terça-feira, 24 de outubro de 2023

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"1
A nova instalação sonora do Estádio da Luz foi distinguida nos prémios MONDO-DR como melhor projeto mundial de instalação em estádios de 2023;

3
O Benfica está pela 3.ª vez, de forma consecutiva, na fase de grupos da Liga dos Campeões de futebol feminino. Nenhum outro clube português, neste ou em formatos anteriores, integrou os últimos 16 da competição europeia;

10
A equipa feminina de hóquei em patins do Benfica conquistou a 10.ª Supertaça do palmarés encarnado (10.ª seguida entre 30 títulos e troféus nacionais consecutivos, todos desde 2013/14, época em que se sagrou bicampeão nacional, mas não venceu a Taça de Portugal: 9 Campeonatos Nacionais; 9 Taças de Portugal, 10 Supertaças, 2 Elite Cups):
O Benfica já conquistou 16 Supertaças em 2023/24. Nos masculinos, em futebol, basquetebol, futsal, hóquei em patins e voleibol. Nos femininos, em futebol, andebol, futsal, hóquei em patins e polo aquático;

13
Ascendem a 13 os troféus ganhos pelo Benfica em 2023/24, todos disputados. Além dos referidos '10', venceu ainda a Elite Cup de hóquei em patins em masculinos e femininos e a Taça Vítor Hugo de basquetebol feminino;

20
Os sócios do Benfica têm a oportunidade de votar em 11 jogadores para a escolha de 20 entre os que representaram o Benfica neste Estádio da Luz. Os eleitos figurarão no mural dos campeões, em fotomosaico especial composto por milhares de fotografias dos adeptos. Excelente iniciativa!

350
Mais de 350 crianças que praticam futebol em 16 escolas do Benfica nos distritais de Lisboa e Setúbal conviveram no Benfica Campus no passado domingo;

1000
O Benfica chegou aos 1000 golos no futebol feminino (2.º golo ao Apollon, em Chipre, da autoria de Marie Alidou)."

João Tomaz, in O Benfica

Editorial


"1. Novo ciclo. Neste jornal O Benfica destacamos esta nova etapa que inclui 7 jogos em 24 dias, a começar pela partida de hoje nos Açores. Ritmo intenso, calendário apertado, ambição máxima. Na Taça, na Taça da Liga, no Campeonato e na Champions. Para vencer. Sempre com esse fito! Essa é a nossa identidade.

2. Terceira participação consecutiva na Champions de futebol feminino. Parabéns às Inspiradoras. Tem sido um trajeto notável, distintivo no panorama nacional, singular naquilo que tem sido um trabalho estruturante desta direção na aposta na diversidade de género e numa modalidade que apresenta notáveis índices de crescimento. Somos uma referência em Portugal e um esteio que muito tem sido útil à seleção portuguesa em matéria de formação e na equipa A. No fundo, o Benfica a liderar, como é nosso apanágio.

3. E 13 é o número que nos encanta. São 10 Supertaças conquistadas e mais 3 troféus. O Benfica ganhou tudo o que havia para ganhar desde que a temporada 23/24 se iniciou. Tudo! Tanto no futebol como nas modalidades em que disputámos títulos, só vitórias. Fica a distinção de classe, ambição e uma preparação para a nova época pensada ao detalhe e com o sucesso como palco maior.

4. Sucesso é igualmente o que tem sido alcançado por Marcel Matz nos anos que leva de Benfica. Já soma mais de 200 vitórias no seu trajeto na Luz, numa comunhão entusiasta com os valores do Benfica. É, merecidamente, o Protagonista da semana numa entrevista a não perder nestas páginas. Boas leituras, caros benfiquistas."

Pedro Pinto, in O Benfica

Crença na vitória


"Perante um bom adversário em mais um embate da Liga dos Campeões, equipa e adeptos vão lutar pelo triunfo nesta noite (20h00), na Luz, frente à Real Sociedad. Este é o tema em destaque na BNews.

1. Focados em ganhar
Roger Schmidt reconhece qualidade ao adversário e acredita na vitória: "Temos de jogar ao nosso melhor nível, eles estão em boa forma. Vai ser um jogo difícil, mas jogamos em casa. Contamos com o apoio dos nossos adeptos, e também com a nossa união e qualidade. Temos grandes ambições na Liga dos Campeões e queremos continuar nesta competição. Tudo faremos para vencer e criar uma nova situação no grupo."

2. Exigência normal e positiva
António Silva realça a importância do jogo e o empenho coletivo na obtenção de um triunfo: "Sabemos que dependemos apenas de nós para passar, é isso que vamos tentar fazer. É como um todo, como equipa, que vamos conseguir anular a Real Sociedad. O Benfica é um clube enorme. Sei bem qual é a exigência no meu clube. É mais um jogo pelo Benfica e mais um jogo para darmos tudo. A ajuda dos adeptos será muito importante."

3. Jogar bem e ganhar
Ao início da tarde (15h00), Benfica e Real Sociedad encontram-se no Benfica Campus no âmbito da UEFA Youth League. Paulo Lopes lembra as boas exibições na prova e a ineficácia que tem penalizado a equipa: "A única coisa que falta é conseguirmos fazer mais golos. É nisso que estamos a trabalhar e é o que vamos tentar fazer. A equipa tem muita vontade de vencer e evoluir."

4. Não ao racismo
Na sequência do episódio de racismo passado no último fim de semana na partida que opôs FC Porto e Benfica em basquetebol, o Benfica requereu, à Federação Portuguesa de Basquetebol, uma audiência com carácter de urgência no sentido de se procurar mecanismos que evitem e impeçam estes atos inaceitáveis. O racismo não tem lugar no desporto nem na sociedade, e o Sport Lisboa e Benfica está solidário com Betinho Gomes e estará sempre na linha da frente do combate à intolerância.

5. Embate europeu
O Benfica defronta hoje, em andebol, o IFK Kristianstad. O jogo, a contar para a fase de grupos da EHF European League, é na Luz e tem início marcado para as 17h45.

6. Presença histórica
A equipa feminina de polo aquático do Benfica apurou-se para a fase final da Challenger Cup, naquela que é a primeira presença benfiquista em competições europeias.

7. Recorde nacional
Samuel Barata estabeleceu o novo recorde nacional na meia-maratona.

8. 20 anos do Estádio da Luz
No Chão Sagrado: memórias da Nova Luz (18) é lembrada a emocionante despedida de Rui Costa dos relvados."

A fase de adaptação


"Não sei se é de mim ou se é de Roger Schmidt, mas alguma coisa mudou nos últimos meses, e não falo apenas da intermitência exibicional. Como já aqui expliquei um par de vezes nas últimas semanas, algo parece diferente no alemão. Eu gostava de vos dizer que tudo se deve ao contexto ou à falta dele, mas quando um treinador do Benfica responde a uma pergunta sobre um jogo decisivo na Liga dos Campeões e explica que os jogos mais importantes são contra um adversário interno, e acrescenta que o jogo da Champions não é uma decisão final, quando evidentemente pode vir a ser, não vou mentir, esse tipo de resposta tende a irritar-me um pouco.
Não julgo estar sozinho na minha moderada irritação, pela auscultação informal que vou fazendo em conversas com familiares, amigos e demais Benfiquistas. É um facto que tudo no futebol de clubes é visto à luz da qualidade do que se joga, e não há lábia que substitua isso, mas as qualidades comunicacionais podem ser um caminho para continuar a chegar ao coração dos adeptos. Lembram-se quando Roger Schmidt entrava tranquilamente numa sala de imprensa, esboçava sorrisos largos com uma certa timidez de quem acabara de se apaixonar por um clube e dizia tudo aquilo que os adeptos gostavam de ouvir, articulando de forma racional e lógica a paixão, a ambição e a ousadia dos adeptos, que só podia ser a dos jogadores?
Eu lembro-me bem e não foi há tanto tempo assim. Porque será que hoje tudo soa tão diferente em Schmidt? Busco ajuda em Benfiquistas mais otimistas ou menos escaldados. Estou disposto a admitir que é a minha desconfiança ou o stress pós-traumático de outras crises a falar mais alto, mas, quando ouço Schmidt explicar que o jogo de hoje contra a Real Sociedad não é uma decisão final, sinto que a ambição foi substituída parcialmente por uma gestão de expectativas algo deprimente. Aquela euforia do venha-quem-vier foi ocupada por um modesto deixa-lá-ver-se-dá. O que, bem vistas as coisas, me transmite a sensação de que Schmidt é afinal um realista empedernido que só sonhou connosco quando sentiu que tinha condições reais para ambicionar o sonho, fruto de uma conjugação de picos de forma e entendimento das ideias de um treinador muito rara no futebol mundial, e quase inédita no Benfica ao longo de 20 anos. É muito provável que Schmidt, não podendo admitir isso de uma forma cabal, sinta que tem menos condições hoje para retribuir aos Benfiquistas na mesma medida do sonho da época passada — porque a realidade não o permite. Mas é aqui que deve entrar o coração necessário para equilibrar a razão.
Ou talvez o verdadeiro problema seja o país que se apaixonou por Roger Schmidt quando tudo corria bem e o plantel do Benfica nos fazia sonhar a cada jogo que realizava. A verdade é que ventos calmos nunca fizeram bons marinheiros e, ao primeiro embate mais duro, nem o plantel do Benfica pareceu assim tão imbatível nem o seu treinador pareceu tão impenetrável como aparentava ser uns meses antes. Ainda assim, não é como começa mas sim como acaba, e ainda falta tempo suficiente para este texto envelhecer muito mal e eu ser obrigado a revisitar as minhas palavras para confirmar que não tinha razão nenhuma em estar tão preocupado.
Não é como começa, é como acaba. Vou repetir isto que nem um mantra, até começarmos a jogar o futebol que todos desejamos, ou até isto acabar. Até lá, prossigo com algumas preocupações, daquelas que usam o nome nas costas: será Kokçu capaz de fazer esquecer Enzo, mesmo não tendo o talento prodigioso do argentino? Até que ponto estamos a tirar o máximo partido deste jogador que parece não saber por vezes se a tarefa dele é ser um daqueles centrocampistas de equilíbrio ou de ser um visionário capaz de servir os marcadores de golos e jogar mais perto deles? Será Arthur Cabral um problema de adaptação ou um problema de vocação? Irá Tengstedt a tempo de uma carreira de sucesso no Benfica, ou já vimos que chegue? Será que Juan Bernat vai mesmo relançar a sua carreira em Portugal, ou veio apenas para aqui fazer uma espécie de festa sunset da sua carreira? Valerá Jurásek os 14 milhões que pagaram por ele, sabendo que à data de hoje não parece ser solução para grande coisa? Será que Gonçalo Guedes se vai livrar do infortúnio das lesões por tempo suficiente para recuperar a alegria e nos dar mais alegrias? Haverá forma de recuperar fisicamente Ángel Di María, se possível com uns pózinhos milagrosos no limiar da legalidade, para termos direito a uma época completa do argentino ao mais alto nível, como nós merecemos e como ele deseja? Será Trubin tão bom como pareceu nestes últimos jogos? Os dias sucedem-se, as semanas passam, e as dúvidas permanecem, na sua maioria.
Esta época falamos muito da necessidade de adaptação, como se tudo fosse uma questão de tempo e o melhor ainda estivesse para vir. Pois bem, os jogos importantes vão chegar aos magotes na próxima semana e está literalmente na hora de mostrarmos ao que viemos. Receio que a fase de adaptação esteja a chegar ao fim para a maioria dos jogadores. Há quem diga que no Benfica se exige muito e demasiado depressa, como se isso fosse uma coisa má e a exigência do Benfica ou dos Benfiquistas fosse um problema. Defendem que não sei quem há uns anos também demorou a pegar, que os golos não apareceram logo, que as exibições tardaram, como se de um adepto do Benfica fosse requerido um certo entorpecimento ou aceitação da mediania, quiçá da mediocridade, em nome do sucesso inevitável que há-de vir, se todos esperarmos quietinhos. Gostava muito de vos dizer que a vida era assim e que estaremos todos aqui pacientemente à espera que a adaptação suceda, custe o que custar, demore o tempo que demorar. Era bom, se fosse verdade. Veremos se todos estão capazes de se adaptar a esta realidade."

A Luz exige a vitória


"À terceira jornada da fase de grupos da Liga dos Liga dos Campeões esperam os adeptos do Benfica que os seus jogadores honrem a camisola, vençam os espanhóis da Real Sociedad, tarefa muito complicada, e afastem, definitivamente, o perigo de repetição da vergonha de 2017/2018, no consulado de Rui Vitória, com seis jogos, seis derrotas e apenas um golo marcado.
O jogo de hoje é determinante e Roger Schmidt afirmou em conferência de Imprensa que está «nas nossas mãos» a solução para resolver o problema. Muito bem, joguem e ganhem, é o que se lhes pede. Caso contrário, a presença na mais importante competição da UEFA ficará seriamente comprometida.
A família benfiquista não vai faltar com o seu apoio, mas naturalmente preocupada, por diversos motivos. A derrota em casa, frente ao Salzburgo, doeu muito, por se ter percebido que o treinador encarnado, ele que tão bem conhece o emblema austríaco e tão boas recordações lá deixou, foi surpreendido pela sua entrada diabólica, trazendo às memórias o filme do jogo com o FC Porto, também na Luz, na época passada.
Na altura, A BOLA falou em 15 minutos de terror e de um treinador congelado, como escreveu Vítor Serpa na sua crónica, que não preparou a sua equipa para a eventualidade de «o adversário abordar o jogo à Porto, criando uma enorme pressão atacante e impondo uma intensidade que o Benfica continua a não saber acompanhar».
Não caiu em saco roto esta observação e não foi por acaso que, ainda ontem, meio a brincar, meio a sério, Schmidt afirmou que «os jogos mais importantes do Benfica são sempre com o FC Porto» e, esta época, «já ganhámos duas vezes». Prova da sua preocupação e da irredutibilidade de quem não se desvia do caminho traçado, o que é bom, por ser uma manifestação de confiança naquilo que faz. O problema reside, no entanto, quando os outros, os que circulam em sentido contrário, também não se desviam e exigem aquela agilidade tática para tornear o obstáculo e seguir em frente. Esta característica o treinador alemão não tem revelado.
Roger Schmidt está a erguer um edifício futebolístico vencedor. Foi campeão nacional, chegou aos quartos de final na Champions e na presente temporada já conquistou a Supertaça. Mais, naquelas comparações que os adeptos apreciam, nos confrontos diretos com Sérgio Conceição, em quatro venceu três. Nada a criticar, portanto, em relação ao seu percurso, mas manter uma equipa de futebol em rendimento elevado por período prolongado é um processo complexo e é aqui que parece faltar-lhe a necessária flexibilidade para mudar quando deve mudar, mesmo que tenha de colidir com o seu próprio pensamento, porque se recusar fazê-lo entra no campo da teimosia e daí até dar asneira é um passo.
O Benfica tem mais e melhor equipa do que os desempenhos recentes sugerem. O que se viu em Milão, diante do Inter, é para não repetir. Não evitou a derrota mas suavizou o resultado porque o jogo foi uma aflição, suscitada pela ideia de prescindir de ponta de lança sem alterar o desenho tático.
Kokçu, apesar do preço que custou, não tem a dimensão de Enzo Fernandes, nem se lhe aproxima, mas foi escolha de Schmidt, por isso é intocável , embora ainda por justificar esse estatuto. Neres e Di María podem jogar em simultâneo, claro que sim, mas demorou a convencer-se. No centro, onde as coisas não têm corrido de feição, há alternativas seguras, desde que motivadas e devidamente utilizadas.
Na frente, Tiago Gouveia talvez mereça mais atenção e minutos e o jogo com o Lusitânia pode ter destapado uma nova solução. Recordo-me de treinador amigo, quando foi anunciada a contratação de Arthur Cabral, me ter falado em bom negócio, mas que seria preciso trabalhá-lo, porque no sistema de Schmidt iria sentir dificuldades, que se confirmaram. Com a proximidade de Gonçalo Guedes tudo parecer ter mudado, para melhor. Foi dele o passe para, finalmente, o ponta de lança brasileiro quebrar o enguiço. Só me espanta Schmidt ainda não se ter apercebido disso. Ou fez de conta, para continuar a segurar Tengstedt como opção e colar em Rafa o rótulo de imprescindível.

Braga real
Na capital do Minho, a visita do Real Madrid para jogar a Liga dos Campeões é um prémio merecido para António Salvador, que em vinte anos de presidência colocou o Sporting Clube de Braga no mais elevado patamar do futebol europeu. Ganha o concelho e ganha a cidade, que já recebeu muitos visitantes ilustres, como Milan, Liverpool ou Manchester United, trazidos pelos sucessos do futebol. Nenhum tão ilustre como este, porém: 14 vezes campeão europeu. Artur Jorge e os seus jogadores vão ficar na história. O nome Braga vai chegar aos quatro cantos do mundo."

Onde as águas se separam...


"No desporto, energúmenos há-os em todas as latitudes e de todas as cores clubísticas. Existirão, na mesma proporção, nas restantes áreas da sociedade, da qual brotam, e em relação à qual são indissociáveis. O que pode chamar mais a atenção sobre os energúmenos que frequentam os recintos desportivos é a visibilidade de que gozam, em função do fenómeno altamente mediático de que fazem parte, dentro ou fora do campo, com mais ou menos responsabilidades. O que distingue os indivíduos, os clubes ou as sociedades uns dos outros é a forma como lidam com quem não pode, nem deve, passar impune perante as alarvidades que protagoniza.
No último sábado, dia em que o futebol chorou a partida de um dos maiores de sempre, Bobby Charlton, uma minoria do clube rival, o City, ofendeu a memória do campeão do Mundo de 1966 e a reação oficial dos citizens não podia ser mais digna e assertiva:
«O Manchester City FC está extremamente desapontado por ter tido conhecimento de relatos de cânticos ofensivos de um pequeno número de indivíduos sobre Sir Bobby Charlton em alguns espaços do Etihad Stadium durante o intervalo do jogo da Premier League contra o Brighton and Hove Albion. O clube condena veementemente estes cânticos e pede desculpa sem reservas à família e amigos de Sir Bobby, bem como a todos os adeptos do Manchester United (…) A nossa equipa de segurança está a estudar as imagens de CCTV das áreas de acesso ao estádio. Estamos gratos a todos os que já se ofereceram para denunciar este caso. Continuamos a apelar a qualquer informação que nos possa ajudar a identificar os indivíduos envolvidos, de modo a podermos tomar as medidas adequadas para emitir ordens de proibição.»
Em vez de assobiar para o ar, ou de arranjar desculpas esfarrapadas de mau pagador, o Manchester City pediu desculpa, especialmente à família de Bobby Charlton e aos adeptos do Manchester United; e prometeu identificar, através das câmaras vídeo do estádio, quem conspurcou a memória de Charlton e danificou a reputação do clube, para, a seguir, poder expulsá-los do estádio. É assim que fazem as pessoas de bem. Não se solidarizam, por ação ou por omissão, com criaturas que não devem frequentar recintos desportivos. Não lhes servem de escudo na expetativa de que um dia as posições se invertam. Há uns e há outros."

A falta que faz o VAR


"Os jogos da última eliminatória da Taça de Portugal reforçaram a importância que a vídeo arbitragem tem no futebol moderno. Os árbitros voltaram a dirigir jogos à antiga, num registo desafiante para todos: foras de jogo sancionados sem esperar pelo final das jogadas, lances nas áreas sem dedos no auricular, entradas de fronteira (amarelo/vermelho) decididas sem o veredito do VAR.
A habituação cria vícios e isso não acontece apenas no nosso dia a dia. Lá dentro é igual.
Por aquilo que vi, isso foi evidente numa mão cheia de jogos com erros que terão afetado alguns resultados finais. Erros que o recurso a imagens resolveria em vinte, trinta segundos. Perderam os árbitros, porque não contaram com um apoio imprescindível, e perdeu a verdade desportiva nalgumas dessas partidas.
Podemos e devemos discutir a forma como a ferramenta é usada e o que pode e deve ser feito para a potenciarmos, mas o que me parece que não podemos nem devemos fazer é duvidar da sua enorme utilidade: em mãos competentes, a vídeo tecnologia é a melhor coisa que aconteceu ao futebol nos últimos anos. Não vão por mim. Pensem nos milhares de golos que, em todas as ligas do mundo, foram bem validados/anulados em situações de fora de jogo; pensem no número de entradas grosseiras/violentas expostas como merecedoras de vermelho direto; pensem nos pontapés de penálti assinalados e/ou revertidos com acerto inatacável. Quem gosta de futebol a sério tem que ser defensor acérrimo deste instrumento.
Eu sou e é também por isso que consigo manter olhar crítico em relação ao que tem que ser melhorado. Na minha opinião, o que mais salta à vista é a incoerência daquilo a que chamamos de linha de intervenção: se há situações em que o árbitro só é chamado quando comete erros tão claros que até o adepto mais distante do relvado consegue ver, também há aquelas em que são convidados a rever as imagens quase por tudo e por nada: se o lance está protocolado, o melhor é o vai lá ver e decide. Este desalinhamento, obviamente benigno na intenção, gera incongruências gritantes entre jogos da mesma competição, beliscando em última instância a verdade desportiva.
A este propósito, importa recordar um dos grandes objetivos da tecnologia: «Máxima eficácia, mínima intervenção». A ferramenta não existe para substituir a autoridade e poder do árbitro em campo, mas para complementar o seu trabalho. É uma ajuda, um paraquedas, um meio para chegar a um fim. Não um fim em si. Se o lance for dúbio, se for suscetível de gerar mais do que uma interpretação, se as imagens não o esclarecerem, se o erro não for óbvio e evidente, não pode haver intervenção! É tão simples quanto isto.
Podemos concordar ou discordar — é interessante refletirmos sobre a forma como o protocolo deve evoluir — mas neste momento, tal como está previsto, é assim. Tudo o que ultrapasse essa premissa é intervenção em excesso e, por muito que seja justa nuns jogos, será sempre injusta se aplicada de forma diferente noutros.
De resto, existirão outras arestas a limar, nomeadamente a nível mais terreno, ou seja, em relação ao condutor e não ao Ferrari em si: continuo a achar que, a espaços, falta concentração, empenho e compromisso em sala. Não é bonito de dizer, mas é a minha opinião. A tarefa é realmente importante no jogo e o jogo é importante na vida e carreira de muitas pessoas. Há muito que o futebol profissional é muito mais do que uma mera atividade desportiva. Convém que quem está em campo e em sala nunca se esqueça disso. Privilégios pressupõem responsabilidades e quem não estiver à altura dessa exigência tem que considerar a possibilidade de conduzir automóveis de menor dimensão.
Não é para quem quer. Tem mesmo que ser apenas para quem pode."

Vamos lá ser justos!


"SÓ SE FALOU DO GOLO DO ARTHUR CABRAL E ENTÃO O DO TIAGO GOUVEIA?

1. O ARTHUR CABRAL custou mais de 20 milhões de euros, não é demais exigir-lhe golos. Já o TIAGO GOUVEIA foi formado no clube, está connosco desde 2017, tem que sentir o nosso apoio.

2. Interessa à comunicação social centrar-se no "romance" do ARTHUR CABRAL com os golos. Já a nós interessa-nos relevar jovens como o TIAGO GOUVEIA, que queremos ver a vingar na primeira equipa.

3. O ARTHUR CABRAL é um recém chegado. Já o TIAGO GOUVEIA, como o António Silva e o João Neves, é dos nossos, é um grande benfiquista.

4. O ARTHUR CABRAL precisou de 294 minutos nas competições nacionais para marcar o seu primeiro golo. Já ao TIAGO GOUVEIA bastaram 11 minutos - entrou aos 76, marcou aos 87!

5. O golo do ARTHUR CABRAL foi bonito e muito oportuno. Já o golo do TIAGO GOUVEIA foi só o melhor dos quatro que o Benfica marcou nos Açores.

6. O ARTHUR CABRAL tem tido várias oportunidades e desejo que as venha a aproveitar com muitos golos a partir de agora.

Já ao TIAGO GOUVEIA, que não tem tido oportunidades, desejo que esteja a passar, na pior das hipóteses, pelo mesmo que passou o JOÃO NEVES até se impor como titular na primeira equipa (contra o Estoril, a 23 de Abril)."

Sir...


"O meu pai nunca percebeu patavina de futebol, tal como todos os outros membros da minha família. O meu Benfiquismo deveu-se ao magnetismo natural do Glorioso e ao meu tio Zé Russo de Castelo Branco, cuja ação evangelizou mais sobrinhos do que o Pedro Álvares Cabral entre os índios do Brasil.
O vocabulário "futeboleiro" do meu progenitor é limitado e roda basicamente à volta dos "guarda redes frangueiros", dos "fogachos" quando os remates são potentes e do Pepe que já devia ter sido "irradicado" do futebol. Pertence contudo à geração para quem Eusébio é o futebol.
Quando se refere ao filho da D. Elisa, alinha em todos os unicórnios que giram à volta do moçambicano. Que marcava do meio campo, que furava as redes com os seus fogachos, que era tão bom que até o Salazar o proibiu de sair para Itália porque era Património Nacional.
Além do Deus da Mafalala, só há mais um jogador a quem o Sr. Francisco Lucas se refere com máximo respeito: Sir Bobby Charlton. Duvidando seriamente que alguma vez tenha visto o inglês dar um pontapé numa bola, julgo que tamanha veneração só poderá advir da epopeia do Mundial 66 ou por partilhar com ele o característico penteado.
Seja como for, tamanha admiração foi-me inculcada, e a nobreza do Cavaleiro de Sua Majestade passou a ser por mim também reverenciada. Não podia como tal, agora que se juntou a outros imortais da modalidade, deixar de prestar-lhe aqui a minha homenagem, que é também do e para o meu pai."

Águia mole


"Vem aí teste decisivo na Champions para o Benfica mostrar nova velocidade

Vai o Benfica precisar de compreender porque estão, provavelmente, mais olhos postos sobre a equipa de Roger Schmidt do que sobre qualquer outra. Das candidatas aos títulos do futebol nacional, é a equipa das águias que volta a gerar, à partida, maior expectativa, não apenas por ser a campeã nacional, mas também por se ter reforçado como se reforçou.
É natural, assim, que se centre sobre a equipa do Benfica atenção mais generalizada e é natural que o sentido crítico seja proporcional ao nível de exigência colocado, aliás, pelo próprio clube e pelos próprios adeptos.
Daí as dúvidas que parecem, aqui e ali, ir-se instalando em redor de uma equipa que, pese a boa série de vitórias em todos os jogos nacionais (com o impacto de dois sucessos sobre o FC Porto) desde a derrota na primeira jornada da Liga, no Bessa, é visível não estar ainda a rolar à velocidade que lhe vimos na maior parte da última época, e deixou, para já, imagem insuficiente na Liga dos Campeões, ao registar duas derrotas nos dois jogos já cumpridos.
A estreia na Taça de Portugal neste final de semana não causou qualquer sobressalto às águias, mas creio ter voltado a confirmar como esta segunda versão do Benfica de Roger Schmidt ainda parece jogar a baixas velocidades e sem a mesma capacidade de pressionar suficientemente alto o adversário de modo a recuperar tão rapidamente a bola como mostrou consegui-lo a primeira versão, quando chegava a ser capaz de posicionar, no ataque à recuperação da bola, sete jogadores no último terço ofensivo, deixando apenas Otamendi, António Silva e um dos médios defensivos mais junto à linha do meio campo. Claro que fazê-lo exige grande frescura e disponibilidade física. Mas exige também melhor organização.
Vem aí decisivo teste na Champions, com a Real Sociedad, e sabe-se como os encarnados vivem habitualmente rodeados de atmosfera de impaciência, própria, aliás, de quase todos os grandes clubes. Mas há impaciência e há a expectativa criada por reforços que custam muitos milhões de euros, como custou o até agora tão infeliz Arthur Cabral, que, nos Açores, por pouco voltava a não conseguir marcar. O problema, porém, não deve estar (ainda) em Cabral, que não fez pré-temporada na Luz e justifica o indispensável tempo de adaptação. O problema, entre os adeptos, estará no trauma que, sobretudo nos últimos cinco anos, foram sucessivamente deixando na águia contratações falhadas ou relativamente falhadas (e todas caras ou relativamente caras) como Raúl de Tomás, Pedrinho, Everton Cebolinha, Julian Weigl, Luca Waldschmidt, Roman Yaremchuk ou Soualiho Meité. Traumas assim não são fáceis de apagar!...

MORREU a maior lenda do futebol inglês e uma das maiores figuras de toda a história do futebol mundial. Mas Sir Bobby Charlton representava muito mais do que isso. Era um dos grandes do jogo, mas também um dos grandes como figura pública do desporto. Talvez o exemplo por excelência de um cavalheiro do futebol.
Homem de imagem extraordinariamente elegante, gentil e delicada, será hoje muito mais recordado pela figura distinta que, durante anos, vimos sentada nas bancadas do mítico estádio de Old Trafford, do seu Manchester United, do que propriamente pela grande habilidade e inteligência com que jogou futebol e ganhou a notoriedade dada a qualquer um dos maiores de sempre.
Nunca o vi jogar. Mas mesmo os que, como eu, não puderam admirá-lo no campo, aprenderam a admirá-lo fora dele, pela história que construiu, mas também por essa imagem que sempre soube passar de ser um dos mais reconhecidos e notáveis cavalheiros do futebol.
Amigo e grande admirador do nosso Eusébio, construiu com ele significativa relação de proximidade que os levou, inúmeras vezes, já sem uma bola e um campo, a partilharem diferentes emoções da vida. Eusébio já partiu há um par de anos. Sir Bobby Charlton partiu ontem. Ambos lendas. Ambos imortais. Fica o profundo respeito e a enorme admiração."

Portugal no regresso à Europa


"Pode ser uma semana decisiva para o futuro europeu dos clubes portugueses na UEFA

Depois do doce sabor da Taça de Portugal, o regresso dos quatro grandes a uma semana europeia. É a última jornada da metade de uma primeira fase da fase de grupos da Champions e Liga Europa e, por isso, uma jornada que pode ser decisiva para os clubes portugueses.
Ao contrário do que sucedeu com a Seleção nacional, aqui é mesmo preciso pegar na calculadora e juntar-lhe, ainda, uma dose de previsibilidade. Existem três versões: a versão do otimista irritante, como diria Marcelo Rebelo de Sousa, a visão do realista sensato e a visão do eterno pessimista. A primeira diz que ainda é possível os três clubes portugueses na Champions chegarem à qualificação. Tal como é previsível que o Sporting venha a dar um salto em frente na Liga Europa. O pessimista dirá que o Benfica e o SC Braga têm, desde já, o acesso aos oitavos de final vedados e que apenas o FC Porto tem uma probabilidade real de continuar. Prefiro a versão realista e sensata que nos diz que é preciso esperar por esta jornada.
O jogo do Benfica, na Luz, com a Real Sociedad pode ser o mais decisivo. Se o Benfica ganhar, e, se tiver alguma ambição europeia, tem mesmo de ganhar, deixará o futuro em aberto. Se o Benfica não vencer, não só põe em causa a continuidade na Champions como, mais grave, compromete a continuidade numa prova europeia. Julgo que alguns benfiquistas não se importariam muito com isso, porque pensam que, livre de compromissos europeus, o Benfica ficaria mais perto de conquistar, de novo, o título nacional. Porém, essa é uma perspetiva que afasta ainda mais o Benfica de um estatuto europeu e, por isso, mais o regionaliza numa ambição pequenina de clube que se conforma com uma dimensão regional e pouco digna da sua história.
É verdade que o Benfica está no grupo mais equilibrado da Champions, onde apenas o Inter terá mais créditos. E também é factual que a derrota, na Luz, com o Salzburgo só pode ser emendada se o Benfica ganhar na Áustria. Algo que é desejável e que não deixa de ser possível.
Uma teoria apenas realista e que se afasta do maior pessimista diz-nos que o Benfica e o SC Braga irão passar para o patamar do Sporting e continuarão a jogar na Liga Europa. E que o FC Porto será o único que prosseguirá na Champions. Curiosamente, se for assim, o ranking português poderá, enfim, melhorar."

Que mal lhes fazes, Florentino?


"Florentino foi fundamental no título de 2018-19 com Bruno Lage e, na época seguinte, em janeiro, o técnico quis Julian Weigl. Voltou a ser imprescindível durante quase toda a campanha vitoriosa de Roger Schmidt, que pouco contou com Weigl até este voltar ao seu país, porém a afirmação de João Neves e a compra do passe de Kokçu por 25 milhões de euros na nova temporada – para mimetizar o papel de Enzo Fernández, o que ainda não tem conseguido em pleno – voltaram a empurrar o internacional sub-21 para fora das primeiras opções.
Nos Açores, mesmo perante um Lusitânia do Campeonato de Portugal, entrou apenas a três minutos do fim.
Entre Lage e Schmidt, houve Jorge Jesus e ainda foi pior, embora desde logo se percebesse que não possuía o perfil que o atual treinador do Al Hilal gosta de ver num '6'.
Não deixa de ser estranho como Florentino desce do céu ao inferno tão rapidamente, mesmo quando, em teoria, se parece precisar mais dele em campo do que de qualquer outro. É mesmo caso para perguntar: que mal faz o jovem a quem o treina para que desista dele ao fim de uns quantos meses? Muito provavelmente nada.
A sua discrição torna-o o mais fácil de retirar de campo. E a má experiência recente com os empréstimos também o fará tolerante em demasia a tais decisões.
João Neves deve jogar porque é especial e se Kokçu ainda precisa de aumentar a qualidade das suas exibições para cumprir o potencial que já mostrou em Roterdão, o preço que custou também o torna singular, por muito que, no passado, Schmidt tenha mostrado que não se deixa levar por estatutos.
Parece-me que o Benfica sente, sobretudo, dificuldades em equilibrar-se no fiel da balança, em que com bola quer ser resistente à pressão e precisa da capacidade de rotura de passe do turco e, sem esta, necessita de Florentino para subir no terreno e ser mais eficaz na… pressão e na reação à perda. Schmidt tem privilegiado o primeiro momento, tal como Lage quis fazer com Weigl a certa altura, mesmo que o internacional germânico não tivesse sido talhado para um 'duplo-pivot'. Não se pode dizer que tenha corrido bem.
Entretanto, o jovem perde confiança, sobretudo naquela medida que apresentou quando o alemão chegou. Com que o convenceu. E todos sabemos o que o moral em baixo faz a um jogador. Ainda mais com um certo travo a injustiça."

Corrida à FPF é como um jogo de xadrez


"As eleições na FPF não serão decididas na arena mediática. Sucede a Fernando Gomes quem obtiver pelo menos 43 votos na AG eletiva...

O sucesso da candidatura de Portugal à co-organização do Campeonato do Mundo de futebol de 2030 veio aguçar ainda mais o interesse pela cadeira que Fernando Gomes ocupa desde 2011 na Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Com eleições marcadas na Cidade do Futebol entre 12 de agosto de 2024 e 11 de fevereiro de 2025 (segundo os estatutos realizam-se até seis meses depois dos Jogos Olímpicos de Verão), e sabendo-se que o atual presidente e membro dos diretórios da UEFA e da FIFA, não se apresentará a votos, por atingir o limite de três mandatos, poderá falar-se numa situação em que estará tudo em aberto. Porém, conhecendo-se os bastidores do futebol português, nunca será bem assim, porque cada confraria estará, desde já, a posicionar-se para ficar bem no filme que entrará em cena com a nova gerência da FPF.
Há que referir, para que se perceba melhor o que está em jogo, que quem elege os órgão sociais da Federação é a Assembleia Geral, na qual estão representadas várias instituições, cada uma, na prática, com direito a um determinado número de votos, que perfazem 84. O candidato que chegar ao número mágico de 43 será o sucessor de Fernando Gomes. Quer isto dizer que esta metodologia não requer grande esforço mediático aos candidatos - não é a opinião pública que vota, nem se sabe, a não ser que os eleitores queiram, quem vota em quem, porque o sufrágio é secreto - mas sim um conhecimento profundo do xadrez do futebol nacional, e do valor de cada uma das peças, Rei, Rainha, Torre, Bispo, Cavalo e Peão.
A FPF, que Gilberto Madail tentou modernizar, e de que Fernando Gomes fez um potentado, tem na sua estrutura o Conselho de Arbitragem e os Conselhos de Disciplina e Justiça, ou seja, embora a organização das competições profissionais seja responsabilidade da Liga dos Clubes - que é um dos sócios da FPF - o poder que emana da Cidade do Futebol é incontestável, daí que não admire que Pedro Proença, que tem feito um bom trabalho no saneamento financeiro e na dinâmica da Liga (além de ser obrigado a grande jogo de cintura para conseguir, como conseguiu, a unanimidade dos clubes na sua reeleição) esteja na primeira linha da sucessão de Gomes. Mas não irá a votos sozinho. Contra quem? Essa é a pergunta de um milhão de euros (pelo menos)."

José Manuel Delgado, in A Bola

O que nos dizem as contas da FC Porto SAD?


"Todos têm a noção de que o FC Porto não é o seu presidente e que irá continuar a ser uma grande instituição com ou sem Pinto da Costa!

Este é um ano importante no futebol português. Depois de cairmos um lugar no ranking da UEFA, iremos ter apenas uma equipa com entrada direta na Liga dos Campeões. Existe a possibilidade de uma segunda equipa conseguir entrar na grande competição de clubes, através das eliminatórias. Para o FC Porto, este ano tem ainda mais importância, porque irão existir eleições no final desta época que podem ditar uma continuidade ou uma alteração do caminho até aqui seguido. Uma coisa é certa, se analisarmos o passado esta é a fase em que mais contestação tem surgido à administração portista.

Novo resultado negativo
O rumo financeiro que a FC Porto SAD tem estado a seguir é, sem dúvida, o grande calcanhar de Aquiles da administração azul e branca, até porque a função de uma administração de uma empresa é atingir objetivos, mediante uma correta afetação dos recursos disponíveis, de forma a potenciar o presente, mas, em simultâneo, salvaguardar o futuro. Ora, se avaliarmos a gestão da FC Porto SAD no reinado desta administração (que está no poder desde o início), percebemos que a capacidade financeira se tem vindo a deteriorar, ano após ano.
De uma forma simples, analisando o Relatório e Contas da FC Porto SAD individual, verificamos que os resultados acumulados (de todos os exercícios anteriores) representam saldo negativo de €282.828.594 M. Se juntarmos o resultado negativo deste exercício, temos este valor: €323.604.606 M negativos!! Outro fator importante é o passivo corrente ou dívida de curto prazo (aquela que tem de ser paga ou negociada num período até 12 meses), que apresenta um valor de €280M, comparada com o ativo corrente (créditos até 12 meses) de €114 M. Estes valores representam um peso enorme para quem está a gerir os destinos da SAD azul e branca e demonstram uma enorme alavancagem. De uma forma geral, a tendência de resultados tem sido muito negativa, a alavancagem cada vez maior e difícil (especialmente no atual contexto de taxas de juro elevadas), obrigando a administração portista a dar garantias e colaterais para a obtenção de empréstimos, que cativam as receitas do presente e do futuro.
Isto mesmo podemos verificar na descrição da página 81 do Relatório e Contas individual da SAD do FC Porto: «Nos financiamentos desenvolvidos na tabela supra estão contratadas garantias e colaterais diversos, tais como as verbas a receber do Grupo Altice pelos direitos de transmissão dos jogos, os valores a receber da UEFA pela participação em competições por esta organizada, os direitos económicos dos jogadores Matheus Uribe, Zaidu, Evanilson, Otávio, João Mário, Diogo Costa e Eduardo Gabriel (Pepê), a hipoteca sobre o Estádio do Dragão, valores a receber decorrentes do acordo comercial estabelecido com o grupo Super Bock referentes ao patrocínio nas camisolas e pelo acordo de exclusividade de consumos, valores a receber do Wolverhampton Wanderers Football Club pela transferência do jogador Fábio Silva, valores a receber do SASP Paris Saint-Germain Football pela transferência do jogador Danilo Pereira, valores a receber do Manchester United Football Club pela venda do jogador Alex Telles, entre outros.»
Neste momento, a gestão passa por empurrar com a barriga!

Os prémios da administração
Conforme referi anteriormente, a função de uma administração é criar condições para que a sua empresa consiga atingir os objetivos de uma forma regular e consistente, através de um equilíbrio fundamental entre a vertente desportiva e a financeira. Se analisarmos apenas os últimos anos verificamos o seguinte: no conjunto dos últimos cinco anos, os resultados líquidos apresentaram um saldo negativo de €103.226 M. Podemos acrescentar que os três anos anteriores também foram negativos... Em termos factuais, nestes cinco anos, os administradores da FC Porto SAD receberam, no global, o seguinte valor em prémios: €3.944 M.
Aqui surgem algumas perguntas: em função dos números apresentados, e da tendência verificada, faz sentido premiar os membros que são responsáveis pelo caminho que tem vindo a ser seguido? Os administradores deveriam ser avaliados pela forma como gerem os recursos ou pelo sucesso da equipa de futebol? Deveria uma administração ser premiada por num ano (2019/2020) ter €113.243 M de resultado negativo e no ano a seguir (2020/2021) ter €21.685 M de resultado positivo?
Na explicação para a justificação do pagamento de prémios aos cargos diretivos foi referido que tinham de se confirmar três pressupostos (ser campeão, entrada na Liga dos Campeões e resultados financeiros positivos) em simultâneo. Ora, nas épocas 2017/2018 e 2019/2020, um desses critérios não foi atingido, uma vez que os resultados dos exercícios em questão foram negativos. Apesar deste facto, a administração recebeu os respetivos prémios, sendo que em 2019/2020 o resultado líquido foi de €113.243 M negativos!

A concorrência ao ataque
Foi interessante verificar que, de repente, muitos adeptos verificaram que a administração azul e branca recebeu prémios no valor total de €1.640 M relativos ao sucesso da época anterior! Destaco este facto porque esta informação já é conhecida há alguns meses, uma vez que vinha contida no relatório semestral da SAD do FC Porto. Se a informação já estava disponível, por que motivo aqueles que agora se insurgem contra esta questão não o fizeram antes? Será que estão a escolher o melhor timing para o fazer? Será que tem a ver com as eleições do próximo ano? Será que muitos adeptos ou associados do FC Porto se sentem mais confortáveis em criticar a administração da SAD se outros também o fizerem?
O que destaco sempre é que é fundamental estar atento à gestão das diferentes administrações, sejam do FC Porto, Benfica ou Sporting. É fundamental ter um critério de exigência e transparência face aqueles que gerem os destinos destas grandes instituições. Realço também a importância da existência de crítica interna, sem a qual nenhuma organização consegue evoluir. A crítica gera desconforto, confronta, coloca em causa e obriga a questionar o caminho que está a ser seguido, o que acaba por permitir validar ou alterar a estratégia adotada.
O FC Porto esteve, está e estará ligado à figura do seu presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa. Apesar disto, todos têm a noção de que o FC Porto não é o seu presidente e que irá continuar a ser uma grande instituição com ou sem Pinto da Costa! O que devemos ter sempre em mente é que ninguém está acima de escrutínio e que o passado não nos deve retirar a capacidade de analisar, avaliar e questionar as opções que são tomadas a cada momento. Em Portugal temos por defeito endeusar pessoas e, por esse motivo, nunca as questionar…

Vilar de Perdizes
Vilar de Perdizes é uma aldeia especial. Sou suspeito, porque se trata da terra da minha Mãe. É especial não por ser a terra das bruxas, mas por ser um local com gente única, terra a terra, que sabe e gosta de receber as visitas, que tem uma união e uma forma de estar única. O jogo contra o FC Porto demonstrou isto mesmo: paixão, alegria e felicidade por poder jogar contra um grande clube. A aldeia viveu mais um dia feliz (apesar de jogar fora do seu reduto) e os jogadores e treinador puderam demonstrar a sua qualidade.

A valorizar
Nuno Tavares: O lateral do Nottingham Forest, ex-aluno da Casa Pia, dá o nome e apoia bolsas de estudo atribuídas a alunos da instituição. Quando dizemos que os jogadores devem ser referências e exemplos, dentro e fora de campo, é disto que falamos. Esta forma de estar é um reconhecimento para quem o ajudou a crescer e, em simultâneo, uma forma de ajudar a concretizar o sonho de crianças que estão na posição em que o Nuno esteve.

A desvalorizar
Nicolò Fagioli: Fagioli assumiu o vício do jogo, que lhe valeu uma suspensão e dívidas enormes. O jogador da Juventus representa um universo invisível de atletas que desgraçam as suas vidas ou carreiras por entrarem no vício do jogo. Estes temas devem ser abordados e apresentados aos atletas, desde cedo, de forma a que no futuro estejam preparados para rejeitar este tipo de solicitações."

FC Porto e os prémios da discórdia


"A medida dos ganhos dos presidentes tem de ser o que ganham os jogadores e treinadores

A polémica está instalada com os salários recebidos pela administração do FC Porto que apresentou resultados líquidos consolidados negativos de 47,627 milhões de euros. Um valor negativo deveras importante e que, com as eleições à porta, está a gerar uma enorme polémica juntos dos mais notáveis associados do clube.
O clube da cidade do Porto veio esclarecer os prémios, mas as críticas não desapareceram. Segundo os azuis e brancos, os prémios, no valor total de 1,6 milhões de euros, entraram no exercício da época anterior, mas dizem respeito a três condições que foram cumpridas na época de 2021/2022, época em que «o FC Porto conquistou o título nacional de futebol e a SAD apresentou resultados francamente positivos». Sim, no ano passado os resultados não foram os mesmos, nem dentro do campo, nem em termos contabilísticos. Mas quem critica - toda a legitimidade para isso - esquece-se das muitas épocas extraordinárias do clube.
Os clubes e as SAD existem para ganhar ou, pelo menos, conseguir bons resultados, e nisso o Porto de Pinto da Costa é exímio. As remunerações de Pinto da Costa, de 1.152.000 euros (brutos), ou do presidente do Sporting, de 257.000 euros, também brutos, por ano, só são questionadas porque há quem queira os lugares deles. Sim, a diferença é abismal. Sim, o FC Porto SAD apresentou enormes prejuízos este ano, e a Sporting SAD resultado líquido positivo de 25,2 milhões de euros, mas ao mesmo tempo ninguém questiona os €3 M líquidos que, dizem os media, ganham Sérgio Conceição ou Rúben Amorim.
Ora não há dúvidas quanto à legalidade da remuneração dos presidentes dos clubes. As normas jurídicas aplicáveis são poucas logo, desde que a Assembleia Geral ou a Comissão de Remunerações aprove, não há questão sequer. Mais, os adeptos querem é que os clubes ganhem títulos, e o FC Porto tem conseguido isso, na era Pinto da Costa, como ninguém em Portugal. E, amigo leitor, não podemos medir os ganhos dos administradores dos clubes pela medida de pessoas como nós. A medida tem, naturalmente, de ser o que ganham os jogadores e treinadores e aí os presidentes não chegam sequer à média. E não há dúvidas que são os dirigentes que tomam as decisões mais difíceis, que negoceiam contratos, que gerem cada peça que compõe o puzzle que é um clube de futebol. Devem ser pagos, devidamente, por isso.

Não regressar, por favor
O Governo prepara-se para alterar, sobremaneira, o programa Regressar, que permitia a quem voltasse a Portugal pagar apenas metade dos impostos durante cinco anos. Pepe, João Mário João Moutinho, e outros, beneficiaram do regime. E os clubes beneficiam com a presença deles. E o Estado beneficia dos impostos, mesmo que sejam só 50%. Isso, ou nada, parece-me que é melhor 50% do que zero. As alterações a este regime, que se aplica a todos os que regressem a Portugal, sejam jogadores ou não, vai tornar mais difíceis regressos de Bruno Fernandes, Bernardo Silva ou Danilo, a título de exemplo. Enquanto isso, a Espanha torna o seu regime dos Desplazados ainda mais competitivo, facilitando a vida aos clubes espanhóis, que podem gastar menos com a contratação das suas estrelas! E o futebol merecia mais: é das nossas indústrias mais bem-sucedidas e, para sermos francos, exigimos ao futebol muito mais que o que exigimos aos nossos Governos.
O Direito ao Golo vai por isso, e só pode, para a nossa Seleção que se qualificou para o Euro-2024 magnificamente."

Portugal, Martínez e ousar olhar (e jogar) para cima


"Vemo-nos em meados de outubro numa situação tão pouco comum, sentindo certo aroma a uma tranquilidade que desconhecemos. Esta segunda-feira, Portugal joga na Bósnia, na Zenica de tantas histórias, livre de dramas ou matemáticas, já dentro do Euro 2024 e apenas com o simples objetivo de amealhar um pontinho para garantir o primeiro lugar do grupo quando ainda faltam três jogos para o fim da qualificação. Não haverá playoffs, previsões de catástrofes que invariavelmente não vieram a acontecer: afinal de contas, com mais ou menos calculadora, desde 1998 que não sabemos o que é falhar uma fase final de uma grande competição.
Perante os adversários que foram saindo caprichosamente do sorteio para esta qualificação, notícia seria se a seleção nacional tivesse dificuldades. A Eslováquia, que vencemos na sexta-feira, sofrendo os primeiros golos nesta fase ao fim de sete jogos, era o rival mais cabeludo (porém, de cabelo liso, não propriamente uma permanente) e, com exibições mais exuberantes que outras, as vitórias sucederam-se naturalmente.
A boa notícia para Portugal será que o último par de jogos já trouxe, com resultados, aquilo que Roberto Martínez prometeu à chegada: flexibilidade, soluções, uma equipa preparada para jogar em vários sistemas e estratégias. No Dragão, o espanhol de fleuma britânica colocou pela primeira vez Gonçalo Ramos e Cristiano Ronaldo juntos, numa engenhosa e airosa saída para a discussão se a titularidade deveria pertencer a um ou a outro. Pelo que se viu, principalmente na 1.ª parte, os dois até se podem complementar. Bruno Fernandes agrega as diferentes sensibilidades táticas encontrando e criando os espaços com a sua visão prodigiosa - é o jogador-chave desta qualificação - e o problema será sempre onde colocar tanto talento a jogar. Que João Félix, Diogo Jota ou Vitinha não sejam titulares absolutos nesta equipa diz bem da profundidade desta geração. Mas também da responsabilidade que ela e Martínez têm.
Aferidas as diferentes fórmulas, a esta equipa portuguesa faltará agora um teste duro. Houve tempo e competência para preparar esse embate com a realidade. Felizmente, o discurso não é pequenino, não nos menospreza. Bernardo Silva disse, e bem, que é para chegar “o mais longe possível no Euro”. E com esta equipa “o mais longe possível é ganhar”. Martínez falou em “sonhos” e, mais importante, em concretizar esses sonhos. Portugal, com a matéria prima que tem à disposição e com o trabalho dos últimos meses, não se pode esconder, seja contra o Liechtenstein ou contra França, Alemanha ou Espanha. Há que ousar olhar para o céu e jogar de acordo. Para já, não há vislumbre de nuvens."