos standard e três com acordos de duas-vias, caso do nosso Neemias Queta. Do total 125 eram estrangeiros, vindos de 40 países, o que dá 23%. Ora, cada Seleção do All-Star é composta por 12 elementos, a NBA não quer mudar para 15, e estes são eleitos, no caso do cinco inicial, por fãs, imprensa e colegas – os suplentes pelos treinadores de cada conferência. Estão lá por mérito do que têm feito nessa época. Como é que os basquetebolistas americanos veriam o seu universo all-star, que para alguns é quase como irem à Seleção, ser muito mais reduzido do que o dos estrangeiros.
E depois, para que esse mudança aconteça terá de ser aceite pelo forte sindicato dos jogadores. O que dirá a NBPA sobre a alteração quando, por vezes, os associados podem vir a ganhar mais no final da época ou quando chegar a renovação, se tiverem sido all-stars. Qualquer estrangeiro ficaria em vantagem, no negócio e na escolha. Afinal o seu universo é bastante mais reduzido.
E se nessa campeonato não houver tantos não americanos, que até estão em maioria no top 5 da corrida ao troféu de MVP, a destacarem-se? Vão porque tem de ser quando haveria outros que o mereciam mais?
Apesar do número e impacto dos estrangeiros na Liga ser cada vez maior, dos 26 all-stars de Indianápolis-2024, houve mais dois devido a lesões, só cinco eram estrangeiros. E incluo Joel Embiid (lesionado), natural dos Camarões mas que se naturalizou para ir à Seleção dos EUA nos Jogos. E em Salt Lake City-2023 eram oito. O problema de Silver vai continuar a ser difícil de resolver e 2025 é já ali..."

Taças...

Sporting deu lição de como seguir em frente com ajuda do passado a um Benfica com o futuro perdido


"O Sporting é o primeiro finalista da Taça de Portugal. O empate na Luz (2-2) foi suplantado pela vitória somada na primeira mão da meia-final, em Alvalade. O Benfica fica pelo caminho num jogo em que, depois de estar duas vezes em desvantagem, conseguiu o empate e acabou a dominar. Rivais de Lisboa voltam a medir forças este sábado para o campeonato

A explicação das dores do Sporting era um Di María com bipolaridade seletiva. No relvado da Luz, apareceu o argentino que deu o Mundial, a Copa América, a Finalíssima e os Jogos Olímpicos ao seu país e não aquele jogador de 36 anos com uma carreira em fase descendente. A verdade é que os pés não ganham rugas e o internacional alviceleste vestiu o fato que usa nos jogos grandes.
Não há surpresa nenhuma que seja um jogador com uma preposição no bilhete de identidade a tornar-se no nome maior do dérbi da segunda mão da meia-final da Taça de Portugal. Só que o ilusionismo de Di María não foi maior do que o coelho na cartola que o Sporting trazia da primeira mão (2-1). Não fosse isso e os leões não teriam hipótese de entrarem numa espécie de jogo passivo que acalmou um encontro que não corria de feição ao emblema de Alvalade.
Casper Tengstedt, uma das duas mudanças de Roger Schmidt em relação ao jogo com o Chaves, tinha picado uma bola por cima de Franco Israel, guarda-redes verde e branco, depois de Di María dar seguimento ao seu espetáculo que começava à direita e tinha passagens um pouco por todas as zonas do ataque.
Logo nos momentos iniciais do encontro, chegou, vindo da bancada, um carregador (sim, isso mesmo) que Nuno Santos, antes de bater um canto do lado direito do ataque leonino, entregou ao árbitro. Na sequência, o Sporting mostrou-se ligado à corrente. Morten Hjulmand quase penalizou uma má abordagem de Trubin com um golo logo nos momentos iniciais. A partir daí, no que à primeira parte diz respeito, a bateria acabou.
Em ataque organizado, Rúben Amorim colocou Francisco Trincão no enfiamento de Daniel Bragança, como terceiro médio. O flanco direito ficava então livre para os movimentos de Viktor Gyökeres no espaço entre Aursnes e Otamendi, enquanto que Paulinho, vindo da esquerda, ocupava a zona nove. O que o treinador do Sporting não contava era com uma pressão encarnada afinada a um nível que tem sido raro esta época. Na ausência de lances de bola descoberta, os leões estavam a ser incapazes de imaginar acessos alternativos ao goleador sueco. Da única vez que o conseguiram fazer, a jogada acabou com um remate cruzado do avançado que saiu pela linha lateral.
O mérito ofensivo do Benfica estava essencialmente concentrado em Di María, mas depois de tanto ter servido os seus camaradas, o argentino apareceu na cara do golo, graças a um cruzamento de Aursnes cujo trajeto foi milimetricamente percorrido até ao desperdício de todo o tamanho do extremo.
Para atacar melhor, ao intervalo, o Sporting, que, apesar de tudo, continuava na frente da eliminatória, lançou três jogadores para o setor recuado. Geny, St. Juste e Matheus Reis renderam Esgaio, Diomande e Nuno Santos, respetivamente. Num ápice, Amorim resolveu todos os problemas. Di María desapareceu e o lado direito do ataque verde e branco começou a funcionar nos moldes pretendidos.
Gyökeres lá fugiu pelo corredor, enquanto Morten Hjulmand acompanhava o movimento no corredor central. Fora da área, o dinamarquês rematou em jeito para o golo inaugural. Com as substituições de Amorim a terem o efeito desejado, reação imediata do Benfica podia ser algo que não estava nos planos, mas aconteceu. Neres levantou para Otamendi e o argentino, de cabeça ao segundo poste, empatou.
Nesta fase, já não existiam segredos. As qualidades e defeitos estavam a ser expostos e espremidos ao máximo. Como tal, as duas equipas voltaram a usar os mesmos métodos com os quais cada uma tinha chegado ao golo. O Sporting ativou de novo o lado direito. Geny encarou Aursnes, Trubin não segurou a trivela do lateral e Paulinho, na recarga, voltou a colocar os leões de novo numa efémera vantagem. Visto que o remate de Gyökeres que se seguiu ficou no ferro, o Benfica ripostou com novo cruzamento ao segundo poste. Na ocasião, Bah colocou a bola em Rafa.
Tinha 25 minutos para ser suprida a necessidade que os encarnados sentiam de vencer o encontro para, pelo menos, levar a meia-final a prolongamento. Não choveram oportunidades, para que isso acontecesse. Aliás, até teve que ser Trubin a negar junto ao chão novo golo de Paulinho. Tudo somado, o Sporting acabou por ser se fazer valer do triunfo da primeira mão para, com um agregado de 4-3 favorável, assegurar presença no Jamor. O adversário na final vai sair da meia-final que opõe o FC Porto ao Vitória SC."

Eliminação muito injusta, discutir o título em Alvalade


"Benfica 2 - 2 Sporting

Antes do Jogo
> Eles estão todos com a equipa, não duvidam do seu valor e acreditam que vão ganhar tudo; nós temos os adeptos divididos quanto às opções do treinador, à qualidade coletiva da equipa e desconfiados de que possamos ganhar títulos. Se calhar nem é um mau ponto de partida.
> O resultado do jogo e também a forma como ele decorrer pode bem influenciar o dérbi de sábado, que será decisivo para o título. Fundamental ganhar hoje!
> Muitos sportinguistas protestaram com a nomeação de João Pinheiro e - grande anedota! - com o Hugo Miguel no VAR e o Fábio Veríssimo como quarto árbitro, dois conhecidos sportinguistas com vários serviços prestados ao clube. É bom recordá-los que chegam à Luz em vantagem por ter sido anulado um golo limpo ao Di María no jogo da primeira mão.

Durante o Jogo
> 8 min Rafa, porra, não se pode falhar bolas destas. Primeira grande oportunidade é nossa.
> 15 min Tengstedt na barra. Segunda grande oportunidade é nossa.
> 17 min mais outra!
> 20 min e ainda mais outra! Estamos a ganhar muitas bolas divididas na raça. Excelente atitude.
> 30 min a melhor meia hora da época? Tino a altíssimo nível.
> 35 min é impressão minha ou o João Pinheiro está a deixá-los entrar com tudo e mais alguma coisa?
> 38 min bolas divididas são todss faltas contra nós. Até o Schmidt, sempre hirto que nem uma estátua, já se passou. Oportunidade para o Verdíssimo mostrar que está cá e que não perde oportunidade de se atirar ao Benfica.
> 45 min empate penalizador. Claramente superiores. Merecíamos no mínimo ter a eliminatória igualada. Tino, Aursnes, Bah (melhores 45 min da época), João Neves, todos muito bem. O Rafa que apareça no jogo, já cá não estave na 6a feira, precisamos de ti, pah!
> 47 min e recomeça mal, agora são precisos 2 golos. Ao intervalo tínhamos falado na nossa falta de meia distância. Eles chegam lá e já está.
> 49 min vermelho transformado em amarelo? Tengstedt não ia isolar-se?
> 52 min Grande Neres, Otamendi no terceiro andar: lindooooooo!
> 55 min Trubin defende prá frente? Fdx! Outra vez a perder...
> 60 min Tengstedt de cabeça para as nuvens. Tanto investimento em pontas de lança para tão poucos golos. > 64 min o Rafa aparece e é golo. Tanto tempo para validar?
> 71 min Rafa cai em bola dividida na área. Hugo Miguel no VAR? Não se passa nada.
> 75 min eles só defendem a vantagem, o perigo está todo na área deles. Como é queo Tino esteve tantos jogos no banco?
> 80 min 59.113 nas bancadas para ver talvez o melhor Benfica da época.
> 86 min Oh Tiago Gouveia, mais uma oportunidade perdida... Resultado muito injusto.
> 90 min 6 de descontos com 4 golos no VAR e tantas paragens para substituições?
> Fim. Muito injusto. Morremos na praia. Gamanço da primeira mão decidiu isto. Aplicar esta raça e este futebol sábado em Alvalade. Discutir o título de campeão."

Forjado


"Apenas uma das muitas decisões erróneas de João Pinheiro, que foi coadjuvado no VAR por Hugo Miguel (Macron, que vê a empresa que representa colocar uma equipa na final da taça de Portugal graças a um acumular de decisões suas).
Aqui, Tengsted é derrubado, em posição frontal para a baliza, pelo último homem entre ele e o Franco Israel, Tengsted tem a bola completamente dominada e está em posição frontal.
Livre bem assinalado, amarelo mal mostrado, deveria ser vermelho.
Juntamos a isto o penálti cuja análise está a ser unânime por tudo e todos…e temos um resultado forjado."

Interpretações!


"Dois bons derbies. Um mais Sporting. Um mais Benfica. Vencido mas nada convencido. O vencedor decidiu-se com dois lances de interpretação do VAR. Um golo anulado. Um penálti não marcado. Sábado Ganhar!"

E ainda mais um...

Mais um...

Dois anos consecutivos...

CA da FPF o verdadeiro vencedor!

3 actos...

Vermelho

O Big Brother chegou ao futebol


"Não vivemos num reality show, mas cada vez mais nos aproximamos dessa realidade, particularmente no futebol.
Estamos numa nova era de controlo dos atletas nunca antes vivida.
Mais concretamente, a era do controlo por parte das equipas técnicas, através de adereços tecnológicos.
Nesta era de super-atletas, o talento é só o bilhete de entrada na elite, mas o que os faz permanecer no espetáculo são os cuidados diários com o corpo.
Alimentação, treino e recuperação são a tríade mágica da longevidade e alta performance.
Na recuperação, há um elemento que tem sido cada vez mais analisado com um nível de detalhe não antes possível: o sono.
O que antes era apenas feito por sensações – os jogadores chegavam ao treino e preenchiam uma escala de 0 a 10 a sua percepção de descanso - hoje é tudo medido por tecnologia que faz esse papel com precisão. Além dos já conhecidos Smart Watches, que medem os nossos ciclos de sono, há agora umas novas pulseiras e anéis que recolhem todo o tipo de dados fisiológicos dos atletas, 24 sobre 24 horas.
Métricas como o nível de oxigénio no sangue, ritmo cardíaco, velocidade da respiração, temperatura de pele, quantas horas dormiram em sono reparador ou em sono leve, eficácia do sono naquela noite, o nível de impacto do treino no corpo e a percentagem de recuperação para o dia seguinte.
São gadgets que sabem mais dos atletas do que eles próprios. Com a quantidade de dados que recolhe, por comparação e análise, consegue até antecipar porquê que os jogadores estão com determinados sintomas ou sensações.
É uma ferramenta útil para as equipas técnicas medirem, por exemplo, como adaptar cargas de treino e evitar lesões.
Conjugando isto com os dados recolhidos durante o treino, como deslocação com GPS e a frequência cardíaca, hoje os atletas só não são controlados no que pensam … ainda.
No capítulo do sono, por exemplo, há clubes que vão ao detalhe de inspecionar os quartos de hotel onde vão estagiar para tapar luzes indesejadas ou até ter exigências na qualidade dos colchões e almofadas.
Foi também público o vídeo do Wolverhampton, que, para inibir as hormonas do sono antes de um jogo noturno, colocou óculos que simulavam a luz solar e “enganavam” o organismo, evitando a moleza noturna.
O Futebol tornou-se mais científico do que nunca, e isso explica a longevidade de alguns jogadores, mas também o altíssimo nível a que se joga hoje.
Já não é possível ser só um talento com jeito para a bola, já é necessário respeitar as normas de “como ser um super-atleta” para vingar num mundo tão competitivo como o do futebol."

A marca da competitividade (ou da falta dela)


"José Mourinho não vive um momento feliz da carreira, mas estava certíssimo quando há um par de semanas se mostrou surpreendido com a falta de competitividade da Liga portuguesa. Disse, sem rodeios: “Vi jogos em que passados 10 minutos já se sabia quem ganhava e passados 20 estavam acabados”. É o dedo na verdadeira ferida do futebol português, ao qual faltam – volto às palavras de Mourinho - “uma evolução mais uniforme e uma Liga mais competitiva”. Em sintonia e com crueza idêntica, Grimaldo acrescentou há dias: “em Portugal há três equipas e meia que são grandes, as outras estão a muita distância”. Isto deveria fazer soar alarmes entre os principais decisores – da Federação, da Liga e nos clubes – e mesmo na classe dos treinadores, eles próprios uma marca importante e valiosa do nosso futebol. Mas não sucede assim.
O futebol português de clubes segue entretido com o ruído de sempre sobre arbitragens - apesar de VAR, AVAR, publicações de áudios e explicações de voz nos estádios – e uma centralização de direitos que tarda em chegar e que pode nem ser a panaceia sonhada. Se por um lado permitirá o aumento da competitividade interna, com aumento generalizado dos orçamentos - assim haja mais competência para os gerir e não apenas um engordar de comissões – pode ser igualmente vista como ameaça à competitividade externa dos principais emblemas, já com dificuldades acrescidas perante a queda no ranking e a alteração de regras das provas europeias. O desafio é o de aumentar a competitividade interna mas sem que os principais clubes corram o risco de tombar para uma segunda divisão continental, no que poderá ser viagem sem regresso, para eles e, por arrasto, para o futebol em Portugal. Lembro que, no arranque da época em curso, a nosso segundo vagão europeu – onde seguiam Vitória e Arouca – descarrilou diante dos “poderosos” Celje da Eslovénia e Brann da Noruega. Há sintomas muito claros.
Por isso, a prioridade deveria ser mesmo cuidar do jogo e da qualidade dele, que a competitividade não cai das árvores. São poucas as equipas da Liga portuguesa que conseguem, perante os principais clubes, sugerir-nos que um jogo não pareça acabado mal começa, como diz Mourinho. Mas, mesmo entre elas, quantas rendem coletivamente, por regra, mais do que a qualidade dos jogadores disponíveis sugeria como possível? E quantas apresentam intenção de repartir protagonismo em todos as partidas e estender a sua ambição até à área rival? Respondo: com regularidade (e sublinho a regularidade para não ser injusto), duas ou três: Moreirense, Arouca, sem dúvida, aos quais acrescento o Rio Ave, impedido de contratar até janeiro, por isso curto de opções, mas sempre com processo de jogo bem definido. De todas as outras equipas que estão do sexto lugar para baixo esperava mais. Poderei estar com exigência em excesso, mas estou convencido de que a competitividade também começa por aí, por sermos todos mais exigentes quanto à qualidade de jogo e deixarmos de elogiar a maioria das equipas desde que se revelem “defensivamente organizadas”, até porque muitas vezes nem isso são. O Moreirense é sexto e o Arouca sétimo porque se revelam, em simultâneo, competentes no processo defensivo e audazes ofensivamente. Não há boas meias equipas, só para defender ou só para atacar. Até porque essas metades nunca serão competitivas a médio e longo prazo."

Ao rubro


"As paragens para as jornadas das seleções, neste caso, de preparação, têm sempre influência no comportamento dos grandes que, normalmente, têm vários jogadores envolvidos nas equipas nacionais de diversos países e a jogar em vários continentes.
O Benfica que o diga. Em relação à época passada, cada paragem trouxe sempre uma quebra e uma dificuldade extra. É por isso natural que Benfica e Sporting tenham tido especial dificuldade nesta jornada, vencendo ambos pela margem mínima, e que o F. C. Porto, para mais com os nervos à flor da pele, tenha mesmo perdido, pela terceira vez esta época, com o Estoril Praia. Tendo o jogo da Amoreira terminado, infelizmente, com os episódios habituais de confusão, sempre que isso acontece.
Quanto aos encarnados, se a vitória é justíssima, e não sofre qualquer contestação, a forma como o Desportivo de Chaves se apresentou defensivo, focado, batalhador e concentrado, dificultou, e muito, a missão do Benfica que, por sua vez, não pareceu especialmente focado.
Falhar três grandes penalidades no mesmo jogo e com o resultado em zero a zero, não é normal. Desta vez, valeu a segurança defensiva com Florentino, Bah, Otamendi e Tomás Araújo em bom plano e João Neves sempre a carregar a equipa e a ser decisivo ao marcar, de cabeça, o golo que faria o resultado final.
Se a exibição não foi deslumbrante, bem pelo contrário, os três pontos podem ser decisivos num momento em que a Liga está ao rubro e numa semana em que se jogam dois clássicos, determinantes para Benfica e Sporting, seja para a Taça de Portugal, seja para o campeonato nacional."