"Hoje vou falar-vos de um grande benfiquista, como nós. O seu nome é Mário Coucelos, tem 57 anos e nasceu na ilha do Faial, Açores. Provavelmente, é um ilustre desconhecido para a imensa maioria. Também o era para mim, até sábado passado. Foi nesse dia que tive o prazer de estar num almoço com ele, e depressa percebi que esta é uma história que merece ser contada.
O Mário viveu no Faial até aos 24 anos. Nessas primeiras duas décadas de vida, alimentou o amor pelo Glorioso sem nunca ter pisado Portugal continental. Dos Açores, viajou para os Estados Unidos da América, na tradicional busca por melhores condições de vida. Fê-lo ele e mais uns milhões de portugueses, de latino-americanos, de asiáticos ou de africanos. O mundo é feito dessas migrações, daí ser tão inconcebível a forma como alguma gentinha ignorante trata os imigrantes por cá. Mas adiante, que esta é uma história alegre.
Aos 57 anos, três décadas depois de se fixar na Califórnia, em San Leandro, Mário viajou pela primeira vez para Portugal continental, depois de alguns regressos, ao longo dos anos, às suas ilhas atlânticas. Nesta primeira viagem, andou pelo Norte e pelo Sul do país, mas o momento alto aconteceu em Lisboa, cidade que só conhecia de relatos ou pela televisão. Mostrou-me as recordações desse dia no ecrã do telemóvel. Uma, duas, três dezenas de fotografias ao lado da estátua de Eusébio, no balneário dos jogadores, na loja, no Museu Cosme Damião, no relvado do Estádio da Luz. A emoção com que me falou de cada uma das fotos, a forma efusiva como viveu cada instante do jogo de preparação com o Feyenoord, o brilho nos olhos a falar do Benfica... conquistaram-me. Diz-se habitualmente que agosto é o mês dos emigrantes, o regresso a casa. No capítulo da história de Mário, o regresso foi a sua primeira vez na Catedral, aos 57 anos. Uma vida inteira a torcer de longe, com a mesma paixão que todos nós."
Ricardo Santos, in O Benfica
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