sábado, 18 de fevereiro de 2023
Desperdício...
Benfica 3 - 4 Braga
Muito injusto, muitos golos desperdiçados, contra um adversário que este ano gastou a vaca toda nos dois jogos do campeonato com o Benfica!
Inacreditável como não foi assinalada a 6.ª falta a favor do Benfica, na 1.ª parte!
Muito para apoiar o Benfica
"Esta edição da News Benfica é dedicada às várias distinções individuais de elementos do plantel da nossa equipa de futebol e à agenda desportiva muito preenchida do fim de semana. Apoie as nossas equipas!
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Roger Schmidt foi eleito, pelos seus pares, o treinador dos meses dezembro/janeiro da Liga Portugal, reunindo cerca de 30% dos votos. Recorde-se que já havia recebido esta distinção em agosto e em outubro/novembro.
Neste período, também Grimaldo (defesa) e João Mário (médio) foram distinguidos.
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Bah, António Silva, Aursnes e João Mário fazem parte da Equipa da Semana do Fantasy Football da Champions League. Veja as melhores imagens do triunfo, por 0-2, na deslocação ao estádio do Club Brugge.
A nossa equipa regressa ao Campeonato na 2.ª feira, na Luz, frente ao Boavista (21h15).
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Hoje temos dois jogos agendados.
Às 21h00, no Pavilhão Fidelidade, recebemos o Braga em futsal. Ambos os clubes fazem parte do trio que lidera a prova. Carlos Monteiro fez a antevisão: "Esperamos um jogo muito difícil e teremos de estar muito concentrados e no nosso melhor para conseguirmos os três pontos."
Em voleibol entramos em campo às 20h00. Peter Wohlfahrtstätter acredita que a nossa equipa somará mais um triunfo na visita ao AA Espinho e revela a receita: "Sabemos que temos de estar focados no jogo."
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Sábado há dérbi nos Sub-19 de futebol. Às 15h00, no Benfica Campus, recebemos o Sporting. Ambos os clubes chegam à 4.ª jornada só com vitórias.
Em andebol jogamos às 12h00, na Luz, frente ao Santo Tirso. A equipa feminina também joga em casa, mas às 19h30 com o MaiaStars. No basquetebol temos deslocação ao Esgueira (15h00). A equipa feminina de hóquei em patins tem embate europeu em Espanha, frente ao Cerdanyola (17h00). E, no futsal feminino, somos visitados pelo Santa Luzia, às 21h00.
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Para domingo estão previstas as seguintes partidas: às 15h00, dérbi com o Sporting em hóquei em patins, a contar para a Taça de Portugal, no pavilhão João Rocha. Às 15h30, a nossa equipa B recebe o Torreense. De manhã, às 11h00, os Sub-17 jogam no Benfica Campus com o Estoril Praia. Na Luz, encontro com o V. Guimarães em voleibol masculino (16h00), desafio com o Esgueira em basquetebol feminino (17h30) e partida com o Sporting em voleibol feminino (20h00)."
Champions: jogador da semana...
Crónica de um away a Bruges
"O processo é sempre o mesmo. Assim que sai o sorteio inicia-se a pesquisa por voos, comboios e bilhetes. O líder desta preparação é o nosso guru das viagens que já conta com mais de 30 aways europeus a jogos do Benfica. E o plano que apresenta tem sempre tanto de barato, como de louco. É aquela pessoa que faz escala no Pólo Norte para uma deslocação Lisboa-Almada. E porquê, perguntarão as pessoas sãs. Ora, porque fica mais barato e que piada tem se for de outra maneira?
O percurso ficou definido e com a concordância de todos: em três dias iríamos fazer Lisboa-Paris-Bruxelas-Bruges-Lille-Porto-Lisboa! Entre aviões, comboios e autocarros iríamos fazer mais de quatro mil kms. Mas essa foi a parte fácil do planeamento! O difícil? Arranjar bilhete para o jogo. A primeira tentativa falhou: os bilhetes colocados à venda pelo Benfica esgotaram e só três dos nossos se safaram.
A segunda tentativa também falhou: a já conhecida 'esperteza' de nos criarmos sócios do Brugge e comprar assim bilhetes. Fomos felizes durante 24 horas, até aos belgas cancelarem e reembolsarem todas estas compras. Chegamos a assumir a derrota e a perspetiva de termos uma televisão num bar em Bruges à nossa espera, mas felizmente pouco a pouco todos nos safamos e conseguimos bilhetes. Desistências, conhecimentos e emigrantes que nos assistiram, por Benfiquismo.
Dia 14: o encontro é feito às 9h da manhã no terminal 2 do Aeroporto de Lisboa. Somos dez pessoas, às quais se juntarão mais em Paris, Bruxelas e Bruges. A companheira extra de todas estas viagens é a cerveja. Muita cerveja! E o arranque foi feito mesmo ali no terminal, com várias cervejas que até pareceram baratas, tendo em conta o que se ia pagar nos próximos dias.
Chegada a Paris e a surpresa de ver Roberto Martinez, o nosso selecionador, no parque de estacionamento do aeroporto. Mas não havia tempo a perder com selfies e conversas. Precisávamos de três ubers para nos levar até à estação de autocarros (a ideia original era de ir de TGV, mas foi cancelado devido a greve). Almoço nas redondezas e o que seria uma viagem de duas horas e meia de TGV saltou para 4 horas num autocarro. Passadas a beber mais cervejas de lata e a Benficar. Às 19h04 fizemos questão de cantar o hino do Benfica, para surpresa dos restantes passageiros.
Chegados a Bruxelas era tempo de ir deixar as mochilas nos apartamentos alugados e procurar um restaurante ainda aberto. Finalmente encontrámos, embora o dono do estabelecimento tenha deixado claro que só nos iria servir tostas mistas... e cerveja. O plano convenceu-nos tanto que passamos a noite a cantar-lhe Big Boss allez. Quando o Big Boss nos expulsou era quase UMA da manhã, mas a noite era ainda uma criança. Novos ubers para passar pela lindíssima praça central de Bruxelas e terminar no famoso bar Delirium. Que, como previsível, estava cheio de Benfiquistas. Muito se cantou sobre o Glorioso até às 4h da manhã.
Dia 15: Depois de três ou quatro horas de sono, era tempo de apanhar o comboio para Bruges. E à chegada à cidade, o espanto de ver Benfiquistas por todo o lado. Para além do espanto repetido (já lá tinha estado) de ver uma cidade tão bonita. A tarde foi passada, imagine-se, a cantar e a beber cerveja na praça principal até ao momento em que autocarros destacados começaram a levar os Benfiquistas para o estádio. E aí o lado mais feio, com abusos de adeptos 'entusiasmados' que chegaram a partir janelas e portas. Há coisas difíceis de entender.
O estádio do Club Brugge é aparentemente no meio do nada e a escuridão até lá chegar impera. A transição para o interior confirma que é de facto um estádio pequeno e sem aquele ambiente de clube grande e histórico. Os Benfiquistas eram aos milhares e extravasavam a sua caixa. Rapidamente percebemos que iríamos conseguir abafar o apoio dos belgas e assistiu-se a um autêntico festival dado pelos nossos. A equipa lá no relvado até começou tímida, mas foi crescendo com o passar dos minutos e confirmou a sua superioridade na segunda parte.
Enorme alegria em todos com o final do jogo e o reforço da confiança que este ano temos mesmo equipa, seja em que palco for. O regresso ao centro de Bruges foi feito com mais autocarros e desta vez já não houve forças para mais uma noitada. Diretos ao hostel para recuperar algumas (poucas) energias.
Dia 16: alvorada às 8h para que às 9h40 estivéssemos em novo autocarro rumo a Lille. Aí chegados, ida a pé até ao centro da cidade para almoçar e novos ubers para nos levarem ao aeroporto, onde arrancaríamos para o Porto. Na cidade Invicta não deu lamentavelmente tempo para comer uma francesinha, apenas umas bifanas, antes de mais três horas de viagem de autocarro rumo à Capital. A chegada a casa foi à uma da manhã para desfrutar do luxo de algumas horas de sono, até ao regresso ao trabalho.
Foram três dias a fazer mais de 4.000 kms, com passagem por cinco cidades europeias, de avião, comboio e autocarro.
Se valeu a pena? Claro que sim. Isto não é distância, é Benfica. E amigos."
Absoluta dualidade
"O 2-0 com que o Benfica ganhou ao Paços de Ferreira em jogo antecipado desta jornada 20 colocavam-nos, tranquilamente, no sofá para assistir a uma jornada com um clássico, mais uma vez, sem surpresas. Ou seja, um Sporting imaturo a perder, nos detalhes, contra um F. C. Porto mais sabido.
No entanto, a semana não foi nada tranquila graças à uma muito evidente dualidade de critérios e à óbvia influência arbitral que empurrou o Benfica para fora da Taça de Portugal.
Uma dupla de especialistas na matéria, composta pelo inefável Tiago Martins e pelo portuense Fábio Melo, começou por sonegar ao Benfica, em Braga, uma grande penalidade do tamanho do Monte Sameiro, por falta sobre Gonçalo Guedes. Para a seguir expulsarem Bah (e bem) por um pisão sobre Pizzi, enquanto o pisão de Racic sobre Aursnes não teve a mesma consequência. Dessa vez o VAR não chamou sequer o árbitro, como tinha feito no lance anterior. Absoluta dualidade.
Voltando ao clássico, sabemos que a única equipa que pode fazer este tipo de faltas, na nossa Liga, sem ser sancionada, é o F. C. Porto e que o único jogador, que parece ter uma espécie de salvo conduto e uma proteção especial de influência arbitral para fazer este tipo de faltas, chama-se Pepe. Esse sim, pode pisar e..."no pasa nada".
Se somarmos a isto a forma como esta semana o Benfica B foi prejudicado é, obviamente, preocupante, mas também pode ser o momento de tocar a rebate e reagir em uníssono contra esta vergonhosa dualidade.
Positivo: Frederick Aursnes pela forma como encheu o campo.
Negativo: Tiago Martins-Fábio Melo, a dupla da dualidade."
𝗢 𝗳𝘂𝘁𝗲𝗯𝗼𝗹 𝗽𝗼𝗿𝘁𝘂𝗴𝘂𝗲̂𝘀 𝗲𝘀𝘁𝗮́ 𝗽𝗼𝗱𝗿𝗲.
"Nos últimos dias, todos temos visto as manobras desesperadas do FC Porto e do Porto Canal instigando ao ódio e à violência contra jornalistas e comentadores por tecerem as suas opiniões e fazerem uso da liberdade de expressão, esse direito “proibido” que foi conquistado em 1974 mas parece incomodar sobremaneira o clube azul e branco.
Tudo começou quando Rui Santos, sem rodeios, referiu que o penálti não assinalado em Braga a favor do Benfica tinha sido vergonhoso e que «os árbitros portugueses estão a ser coagidos e a adulterar a verdade desportiva». O jornalista disse ainda que «o nosso campeonato é uma farsa. É preciso ter coragem de dizer isto. O futebol em Portugal está controlado por pessoas ligadas a claques. Entraram-me no Whatsapp do meu telemóvel mais de 140 indivíduos ligados a uma claque bem conhecida por todos (Super Dragões) com ameaças de morte. Não vou parar. Vai tudo para a polícia. Custe o que custar». Desde estas afirmações, a instituição da fruta, café com leite e chocolatinhos colocou a “carne toda no assador” e fez soar os alarmes entre os animais que todos muito bem conhecemos.
O Porto Canal, um dos tentáculos do clube, logo deu início à instigação desses energúmenos, lançando artigos a denegrir o jornalista e publicações a identificar a esposa e o seu local de trabalho na cidade do Porto, de forma clara e com morada incluída, para que a mensagem explícita fosse bem entendida a quem de direito. Em consequência destas táticas vergonhosas e dignas de um qualquer país de terceiro mundo, a mulher do jornalista foi alvo de várias ameaças de morte e teve mesmo de ter acompanhamento médico, tendo já apresentado queixa na Polícia Judiciária e sendo-lhe concedida proteção judicial por perigo de vida.
Além de Rui Santos e sua esposa, o clube azul e branco apontou as “armas” também a Tânia Laranjo, da CMTV, pelo silêncio devido à agressão de um jornalista que terá ocorrido junto ao Estádio de Alvalade. O problema? Tânia Laranjo nada disse porque simplesmente se encontrava na Turquia a exercer o seu trabalho no meio de milhares de mortos e vítimas da catástrofe que ocorreu naquele país. Por outras palavras, tinha bem mais com que se preocupar que com um jogo de futebol.
E como não há duas sem três, tentaram ainda silenciar e afastar António Melo, comentador da Bola TV, por este ter recitado o poema “Alma de Corno”, de Fernando Pessoa, dedicando-o a Pinto da Costa. Recorde-se que, não faz muito tempo, conseguiram que um colaborador da ELEVEN fosse despedido por ter dito uma piada sobre Taremi.
É esta a habitual estratégia desonesta e ordinária que manipula pessoas e instiga o ódio no futebol português ao longo de várias décadas. As autoridades estarão certamente à espera que aconteça uma desgraça para depois agirem, em plenitude da hipocrisia, mostrando-se surpreendidas quando algum delinquente concretizar aquilo que todos sabemos que poderá acontecer a qualquer momento. É inaceitável o que se anda a passar com a conivência da justiça.
Deixamos um vídeo que recordará muita gente dos velhos esquemas de Contumil. São 40 anos disto."
João Mário: um médio sem golo e sem intensidade
"Não faltam por aí expressões prontas para nos acudir quando nos lançam temas sobre os quais não conseguimos acrescentar nada. Ao invés de assumirmos que não entendemos patavina do que nos estão a dizer, soltamos um “pois, pois”, franzimos o sobrolho, transmitindo a atenção de alunos de primeira fila, e, se a conversa for de elevador, o outro, talvez, nem tenha tempo de constatar a nossa ignorância.
Chegamos, assim, à origem da utilização do termo “intensidade”, no futebol.
A equipa fez uma má exibição e perdeu? Faltou intensidade.
A equipa fez poucas faltas? Faltou intensidade.
O jogador fez uma má exibição? Faltou intensidade.
O jogador fez poucas faltas? Faltou-lhe intensidade.
O treinador até é um tipo pacato no banco de suplentes? Falta-lhe intensidade.
O lateral deixou-se bater num lance de 1x1? Faltou-lhe intensidade.
O defesa-central estava mal posicionado na jogada do golo? Faltou-lhe intensidade.
Por que é que há médios que conduzem menos a bola? Falta-lhes intensidade.
Por que é que há médios menos capazes de defender em campo aberto? Falta-lhes intensidade.
Por que é que há avançados cujo ponto forte não é o ataque ao espaço? Falta-lhes intensidade.
E se te perguntarem em que é que consistiria uma maior intensidade em qualquer um dos pontos supra citados, não te acanhes, soltas logo a wild card: “faltou atitude”. O futebol é simples, a nova geração de comentadores é que adora complicar.
Eu cá gostava de saber quantas vezes é que João Mário já ouviu que lhe faltava intensidade. Intensidade e golo, claro. Foi preciso chegar aos 30 anos para alcançar e transpor a marca dos 10 golos numa época desportiva, obra de quem sempre nos obrigou a entender o futebol além dos números.
João Mário nunca deixou de sobressair dentro de bons colectivos. Sucedeu no Sporting de Jorge Jesus, em 2015/16, temporada na qual se adaptou ao papel de médio ala. Nesse Sporting, de cariz ofensivo e que buscava o protagonismo do jogo, provou que a vertigem não é a resposta certa para tudo, que é possível esconder a bola do adversário tendo-a nos pés e que até com Schelotto se podia combinar, mesmo que com Bryan Ruiz a facilidade fosse outra.
Na passagem pelo Lokomotiv, por empréstimo de um Inter treinado por cinco técnicos diferentes no espaço de três épocas, reencontrou-se com a sua qualidade. Para mim, o período na Rússia, em 2019/20, já depois de, acredito, ter ficado traumatizado ao trabalhar sob as ordens de David Moyes, no West Ham, foi decisivo. O futebol daquele Lokomotiv, assente, sobretudo, numa boa organização defensiva, ansiava, no ataque, pelo critério de João Mário, que teve a capacidade de ser figura num contexto desfavorável, uma vez que passava pouco tempo enquanto dono da bola. Mas estava lá o acerto nas saídas em transição, a temporização no timing adequado, a qualidade de passe, a inteligência posicional. O Lokomotiv era curto para o seu futebol e também serviu para que tal fosse uma evidência, numa altura em que se ouvia o Sermão de Santo António aos Peixes, ou seja, a conversa da falta de intensidade para as ligas italiana e inglesa. Poderiam lá haver outras justificações?
Em 2020/21, o Sporting, de novo. Desta feita, o de Rúben Amorim. Um conjunto ainda pouco preocupado em brilhar em ataque posicional e muito empenhado no jogo directo, na verticalidade. Ficava evidente que os desenhos ofensivos da equipa melhoravam quando João Mário participava, fosse pela agilidade em espaços reduzidos, por procurar deixar os colegas em boas condições quando soltava na frente, por colocar pausa num modelo vertiginoso, por permitir que se respirasse em posse, depois de períodos em que a equipa baixava o bloco, passando longos minutos sem iniciativa, por fazer um bom uso do corredor central, dentro de um sistema viciado na profundidade oferecida pelos alas. João Mário completou uma das melhores épocas da sua carreira, só que, com apenas dois golos ao fim de 34 partidas, faltava-lhe golo, diziam. E a crítica tomou outras proporções ao trocar o Sporting pelo Benfica, reencontrando Jorge Jesus no clube da Luz, em 2021/22.
Volvidas seis temporadas, as equipas de Jorge Jesus denotavam problemas que o Brasileirão só ajudou a escamotear. O Benfica de 2020/21 não chegou sequer perto do Sporting de 2015/16 e o Benfica de 2021/22 tornou-se, aos poucos, num dos piores trabalhos do treinador português. Entre os muitos exemplos de autêntico desnorte, fica a desvalorização quase total de um plantel que contava com Everton, Yaremchuk, Waldschmidt, Weigl ou Vertonghen – jogadores que não deixaram outra marca na Luz mais por culpa da falta de qualidade colectiva do que da falta de qualidade individual.
Naturalmente, um jogador com o perfil de João Mário acabou arrastado pelo mau momento. Ainda não referi, mas João Mário não é um jogador auto-suficiente. Aliás, muito pelo contrário, pois necessita bastante dos outros para estar a um bom plano. Existem jogadores que, dadas as suas características – explosão, óptimos no drible, etc. –, alteram cenários de jogo. Isso não encontrarão em João Mário, definitivamente talhado para marcar diferenças quando toda a gente sabe o que anda a fazer dentro de campo, algo que também não acontecia no Benfica de Nélson Veríssimo, onde João Mário chegou a ser ultrapassado por Meité nas escolhas do actual técnico do Estoril.
Enfim, Roger Schmidt. Roger Schmidt, para atestar, outra vez, a excelência de João Mário quando uma equipa funciona como um todo, oferecendo-lhe mais liberdade do que nunca. Com Rúben Amorim, os que olharam aos golos, não olharam às zonas do terreno que João Mário pisava, à maior rigidez desse sistema, à impossibilidade de se acercar sistematicamente de zonas de finalização, ao contrário do que sucede neste Benfica. Não olharam. Faltava intensidade. Faltava golo a um médio que, de forma rigorosa, não se distingue pela apetência no gesto da finalização, mas que, em princípio, tal como a maioria, habilitar-se-á mais vezes aos golos quantas mais forem as vezes em que lhe permitam aproximar-se da baliza contrária sendo bem servido, sendo trabalho para tais dinâmicas, que, quiçá, até lhe permitam ganhar maior confiança nesse momento do jogo. Não olharam. Faltava intensidade.
Agora, experimentem agarrar nos 16 golos marcados por João Mário esta época. Subtraiam os penáltis, caso queiram. Sabem quem é que era o João Mário sem eles? O mesmo. “Um médio sem golo e sem intensidade”."
O que é isso, afinal, de ser jogador de fim-de-semana?
"Um título é apenas um título, um chapéu, às vezes uma carapuça.
Esta semana recebi dois emails com o mesmo assunto: o nome da crónica. O primeiro, afirmava que não poderia ser mais certeiro, remetido por um homem de 52 anos, também ele jogador de fim-de-semana, fiel ao mesmo grupo quase há três décadas, com quem joga todas as terças-feiras.
O segundo foi enviado por um jogador amador. Colocava em causa não só o nome — «deveria chamar-se jogador de quinta-feira, uma vez que só joga às quintas :-)» — como referia que os verdadeiros jogadores de fim-de-semana são os jogadores amadores, federados, eles sim «praticantes de um futebol mais puro e genuíno, que honra os valores do desportivismo, associativismo e bairrismo sem nunca perder de vista a competitividade».
Ainda pensei desafiá-lo para um duelo de passes ou penáltis, mas meti a bola ao saco e disse-lhe que sim, que talvez tivesse razão. Não me caberá a mim defender o meu bom nome, era o que faltava, muito menos medir forças com os jogadores amadores. Tenho-lhes imenso respeito. Fui federado durante dois anos, noutra vida, e só de falar no assunto ainda me doem os músculos e as clavículas. Além disso, também eu, sobretudo eu, me pergunto muitas vezes o que é isso, afinal, de ser jogador de fim-de-semana? Por isso escrevo estes textos.
Confesso, contudo, que não resisti a fazer zoom à cara dos remetentes — aquela fotografia anexada à morada de email, para confirmar se tinham ar de jogadores. Um deles, sim, o jogador amador. O outro não. É essa a diferença. Uma das. Olha-se para a cara (e o corpo e o cabelo e o passo e a idade) de um jogador, profissional ou amador, e percebe-se de imediato que é ou poderia ser jogador. Um atleta. Existe um padrão, mesmo que seja de bom senso dizer-se que não há dois jogadores iguais.
É claro que há milhões de jogadores iguais, no mínimo parecidos, de tal forma que, quando alguém foge ao estereótipo, dizemos «nem parece jogador».
Héctor Bellerin, o mais recente reforço do Sporting, com gostos, aspecto e um bigode fora de jogo e de época é disso um bom exemplo. «Este deve ter a mania que é artista», «parece um cantor pimba» ou «tem mais pinta de músico que de futebolista» foram alguns dos comentários que apontei ao longo das duas últimas semanas. Os publicáveis. Basta alguém mostrar-se um pouco diferente, para provar que somos todos iguais. Mas isso é outra conversa.
Já eu, dei por mim a pensar que poderia ser um jogador de fim-de-semana. Porquê? Precisamente porque o jogador de fim-de-semana pode ser tudo e o seu contrário. É fácil gozar com ele, mas é difícil, senão quase impossível, apontar-lhe o dedo. Detectá-lo no meio da multidão. Pode ser baixo, gordo, magro, alto e espadaúdo, homem, mulher (quase sempre homem, mas lá chegará o dia em que o futebol feminino deixará de ser apenas um parêntesis), médico, advogado, canalizador, eletricista, pode ser humilde ou fanfarrão, ter muita ou pouca garganta, a mania que é artista, ter um ou dois pés, ter cabeça mas não ter pés, ou mesmo não ter pés nem cabeça; pode, em alguns casos, parecer-se com um jogador ou ter sido jogador, mas isso é a excepção. Nesses casos diz-se que já «foi jogador», que «poderia ter sido jogador» ou que «parece um jogador».
Desculpem, entusiasmei-me (isto da escrita é como a bola, convém saber quando largá-la), mas já que comecei vou até ao fim, o leitor que me perdoe.
Outro dos aspectos referidos na mensagem era o facto de eu «nem sequer jogar futebol», mas sim futsal. Tem razão, mais uma vez. O jogador de fim-de-semana joga, sobretudo, futsal e futebol de 7, se bem que, não raras vezes, pense que está a jogar futebol de 11, a fingir que o pavilhão é um estádio, o sintético um relvado e que não é dor a dor que deveras sente; o jogador de fim-de-semana não ama a dor, como diria o mestre Abel, mas não vive sem ela; não sente falta do cheiro a balneário, porque a maior parte nunca esteve num balneário a sério, mas conhece todos os cambiantes do Voltaren; não pode ser confundido com um jogador porque não joga a troco de dinheiro, nem sequer de uma sandes mista e uma mini; não só não recebe nada em troca, como paga para jogar, especialmente ao final do dia, depois de um dia trabalho, quase sempre tarde e a más horas — como é o meu caso, todas as quintas-feiras, às 23h, para mal dos meus pecados e do meu casamento.
Chegados a este ponto, escusado será dizer que o jogador de fim-de-semana não joga apenas ao fim-de-semana. Joga quando quiser, quando a mulher (ou marido) deixam e, sobretudo, quando pode. Por norma, uma vez por semana, se possível duas. Mais do que isso é amor ou loucura. Ou profissão."
Criatividade!
Pablo Aimar dando cátedra, capítulo mil. La referencia a los entrenamientos de los jóvenes y el jugar por jugar que se está perdiendo. "Imaginate que en la escondida te decían 'te podés esconder solo acá'". Simple. Maravilloso.
— VarskySports (@VarskySports) July 4, 2022
📹 Fundación River.pic.twitter.com/LfyzidtkDY
O Eléctrico do Paraíso
"Os adeptos exigiam golos à linha avançada do Real Oviedo - em casa, pelo menos 5. Porque o número tinha um defeito e chamaram-lhe O Corcunda
Eu gosto particularmente das Astúrias, sobretudo de Gijón (Xixón) e do seu mar frio e inquieto, mas também de Oviedo, essa cidade de estudantes a quem muitos chamam de Capital do Paraíso. Limpa, fresca, com a vivacidade própria das urbes que estão cheias de jovens, terra dos Carbayones, os Carvalhões, porque um dia a natural brutalidade da burocracia humana resolveu abater um carvalho (carbayu em asturiano) com mais de mil anos só porque estava tão velho que corria o risco de tombar, esquecendo-se os governantes da cidade que as árvores morrem de pé. Ficou uma placa de cobre a assinalar o lugar onde vivera a árvore lendária, mas nada toma o lugar de uma árvore com mil anos se não ao fim de mil anos e o episódio sujou o nome da Capital do Paraíso e a embirração geral caiu sobre os Carvalhões.
Foram os estudantes das classes mais ricas de Oviedo que trouxeram o futebol para a cidade depois de terem concluído os seus cursos em Inglaterra e regressado da Grande Ilha Para Lá da Mancha com a paixão do jogo entranhada na sua dura alma asturiana. Fundaram clubes: o Real Stadium Club Ovetense, em 1914, representante das classes populares, e Real Club Deportivo Oviedo, em 1919, orgulhoso da sua origem por entre as famílias mais endinheiradas. Os anos passaram e um dia, uma figura ímpar do futebol das Astúrias, o guarda-redes Óscar Álvarez, ergueu a voz para dizer alto aquilo que já todos pensavam em silêncio: «Oviedo é pequena demais para duas equipas que teimam em canibalizar-se, façam-se tréguas, unam-se as forças!». Ninguém ficava inerte perante as palavras do grande Óscar. No dia 26 de abril de 1926, deu-se a fusão. Surgiu o Real Oviedo de camisolas azul-céu-depois-da-chuva e a Cruz de Los Ángeles sobre o peito, o escudo da cidade. Jogava no Barrio de Fozaneldi no Vetusta del Stadium. Não tardaria a possuir uma linha avançada que marcou para sempre a história do futebol em Espanha: Casuco, Gallart, Lángara, Galé e Inciarte. La Eléctrica ou La Delantera Eléctrica. O orgulho da Capital do Paraíso!
Numa só temporada, 34 jogos e 101 golos. Um vendaval! La Eléctrica rebentava como raios e coriscos sobre as defesas adversárias. Deixava guarda-redes em choque. Relâmpagos, centelhas, chispas, fagulhas invadiam os meios-campos adversários, devassavam as grande-áreas e as bolas entravam nas balizas umas atrás das outras como se o próprio Zeus comandasse um exército meteórico. Passaram como um cometa mas, logo a seguir, veio outro, azul como as camisolas do Real, alguns chamaram-lhe La Segunda Eléctrica, muitos confundem uma com a outra, afinal houve três jogadores que representaram ambas, não foram diferentes, foram irmãs-gémeas nascidas da faúlha magnética do golo, Casuco, Gallart, Lángara, Herrerita e Emilín, 54 jogos juntos, 124 golos marcados! Eram jogadores, companheiros e irmãos e nem a carnificina da Guerra Civil de Espanha os separou. Isidro Lángara talvez fosse o mais explosivo de todos o raios de La Eléctrica. Nascera em Pasaia, no País Basco, no dia 25 de maio de 1912, tornou-se tão grande que passou pelo San Lorenzo de Almagro, da Argentina, no tempo em que os azuis e grenás do barrio de Almagro, em Buenos Aires, era propriedade de um português, Carlos de los Santos Valente, e foi sempre uma zona agrícola até ser invadida pelas fábricas de tijolo. Como era tempo de guerra na Europa, os jornais batizavam os quintetos ofensivos com nomes bélicos: havia os Stukas do Sevilha – Pepillo, José López, Campanal e Rafael Berroca; os mais suaves de La Delantera de Seda do Atlético de Madrid – Juncosa, Vidal, Silva, José Luis e Basabé; e a inevitável Delentera Eléctrica, um nome criado pelo enorme jornalista que foi Moncho, de La Voz de Las Asturias.
Casuco e Gallart eram um só. Com a diferença que Gallart era um catalão baixinho, com apenas 1,65m, mas tão rápido e tão surpreendente que o apelidavam de Duende, um mágico que não respeitava nem Zamora, o keeper da seleção de Espanha que se queixou de sofrer golos por baixo das pernas marcados por Gallart a despeito de ter no fundo da baliza a sua protetora, uma boneca de trapos. Langara, por seu lado, marcava golos com a facilidade de quem emborca copos de vinho branco. Para ele as balizas eram demasiado grandes e os guarda-redes demasiado pequenos, de tal forma que ganhou três troféus Pichichi (melhor marcador do campeonato de Espanha), sendo também o campeão dos goleadores na Argentina e no México quando resolveu ir para lá jogar.
Oviedo Capital do
Paraíso! Electrificada pelo seu Real que, já no Estádio de Buenavista, ouvia os adeptos exigirem que marcassem pelo menos cinco golos para afirmarem que lhes tinha saído O Corcunda. Porque o n.º 5 do marcador tinha um defeito que o fazia parecer Quasimodo. E o Corcunda era a festa. Electrizante."