"Está de volta a Taça de Portugal e, claro, a saudade de transformar a mata do Jamor numa cozinha a céu aberto. Onde qualquer um se sente um masterchef atrás do grelhador, porque na verdade toda a barriguinha ou costelinha degustada debaixo daquelas árvores sem um sabor especial, tanto para quem come como para quem põe os outros a comer. Desde os panados, no meio do pão - temperados com limão, sal e com o pó levantado pelos carros que, de mala aberta, servem de mercearia - ao arroz de feijão cozido dentro de betoneiras, não há prato do menu que desiluda quem quer que seja.
Quando se fala da magia do Jamor, fala-se muito além de a bola a rolar em cima do relvado, porque esta é o único jogo da época onde o primeiro apito do árbitro sinaliza que o jogo já está a chegar ao fim, e não o contrário. O pontapé de saída é uns dias antes, quando vamos ao supermercado buscar as grades de cervejas que uns dias depois se vão evaporar sem que o calor do sol tenha qualquer responsabilidade.
Ir ao Jamor é como ir de férias a Palma de Maiorca: se pudesse, voltava lá todos os anos. Bebe-se bem, come-se ainda melhor, e ainda celebramos o amor pelo Benfica desde manhã cedo até ao final da tarde? È difícil exigir mais do que isto quando se trata de procurar a definição de felicidade. Por isso mesmo, é bom que se proteja este porque como se fosse mesmo uma área reservada. Fala-se há alguns tempo da recuperação do Jamor, mas estranhamente fecha-se os olhos ao maior escândalo que envolve aquele espaço. A ausência de uma merecida estrela Michelin. Eu e o leitor estamos à espera de mesa desde 2017."
Pedro Soares, in O Benfica
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