quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Moisés, Jesus e Pelé


"“Quem é aquele maluco? Está pensando que é o Cristo?” E Moisés, encolhendo os ombros: “Não. Está pensando que é Pelé...”.

Uma das mais longas conversas que tive com Pelé decorreu em Londres, na véspera de um jogo entre Inglaterra e Brasil, para o Mundialito que serviu de preparação para o Euro-96. Ficámos longamente na taramela até ser quase madrugada. Ele era amigo de uma boa piada. Trocámos algumas, embora me falte de absoluto a capacidade de contar anedotas. Já o nosso Edson Arantes do Nascimento tinha chiste. Ouvi-o com agrado contar uma graçola sobre ele próprio. Que tem a sua pilhéria e era mais ou menos assim: Cristo e Moisés estão do Rio de Janeiro e resolvem dar uns toques na bola num campo baldio junto à Lagoa Rodrigues de Freitas que tinha uma baliza mal-amanhada, mas era uma baliza e chegava. Um bocado mais mandão do que o seu companheiro, o Messias agarra a bola e manda o outro fazer de guarda-redes. Diz:
“Vou pôr-me a 30/40 metros de distância e marcar um golo como aquele que o Pelé ia marcando contra a Checoslováquia no Mundial de 70. Moisés resignou-se com a farronca do fulano dos milagres e colocou-se entre os postes. Cristo nem tomou balanço – deu um chutão, o bola foi por alto, passou sobre a trave e foi cair no meio da lagoa. Moisés riu-se: “Nem de milagre! És maluco! Podemos ficar aqui até à eternidade, se não tiveres mais nada para fazer.”
Dirigiu-se à lagoa, fez aquele truque do Mar Vermelho e abriu as águas para ir buscar a bola. Jesus agora estava irritado.
“Já vais ver! Já vais ver! Pelé não é melhor do que eu. Os meus milagres são melhores do que os dele.”
Coloca-se em posição, chuta com toda a força, a bola sobe, passa sobre a barra e cai outra vez no meio da lagoa. Moisés enxofrou-se.
“Não vou lá outra vez buscar a bola. Vai tu, se quiseres”.
Espumando pela boca, Jesus faz aquele truque de andar sobre as águas quando passa um maltrapilho e solta uma gargalhada:
“Quem é aquele maluco? Está pensando que é o Cristo?”
E Moisés, encolhendo os ombros:
“Não. Está pensando que é Pelé...”."

O segredo que o mestre não sabia


"Parece que Pelé morreu há uns dias, há boatos a correrem por toda a parte, imagens de velórios e funerais, mas está claro que não acredito em nada disso, se Pelé morresse algum dia, ele que é eterno, o que seria de nós, os simples humanos?

Gostava de samba. Gostava muito de samba. De Ataulfo Alves, por exemplo:
«O meu nome ninguém vai jogar na lama
Diz o dito popular
Morre o homem fica a fama
Quero morrer numa batucada de bamba
Na cadência bonita do samba...».
Depois, uns anos mais tarde, o próprio Ataulfo escreveu um samba para ele:
«No velho esporte
tua fama não desliza
teve Domingos da Guia
sem falar do Mestre Ziza».
De ouvidor de samba a personagem de samba, a vida de Zizinho marcou, e muito, a vida de Pelé. Já devem ter percebido, entretanto, que Zizinho e Mestre Ziza são a mesma pessoa. Só que Zizinho foi no início, antes de ter direito a ter mestre no nome. Por causa da língua, é normal que os velhos cronistas a serem citados pelos novos cronistas sejam aqueles que escrevem em português ou, quanto muito, em castelhano como Eduardo Galeano ou Jorge Valdano. Brasileiros é mato, claro. Até porque os grandes cronistas da imprensa portuguesa já morreram todos, paz à sua alma, e os que ainda podiam alegrar-nos a existência com as suas prosas floridas deixaram de ser publicados, não sei se por vontade própria ou alheia. Há milhares e milhares de frases publicadas sobre Zizinho, Tomás Soares da Silva de nome de batismo, dono do meio campo do Bangu, do Flamengo, do São Paulo e da seleção brasileira. Escrito o que escrito ficou, cite-se um dos cronistas que não escrevia nem em português nem em castelhano, Wilhelm Meisl, por acaso irmão do selecionador austríaco, Hugo Meisl: «Não se trata apenas de um craque, dos muitos que andam espalhados pelo mundo. Este é um génio, um homem que possui todas as qualidades que podem ser idealizadas para um profissional chegar mais próximo da perfeição». Lá está: deve ter sido essa proximidade com a perfeição que encantou Edson Arantes do Nascimento, por extenso Pelé.
Parece que Pelé morreu há uns dias, há boatos a correrem por toda a parte, imagens de velórios e funerais, mas está claro que não acredito em nada disso, se Pelé morresse algum dia, ele que é eterno, o que seria de nós, os simples humanos? Pelé adorava Zizinho. Naquele Mundial maldito de 1950, Edson tinha dez anos. Viu o pai chorar agarrado a um radiozinho de pilhas. Aflito, prometeu-lhe: «Não chora não papai! Eu vou ganhar uma taça dessas para você». Ganhou três.
Enquanto o Brasil chorava, o resto do mundo falava dos grandes heróis do Mundial que se jogara pela primeira vez após a II Grande Guerra, doze anos após o último. Havia Obdúlio Varela, El Grán Capitán, Alcides Gigghia, autor do golo da vitória uruguaia, Juan Schiaffino que foi para o Milan e ganhou a alcunha de Dio del Calcio. Para o jovem Edson Arantes do Nascimento, a quem o pai, seu Dondinho, tratava carinhosamente por Dico, nenhum desses nomes nomes interessava. Quando falava de futebol, falava de Zizinho. Nunca o tinha visto jogar, limitara-se a ouvi-lo jogar através do transístor, mas parecia que conhecia todas as suas jogadas de cor, sobretudo o pontapé de bicicleta que repetia vezes sem conta no baldio onde o clube de garotos que tinha fundado, o Sete de Setembro, disputava as suas renhidas peladas contra a vizinhança. Na sua autobiografia, Pelé escreveu: «Zizinho era o jogador que eu mais idolatrava. Seguramente, ainda era suficientemente bom para ser escalado para o Mundial de 1958, mas despediu-se. Sentia que o seu tempo tinha chegado ao fim. Foi uma pena: é recordado por mim como o melhor jogador brasileiro que nunca ganhou um Campeonato do Mundo!»
Zizinho não estava longe de cair da tripeça. Afinal tinha quase 37 anos e, entretanto, uma imensidão de jovens de talento tinha surgido no Brasil. Além disso havia aquele terrível ferrete que marcou todos os grandes da sua geração: a derrota frente ao Uruguai perante mais de 200 mil pessoas.
Houve aquele dia em que Pelé enfrentou o seu ídolo. Foi em 1957. Zizinho estava no São Paulo e Pelé no Santos, como sempre esteve até sair para o Cosmos de Nova Iorque. Mestre Ziza elevou-se nas alturas com um arcanjo, querendo provar que ainda estava acima do jovem que queria seguir suas pisadas. O jogo foi inolvidável. E tudo o que nessa tarde Zizinho fez em campo foi digno do título de mestre. Pelé, que tão poucas vezes o vira ao vivo, abriu a boca de espanto e deixou que uma baba bovina lhe escorresse pelos cantos da boca: «Foi tudo magistral! Seus passes, seus remates, seu posicionamento. Senti-me muito excitado por poder, finalmente, jogar contra ele. E foi absolutamente surpreendente! Zizinho deu uma autêntica lição de futebol. Ele, o mestre. O São Paulo ganhou-nos por 6-2!» Se a derrota doeu no coração do menino que nasceu em Três Corações, a desilusão ficou fora de jogo naquela tarde de sol. Zizinho foi ele próprio. Sabia tudo do jogo. Menos explicar 1950: «Pode ter acontecido uma onda negativa naquele dia. Numa partida de futebol, existe uma força maior que a gente não compreende, mas que existe, existe. Não sei como é, mas existe uma força maior que dirige a partida. Não sei de onde vem. Talvez venha da multidão que forma pensamentos positivos ou negativos. É uma força...»
Vá-se lá explicá-la."

Casper Tengstedt


Mais uma vez, a actual Direcção conseguiu contratar um jogador, em segredo absoluto, pois ninguém 'adivinhou' nem os profissionais das notícias, nem os amadores espalhados pelas redes sociais!!!
E pelo que parece, com negociações diretas entre Clubes, sem empresários pelo meio!!!

Com a quantidade de xico-espertos nos mercados da América Latina e África, com leilões publicos, sempre que o Benfica mostra interesse, nalgum jogador é refrescante verificar que o Benfica tem alternativas...

O jovem Dinamarquês, que jogava na Noruega, tinha sido falado para o Sporting, e nessa altura fiquei impressionado com as suas qualidades. Excelente pé direito, rápido, aparentemente frio no momento do remate... não é o típico 'tosco' escandinavo, tem bom primeiro toque, e aparentemente gosta de descair para o lado esquerdo, e depois fazer a diagonal para meio, em velocidade e uma capacidade de drible interessante...

Com a presença de outros jogadores das mesmas paragens no plantel, desconfio que a adaptação será rápida! O facto da Liga da Noruega estar parada, faz com que o Casper esteja basicamente na pré-época, o que poderá levar algum tempo, até que mostre todas as suas potencialidades.

Entre as várias lacunas no plantel, muito sinceramente não considerava a posição de Ponta-de-lança uma das prioridades. Existem várias possibilidades para o Benfica ter avançado já para esta contratação:
- preparar uma saída do Gonçalo em Junho... ou já em Janeiro (espero que não!)
- números de Musa abaixo do esperado...
- Araújo a caminho do empréstimo...
- outra possibilidade é o Roger estar a pensar usar o jovem Tengstedt na esquerda, na posição normalmente ocupada pelo João Mário e nos últimos jogos pelo Draxler!

E não o tínhamos previsto?


"1. Esta semana tem sido cansativa. Todas as semanas monotemáticas são sempre cansativas. Tem sido assim nos últimos dias: Que opinião tem sobre isto do Enzo? Como é que isto do Enzo vai terminar? Isto do Enzo é uma grande chatice, não é? O que acha disto do Enzo?

2. E também tem sido assim: Isto do Enzo não me sai da cabeça nem de dia nem de noite. Curioso, ocorre-me a mesma coisa ainda que exactamente pela ordem inversa. Como? É que isto do Enzo não me sai do pensamento nem de noite nem de dia. Olhem, para mim, o pior têm sido as tardes, as malditas tardes é que me têm dado cabo do juízo com isto do Enzo.

3. E deste modo tem prosseguido o espírito monotemático da semana: Isto do Enzo está a fazer-me perder a paciência. Perder a paciência não á nada comparado com o que se passou comigo, pois perdi uma coisa bem maior. E perdeu o quê por causa disto do Enzo. Quando o 58B passou para recolher passageiros, estava eu de tal modo embrenhado a pensar nisto do Enzo, que nem dei por aquele bicho parado à minha frente, e o autocarro foi-se embora sem mim.

4. Tem sido assim a semana do benfiquista comum. Mal põe um pé na rua, é interceprado por conhecidos e por estranhos que o obrigam a emitir uma opinião sobre isto do Enzo. Em casa, porém, o sofrimento não é menor. No remanso do lar e, naturalmente, sem pressões do exterior, tudo se resume ao assolamento por intermináveis episódios introspetivos em que a monocórdica expressão 'isto do Enzo... isto do Enzo... isto do Enzo' anda às voltas nos nossos pensamentos sem fazer tenções de sossegar nem de dar sossego.

5. Perante esta cenário proponho uma abordagem diferente à matéria. Acabemos com isto do Enzo. Tenhamos o bom senso necessário para reconhecer que o que está em causa não passa de um 'isto'. E coloquemos os 'istos' no seu lugar. 'Isto' do Enzo, aconteça o que acontecer, é simplesmente a medida do sucesso da contratação do jogador argentino no último verão.

6. É verdade que foi tudo muito depressa - e não o tínhamos previsto? -, mas 'isto' do Enzo é apenas um 'isto' que deve ser olhado como uma coisa boa e não como uma coisa má.

7. Relendo o que escrevi, não posso deixar de me censurar. Que autoridade moral é a minha para dar estes conselhos de ainda não me confirmei com a saída de Fernando Chalana para o Bordéus em 1984? Que desculpa tenho? Para além de muitas outras qualidades, desconfio que o Chalana passava todos os seus fins de ano no Barreiro. Carrega, Benfica!"

Leonor Pinhão, in O Benfica

O jogo de basquetebol que ia arruinando o futebol


"A poucos dias de disputar a Final da Taça de Portugal, Simões esteve perto de ficar de fora

A estratégias para a preparação de um jogo decisivo são múltiplas e variam consoante o treinador. Há técnicos que ao longo da semana exigem a máxima concentração por parte dos jogadores, com exercícios específicos para travar o conjunto adversário. No polo oposto, há quem, sabendo de toda a pressão que antecede um encontro desta natureza, procure distrair os seus atletas com exercícios lúdicos, por forma a aliviar a tensão.
No decorrer da época 1969/70, José Augusto 'pendurou as botas' e assumiu as funções de treinador de forma interina, após a saída de Otto Glória do comando técnico dos encarnados. Com um passado tão recente como atleta, o antigo extremo tinha a percepção exata de como um jogador se sentia nos dias anteriores a um jogo decisivo. Assim, em Junho, a poucos dias dos benfiquistas disputarem a final da Taça de Portugal frente ao Sporting, José Augusto optou por promover um jogo de basquetebol durante o treino.
No que seria uma sessão de desconcentração, e quando tudo corria bem, 'Simões foi atingido numa vista por (...) Adolfo que, sem querer, enfiou-me um dedo pela vista quando jogávamos basquetebol e a unha arranhou-me a córnea'. Gerou-se um momento de enorme tensão, com o jogador a ter 'urgente necessidade de consultar um médico especialista'. Procurou-se um oftalmologista, até que 'um adepto dos encarnados, que assistia à sessão de diversão das benfiquistas, sugeriu um bom médico oftalmologista, o dr. Melch Gouveia'. Por sua indicação, o extremo teve de ficar com o olho tapado durante 48 horas. Equipa técnica e dirigentes do Benfica ficaram ansiosos devido ao risco de Simões se juntar a Eusébio na lista de indisponíveis.
Na antevéspera da partida, Simões deslocou-se com José Augusto à clínica de oftalmologia, onde o médico acabaria por dar permissão para que o jogador 'regressasse à actividade, sem limitações'. Na final o jogador começou a titular, mas, talvez ainda condicionado pela lesão, esteve muito discreto, 'não esteve igual a si mesmo. Tanto no passe como no drible teve alguns falhanços'. Numa exibição em crescendo, 'com energia a vontade, encheu o campo'. Adicionou o seu nome à lista de marcadores, ao apontar o terceiro golo dos encarnados e, no final do encontro, como capitão de equipa, recebeu o troféu das mãos do Presidente da República.
Saiba mais sobre este triunfo na área 5 - A Taça do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

Interesse maior


"Quando se começou a falar de Enzo Fernández para a equipa de futebol do SL Benfica, os 'entendidos' colocaram várias questões: o elevado valor do passe, a possibilidade de chegar no verão ou no fim de 2022 e as qualidades do jogador argentino. Gastaram-se dezenas de páginas e de horas de televisão a debater a mais-valia do antigo médio do River Plate, mas tudo se começou a dissipar com a chegada de Enzo a Portugal.
Com o decorrer dos jogos, os 'peritos' lá viraram o bico ao prego e aceitaram que a nova contratação do Glorioso tinha sido bem conseguida. Bem, nem todos, porque até houve quem tivesse escolhido um tal de Eustáquio como médio do mês, à frente de Enzo. Deve ter sido por distração ou apenas para fazer um agrado. Veio o Mundial, e houve quem ficasse contente com o estatuto de suplente do jogador, mas depressa a coisa mudou. Imaginem até que o prémio de Melhor Jogador Jovem do campeonato foi parar às mãos do centrocampista, agora de cabelo louro para festejar um título histórico.
A azia dos detratores ficou guardada para a cláusula de rescisão - muito alta, segundo os 'expert's', para que algum clube a batesse (enganaram-se, pelos vistos) - e para o atraso pós-Ano Novo. Tudo tem servido para criar um caso, como se fosse a primeira vez que um sul-americano se demora no regresso aos treinos.
O Sport Lisboa e Benfica está acima de todos os jogadores. Seja um miúdo da formação ou alguém com cláusula de rescisão de 120 milhões de euros. Confio que o caso seja resolvido da melhor forma, porque o interesse do clube tem de ser sempre superior aos caprichos individuais. E quem não está bem, que se mude."

Ricardo Santos, in O Benfica

Bancadolândia


"A boa notícia chegou no fim
Talento, trabalho, empenho, compromisso... e recompensa. Aos 18 anos, João Neves estreou-se oficialmente de águia ao peito, na condição de suplente utilizado, e fê-lo num contexto de particular adversidade, nos derradeiros minutos de um jogo em que o Benfica, do primeiro ao último instante, não conseguiu verdadeiramente entrar. Em Braga, na 14.ª jornada da Liga Bwin, o promissor futebolista formado no Clube pisou o relvado quando o resultado estava definido e a primeira derrota do líder do Campeonato, ao 29.ª encontro oficial da temporada, já era uma inevitabilidade. Apesar dos contornos negativos da partida e da nuvem de desinspiração que subitamente pairou sobre o coletivo encarnado, o rotativo médio revelou personalidade, fez por querer bola no sentido de agitar águas e de passar uma energia positiva aos seus companheiros. Foi um pedaço curto, sim, em face das circunstâncias, mas também muito interessante e revelador sobre a meritocracia que potenciou a escalada de mais uma pérola da Formação, a fazer lembrar o que sucedeu om António Silva na aurora desta temporada. 'Será certamente o início do ciclo mais importante da minha vida a servir o clube do meu coração', rematou João Neves na sua conta na rede social Instagram, na síntese de mais um passo firme num percurso que promete outras 'surpresas' impactantes a curto prazo. Com a confiança insofismável do treinador Roger Schmidt e do Clube (espelhada também pela recente renovação contratual até 2028), tudo é possível, porque a qualidade está lá para ser aproveitada no meio-campo.

Saber escutar o desaire
A viragem de 2022 para 2023 foi sinuosa e madrasta para os invencíveis. Cedeu o Benfica na deslocação ao terreno do Braga, soçobrou o PSG na visita ao Lens... e já não existem equipas invictas nas grandes ligas do futebol europeu na presente temporada. A derrota tem aquele gosto terrível que engelha a língua, ninguém quer senti-la, mas a solução mais inteligente continua a ser confrontá.la, entendê-la e transformá-la num conselheiro, numa espécie de guia do que não se deve repetir, nem tolerar, sobretudo quando o desígnio maior é o de correr, jogar e ganhar para ser campeão nacional. Espera-se, portanto, o regresso do melhor, intenso e 'furioso' Benfica no embate com o Portimonense na 15.ª jornada da Liga Bwin."

João Sanches, in O Benfica

Reagir já


"A deslocação a Braga é, teoricamente, uma das três mais difíceis de qualquer campeonato. E deixar pontos na Pedreira nunca foi uma tragédia - já festejámos títulos depois de ali perder, e o campeão nacional da época passada sofreu lá a sua única derrota.
Neste caso, após longa paragem devido ao Mundial, com jogadores recém-integrados, e na sequência de uma injusta eliminação da Taça da Liga, o jogo de Braga surgiu-nos num momento particularmente delicado. E tudo o que havia para correr mal, correu, desde logo o golo sofrido no primeiro lance da partida. O adversário, diga-se, realizou a partir daí uma espantosa exibição. E acabámos vergados a uma derrota que doeu, mas não pode, nem deve, condicionar o futuro próximo da equipa.
Não adianta chorar sofre leite derramado. O Benfica tinha 8 pontos de vantagem, ficou com 'apenas' 5. E dos 6 primeiros classificados só nos falta visitar Alvalade. Quem não quereria estar nesta situação?
É claro que a derrota (a primeira em todas as competições) serviu para alimentar a especulação mediática, e porventura reforçar o ânimo dos rivais. Quanto a isso, o que podemos fazer é voltar rapidamente a ganhar, desde já diante do Portimonense. Sejam quais forem os jogadores a entrar em campo, deverão entrar à Benfica: com alma, garra e férrea vontade de vencer.
A nossa equipa já mostrou ser a melhor do país. Precisa de recuperar confiança, frescura, e soltar o seu futebol. Os adeptos podem dar uma ajuda, enchendo a Luz de apoio e de esperança.
Não havia, antes, lugar para qualquer triunfalismo. Não há, agora, lugar para qualquer cepticismo."

Luís Fialho, in O Benfica

Luz


"É uma palavra de que gostamos, não so os benfiquistas mas todos sem exceção. A Luz que elegemos para dar nome ao nosso estádio, de que tanto nos orgulhamos, tem o poder de apagar a escuridão, atenuar os medos, aquecer e confortar os sentidos. A falta dela faz-nos entender o valor que tem a energia, e o privilégio que é para cada um de nós usufruir dela tão naturalmente como respirar.
A paz é um dos mais importantes patrimónios que nos é dado pela vida, tudo parecer faltar quando era falta e a guerra se instala nas vidas das famílias, sem quartel e sem piedade, a entrar pelo inverno gélido onde falta o calor do lar. Onde falta até a luz para iluminar as noites longas que parecem não ter fim. Onde falta, enfim, o toque do telemóvel que nos traz a voz dos entes queridos e as notícias do mundo. Que nos permite também denunciar o que ocorre à nossa volta para que não passe incólume nem desconhecido do mundo. Tudo isto é verdade, nua, crua e dramática, e não devemos esquecer-nos disso. Mas o dramatismo destas palavras, infelizmente bem reais da natureza nos dias que o povo ucraniano atravessa, não tem a intenção de nos chocar. Serve, sim, para que se entenda o valor vital de um simples gerador enviado pela solidariedade do Sport Lisboa e Benfica através da Fundação. E destes fora 30, com a dádiva da nossa amizade e com a chama imensa para aquecer e brilhar, também, lá longe na Ucrânia!"

Jorge Miranda, in O Benfica

Liderança...

Benfica 6 - 1 Parede

Continuamos a manter a onda vitoriosa, reforçando a liderança, que poderá ser decisiva, ao definir o factor casa no play-off...

Vitória em Gaia...

Valadares 2 - 3 Benfica


Com a vitória no Seixal por 5-0, a qualificação estava praticamente assegurada, assim, apresentámos um 11 com muitas alterações, dando minutos a muitas jogadoras pouco utilizadas... Mas mesmo assim, chegámos ao 0-2 com naturalidade.

Mas no 2.º tempo, permitimos o empate e o Valadares podia mesmo ter feito o 3-2, mas com as substituições, voltámos a ganhar superioridade, e já nos descontos, num Livre Lateral, chegámos à vitória!


Eliminação no prolongamento...

Darussafaka 83 - 72 Benfica
18-24, 17-18, 20-11, 13-15, 15-4

Tivemos tudo para trazer a decisão da eliminatória para a Luz! Os Turcos entraram no jogo totalmente a dormir, deveríamos ter aberto um fosso muito maior no 1.º período... Mais tarde, no início do 3.º período conseguimos uma vantagem de 10 pontos, para logo a seguir sofrer um parcial de 13-0!!! E mesmo assim, chegados aos últimos segundos, tivemos tudo para vencer a partida no tempo regulamentar... mas voltámos a falhar!!!
No prolongamento tudo correu mal, a equipa estava cansada, saiu tudo ao contrário!!!

O Ivan é um grande jogador, mas o jogo estava a correr-lhe mal, o Douglas estava a acertar quase tudo... Nos momentos decisivos era o Douglas que devia gerir a bola!

Mais uma grande jogo do Makram...

O trajeto Europeu, foi melhor do que estaríamos à espera! Fizemos história com vitórias em Espanha e França... Mas ficou a impressão que nesta recta final, jogámos abaixo do nosso potencial... Agora, se calhar, para os objectivos internos, esta eliminação foi 'positiva', porque em caso de qualificação para a próxima fase, iriamos jogar com 3 equipas Espanholas de topo, onde o mais 'normal' seriam 6 derrotas!!!
Ficou a impressão que com algumas melhorias no plantel, podemos lutar pelos lugares de topo desta competição na próxima época...

Vitória jovem...

Benfica 3 - 2 Sporting


Vitória contra o último classificado, que esta época, tem duas vitórias, uma delas, no jogo com o Benfica!!!
Falta uma jornada para terminar a 1.ª fase. Na 2.ª fase, tudo será diferente, temos que elevar a qualidade e a eficácia...

Vitória merecida


"O objetivo de apuramento para os quartos de final da Taça de Portugal foi cumprido com uma boa exibição frente a um adversário, o Varzim, que demonstrou por que chegou a esta fase da prova. Este é o tema em destaque na News Benfica, na qual seguimos também a agenda desportiva, em particular os jogos hoje.

1
Roger Schmidt realçou o mérito benfiquista no triunfo, por 0-2, ante um adversário organizado e empenhado em dificultar a tarefa à nossa equipa: "O Varzim esteve muito bem, acreditou desde o início e, para nós, marcar cedo foi importante. Controlámos grande parte do jogo, foi um típico jogo de Taça, difícil, mas estamos contentes. É preciso batalhar para ter oportunidades contra esta equipa. Merecemos a vitória e chegar aos 'quartos'."
Chiquinho considera que foi "mais um jogo consistente da equipa e o mais importante era passar" e lança já o próximo desafio: "Agora temos de descansar, trabalhar bem para preparar bem o dérbi."
Veja a conferência de Imprensa de Roger Schmidt.

2
Às 17h00 começa o segundo jogo do play-in de acesso à próxima fase da Basketball Champions League, na Turquia, ante o Darüssafaka. Temos de vencer para continuarmos em prova, obrigando ao terceiro jogo, na próxima semana, na Luz.
Ivan Almeida deixa uma garantia: "Vamos entrar com muita força, fazer todos os possíveis. Corrigimos os erros que cometemos aqui em casa, jogamos bem fora e vamos com toda a força para ganhar e trazer o jogo 3 para a Luz, para tentarmos passar à próxima fase."
Leia as declarações do nosso basquetebolista no Site Oficial.

3
Nesta manhã a nossa equipa Sub-23 venceu o Sporting, por 3-2, com golos de Diogo Spencer, Hugo Faria e Tomás Azevedo. Ontem houve Liga dos Campeões de voleibol e fomos derrotados, por 0-3, pelo poderoso Cucine Lube Civitanova de Itália.

4
Na agenda há ainda os seguintes jogos hoje: às 15h00, a equipa feminina de futebol visita o Valadares Gaia na 2.ª mão dos quartos de final da Taça da Liga. E, às 21h00, desafio de hóquei em patins com o Paredes, na Luz, a contar para a 12.ª jornada da 1.ª fase do Campeonato Nacional.

5
Jéssica Silva foi eleita, pelas capitãs de equipa da Liga BPI, a melhor jogadora em novembro/dezembro. Veja as declarações da nossa jogadora à BTV.

6
Amanhã (19h30) temos jogo europeu de basquetebol feminino na Luz, ante o Cadi La Seu. Na 1.ª mão da 1.ª ronda do play-off da EuroCup Women, o resultado foi 62-53 a favor da equipa espanhola.
Eugénio Rodrigues reconhece que o favoritismo, nesta eliminatória, recai no adversário, mas tal não impede a nossa equipa de lutar pelo apuramento: "Não temos nada a perder. Somos os 'underdogs' e há que tentar condicioná-las e trazer-lhes desconforto."
Veja a antevisão do nosso treinador no programa "SL Modalidades", da BTV. Apoie a nossa equipa!"

Intenções!


"Entrada à canela(s), dá apenas amarelo.
Ex-FCP a mostrar ao que vinha.
E para o VAR nada aconteceu. Se isto não é vermelho, o que será?"

Mensagem...


"Mensagem clara de Enzo Fernández e ponto final na polémica.
Daqui não sai. Enzo está com o Benfica e os benfiquistas estão com Enzo. ❤️"

Cadomblé do Vata


"1. Antes de mais, quero descansar todos os adeptos sportinguistas... a lesão do Grimaldo não parece grave, portanto no domingo são mínimas as hipóteses de voltarem a sofrer um golo do Gil Dias.
2. Aí está o regresso do Benfica Nórdico... no dia em que contratamos um norueguês e um dinamarquês, resolvemos o jogo com um golo de um sueco.
3. Abordemos agora questões fracturantes do futebol português... aquele desenho que as camisolas de futebol trazem na zona do peito e onde hoje o Enzo bateu, chama-se "emblema". Um símbolo de um clube, é outra coisa.
4. Uma vez, num trabalho que andava a fazer num edifícios de escritório, disparou a sirene de alarme de incêndios e como era fim de semana, ninguém a foi desligar e trabalhamos o dia todo com aquilo a buzinar... foi a segunda coisa mais irritante que já me aconteceu na vida, a seguir a ver o Draxler passear a camisola do Glorioso.
5. Bem em frente à câmara da RTP, Vlachodimos gritou "filho da puta" na cara de um atacante varzinista... e nas fuças dos que dizem que ainda não sabe falar português."

Varzim SC 0-2 SL Benfica: Águias vão do 3 ao 13 para serem os segundos nos quartos


"A Crónica: Águias vão do 3 ao 13 para serem os segundos nos quartos

O SL Benfica foi à Póvoa de Varzim vencer por 2-0 e garantir a presença nos quartos-de-final da Taça de Portugal. Os poveiros viram chegar ao fim o sonho tornado ambição de estar este ano no Jamor, mas fica a boa prestação nesta partida e na prova até aqui.
Não sofrer golos – ou pelo menos adiar o mexer do marcador pelo SL Benfica – era um dos imperativos dos varzinistas para a conquista da vitória. Grimaldo não estava para imperativos, no entanto, e preferiu inaugurar o marcador logo aos três minutos, fruto de uma execução de livre direto tão exímia que fez com que os pitões de Ricardo ficassem cravados na relva do Estádio do Varzim SC.
O golo madrugador permitiu que as águias assentassem praça no meio-campo contrário, mas a primeira parte veio e foi sem qualquer calafrio mais para a defensiva poveira. O segundo tempo presenteou os mais de seis mil adeptos in loco com um equilíbrio maior na disputa territorial, apesar de a proximidade às balizas, com perigo, ter permanecido uma raridade. Aos 65 minutos, o Varzim SC assustou Vlachodimos com um cruzamento quase-remate e dois minutos depois o SL Benfica respondeu com uma boa jogada culminada com o remate intercetado de Chiquinho.
Era notório o contraste do calor das bancadas com a temperatura bem morna do teatro de operações. Interessava ao SL Benfica completar a missão, mas tardava a aparecer quem fizesse de herói. Até que apareceu o golo de um herói que vestiu a pele de vilão nos últimos dias: Enzo concluiu com sucesso, a passe de Chiquinho, uma jogada a dois tempos dos encarnados, iniciada pela direita e que teve o contributo vital de Aursnes, Bah e João Mário, além dos referidos assistente e marcador.
Morria, assim, aos 78 minutos, a esperança varzinista. No relvado e nas bancadas, vingou o domínio encarnado até final. Resta saber se assim será até à final. Para já, segue-se SC Braga ou Vitória SC. O Varzim SC regressa, compenetrado, a uma luta pela subida à Segunda Liga que tem tudo para ser bem-sucedida.

A Figura
Fredrik Aursnes o prémio podia ter ido para Chiquinho ou até para o ambiente de Taça que se viveu de forma exemplar na Póvoa, por exemplo. Mas Aursnes continua a impressionar pelo que faz em campo. O que faz ao certo? Tudo e tudo da forma mais simples. Está em todo o lado, seja com bola, seja sem bola, seja em momento ofensivo, seja em momento defensivo. No início da transição (ofensiva ou defensiva), ele está lá. No fim da transição, ele está lá. No meio da transição, ele está lá. Fica difícil perceber se o jogo passa por ele ou se ele é o jogo. Fácil é perceber que joga muito e, hoje, não de forma tão clara, talvez, mas justa, parece-me, foi o melhor em campo.

O Fora de Jogo
Julian Draxler o SL Benfica não pagou pela sua chegada e mesmo assim está a ficar caro. O internacional alemão tardou em mostrar os seus pergaminhos e continua a revelar-se um elemento a menos sempre que está em campo – em mera figura de corpo presente, diga-se. Não será surpreendente se neste momento correr pelas hostes benfiquistas a célebre frase de “Casablanca”: “Teremos sempre Paris”. Talvez o melhor seja mesmo a devolução antecipada de um produto, até ver, com defeito.

Análise Tática – Varzim SC
Tiago Margarido procurou contrariar o favoritismo encarnado com um 5-4-1 compacto, tentando não dar espaços interiores e entrelinhas aos homens do meio do SL Benfica, que procuravam ser dinâmicos e móveis para desmontar esse bloco compacto dos poveiros. Na circulação, o foco maior dos alvinegros era o duplo pivô de meio-campo, com especial incidência para Paulo Moreira no primeiro momento de construção, fruto do futebol mais diferenciado do “30” do Varzim SC (até à saída precoce do médio português).
As amarras que o SL Benfica impunha aos poveiros na sua construção eram várias vezes mitigadas pela criatividade dos seus homens da frente. Na segunda parte, também fruto da desvantagem, o Varzim SC surgiu muito mais pressionante, sem receios de tentar sufocar o adversário no seu primeiro terço. A turma de Tiago Margarido mostrou também, no segundo tempo, muito mais capacidade para ter bola e colocar em sentido o líder do primeiro escalão.

XI Inicial e Pontuações
Ricardo (6)
Tito Júnior (5)
João Faria (6)
Bruno Bernardo (5)
Carlos Tovar (5)
Bonilla (6)
Rúben Gonçalves (6)
Paulo Moreira (5)
João Vasco (6)
Osemene (5)
Léo Teixeira (6)
Sups. Utilizados
Diogo Ramalho (6)
Hélder Barbosa (5)
Rui Areias (5)
Vilela (5)
Ludovic (5)

Análise Tática – SL Benfica
Os encarnados alinharam no seu habitual 4-2-3-1, com Chiquinho e Enzo como médios mais recuados e Aursnes um pouco mais adiantado (em teoria, já que na prática eram frequentes as trocas de posição no terreno entre o português e o norueguês). Quer Neres, quer Draxler fugiam bastante das alas, com incursões interiores, permitindo aos laterais benfiquistas encontrarem a profundidade e a largura em corredores muito livres, contrastantes com o bem povoado corredor interior.
A pressão do conjunto primodivisionário após a perda da posse da bola causou dificuldades à turma varzinista, que sentia constrangimentos na circulação em ataque posicional e no transporte em transição rápida, fruto desse sufoco imediato.

XI Inicial e Pontuações
Vlachodimos (5)
Bah (6)
Lucas Veríssimo (5)
Morato (5)
Grimaldo (6)
Aursnes (7)
Enzo (6)
Chiquinho (7)
Neres (6)
Draxler (4)
Gonçalo Ramos (5)
Sups. Utilizados
João Mário (5)
Florentino (6)
Ristic (5)
Henrique Araújo (-)
Gil Dias (-)

BnR na Conferênica de Imprensa
Varzim SC
Bola na Rede: O Varzim voltou recentemente a competir. Passou pela procura ainda da melhor da condição física dos jogadores as mudanças que procurou fazer em relação ao último jogo, e em especial no ataque?
Tiago Margarido: Não, as alterações que fizemos em relação ao último jogo foi estratégica. Pretendíamos características diferentes para aquilo que era a nossa estratégia inicial para o jogo, portanto as alterações deveram-se a isso. A questão do jogo e da gestão que foi feita em substituições foi para mexer com o jogo e criar dificuldades diferentes ao Benfica.

SL Benfica
Bola na Rede: O Benfica encontrou uma equipa que procurou sempre defender com muitos homens e foi difícil encontrar zonas com superioridade numérica. Ainda assim, os laterais conseguiram ter oportunidades de cruzamento, embora sem muito perigo. A dificuldade em jogos amarrados como este de conseguir colocar a bola na área é algo que o deixa preocupado e que tentará trabalhar ou é algo que sente que é causado pela especificidade deste jogo e que é mais exceção do que regra?
Roger Schmidt: Penso que temos que respeitar sempre o adversário, o Varzim esteve bem. Não é coincidência que sofram poucos golos, tem sempre muitos homens atrás da bola e na área e às vezes é difícil colocar a última bola, tens sempre que trabalhar bem, finalizar de forma mais inteligente algumas vezes, com mais precisão que força. No fim, fomos capazes de criar muitas oportunidades, às vezes tens poucas chances e marcas quatro ou cinco golos e outras tens muitas e marcas só um ou dois, como hoje e na sexta. Faz parte do futebol e não estamos preocupados com isso."

Enzo está aqui


"O argentino parece querer iniciar o processo de penitência e perdão e além de ter marcado um dos golos da vitória por 2-0 frente ao Varzim ainda ensaiou uma coreografia de amor ao Benfica, com direito a punho a bater no símbolo das águias e tudo. A equipa de Roger Schmidt não brilhou, mas está nos quartos de final da Taça de Portugal. E Fernández, para já, está por cá

Bruno Vieira Amaral escreveu aqui ainda há dias: no futebol, a memória dura uma semana. Como se as sinapses da bola se renovassem de sete em sete dias, quais peixinhos dourados à volta do aquário que são as emoções que o futebol parece fazer explodir mais ou menos em esteróides a cada enter no calendário.
Há uma semana, Enzo era o vilão, inebriado pelos pounds, ensandecido pela perspetiva de beijar os relvados de verde-histérico da Premier League, ao ponto de falhar compromissos, provocando ataques de fúria de adeptos para quem, de repente, deixou de haver heróis, como se Portugal algum dia tivesse sido sítio de chegada e não de passagem para talentos deste calibre.
Dizia então que há uma semana Enzo já era para lá pária, com a cabeça já longe, fora da Luz, que é maior que qualquer miúdo ambicioso, convenciam-se os adeptos. Frente ao Portimonense, nem o banco aqueceu e, seja pela indisciplina da chegada atrasada a Portugal ou por proteção, não jogar é sempre um castigo para qualquer jogador, chamem-lhe o que quiserem. Mas depois do castigo, com a hipótese Chelsea aparentemente já ténue, porque isto é ponto de passagem mas não um bazar de quinquilharia barata, Enzo voltou, tão naturalmente quanto havia estado quase fora.
Não se pode esperar que um jogo de Taça frente ao Varzim seja suficiente para a total penitência, para o recuperar total dos laços, mas o argentino, talvez já de coração menos ansioso, fez por isso. Talvez mais simbolicamente do que outra coisa qualquer mas, hey, tudo conta.
Os pés do campeão mundial, diga-se, ainda não parecem finos como no pré-Mundial (e no durante o Mundial). Talvez ainda lhe passe pelas veias a adrenalina da maior vitória e a confusão de sonho adiado dos gigantes europeus. Sem Florentino ao seu lado frente ao Varzim, Enzo teve de ser um bocadinho dos dois. Saíram-lhe passes extraordinários, dois ou três pormenores de jogador superior. Mas também um par de borradas inconsequentes, nada de muito grave mas que não lhe estamos habituados a ver, remates frouxos, bolas passadas para o espaço de ninguém. O Benfica, então, já vencia por 1-0, golo de livre-filigrana de Grimaldo logo aos 4’, pelo que o mais difícil estava feito.
Controlar o jogo, porém, não aconteceria até Enzo deixar para lá o jogo assim-assim e fazer-se figura e filho pródigo, numa segunda parte em que o Varzim, que até eliminou o Sporting da Taça, tentava fazer um ups, eu fi-lo de novo, ainda com a memória daquela equipa de 2006/07 que atirou o Benfica para fora da Taça - e desde aí que os encarnados não são eliminados por uma equipa de escalão inferior na competição.
Permanecia então o 1-0 quando o argentino, logo após falhar uma oportunidade daquelas gordas, estava no sítio certo para receber um passe de Chiquinho, num lance de insistência e confusão na área do Varzim. Um toquezinho com a ponta da bola colocou a bola na baliza, o 2-0 estava feito. E Enzo iniciava assim, com ação e também gestos, um bonito processo de absolvição: logo após festejar com os colegas, aparentemente pouco ou nada danados com o médio, aproximou-se dos adeptos, bateu com o punho no símbolo das águias e para terminar a coreografia ainda apontou o indicador para baixo, que nem Telma Monteiro nos Jogos Olímpicos do Rio a ganhar o bronze e a dizer “eu vim para ficar” ou Cristiano Ronaldo em Solna, o melhor Cristiano Ronaldo, a gritar “eu estou aqui”.
Enzo, aparentemente, também está aqui. Resta saber se durante dias, semanas, talvez meses, dificilmente anos, porque a sua qualidade está aqui mas rapidamente estará em outros palcos mais luxuriantes. Mas, para já, parece perdoado, ou pelo menos está a fazer por isso. No final, ainda levou um abraço forte de Roger Schmidt, com as mãos do treinador alemão a segurar-lhe a cara, como um pai orgulhoso a sentir a face do filho.
Ah, não menos relevante nesta noite de alta humidade relativa, o Benfica está nos quartos de final da Taça de Portugal."