quinta-feira, 4 de abril de 2024

O Big Brother chegou ao futebol


"Não vivemos num reality show, mas cada vez mais nos aproximamos dessa realidade, particularmente no futebol.
Estamos numa nova era de controlo dos atletas nunca antes vivida.
Mais concretamente, a era do controlo por parte das equipas técnicas, através de adereços tecnológicos.
Nesta era de super-atletas, o talento é só o bilhete de entrada na elite, mas o que os faz permanecer no espetáculo são os cuidados diários com o corpo.
Alimentação, treino e recuperação são a tríade mágica da longevidade e alta performance.
Na recuperação, há um elemento que tem sido cada vez mais analisado com um nível de detalhe não antes possível: o sono.
O que antes era apenas feito por sensações – os jogadores chegavam ao treino e preenchiam uma escala de 0 a 10 a sua percepção de descanso - hoje é tudo medido por tecnologia que faz esse papel com precisão. Além dos já conhecidos Smart Watches, que medem os nossos ciclos de sono, há agora umas novas pulseiras e anéis que recolhem todo o tipo de dados fisiológicos dos atletas, 24 sobre 24 horas.
Métricas como o nível de oxigénio no sangue, ritmo cardíaco, velocidade da respiração, temperatura de pele, quantas horas dormiram em sono reparador ou em sono leve, eficácia do sono naquela noite, o nível de impacto do treino no corpo e a percentagem de recuperação para o dia seguinte.
São gadgets que sabem mais dos atletas do que eles próprios. Com a quantidade de dados que recolhe, por comparação e análise, consegue até antecipar porquê que os jogadores estão com determinados sintomas ou sensações.
É uma ferramenta útil para as equipas técnicas medirem, por exemplo, como adaptar cargas de treino e evitar lesões.
Conjugando isto com os dados recolhidos durante o treino, como deslocação com GPS e a frequência cardíaca, hoje os atletas só não são controlados no que pensam … ainda.
No capítulo do sono, por exemplo, há clubes que vão ao detalhe de inspecionar os quartos de hotel onde vão estagiar para tapar luzes indesejadas ou até ter exigências na qualidade dos colchões e almofadas.
Foi também público o vídeo do Wolverhampton, que, para inibir as hormonas do sono antes de um jogo noturno, colocou óculos que simulavam a luz solar e “enganavam” o organismo, evitando a moleza noturna.
O Futebol tornou-se mais científico do que nunca, e isso explica a longevidade de alguns jogadores, mas também o altíssimo nível a que se joga hoje.
Já não é possível ser só um talento com jeito para a bola, já é necessário respeitar as normas de “como ser um super-atleta” para vingar num mundo tão competitivo como o do futebol."

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