domingo, 30 de junho de 2024
Manifesto anti-autogolos
"Sabe que jogador esteve mais perto de marcar pelo Brasil na estreia na Copa América frente à Costa Rica? Se respondeu Vini Jr, errou. Rodrygo? Não. Endrick? Também não. Foi o central costarriquenho Quirós, num desvio infeliz, salvo no limite pelo companheiro de equipa Sequeira.
O exemplo da Copa América, entretanto, serve apenas de gancho para o Euro, onde, como muita gente vem notando, há chuva de autogolos - são sete até ao fim da primeira fase. No Euro passado foram 11. No Mundial de 2018 chegámos a uma dúzia. Assim como é nas estradas mais rápidas e movimentadas que os acidentes são mais comuns, num futebol cada vez mais a alta velocidade e em que cada metro quadrado do terreno é disputado por duas, quatro, às vezes, seis pernas, os autogolos vêm aumentando.
Mas não se pretende discutir aqui o crescimento dos autogolos - pretende-se discutir o seu desaparecimento. Ou, mais bem explicado, o desaparecimento do seu registo. A quem agrada o registo de um golo como autogolo? A absolutamente ninguém. Logo...
Conforme a classificação do economista italiano Carlo Cipolla em Le Leggi Fondamentali della Stupiditá Umana, os inteligentes conseguem, pelas suas ações, criar vantagens para si e para os outros. Os bandidos só vantagens para si. Os crédulos só vantagens para os outros. E os estúpidos desvantagens para toda a gente - quem teve a decisão de registar um golo como autogolo cabe, com todos os méritos, neste grupo.
O registo do autogolo não agrada ao defesa infeliz, que preferia evitar essa mancha na carreira. Não interessa ao último atacante a tocar na bola, a quem dava jeito somar mais um golo no currículo. Irrita o público que quer festejar o golo de um dos seus. E ainda incomoda árbitros, designers gráficos e jornalistas, obrigados, na ficha de jogo, a acrescentar ao evento um arreliador «p.b.», iniciais de própria baliza, entre parêntesis.
Ah, mas seria justo atribuir o segundo golo português com a Turquia a Cancelo? Para começar, esse autogolo faz parte da categoria dos excepcionais, a maioria resulta de um desvio mínimo, e, depois, a pergunta certa é: prejudicaria alguém? A não ser um eventual inimigo figadal do atleta do Barcelona ou um espírito muito chato e muito burocrata, não. E pouparia Samet Akaydin de um constrangimento para a eternidade.
Um constrangimento que persegue, por exemplo, a seleção de Trindade e Tobago, que em mundiais tem mais autogolos registados, um, do que golos marcados, zero. E se naquele Estados Unidos-Colômbia em 1994, o golo fosse atribuído ao americano John Harkes e não a Andrés Escobar, quem sabe se não teríamos poupado uma vida."
Pontapé de Estugarda ‘Blackout’ com as luzes acesas
"Dois dias de contactos com ucranianos em Kiev e na Alemanha fizeram-me perceber o motivo de eles terem surpreendido o mundo pela forma como resistiram à invasão russa
As mensagens demoravam muito a chegar, mas acreditei que fosse por causa do excesso de trabalho ou de solicitações que a impedissem de responder em tempo útil. Depois percebi que era por causa dos blackouts, os cortes de energia que duram em média 10 horas na capital da Ucrânia. Sem energia não há internet, logo, as comunicações de civis podem tornar-se um inferno. Mas um povo em guerra aprende a encontrar soluções. Ser diligente, ter uma atitude proativa e muita dedicação é uma forma de contornar os obstáculos.
Conseguir organizar encontros com cidadãos ucranianos vítimas da ocupação russa em hotéis diferentes de Estugarda separados por mais de 30 quilómetros, em dia de jogo ao final da tarde e tudo a partir de Kiev pode ser uma dor de cabeça logística, mas nos dois dias de contactos com a Alina, Olina e os dois Oleksandr (uma das assessoras da federação lembrou-me, a brincar, que todos os homens de chamam assim) deu para entender o porquê desta gente ter surpreendido o mundo pela forma como resistiram aos ataques em escala da Rússia em fevereiro de 2022. São ágeis, não têm redundâncias, cumpridores e decididos em passar uma mensagem. Porque sabem desde há muito tempo que esta guerra se vence através da comunicação. Decorreram mais de dois anos desde que o mundo não falava de outra coisa e portanto é normal o assunto deixar as primeiras fileiras mediáticas. Os bombardeamentos deixam de ser abertura de jornal porque se tornam o novo normal e só será verdadeira notícia quando um dos lados cair.
A Ucrânia encontrou no Euro 2024 um palco para recolocar o foco no seu território: trouxe uma bancada destruída do estádio de Kharkiv para expor em várias cidades alemãs (começou em Munique, passou para Dusseldorf e irá deslocá-la para Berlim, palco da final), fez campanha nos estádios e tentou mitigar a dor de muitas vítimas diretas e indiretas de uma guerra que parece não ter fim e cuja indefinição e indiferença serão porventura um inimigo tão feroz quanto o invasor. O pior blackout é aquele que se dá com as luzes acesas."
sábado, 29 de junho de 2024
A lista...
20 queixas de pagamento em falta que foram pedidos ao FC Porto desde 2020 pic.twitter.com/iMmV3MFj1m
— O Fura-Redes (@OFuraRedes) June 28, 2024
Nenhum sistema é autosuficiente, ‘mister’ Roberto Martínez
"Embora o regresso ao 4x3x3 pareça ser o passo seguinte mais seguro, o problema parece estar para lá dos dois ou três centrais, aparentemente nas dinâmicas do ‘ataque posicional’ da Seleção
O contexto era propício. Qualificação e primeiro lugar garantidos, mudança de oito elementos no 11 titular. Só que, mais uma vez, não justifica tudo: apenas silencia ou abafa os que dizem que mesmo um Portugal B ganharia à maior parte das seleções presentes na Alemanha. Não é verdade, porque o futebol é bem mais do que a soma dos jogadores utilizados.
A Geórgia apresentou-se como a Chéquia, de bloco baixo e à espreita. A lição, em teoria aprendida diante do conjunto de Ivan Hasek, tornava-se muito importante para a abordagem aos georgianos, até então mais caóticos em termos organizativos, embora com um Mamardashivili eficaz a defender a baliza.
Roberto Martínez tirou da mala de viagem novamente o ataque posicional e montou o esquema do primeiro jogo (com jogadores diferentes, que obviamente trouxeram um efeito díspar), porém a equipa voltou a mostrar-se rígida. Estava feito o esboço, faltava o resto: acertar o traço, contornos, colorir. E, mais importante, animar.
Parece claro o que o selecionador quer. Um ala por dentro. No entanto, até aí Cancelo faz mais sentido do que Dalot, porque pensa como médio e não como lateral, ao contrário do companheiro. Ainda que tenha saído do seu pé direito uma das raras oportunidades, negada pela mão menos aconselhável no imponente voo do guarda-redes.
Só que a estratégia, reconheça-se, não tem resultado. Com a Chéquia, Cancelo não conduziu a bola, não arriscou, não criou roturas. Havia mais gente a reclamar a batuta e Vitinha até a entregou menos do que o costume a Bruno Fernandes ou a Bernardo. Houve superioridade numérica e a reação à perda funcionou 45 minutos, porém depois implodiu e, na segunda parte, a organização tornou-se instável. Portugal concedeu um golo e depois suou. Houve pouca capacidade de penetração e felicidade na reviravolta — basta ver os golos —, mas não fez disparar os alarmes. Com a Geórgia, Dalot perdeu-se no corredor central, mesmo que descaído sobre a direita. O facto de ser destro não o ajudou. Por sua vez, a superioridade numérica falhou na posse e ainda mais sem esta. Ao não estarem Bernardo e Bruno, importantes na contrapressão, a mudança de referências criou a confusão.
A interioridade do ala também não ajudou os extremos. Em ambos os encontros. No primeiro, Rafael Leão esteve pouco amparado na esquerda porque Cancelo encontrava-se no miolo e Nuno Mendes preso atrás — não havia dinâmica criada para que pudesse subir no terreno, ou seja, precisava da compensação posicional de um dos médios — tal como, no segundo, a irreverência de Francisco Conceição durou poucos minutos, com os caminhos rapidamente a serem tapados, devido à incapacidade de António Silva, pela sua natureza, de fazer o apoio pela direita. Ao mesmo tempo, Pedro Neto também esteve sem a companhia de quem pudesse fazer manobras de diversão pelo seu lado, mesmo com a aproximação de João Félix, claramente aquele que mais tentou ligar o jogo luso, porque não havia ninguém para a sobreposição.
O individualismo, sobre os flancos, muitas vezes em inferioridade numérica, não tem sido suficiente. Porque se defrontam blocos baixos. Nas duas vezes, linhas de 5.
Depois, não há contramovimentos, movimentos sem bola de atração do adversário, tantas vezes nem sequer um pouco de risco. Não há capacidade ou iniciativa de trabalhar a bola sobre um flanco, atrair em número o adversário, para isolar alguém no outro. Não se trata de velocidade de circulação, mas sim de queimar etapas na circulação. Envolver menos jogadores. Portugal coloca-se em posição e não se desmonta, mas também não desmonta os rivais.
Isso vai ao encontro da polémica linha de 3. Três centrais, todos rígidos, incapazes de quebrar linhas de pressão com o transporte. Daí Nuno Mendes até ter feito algum sentido por aí. Faltou o resto.
Cristiano Ronaldo, cuja presença no onze sempre me pareceu discutível, sobretudo quando começar a apertar em encontros a eliminar — embora se esteja a criar o cenário para que não haja contraditório e o jogo com a Geórgia tenha sido apenas mais um exemplo —, anda demasiado sozinho no ataque. É mais uma dinâmica que falta. Diogo Jota é o elemento que faz melhor esse tipo de movimentos e terá de entrar rapidamente na equação. E até ajudar à definição: a sua eventual presença a titular obrigará sempre a que alguém dê largura.
Não me parece, contudo, que seja apenas um problema de sistema, mas sim de dinâmicas, que não se notaram muito no 4x3x3 com a Turquia pelas vicissitudes do jogo e também pelo maior conforto de alguns jogadores nas suas posições: desde logo Nuno Mendes, capaz de dar largura pela esquerda, e até Cancelo, mesmo que por vezes ocupasse o canal entre lateral e central (o que era bem diferente do que Dalot andou a fazer), dado o entendimento natural com Bernardo Silva. Os turcos não apresentaram um bloco baixo e deixaram espaço. Até tiveram a primeira oportunidade, todavia depois fizeram hara kiri. Por isso, o esquema não foi testado perante uma equipa ultradefensiva como será a Eslovénia.
Um sistema, seja qual for, não é uma identidade, e algo não estará a passar para o relvado. É preciso perceber o quê e porquê. Claro que nada está perdido e há tanto talento que isso seria sempre impossível, mas os sinais não são bons. Martínez, que tem sido corajoso na hora de montar os esquemas, embora não tanto, por culpa própria e que vem de trás, quando escolhe os nomes para preencher as posições, tem rapidamente de encontrar a solução.
É legítimo que o selecionador queira jogar em 3x4x3 ou alternar esquemas. No entanto, a urgência agora não pode estar no rival que se defronta, mas sim em fazê-los funcionar. E não é claro que o 4x3x3 esteja assim tão apto como o jogo com a Turquia pareceu dar a entender. Embora pareça, tudo somado, ser o passo seguinte mais seguro no caminho. Por falta de tempo.
P.S. A crucificação de António Silva é inconcebível. É verdade que deve alertar o jogador para o momento menos feliz, mas apenas isso. E é preciso olhar além do erro. Sobretudo, no primeiro caso, o posicionamento da linha na construção e o dos apoios de Danilo no momento do passe para Kvaratskhelia."
Portugal: pior do que perder é não saber porquê
"Portugal tem pouco tempo para perceber o que falhou - e primeiros sinais não são bons
Uma das primeiras justificações encontradas por Roberto Martínez para o desastre frente à Geórgia foi Portugal ter entrado «com pouca intensidade». E talvez isso me tenha preocupado ainda mais do que aquele sistema que parece muito rigoroso mas funciona à base da anarquia, ou do que ter jogadores com tão grande talento e criatividade presos a supostos conceitos de segurança, que na prática só têm mostrado uma Seleção com pânico da perda de bola e demasiado exposta aos erros. É que desconfio que mais ninguém além do selecionador tenha terminado o jogo e pensado de imediato: a Geórgia foi mais intensa do que Portugal (seja lá o que isso for). Dar os parabéns pela exibição à 74.ª classificada do ranking FIFA de seleções não pode ser suficiente, há que olhar bem para dentro e corrigir rapidamente esta atração por colocar um conjunto de bons jogadores a tentar fazer coisas que os tornam maus.
No final, a autocrítica de Martínez acabou por limitar-se à «falta de definição perto da baliza» - quando me parece que o problema está em chegar perto dela -, mas mesmo aí também disse ter havido «uma exibição muito boa» do guarda-redes da Geórgia (não me lembro de nenhuma enorme defesa que tenha feito a diferença...). Isso e o penálti não assinalado sobre Cristiano Ronaldo, pois claro, não podia faltar... E não esquecer também o azar pelo golo cedo, que deixou os georgianos mais confortáveis num bloco baixo. Parece que estava tudo contra nós!
Resumidamente, o selecionador falou numa «mistura» de razões, mas não foi claro na resposta às perguntas bastante diretas dos jornalistas sobre a sua responsabilidade nesta derrota. Ficámos, então, sem saber se Roberto Martínez já percebeu o que correu mal contra a Geórgia (e a Chéquia, já agora), ou se a passagem aos oitavos de final será um voltar à estaca zero nas escolhas e decisões do selecionador. Gosto de treinadores que têm uma ideia e a defendem mesmo quando os resultados não a acompanham, mas tenho dificuldades em ver na cara de Ronaldo, Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Rúben Neves, Diogo Dalot, João Cancelo e muitos outros uma equipa que sabe o que está a fazer e, talvez ainda mais importante, que acredita nisso.
E se muitas vezes somos críticos com os adeptos portugueses - na vitória contra a Turquia éramos os maiores e agora já somos os piores?!? - devo sublinhar aqui a maturidade de uma grande maioria que não se atirou a António Silva por oferecer dois golos à Geórgia. Porque quando tudo e todos parecem incapazes, é só mais fácil e redutor destacar isso.
Terminada a fase de grupos, a Seleção ainda não sabe como deve jogar e passa mais tempo preocupada com o que os outros podem fazer do que com o que sabemos fazer e não conseguimos. E se estes 90 minutos já não contavam para nada, pelo menos que servissem para se aprender com eles - o que duvido, tendo em conta esta análise no final."
Roger Schmidt como nunca o conhecemos
"Para conhecermos alguém precisamos de recuar às suas origens. Às suas motivações, inspirações e ambições. E esse será também o ponto de partida para nos conhecermos a nós mesmos. Como uma viagem a Dellbruck me mostrou um treinador diferente daquele que conhecemos na Luz
DELLBRUCK — Sou da opinião que para conhecermos alguém precisamos de recuar às suas origens. De ter um contato direto com as motivações, inspirações e ambições. Esse será sempre o ponto de partida também para nos conhecermos a nós mesmos. Os melhores e os piores. Todos os traços da personalidade são ali criados, nas raízes, nas vivências, na forma como nos relacionamos.
Nesta viagem de A BOLA ao ponto de partida do técnico das águias tive oportunidade única para conhecer aquele que julgo ser, sem margem para dúvida, o verdadeiro Roger Schimdt. Um treinador que, ao contrário de tantos outros, começou de baixo para cima, passou pelo caminho das pedras, para chegar, como sempre desejou, à elite do futebol europeu. Licenciado em engenharia mecânica, com uma carreira modesta como jogador, abdicou da estabilidade profissional que tinha para cumprir os seus sonhos. E foi essa ilusão que o levou alto e hoje serve de grande exemplo para os mais novos.
Treinador comunicativo, disciplinado, exigente e ambicioso. Sem nunca se desviar da sua linha orientadora, apesar dos obstáculos que foram aparecendo. Real, verdadeiro e de trato fácil. Daqueles que com ele foram crescendo, no início de carreira, nesta viagem às suas origens, retenho uma frase. «Isto no futebol pode mudar uma pessoa conforme a exigência do clube. Para conhecerem Schmidt era preciso conhecerem Dellbruck», diz-me um faz-tudo deste clube germânico que por ali anda há mais de 30 anos. Como os compreendo… No futebol atual somos moldados àquilo que os clubes querem que nós sejamos. E isso nem sempre é fácil de ser interiorizado e digerido pelos treinadores.
Há quem consiga, com disfarce, aceitar tudo e quem rejeite a ideia, colocando-o como refém de um primeiro resultado negativo. Schmidt parece estar no meio. E em Portugal nunca vimos o Roger Schmidt que o povo de Dellbruck conhece. Essa pessoa afável, próxima dos jogadores e das pessoas. Que fala, explica e justifica. Na Luz, as ideias e convicções parecem sempre perder-se nas palavras. A barreira linguística pode ser entrave, mas no mundo em que vivemos não serve de desculpa. Mais do que se encontrar com o Benfica, Schmidt terá de se encontrar consigo e ser aquele treinador, sedento de ambição, que subiu o Dellbruck na distrital alemã. E isso só depende dele…"
sexta-feira, 28 de junho de 2024
Diferenças:
Por isso é que a SIC já está para lá de medíocre com o papa reformas a comentar. Não admira que estejam em pré-falência. pic.twitter.com/3pY56DGAJ0
— Hugo Gil (@HugoGil07) June 26, 2024
— Gonçaursnes (@GoncaloMCMIV) June 27, 2024
Roberto Martínez deixou-se amarrar por Ronaldo
"Não havia nenhuma explicação lógica para o capitão da Seleção ser titular com a Geórgia
Confesso que não entendo. Escrevo este texto antes do Portugal-Geórgia e Ronaldo até pode ter marcado 5 golos e assinado outras tantas assistências quando o estiver a ler que pouco interessa, não muda o princípio. A explicação foi insuficiente e quase pueril. Não havia nenhuma razão que justificasse a sua terceira titularidade num jogo que interessa pouco a toda a gente menos ao próprio e à sua coleção de recordes ou, eventualmente, a uma paz podre que mantenha a maior parte mais ou menos contente, sem amuos. Mesmo a questão física de Gonçalo Ramos e Diogo Jota, apesar de clinicamente aptos de acordo com o próprio selecionador, poderia ter sido resolvida com João Félix a falso 9, o que até abriria uma vaga para outra unidade de ataque no onze. Se o técnico assim o quisesse. Não quis.
O selecionador defendeu-se com a continuidade de uma época longa a marcar e as consequências negativas de uma paragem, mas esqueceu-se que isso era válido para todos os mais utilizados neste Europeu. Que Ronaldo é especial e tenha de ser gerido de uma forma diferente não tenho dúvidas, porém ao não conseguir que descansasse num jogo quase a feijões diz bem das dificuldades que o técnico terá para se impor se precisar de fazê-lo quando for mais a sério. Dificuldades com as quais pactuou desde o dia 1. A situação de Ronaldo trará sempre a imagem de Eden Hazard a arrastar-se no Catar até finalmente o atual selecionador português acordar, já talvez tarde de mais. Mesmo que seja até algo injusto para o português, ainda assim longe dessa realidade.
Reconheço que a ideia e a predisposição ofensiva me atrai em Martínez. A coragem que tem na colocação das pedras em campo raramente coincide com as decisões que toma fora deste. O modelo pode entusiasmar, mas depois dá tiros nos pés na forma dos compromissos que assume. E se isso, perante a Geórgia, não é muito relevante, tornar-se-á crucial e até limitativo mais à frente. Faz sentido pressionar tão alto e de forma tão agressiva com Ronaldo e Leão em campo, por exemplo?
Dito isto, o que Ronaldo retirou à equipa? A possibilidade de ver outras soluções e movimentações, outro tipo de química e testá-las num contexto competitivo. O que Martínez está a dizer ao grupo é precisamente o mesmo que Fernando Santos afirmava, embora, no seu caso, usasse palavras. Para ele, Cristiano jogava sempre. Até deixar de jogar. O espanhol não o diz, mas vai pelo mesmo caminho. Ninguém deve ser intocável e todas as posições devem estar em equação. É a competitividade que determinará quem joga. Regras que vários treinadores esquecem quando chegam a determinados contextos.
Martínez voltou a estar menos bem no elogio público a Ronaldo após a assistência para Bruno Fernandes. O que o capitão fez não é exaltação do coletivo sobre o individual, mas sim o que se ensina em todos os clubes desde os primeiros dias de formação. Num 2x0, fixas o guarda-redes e dás ao teu companheiro para finalizar. O contrário, não passar, é que seria notícia. E, aí sim, o céu abater-se-ia sobre o individualismo do finalizador nato."
Boicote...
A Cofina tem de pagar por aquilo que anda a fazer ao Sport Lisboa e Benfica.
— Polvo das Antas - Em Defesa do SL Benfica (@moluscodasantas) June 27, 2024
É igualmente lamentável que muitos benfiquistas só agora tenham acordado para o real propósito do @BMRibeiro e das capas e manchetes miseráveis que têm sido lançadas no Record.
Boicote para ontem.
Estamos contigo...
"Os erros do António Silva neste jogo a feijões serão mais debatidos do que o erro fatal do Diogo Costa que nos eliminou do Mundial.
É o preço que paga por ser Benfica de corpo e alma.
Estamos contigo, António Silva ❤️"
A sério?!
Não posso...!!! 😱
— Alberto Mota (@lbrtmt1904_mota) June 27, 2024
Então e aquela conversa de que os outros é que... pic.twitter.com/bKltIt4zmP
João Félix, o menos frágil dos azulejos
"No dia em que finalmente apareceu João Félix, não apareceu a equipa. Fica no caderno de apontamentos de Roberto Martínez a nota de que pode ser uma solução alternativa para o ataque assim realize exibições como a que teve contra a Geórgia e diminua as inconstâncias, esse vírus que o afeta.
A força gravitacional parte um retângulo de azulejo no chão. Aquilo que era um composto homogéneo transforma-se em pequenos cacos. Não é possível contá-los. Evidencia-se o caco maior, aquele que resistiu mais ao impacto da queda. O núcleo de onde todas as outras partículas fugiram que deixa perceber um pouco do recorte da pintura feita em cima do material lustroso.
Esse pedaço é uma relíquia, permite fazer a reconstituição do que valia o todo antes de estar dividido em átomos. João Félix, na pungente exibição de Portugal contra a Geórgia, foi o único artefacto que vale a pena conservar. A seleção nacional vestiu-se de camisola azul ornamentada com floreados num tom mais escuro para fazer lembrar peças de cerâmica. Como a equipa nunca funcionou como um todo, cada um dos jogadores não foi mais do que a divisão em grãos de areia de uma obra artística.
Portugal esteve bem mais perto do seu potencial máximo contra a Turquia, partida que antecedeu o duelo com os georgianos e no qual a seleção nacional conseguiu o apuramento para os oitavos de final. Acontece que os jogadores eram outros. Roberto Martínez fez oito mudanças no onze. João Félix entrou nas escolhas iniciais ao embalo da rotação do técnico espanhol.
O nível de forma volúvel do extremo tem-lhe imposto idas frequentes ao banco nos vários contextos competitivos por onde tem passado. Diz já estar habituado e manter-se disponível para ajudar no que conseguir. Cara a cara com os intensos georgianos, hábeis na tarefa de fazer os internacionais portugueses pensarem pelo menos 26 vezes antes de realizarem qualquer ação, Félix foi dos mais expeditos a largar a bola e a tentar fazer diferente, até porque se tratava de uma estratégia de autodefesa. Veja-se as vezes que as pernas de Francisco Conceição, homólogo do lado direito do ataque, não foram atropeladas pelos carrinhos dos adversários.
No pior dos cenários, porque coletivamente Portugal esteve estancado pela tijoleira defensiva da Geórgia, João Félix levantou a cabeça, olhou em redor e não viu melhor solução do que ser ele próprio a seguir em direção da baliza. Rematou, assim, de improviso, um par de vezes inconsequentes para o resultado.
Cordato na generosa tentativa de partilhar com os outros o ritmo a que ia jogando, falhou passes (daqueles em que o risco pode compensar) por estar a pensar uma dúzia de minutos à frente do ataque português. No tempo de compensação, teve quem o acompanhasse. Foi Nélson Semedo o contemplado com o brinde de ficar na cara do guarda-redes. O lateral não agradeceu com o golo.
Nesta fase, João Félix parece estar sintonizado noutra frequência. Quando o jogador corresponde, a equipa vacila. Quando o jogador vacila, a equipa corresponde. Não existirá uma relação direta entre as duas partes. É uma questão de encontrar o ponto certo para diminuir o ruído."
Falta de rigor no melhor campeonato do mundo
"Qualidade do hóquei em patins português merece muito mais
No desporto, a arbitragem é uma peça crucial para a justiça e integridade das competições. A falta de rigor e qualidade nas arbitragens pode claramente comprometer não só os resultados, mas também a qualidade do espetáculo desportivo.
Com o campeonato português de hóquei patins a terminar, aquele que muitas vezes é apontado como o melhor campeonato do mundo, importa largamente refletir sobre o caminho da arbitragem na modalidade. Como alguém que gosta da modalidade não posso deixar de notar que a qualidade da arbitragem tem diminuído grandemente nos últimos anos. Não se trata aqui de clubes protegidos ou penalizados, não se trata de uma arbitragem que inclina o campo para algum dos lados, mas sim de uma ausência de rigor constante onde ao longo do jogo se torna quase impossível perceber quais são os critérios utilizados tamanha é a discrepância entre eles. Isto não prejudica (ou pelo menos não só) uma equipa, prejudica a imagem da modalidade, a sua credibilidade e o interesse que ela desperta.
A psicologia social oferece uma lente valiosa para entender este fenómeno. A teoria da justiça sublinha que os indivíduos esperam ser tratados de maneira justa e equitativa. Quando os jogadores sentem que as decisões dos árbitros são inconsistentes, isto aumenta o sentido de injustiça, pois como qualquer ser humano tendem a atribuir mais valor às decisões que sejam mais penalizadoras para si, o que destabiliza os atletas do ponto de vista emocional. Esta perceção de injustiça, quando se deve à inconsistência e falta de rigor na arbitragem, mina a confiança nas autoridades do jogo, não apenas para uma das equipas, mas para ambas, como também aumenta a pressão psicológica sobre os atletas, afetando o seu desempenho e podendo mesmo fazer aumentar os comportamentos agressivos. Vários estudos demostram que a frustração é um precursor comum da agressividade. Quando os jogadores percebem que estão a ser prejudicados por erros de arbitragem, é natural que essa frustração se manifeste em comportamentos agressivos, tanto verbalmente como fisicamente, criando um ambiente de tensão e hostilidade, o que compromete a disciplina, o espírito desportivo e a qualidade do jogo.
A melhoria do rigor e da qualidade da arbitragem é crucial não só para a verdade desportiva, mas também para a manutenção dos níveis de qualidade da modalidade, bem como da sua capacidade de atrair público. Neste sentido, talvez seja o memento de refletir sobre a preparação técnica das equipas de arbitragem, mas também a física e principalmente a preparação mental. Mas independentemente de tudo, uma coisa é certa: a qualidade do hóquei em patins português merece muito mais rigor e qualidade do que aquela a que temos vindo a assistir."
Aumento da procura por ajuda psicológica no futebol
"O aumento da procura por ajuda psicológica entre jogadores de futebol reflecte a complexidade do cenário atual do desporto, marcado por múltiplas pressões que afectam a saúde mental dos atletas. Estudos apontam que a pressão incessante dos adeptos e dirigentes, na busca por resultados e vitórias, impõe uma carga emocional intensa sobre os jogadores, resultando frequentemente em ansiedade e stress. Além disso, a exposição constante nas redes sociais e nos meios de comunicação amplifica tanto os elogios como as críticas, criando um ambiente de julgamento permanente que pode prejudicar a autoestima dos atletas.
A vida dos jogadores torna-se cada vez mais pública, o que gera uma sensação de falta de controlo sobre a própria imagem e narrativa, aumentando a ansiedade e a insegurança. A profissionalização do futebol exige dedicação integral, muitas vezes em detrimento do lazer e da vida social, o que pode levar ao isolamento e solidão. Embora os salários elevados proporcionem benefícios financeiros, a busca por sucesso e reconhecimento pode obscurecer a paixão pelo desporto, gerando ansiedade e insatisfação.
A pandemia de COVID-19 intensificou estes desafios, exacerbando o isolamento social e a incerteza, evidenciando a importância do acompanhamento psicológico adequado. Além disso, a constante exposição e adulação podem alimentar traços narcisistas, que, apesar de úteis em alguns aspectos do desempenho, podem levar a problemas de relacionamento e crises de identidade, especialmente em casos de lesões ou aposentadoria.
A cultura do futebol, caracterizada pela extrema competitividade e necessidade de demonstrar força, contribui para um ambiente onde os jogadores relutam em expressar vulnerabilidades, agravando o estigma relacionado à saúde mental e dificultando a busca por tratamento adequado."
quinta-feira, 27 de junho de 2024
Fim de época
Benfica 1 - 3 Corruptos
Podíamos ter levado a Final para a negra, mas o desfecho provavelmente seria o mesmo... Esta é a modalidade mais podre em Portugal, e não é fácil conquistar este título! Já estão semi-anunciadas as contratações para a próxima época, e em condições normais, até podíamos estar contentes, mas enquanto no Benfica se continuar a achar que o 'problema' da secção são os jogadores ou os treinadores, então estamos perdidos!!!!!!! A roubalheira de hoje, só foi suplantada, pela forma tranquila como o Benfica em campo, e nas bancadas aceitaram tudo isto... Uma vergonha!
Defendo à muito tempo a mudança desta secção para o campeonato vizinho, mesmo sabendo que isso seria impossível e que no outro lado, também existem ladrões com o apito na boca, mas já estou farto dos nossos ladrões, pelo menos teríamos algumas caras novas!!!!
Neemias sem dúvidas. E isso basta
"Campeão da NBA, o poste português dos Boston Celtics continua igual a si, acredita no seu valor e no valor da humildade
«Muitas pessoas não acreditavam em mim e que isto seria possível, mas acho que consegui colocar todos no mesmo barco onde passaram a admitir que, afinal, até não será impossível e que até tudo está a correr pelo melhor... A minha mãe diz sempre: ‘Desde que estejas feliz, eu também vou estar. Espero que estejas bem, que continues a trabalhar, a esforçar-te e que sejas a mesma pessoa que sempre foste’.»
Estas foram algumas palavras que retirei de uma conversa que tive com Neemias Queta mas, ao contrário do que se poderá pensar, não dos vários momentos de entrevista ou simples cavaqueira que fomos tendo ao longo dos 13 entusiasmantes dias — desde a véspera do Jogo 1 até ao definitivo Jogo 5 — que culminaram com a conquista do 78.º campeonato da NBA, 19.º dos Boston Celtics, com o contributo do poste português. Apenas o 28.º europeu, se contarmos que o colega de equipa letão Kristaps Porzingis foi o 27.º e o ucraniano Sviatoslav Mykhailiuk o 29.º, a viver tal privilégio.
Aquelas frases foram recuperadas de uma das entrevistas realizadas em maio de 2019, quando Queta participou pela primeira vez no Combine de Chicago, campo de observação de candidatos ao draft, especialmente dedicado, apenas por convite, a jogadores universitários americanos da NCAA e no qual durante uma semana são medidos, controlados e observados física, técnica e taticamente.
A terminar então a primeira época em Utah State, dias depois acabou por retirar o nome da lista e regressou à universidade para, com a temporada seguinte afetada pela pandemia, entrar em 2021 como a 39.ª escolha do draft por parte dos Sacramento Kings.
Após no último verão ter sido dispensado pelos californianos, acabou por integrar a melhor equipa da Liga, o que se foi confirmando ao longo dos 238 dias que durou o campeonato, e apesar de ter vivido a sua melhor temporada a todos os níveis, Neemias não mudou nada. Preferindo quase sempre ser discreto, a ambição de chegar longe e trabalhar para tal mantém-se passados cinco anos. Os sonhos continuam vivos e a humildade, que diz ser algo que os pais lhe transmitiram, também.
Pode ter passado algo despercebido mas, tal foi o domínio imposto sobre os adversários, os Celtics de 2023/24 terão sido uma das equipa mais dominadoras da história: nos 101 jogos disputados, incluindo o play-off, ganharam 50 pelo mínimo de 20 pontos; tiveram mais 15 triunfos que qualquer outra equipa, sendo apenas os sextos de sempre a registar tal número; tornaram-se apenas na 14.ª formação com pelo menos 80 vitórias na época (79,2%); nelas bateram os rivais por uma média de 10,7 pontos (5.º melhor de sempre); e conseguiram o maior numero de triunfos da história por 50, 40, 30 e 25 pontos.
Assim note-se como é difícil competir e exigente crescer num grupo que comete tal façanha e fazer que o contrato seja transformado de duas-vias para standard de forma a poder atuar no play-off, o que aconteceu por três vezes, uma delas nos Finals.
«Não cheguei a temer [quando foi dispensado dos Kings], sempre mostrei potencial e o meu valor e acho que com o passar do tempo consegui estabelecer-me na Liga e provar o meu valor a toda a gente que tinha dúvidas», referiu há uma semana depois ser campeão.
E, numa conversa tida ainda enquanto a festa no balneário era grande e as garrafas de champanhe saltavam umas atrás das outras e que não se importará que conte apenas um pouco, afirmou quando falávamos do futuro: «Não interessa o que dizem, vais ver como vou crescer nos próximos anos. As pessoas não imaginam…» Alguém tem dúvidas? Neemias não. E isso basta."
Lia Thomas
"CAS entendeu não ter legitimidade para impugnar regras da World Aquatics
Foi conhecida recentemente a decisão proferida pelo Tribunal Arbitral do Desporto de Lausanne (CAS) referente a Lia Thomas, uma nadadora transgénero que intentou uma ação naquele Tribunal para que este anulasse as regras da Federação Internacional de Natação que restringem a possibilidade das mulheres transgénero de competir em provas femininas.
A World Aquatics (WA) estabeleceu, em junho de 2022, novas regras que norteiam as competições de elite, incluindo as Olimpíadas, permitindo que mulheres transgénero compitam em eventos femininos apenas se tiverem feito a transição antes dos 12 anos de idade ou antes de um dos primeiros estágios da puberdade. Assim, as mulheres transgénero que passaram pela puberdade masculina estariam excluídas. A atleta alega que estas regras são ilegais e discriminatórias e que nenhum objetivo desportivo as legitima.
Contudo, o CAS entendeu que a nadadora Lia Thomas, não estando inscrita para competir em nenhum evento desportivo internacional de desportos aquáticos e não sendo membro da Federação de Natação dos EUA, não é significativamente afetada pelas regras que contesta, pelo que o Tribunal entende que não tem legitimidade para as impugnar. Nas palavras dos árbitros: «O Painel recorda novamente que não cabe à Política de Natação dos EUA determinar quando e em que condições a Política e os Requisitos Operacionais são acionados. A Secção B.4 dos Requisitos Operacionais prevê um processo de aprovação que é iniciado antes da competição após a inscrição do atleta na Competição da WA pela federação membro. Assim, é somente após a inscrição para uma competição WA por uma federação membro que a Política e os Requisitos Operacionais são acionados; se não e até lá, o Atleta não é suficientemente afetado pelas disposições impugnadas.»"
quarta-feira, 26 de junho de 2024
Sempre a somar!
Mandem todas as que encontrarem. vamos construir o mural da vergonha. pic.twitter.com/m5nrSjHshk
— VZKY (@Vermelhovzky_) June 25, 2024
Quadro de Honra
"Em 6 de Dezembro de 1947, no Pavilhão dos Desportos, realizou-se a festa de despedida de Germano Magalhães
Se houve, na história da modalidade, um atleta que tenha dedicado a sua vida à patinagem, foi Germano Magalhães. Começou a praticar patinagem com apenas 4 anos, em Lourenço Marques, e em pouco mais de um mês sagrou-se campeão infantil de Moçambique. Aos 18 anos, quando chegou a Lisboa, fez um treino de captação no ringue da Avenida Gomes Pereira e ingressou imediatamente naquele que seria o seu clube do coração.
Uma vida dedicada ao Benfica e à modalidade mereceu uma festa de despedida, que se realizou em 6 de Dezembro de 1947, no Pavilhão dos Desportos, cujo 'programa foi vasto, atraente, e bem elaborado'. A festa iniciou com um jogo de hóquei em patins entre o Futebol Benfica e o Óquei de Sintra, com a vitória do primeiro, por 2-0. No intervalo exibiram-se, em patinagem artística, os irmãos benfiquistas Maria e Mário Sampaio. Seguiu-se uma exibição de atletas do Ginásio Clube Português, que arrancaram 'fartos aplausos da assistência'. A esta exibição, seguiu-se mais um encontro de hóquei em patins, desta vez entre o Paço de Arcos, campeão de Portugal, e um misto da Associação de Patinagem do Sul, do qual saíram vencedores os campeões nacionais, por 7-3. No intervalo, assistiu-se a um novo número de patinagem artística, desta vez por Maria Antónia Vasconcelos e Edite Cruz.
Realizou-se, seguidamente, um encontro de hóquei em patins entre a equipa de honra do Benfica de 1947 e os antigos jogadores internacionais. No final de um encontro sem qualquer espírito de competição, no qual 'os 'velhos' no segundo tempo jogaram com seis elementos', prevaleceu o empate por 2-2. A despedida de Germano Magalhães realizou-se no intervalo deste encontro. Seguiu-se o momento de o admirado hoquista e patinador de velocidade agradecer a todos os presentes, bem como ao emblema do seu coração, o Sport Lisboa e Benfica, ao entregar ao Clube 'todas as medalhas que ganhou em 42 anos de serviço do desporto'. A festa terminou com a vitória do Benfica sobre o Carnide, por 25-0, numa partida de basquetebol.
Saiba mais sobre as conquistas de Germano Magalhães ao serviço do Benfica na área 3 - Orgulho Eclético do Museu Benfica - Cosme Damião."
Marisa Manana, in O Benfica
terça-feira, 25 de junho de 2024
Sinal dos tempos
"Churchill disse um dia que o democracia era o pior sistema... à excepção de todos os outros. O mesmo poderia aplicar-se às Assembleias Gerais dos clubes. Num Benfica com tantos pergaminhos democráticos, confesso que não vejo alternativa. Mas a verdade é que este modelo de AG potencia hoje mais e arruaça do que o esclarecimento sereno, e favorece a preponderância de pequenas minorias inflamadas com elevada capacidade de mobilização, face à larga maioria dos quase trezentos mil sócios espalhados pelo país e pelo mundo - sem falar de protagonismo pessoais em busca de holofote.
Ali, aprovam-se ou reprovam-se contas sem que se perceba, ou sequer leia, os documentos em causa. Ali, grita-se 'demissão' e este presidente, como se gritaria e outro qualquer que não vencesse o campeonato.
Esta realidade é também produto de um tempo em que existe muito mais informação disponível sem que exista naturalmente muito mais inteligência para a filtrar, o que a transforma em simples ruído. E não é lugar exclusividade do Benfica, nem do desporto, nem sequer do país. É de um mundo em que a sensatez e a prudência deram lugar à gritaria, ao insulto, à intolerância e por vezes até mesmo à violência. Tudo o que interessa é, a coberto de uma obtusa noção de 'exigência', contestar, condenar, insultar e deitar abaixo. Depois? Logo se vê.
No meio de tudo isto torna-se difícil ser optimista quanto ao futuro próximo. Se o Benfica não voltar a ganhar rapidamente, o barulho vai recrudescer, para gáudio dos rivais e de um comunicação social ávida de sangue. E fatalmente irá afectar o rendimento desportivo das nossas equipas.
Ora, os problemas do Benfica são sobretudo futebolístico e esgotam-se na temporada que agora terminou. Nessa medida, o que precisamos não é de um novo presidente, é de um novo ponta-de-lança."
Luís Fialho, in O Benfica
Casa comum
"É o que é, e não há como escapar: o planeta Terra é mesmo a nossa casa comum, e não é mesmo possível poluir de um lado e beber água pura e cristalina de outro. Parece que é, mas não é! Não sei porquê, as sociedades mais evoluídas, que são aquelas em que há mais acesso à educação e é informação, parecem ser as que têm maior dificuldades em aceitar que o seu estilo de vida tem mesmo de mudar. Anos houve, para não dizer que ainda há, em que os países mais ricos transferiam para países pobres lixos tóxicos, plásticas, têxteis e outros a troco de compensações financeiras, tornando os seus territórios 'limpos' e brilhando nos indicadores e rankings internacionais da qualidade ambiental. O princípio do poluidor-pagador tão em voga até há pouco acabou por ter esse efeito pernicioso. O planeta lá foi aguentando até não poder mais e devolver tudo nas marés de praias paradisíacas e destinos turísticos de excelência, ou aquecendo o clima à custa das emissões de carbono a níveis capazes de provocar alterações climáticas em consequências cataclísmicas. Agora já nenhum país, rico ou pobre, pode ignorar o assunto, e todos perceberam finalmente que a Terra é redonda e uma só, e que não há mais como esconder o lixo 'debaixo do tapete' sem envenenar chão, tapete e tudo. Como sempre os pobres são os mais vulneráveis em países sem infraestruturas e sem capacidade de prevenção ou reação às crescentes catástrofes climáticas, mas os ricos também já sentem na pele este fenómeno, e todos, finalmente, entenderam que é preciso agir. Agora, que temos entendimento, já só falta passar das palavras aos atos, o que parece tardar. Daí a importância das iniciativas da ONU para alterar o mundo!"
Jorge Miranda, in O Benfica
Núm3r0s d4 S3m4n4
"1
A equipa feminina do Benfica de minitrampolim sagrou-se campeã nacional;
3
O canoísta Fernando Pimenta conseguiu 3 medalhas no Campeonato da Europa de Velocidade. De Bronze em k1 1000 metros, de prata em K1 500 metros e de ouro em K1 5000 metros;
Agate Sousa ganhou a medalha de bronze do salto em comprimento no Campeonato da Europa de atletismo, juntando-se a Pedro Pichardo entre os atletas do Benfica medalhados (prata no triplo salto);
4
O Campeão é tetracampeão nacional de futsal sub-17;
Catarina Santos foi 4.º classificada no escalão júnior do Europeu de duatlo;
6
São 6 os jogadores do Benfica no Campeonato da Europa de Futebol: Trubin (Ucrânia), Bah (Dinamrca), António Silva e João Neves (Portugal), Jurásek (Chéquia) e Kokcu (Turquia);
13
Há 13 jogadores associados ao Benfica Campus (formação e equipa B) no Campeonato da Europa: a seleção portuguesa conta com 10 jogadores: José Sá, Nélson Semedo, João Cancelo, Rúben Dias, António Silva, Danilo, João Neves, Bernardo Silva, João Félix e Gonçalo Ramos. Na seleção polaca consta Pawel Dawidowicz. Na seleção eslovena Oblak (apenas 2 jogos pela B). Na seleção sérvia, está, ainda, Jovic;
50
A nova camisola principal do futebol benfiquista é inspirada na usada há 50 anos, em 1974/75, a dos primeiros campeões nacionais em democracia. Na apresentação, António Bastos Lopes, Cavungi, Diamantino Costa, José Henrique, Shéu Han e Toni foram os representantes desse plantel campeão;
1992
Na Assembleia Geral Ordinária do Sport Lisboa e Benfica, para apreciar e deliberar sobre o orçamento ordinário de exploração, o orçamento de investimentos e o plano de actividades para o exercício 2024/25, votaram 1992 sócios do Clube."
João Tomás, in O Benfica
PS: Acontece poucas vezes, mas o João 'esqueceu-se' do Kevin Csboth...!
Parabéns, senhores árbitros
"Euro está a correr bem aos árbitros e quem beneficia é o futebol. Que assim continue
A Escócia terminou a participação no Euro 2024 com duas derrotas e um empate e, como manda a tradição, o selecionador aproveitou a última conferência de imprensa para se queixar do árbitro. O lance na área húngara em causa envolveu Stuart Armstrong e Willi Orban e é daqueles vídeos que podemos ver muitas vezes e ir mudando de opinião: por vezes parece penálti claro, por derrube do escocês, noutras parece que este deixou a perna à espera do contacto e que até puxa o adversário para se embrulharem um no outro.
Nestes casos, aquilo que o Comité de Arbitragem da UEFA determinou para este Campeonato da Europa é que o VAR só deve recomendar ao árbitro principal a revisão do lance se a falta for clara e evidente - o que me parece uma evolução muito positiva, para que a tecnologia deixe de continuar a estar associada à subjetividade. Ora, por muito que custe aos escoceses (e até a mim, que acompanhei com agrado a festa destes adeptos desde dia 14 de junho), o VAR fez bem o seu trabalho.
E esta tem sido, aliás, a tónica durante o Euro 2024. Os jogos têm sido interessantes, muitos intensos e, com a chegada da hora das decisões, sempre emocionantes. E, para isso, também têm contribuído os árbitros. São bons e, assim, não receiam as suas decisões (são mais respeitados pelos atletas por isso), não param o jogo em demasia, distribuem cartões com moderação (mas sendo implacáveis quando está em causa a integridade física dos jogadores, como na entrada duríssima de Porteous sobre Gundogan no jogo inaugural), não precisam de se impor com discussões (só o capitão tem autorização para falar com o árbitro, os restantes correm o risco de ver um cartão) e têm a ajuda da tecnologia para tornar a partida mais justa, mas sem paragens excessivas de tempo que tiram ritmo e interesse e sem decisões subjetivas que só aumentam a desconfiança - e os respetivos queixumes.
Por isso, parabéns aos árbitros e às recomendações que melhoraram o espetáculo e que têm assegurado que o Europeu continue a ser incrível de acompanhar, com três jogos durante o dia ou dois ecrãs em simultâneo para ver como acaba cada grupo (vamos ter saudades!). Que Artur Soares Dias e a restante comitiva portuguesa da arbitragem possam estar entre os melhores nestes momentos também é motivo de orgulho, ainda que eu não seja nada dada a nacionalismos.
Mas claro que tudo isto só é válido até Portugal ter uma razão de queixa. Não façamos de conta que de repente estamos todos muito evoluídos desportivamente. O Euro 2024 pode não ter rivalidades e azia ou gozo com o colega de trabalho no dia seguinte, mas isto só é tudo muito bonito enquanto se ganha e não há chatices. No fundo, percebemos bem Steve Clarke: quando precisamos mesmo de um penálti para nos salvarmos, é natural que todos os duelos na área adversária pareçam falta. Não é subjetivo, é humano. Como os árbitros, já agora."