"Em 1946, o Benfica esteve envolvido na primeira partida da modalidade entre regiões diferentes
A iniciativa de se colocarem frente a frente seleções de voleibol do Porto e de Lisboa partiu da cidade do Norte, que inseriu o jogo na programação das Festas de São João de 1946.
Nessa época, a maioria das periódicos olhava pouco para a modalidade, e, embora as notícias referissem o aumento de interesse, jogava-se muito na rama do amadorismo ou do lazer, como era prática 'nas praias nortenhas em larga escala'. Mais do que para se competir, o voleibol era então visto como útil para a preparação física dos atletas. Assim, mantinha-se desconhecido entre o público em geral.
A partida ficou marcada para 23 de junho, no Estádio do Lima, onde dias antes decorrera em Porto-Lisboa de hóquei em campo, com cinco benfiquistas titulares. O selecionador Mário Lemos reuniu 14 voleibolistas de cinco equipas de Lisboa. O Instituto Superior Técnico reuniu 50% dos selecionados, pois a equipa colhera o octacampeonato regional. Seguiam-se três atletas do Sporting, dois do Benfica, um do Ateneu Comercial de Lisboa e um do Lisboa Ginásio Clube.
O seis inicial lisboeta foi composto por cinco universitários e apenas um do Sporting, o que motivou a que os jornais declarassem que 'houve seis jogadores contra uma equipa' sólida. O 'Porto, muito energético, mas com pouco conjunto', por reunir um seis de equipas distintas, entre FC porto, SC Porto, Vilanovense e Leixões, 'não pôde resistir aos de Lisboa', que levaram a melhor por 0-2, com expressivos parciais de 7-15 e 4-15.
Entre os voleibolistas do Técnico encontravam-se figuras que, no futuro, seriam grandes nomes do Benfica, como David Cohen, multicampeão de ténis entre as décadas de 1950 e 1960, e Nuno de Sousa Barros, que assumiu o papel de treinador de voleibol encarnado entre 1955 e 1980, com poucas interrupções pelo meio.
Nesse jogo esteve ainda como suplente Aurélio Martins, que como voleibolista alinhou em 90 jogos pelo Benfica entre 1944 e 1952. Mário Macias Nunes, capitão encarnado, fora o segundo convocado, embora não chegasse a alinhar. Pelo Clube, fez 35 jogos entre 1944 e 1950. Ambos fizeram parte da equipa que conquistou o primeiro troféu de voleibol do Benfica, um torneio na Parede em 1950.
No ano seguinte, realizou-se novo encontro entre as capitais. Aurélio Marques foi a única águia a ser convocada para o Lisboa-Porto de 1947, no qual a vitória de Lisboa por 2-0, com dois sets a 15-5, reafirmou a supremacia dos clubes do Sul sobre os do Norte nos primeiros anos do voleibol português.
Na área 3 - Orgulho Eclético, do Museu Benfica - Cosme Damião, pode acompanhar a evolução do voleibol nacional através das conquistas encarnadas."
Pedro S. Amorim, in O Benfica
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