sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Tão diferentes, tão iguais


"A Taça da Liga de futsal cimentou duas ideias que têm ficado patentes nos últimos anos, em várias partidas de várias modalidades.
O Benfica esteve melhor, mas desperdiçou em catadupa as oportunidades criadas. Já vimos o mesmo filme no futebol, sendo que, com mais ou menos ataque à profundidade, ocupação das entrelinhas, verónicas ou chicuelinas, são os golos, e apenas eles, que definem o resultado.
Mas a razão de trazer aqui o futsal prende-se, sobretudo, com a atitude insólita do jogador do Sporting que, saltando do banco, entrou subitamente em campo para cortar um ataque do Benfica e impedir o eventual golo do empate. Já depois do apito final, viu-se outro atleta a festejar ostensivamente em direção aos nossos adeptos. Ora, esta postura insere-se num padrão que tem vindo a acentuar-se no nível lisboeta. Basta pensarmos em Girão, Souto ou Font no hóquei, Pote, Matheus Reis ou Nuno Santos no futebol, figuras cujo comportamento recorrente está nos antípodas do clube de cavalheiros que o Sporting, durante décadas, se gabava de ser. O objetivo parece ser copiar o FC Porto dos anos noventa, naquilo que ele teve de pior, achando presumivelmente que é esse o caminho mais rápido para o sucesso. O problema é que, com a complacência das arbitragens e de uma comunicação social reverente, talvez o seja.
Nos anos noventa andámos a dormir enquanto outros nos comiam as papas na cabeça. Agora, há que estar de olhos bem abertos e não permitir que mais um monstro cresça, desta vez do outro lado da rua.
As simulações e as provocações não podem ser premiadas. E se é esse o caminho que o Sporting quer seguir - e os últimos dérbis, de diferentes modalidades, incluindo o futebol, deixaram-me essa ideia -, há que o denunciar e travar com veemência. Não pelo Benfica. Pelo desporto português."

Luís Fialho, in O Benfica

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