terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Fazemos anos


"Faz 14 anos que o Benfica fez nascer a Fundação para ir ainda mais longe no seu sonho centenário de matriz popular e humanista que vê na paixão do futebol muito mais que um jogo, uma janela de oportunidade para ser ainda maior na vida das pessoas, fazendo toda a diferença.
Hoje, 14 anos e mais de 300000 pessoas depois, já podemos avaliar ponderadamente a dimensão da obra social do Sport Lisboa e Benfica, que é grande, muito grande, necessária e justa. Muito há por fazer, é certo, num mundo em permanente mudança que se redobra em desafios cada vez mais complexos. Mas o Benfica já deu provas de que tem o que é preciso para lá dos relvados para fazer a sua parte na sociedade. E que parte! Seja pela dimensão que tem, seja pela capacidade de mobilizar vontades, os grandes do futebol podem ser uma verdadeira força de transformação social, e o Benfica, de entre os grandes, é ed todos, um!
Em tempo de aniversário, fica o nosso sentido agradecimento a todos os atletas, colaboradores e adeptos que formam este grande universo Benfica e que incendeiam a chama imensa de que se alimenta o nosso trabalho."

João Tomaz, in O Benfica

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"1
Bárbara Timo venceu o Grand Prix de Portugal de judo na categoria -63kg;

2
O Benfica conquistou, pela 2ª vez em 3 edições, a Taça da Liga de futsal no feminino;

4
O Benfica conquistou, pela 4ª vez, a Taça da Liga de futsal no masculino e passou a ser, a par do Sporting, o clube com mais troféus nesta competição;

5
O número 5 foi retirado do basquetebol benfiquista em homenagem a Henrique Vieira, o terceiro basquetebolista com mais jogos pelo Benfica, 7 vezes campeão nacional em 11 temporadas de águia ao peito;

22
Com 14 golos e 8 assistências, João Mário é o jogador do plantel com mais participação direta na finalização de golos. Segue Gonçalo Ramos, com 21 (18+3), Rafa (11+7) e Neres (8+10), com 18;

29
É a 3ª vez que o Benfica tem pelo menos 29 vitórias ao fim de 35 jogos em competições oficiais numa temporada (considerando todas). E apenas a 2ª vez que tem apenas uma derrota;

37
Grimaldo passou a ser, a par de Francisco Moreira, o 37º com mais jogos em competições oficiais pela equipa de honra do Benfica;

50
Gonçalo Ramos completou 50 jogos no Campeonato Nacional de águia ao peito;

121
Está consumada a saída de Enzo Fernández. É um negócio surreal. Os 121 milhões de euros representam a 2ª maior transferência de sempre do Benfica, a mais cara da história para um clube inglês, o montante mais alto pago por um jogador argentino ou por um médio de qualquer nacionalidade. Uma valorização de 864% do passe em meio ano (considerando um custo de aquisição de 14 milhões de euros – a confirmar). A nível desportivo, seria desejável que a saída ocorresse noutra altura, mas a vontade de Enzo foi determinante e, como disse Roger Schmidt, “precisamos apenas de jogadores que estejam felizes por atuar no Benfica”."

João Tomaz, in O Benfica

Dias preenchidos


"A News Benfica de hoje é dedicada à atividade benfiquista de ontem até quarta-feira. E damos conta de dois exemplos de Casas do Benfica que enveredam, também, pela competição desportiva.

1
A nossa equipa B defrontou o Tondela e ganhou, por 2-1, com golos de Henrique Pereira e do reforço Gilson Benchimol. Este desafio proporcionou ainda o cumprimento de mais uma etapa da integração e preparação de duas das caras novas do plantel da equipa principal, Tengstedt e Schjelderup, que alinharam de início e foram substituídos aos 63 minutos. André Gomes e João Neves foram os restantes elementos da equipa A a participarem na vitória frente aos tondelenses.
Veja o resumo do jogo, aqui.

2
Houve mais partidas realizadas ontem. No voleibol, recebemos e vencemos o Vitória de Guimarães, por 3-0, nos masculinos, enquanto, nos femininos, perdemos 0-3 com o Leixões. No futsal seguimos em frente na Taça de Portugal, ao bater o Torreense, por 1-2. Quanto ao futebol de formação, a equipa de iniciados somou nova vitória na fase de apuramento do campeão, desta feita, por 0-5, na visita à Académica.

3
Para amanhã estão agendados dois jogos. No andebol temos o regresso da EHF European League. O encontro com o Tatran Presov é na Luz e tem início agendado para as 17h45. Por seu turno, os Sub-23 de futebol têm uma deslocação ao reduto do Famalicão (13h00).
Quarta-feira há dérbi com o Sporting em futebol no feminino. É a 2.ª mão das meias-finais da Taça da Liga e tem lugar no Estádio Aurélio Pereira (20h00). Recordamos que, no primeiro desafio, a nossa equipa venceu por 4-1. Às 21h00, a nossa equipa feminina de hóquei em patins recebe, na Luz, o Stuart Massamá.

4
Muitas das Casas do Benfica, verdadeiras embaixadas do benfiquismo espalhadas pelo mundo, estimulam a prática desportiva e apresentam equipas de competição em várias modalidades. São os casos, entre muitos outros, das situadas em Faro e Águeda. A primeira assegurou, esta semana, o acesso à Primeira Divisão nacional e a segunda, a qual pode conhecer melhor nesta reportagem da BTV, dedica-se ao bilhar.

5
O Sport Lisboa e Benfica e a Metrica Sports assinaram uma parceria de Análise de Vídeo e Dados, a qual irá oferecer ao Clube uma forma de gerar dados de rastreio de qualquer jogo. Saiba mais, aqui."

Suspenso Pela UCI


"✅Amaro Antunes venceu três vezes a Volta a Portugal (2017, devido à desclassificação por ‘doping’ do companheiro de equipa Raúl Alarcón, 2020 e 2021),
✅ Anunciado o final da carreira a 16 de janeiro, depois de ter sido o único dos 11 ciclistas da W52-FC Porto que não foi constituído arguido no âmbito da operação ‘Prova Limpa’.
Pensava que escapava 😏"

Segredos relativos!!!


"A máquina de propaganda dos andrades quis convencer - através dos seus ponta de lança cartilheiros - que o prazo para manter o segredo de justiça do megaprocesso (já devia estar arquivado após tantos anos de investigação sem produzir efeitos), que necessitou de passar de Lisboa para o Porto - sabe-se lá porque carga de água - que envolve o SL Benfica e que agora já tem arguidos, tinha terminado.
Ora, a Procuradoria Geral da República não tem o mesmo entendimento e considera que poderá existir uma violação desse mesmo segredo.
Esta posição da PGR só surpreende os mais distraídos, uma vez que, durante o julgamento que envolve Francisco J.Marques e os seus dois compinchas (Diogo Faria e Júlio Magalhães), ao ser revelado pelo advogado do insolvente Marques que o FC Porto já tinha conhecimento do processo, os advogados do SL Benfica ficaram intrigados.
Que se investigue! Que se leve a investigação mais a fundo para além do segredo de justiça. Que se investigue o motivo que originou a mudança do processo para o Porto e quem o ordenou."

É cansativo e desgastante perceber a nossa impotência


"Perante vergonhosos e sucessivos escândalos de arbitragem a favor dos mesmos, que aliás já se estende por 40 anos, ouve-se um silêncio sepulcral dos lados da Luz ou da Comunicação Social, tão empenhada em descortinar subornos para não rematarem à baliza a jogadores que marcam um golo por época.
Se da Comunicação Social, coadjuvada pelo poder judicial selectivo da zona Norte do País, não podemos nem conseguimos fazer nada, já dos responsáveis Benfiquistas torna-se verdadeiramente inaceitável este silêncio conivente com as coisas gravíssimas que se estão a passar no Futebol Português.
Porque é que se vai à TV explicar a saída de um jogador no último dia de mercado mas não se vai explicar à TV (ou pedir explicações) porque é que Uribe tem 2 amarelos em 5 jogos das Competições Europeias e 3 amarelos (mais um apenas, portanto) em 19 jogos da Liga Portuguesa? Porque é que Otávio tem apenas 1 amarelo em 15 jogos da Liga Portuguesa e Rafa (esse jogador violentíssimo) tem 6 amarelos na mesma Liga? Porque é que Gonçalo Guedes tem em 2 jogos os mesmos amarelos que Otávio tem em 15 jogos? Porque é que os amarelos para o Calor da Noite são transformados em simples faltas? Porque é que os vermelhos para o Calor da Noite são transformados em amarelos? Porque é que as simples faltas são transformadas em nada? E, já agora, porque é que o VAR não vê as faltas como a que Galeno faz hoje sobre um jogador do Vizela para marcar o primeiro golo? É que se já é grave o árbitro não ter visto, o VAR não o alertar para o erro claro, óbvio e evidente já ultrapassa tudo.
Em resumo, vamos esperar perder mais um campeonato para nos recusarmos a entrar mais em campo com árbitros portugueses e fazê-lo apenas com árbitros estrangeiros, não vamos? E atenção que isto não é uma crítica directa aos árbitros Portugueses. Acreditamos muito na qualidade de muitos deles, simplesmente não têm condições de apitar em Portugal porque têm família e filhos para alimentar e não o podem fazer se ousarem arbitrar idoneamente o Calor da Noite.
Venha de lá o Bi do Prémio Fair Play!"

Nélson Semedo de volta à Luz? | SL Benfica


"O lateral direito está a jogar em Inglaterra, mas um regresso ao Benfica não está fora de hipótese.

Se há sector onde o SL Benfica teve mais dificuldade nos últimos anos em encontrar um jogador que pegasse de estaca, o lado direito da defesa tem sido uma verdadeira dor de cabeça para os encarnados. Contratações para esse lugar houve muitas, mas em algumas épocas, quem acabava por garantir lugar cativo no onze era André Almeida, o homem com 12 anos de casa que desenrascava fosse na direita, fosse na esquerda. A questão é que já não há André Almeida para tapar buracos e agora cada contratação que se efetuar para essa posição, Rui Costa vai ter de ser muito criterioso nas suas escolhas.
Na última semana, a CNN Portugal deu a notícia que Nélson Semedo poderá regressar ao SL Benfica no próximo Verão. O defesa direito que agora representa o Wolverhampton Wanderers FC, termina contrato com o clube inglês e esta seria uma excelente oportunidade para as águias lançarem um ataque ao jogador de 29 anos, que numa entrevista à BTV já tinha manifestado a vontade em acabar a carreira na Luz. Mas seria este o melhor momento para o regresso do internacional português, que muitas saudades deixou nos adeptos? Diria que sim, apesar de Gilberto e Alexander Bah estarem a dar conta do recado.
O antigo número 50 do Benfica tem agora mais experiência a nível internacional e pode gabar-se de já ter experimentado as duas melhores ligas do mundo. Um eventual regresso à capital portuguesa, tornaria a formação orientada por Roger Schmidt muito mais forte e o técnico alemão passaria a contar com dois laterais rápidos e de características bastante ofensivas, já que na esquerda, Grimaldo tem estado a fazer a melhor época de sempre desde que chegou a Lisboa, embora continue a dúvida em relação à sua continuidade no ninho da águia na próxima temporada.
Nélson Semedo foi um dos melhores laterais direitos que passou pela Luz nas últimas duas décadas. Formado no SU Sintrense, ingressou no SL Benfica na temporada 2013/2014 para jogar na equipa B. O salto para a equipa principal deu-se em 2015/2016, mas foi na época seguinte que se afirmou em definitivo, onde realizou 47 partidas, marcou dois golos e fez nove assistências. O FC Barcelona não resistiu às suas exibições e contratou-o por cerca de 30,5 milhões de euros. Agora, é a nação benfiquista que suspira pelo regresso do jogador a uma casa onde conquistou dois títulos de campeão nacional."

O delírio do futebol moderno está matando o nosso sonho


"1. Incapacidade de reter talento
A novela Enzo me fez refletir sobre algo que venho pensando há anos. No futebol de hoje, nós temos que torcer para os nossos jogadores estarem entre o “bom” e o “fora de série”. Se forem inferiores não teremos o domínio interno e muito menos o Benfica europeu, mas se forem foras de série, nós não vamos poder aproveitá-los, e uma campanha histórica na Liga dos Campeões se torna um sonho inacessível.
Nos últimos anos o Benfica teve no seu plantel ao menos três jovens com característica acima da média: Renato Sanches, João Felix e Enzo Fernández. O que eles têm em comum? O trio não completou um ano inteiro sendo destaque de águia ao peito. Renato começou a ganhar espaço no time ao final de novembro/início de dezembro (2015) e antes mesmo da temporada acabar já estava vendido ao Bayern de Munique. O atacante João Felix fez pouco mais que meia dúzia de aparições no time principal do Benfica entre agosto e dezembro de 2018 e somente em janeiro, já com Bruno Lage como treinador, o jovem passou a ser titular e protagonista da Reconquista. No início de julho já estava vendido por incríveis 126 milhões de euros. A história de Enzo Fernández é semelhante e recente, logo não vale a pena ser detalhada como as anteriores. Perante esse cenário só nos resta a lamentação e um sentimento de impotência, afinal não temos tido o direito de contar com os melhores por um ano inteiro sequer.

2. Enzo: O ingrato?
O esporte é imprevisível, mas o meio campista argentino tem tudo para ser uma estrela do futebol mundial durante a próxima década. Dito isso já adianto que não concordo com aqueles que acusam o jogador de ingrato. Ingratidão é um termo muito forte. Nós não fomos busca-lo à Argentina enquanto passava fome e nem lhe fizemos qualquer tipo de favor. Enzo já era destaque no futebol sul americano enquanto atuava por um dos maiores clubes da região, dessa forma a porta do futebol europeu já estava aberta para o ex River Plate, e se não fosse o Benfica ele chegaria ao velho continente por outro clube qualquer, como tem acontecido nos últimos anos.
Por outro lado, temos todo o direito de não atribuir profissionalismo ao atleta em questão. Nesse quesito, Enzo deixou muito a desejar e é essa a acusação que podemos fazer a ele. Que vá pela sombra e receba um estrondoso coro de vaias quando regressar ao Estádio da Luz.

3. Fair play financeiro
O fair play financeiro foi introduzido no futebol europeu para evitar o endividamento dos clubes e também proteger o futebol dos aventureiros que volta e meia apareciam no continente europeu despejando um caminhão de dinheiro em algum clube. Quando se cansavam de brincar, essas pessoas desapareciam na mesma velocidade que surgiam, deixando para trás um legado de destruição para alguma comunidade resolver, mas nem todos tiveram a sorte do Portsmouth ou do Sunderland que sobreviveram graças aos seus torcedores. Nos últimos anos foram frequentes as histórias de falência como a do outrora milionário Anzhi Makhachkala e do Metalist. Mas as regras impostas pela UEFA não valem para todos...

4. Clubes Estado e milionários excêntricos
Os clubes Estados como Paris Saint German e Manchester City driblam o já citado fair play financeiro com frequência. O mesmo vale para agremiações que possuem muita influência, como a Juventus, ou aquelas que pertencem a alguns milionários como é o caso do Chelsea. Inter e Milan já foram punidos, mas bem de leve.
Esses clubes inflacionam os números dos seus acordos comerciais, fazem manobras fiscais, assediam atletas de clubes menores ou menos endinheirados e gastam valores absurdos no mercado de transferências. Eles se acham donos de tudo e até queriam criar um clubinho dos ricos onde só jogassem entre si. Dizem não precisar de nós, mas buscam os nossos jogadores. Espero que se decidam rápido porque eu já não faço questão nenhuma de competir contra um milionário aleatório que busca massagear o seu ego por meio do futebol ou contra um país autoritário que utiliza o campo e bola para o chamado sportswashing.
Eu só quero aproveitar mais os craques que o meu time revela/compra e que toda essa gente do futebol moderno se f...!"

A bola de Javier Marías


"Há expressões que se gastam de tão boas que são. A ideia de que o futebol é a recuperação semanal da infância é uma delas, porventura a mais glorificada das tiradas sobre este desporto, da autoria de Javier Marías, escritor espanhol e apaixonado pelo Real Madrid que morreu em 2022, aos 70 anos. Não me dei conta de nenhuma homenagem feita pelo clube, nem que algum craque com veia mais literária lhe tenta dedicado um golo ou um passe de morte, o que é uma pena pois o futebol deve-lhe muito, alguém que lia o jogo para lá das quatro linhas e teve o cuidado de deixar uma frase feita para que todos possamos citar.
Terá sido usada pela primeira vez em 1992, numa crónica do jornal El País, sendo depois publicada em livro, no igualmente mui citado Selvagens e Sentimentais: «O que realmente sei é que não há desporto que angustie mais, quando é angustioso. Mais ainda: no meu caso particular, confessarei que é das poucas coisas que fazem com que hoje reaja — exactamente — da maneira como reagia quando tinha dez anos e era um selvagem, a verdadeira recuperação semanal da infância». Um pouco mais à frente conta um episódio que o fez libertar o hooligan que «todos os adeptos têm dentro de si».
Ok, já chega. As citações são como as fintas, há que saber parar.
Durante muitos anos, também eu, eterno adolescente e aprendiz de escritor à procura de ideias redondas, fiz da expressão uma espécie de mantra. A ideia do futebol enquanto portal, uma passagem secreta que, à semelhança do cinema, da música, do álcool ou da literatura, nos permite manipular (ou acreditar que manipulamos) a linha do tempo.
Uma pandemia e uma crise de meia idade depois — a pandemia já passou, do resto não estou tão seguro — concluí, por fim, que não é futebol, nem sequer os jogos de fim de semana que, tantas vezes, nos fazem voltar à infância, mas sim a bola. A bola enquanto bola, no meu caso uma bola de plástico de um euro, o objeto perfeito para atirar contra a parede de casa, hora após hora, dia após dia, tal como fazia em criança. Ou era isso ou bater com a cabeça. Em ambos os casos, foi uma libertação.
Mal acabou o confinamento e recomeçaram os jogos comprei uma bola a sério, tamanho 4. Nunca mais me separei dela. Levo-a para o jogo, às quintas-feiras, e meto-a na mala do carro ou na cadeirinha, apesar dos protestos recorrentes da minha filha, habituada que está à sua presença, mas não a que esta ocupe o seu lugar. Penitencio-me, claro, mais por obrigação que por convicção. Sabe-me bem olhar pelo retrovisor e vê-la ali, um equipamento tão ou mais importante que o ar condicionado, o rádio ou os vidros automáticos, ferramenta indispensável para enfrentar o tédio e relativizar os imprevistos, como sucedeu esta manhã, em que me apanhei a mim próprio a dar toques, de botas e blazer, enquanto aguardava pela assistência em viagem, depois de uma noite com os quatro piscas ligados. Ainda desafiei os condutores mais sorridentes a juntarem-se a mim, quem sabe jogadores de fim-semana como eu, mas ninguém acedeu.
«Que ridículo», terão pensado alguns. «Parece uma criança». Têm razão. Jogar à bola — seja no campo ou à beira da estrada — é sempre um pouco ridículo e infantil. Mas o que é que não é ridículo? Passar os dias fechados num escritório é ridículo. Viver para trabalhar (ou vice-versa) é ridículo. Escrever estes textos é ridículo. Ser adulto é, na maior parte dos dias, ridículo. No mínimo, uma canseira.
Quando um adulto se recria com uma bola não está apenas a dar toques, mas a «consagrar a utopia», como sugeriu Dinis Machado, no seu livro A Liberdade do Drible. Estou a dar à minha filha e à minha enteada ferramentas para que, um dia, também elas, possam olhar para uma bola de futebol — e quem diz de futebol diz de basquete, andebol, voleibol, ténis, ou outro desporto qualquer — e consigam, se não recuperar a infância, no mínimo crescer e envelhecer sem medo do ridículo. Que, pelo menos a espaços, se sintam tão leves e livres como eu."