terça-feira, 25 de junho de 2024

Casa comum


"É o que é, e não há como escapar: o planeta Terra é mesmo a nossa casa comum, e não é mesmo possível poluir de um lado e beber água pura e cristalina de outro. Parece que é, mas não é! Não sei porquê, as sociedades mais evoluídas, que são aquelas em que há mais acesso à educação e é informação, parecem ser as que têm maior dificuldades em aceitar que o seu estilo de vida tem mesmo de mudar. Anos houve, para não dizer que ainda há, em que os países mais ricos transferiam para países pobres lixos tóxicos, plásticas, têxteis e outros a troco de compensações financeiras, tornando os seus territórios 'limpos' e brilhando nos indicadores e rankings internacionais da qualidade ambiental. O princípio do poluidor-pagador tão em voga até há pouco acabou por ter esse efeito pernicioso. O planeta lá foi aguentando até não poder mais e devolver tudo nas marés de praias paradisíacas e destinos turísticos de excelência, ou aquecendo o clima à custa das emissões de carbono a níveis capazes de provocar alterações climáticas em consequências cataclísmicas. Agora já nenhum país, rico ou pobre, pode ignorar o assunto, e todos perceberam finalmente que a Terra é redonda e uma só, e que não há mais como esconder o lixo 'debaixo do tapete' sem envenenar chão, tapete e tudo. Como sempre os pobres são os mais vulneráveis em países sem infraestruturas e sem capacidade de prevenção ou reação às crescentes catástrofes climáticas, mas os ricos também já sentem na pele este fenómeno, e todos, finalmente, entenderam que é preciso agir. Agora, que temos entendimento, já só falta passar das palavras aos atos, o que parece tardar. Daí a importância das iniciativas da ONU para alterar o mundo!"

Jorge Miranda, in O Benfica

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