quinta-feira, 4 de abril de 2024

Sporting deu lição de como seguir em frente com ajuda do passado a um Benfica com o futuro perdido


"O Sporting é o primeiro finalista da Taça de Portugal. O empate na Luz (2-2) foi suplantado pela vitória somada na primeira mão da meia-final, em Alvalade. O Benfica fica pelo caminho num jogo em que, depois de estar duas vezes em desvantagem, conseguiu o empate e acabou a dominar. Rivais de Lisboa voltam a medir forças este sábado para o campeonato

A explicação das dores do Sporting era um Di María com bipolaridade seletiva. No relvado da Luz, apareceu o argentino que deu o Mundial, a Copa América, a Finalíssima e os Jogos Olímpicos ao seu país e não aquele jogador de 36 anos com uma carreira em fase descendente. A verdade é que os pés não ganham rugas e o internacional alviceleste vestiu o fato que usa nos jogos grandes.
Não há surpresa nenhuma que seja um jogador com uma preposição no bilhete de identidade a tornar-se no nome maior do dérbi da segunda mão da meia-final da Taça de Portugal. Só que o ilusionismo de Di María não foi maior do que o coelho na cartola que o Sporting trazia da primeira mão (2-1). Não fosse isso e os leões não teriam hipótese de entrarem numa espécie de jogo passivo que acalmou um encontro que não corria de feição ao emblema de Alvalade.
Casper Tengstedt, uma das duas mudanças de Roger Schmidt em relação ao jogo com o Chaves, tinha picado uma bola por cima de Franco Israel, guarda-redes verde e branco, depois de Di María dar seguimento ao seu espetáculo que começava à direita e tinha passagens um pouco por todas as zonas do ataque.
Logo nos momentos iniciais do encontro, chegou, vindo da bancada, um carregador (sim, isso mesmo) que Nuno Santos, antes de bater um canto do lado direito do ataque leonino, entregou ao árbitro. Na sequência, o Sporting mostrou-se ligado à corrente. Morten Hjulmand quase penalizou uma má abordagem de Trubin com um golo logo nos momentos iniciais. A partir daí, no que à primeira parte diz respeito, a bateria acabou.
Em ataque organizado, Rúben Amorim colocou Francisco Trincão no enfiamento de Daniel Bragança, como terceiro médio. O flanco direito ficava então livre para os movimentos de Viktor Gyökeres no espaço entre Aursnes e Otamendi, enquanto que Paulinho, vindo da esquerda, ocupava a zona nove. O que o treinador do Sporting não contava era com uma pressão encarnada afinada a um nível que tem sido raro esta época. Na ausência de lances de bola descoberta, os leões estavam a ser incapazes de imaginar acessos alternativos ao goleador sueco. Da única vez que o conseguiram fazer, a jogada acabou com um remate cruzado do avançado que saiu pela linha lateral.
O mérito ofensivo do Benfica estava essencialmente concentrado em Di María, mas depois de tanto ter servido os seus camaradas, o argentino apareceu na cara do golo, graças a um cruzamento de Aursnes cujo trajeto foi milimetricamente percorrido até ao desperdício de todo o tamanho do extremo.
Para atacar melhor, ao intervalo, o Sporting, que, apesar de tudo, continuava na frente da eliminatória, lançou três jogadores para o setor recuado. Geny, St. Juste e Matheus Reis renderam Esgaio, Diomande e Nuno Santos, respetivamente. Num ápice, Amorim resolveu todos os problemas. Di María desapareceu e o lado direito do ataque verde e branco começou a funcionar nos moldes pretendidos.
Gyökeres lá fugiu pelo corredor, enquanto Morten Hjulmand acompanhava o movimento no corredor central. Fora da área, o dinamarquês rematou em jeito para o golo inaugural. Com as substituições de Amorim a terem o efeito desejado, reação imediata do Benfica podia ser algo que não estava nos planos, mas aconteceu. Neres levantou para Otamendi e o argentino, de cabeça ao segundo poste, empatou.
Nesta fase, já não existiam segredos. As qualidades e defeitos estavam a ser expostos e espremidos ao máximo. Como tal, as duas equipas voltaram a usar os mesmos métodos com os quais cada uma tinha chegado ao golo. O Sporting ativou de novo o lado direito. Geny encarou Aursnes, Trubin não segurou a trivela do lateral e Paulinho, na recarga, voltou a colocar os leões de novo numa efémera vantagem. Visto que o remate de Gyökeres que se seguiu ficou no ferro, o Benfica ripostou com novo cruzamento ao segundo poste. Na ocasião, Bah colocou a bola em Rafa.
Tinha 25 minutos para ser suprida a necessidade que os encarnados sentiam de vencer o encontro para, pelo menos, levar a meia-final a prolongamento. Não choveram oportunidades, para que isso acontecesse. Aliás, até teve que ser Trubin a negar junto ao chão novo golo de Paulinho. Tudo somado, o Sporting acabou por ser se fazer valer do triunfo da primeira mão para, com um agregado de 4-3 favorável, assegurar presença no Jamor. O adversário na final vai sair da meia-final que opõe o FC Porto ao Vitória SC."

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