"Em dois encontros, de duas modalidades, dois benfiquistas garantiram duas vitórias frente aos espanhóis
A proximidade geográfica alimenta enormes rivalidades, independentemente da dimensão, desde os temíveis jogos entre crianças do mesmo bairro, em que se defrontam a rua de cima contra a rua de baixo, aos melhores clubes da cidade que batalham por ser o número um citadino, até à disputa entre países vizinhos.
Em 2 de Junho de 1956, Lisboa e Porto acolheram dois encontros que opuseram Portugal e Espanha. Na Cidade Invicta, jogava-se a última jornada do Campeonato do Mundo de hóquei em patins, com as duas seleções e ocuparem os dois primeiros lugares com vantagem para os lusos. 'O Palácio dos Desportos, do Porto, foi pequeno, mais pequeno do que nunca, para albergar quantos desejariam, a todo o transe, ver a mais decisiva das partidas'. Enquanto isso, na capital, os dois países defrontavam-se em futebol pela 24.ª vez. Apesar de mais de duas dezenas de encontros, os portugueses registavam apenas um resultado positivo. Não obstante, o entusiasmo por uma nova vitória redundou num 'assalto que as bilheteiras sofreram logo que abriram'.
No Porto, a partida foi jogada a um ritmo lento, com os portugueses, a quem o empate servia, a reterem a posse da bola e a controlarem o encontro, procurando de forma paciente suscitar uma brecha na defesa adversária. Aconteceu 'quando José Lisboa, a dois minutos e 30 segundos do fim, fuzilou a baliza de Zabalia e fez o único golo - mas que representava, como representou, um título mundial!' Com o final do encontro, 'das bancadas um ar festivo e impressionante. Um espectáculo novo, vivo, que não poderá esquecer-se nunca. Cantava-se o hino com as lágrimas nos olhos, com alma, com o coração'. Portugal sagrava-se campeão do mundo pela sexta vez.
Enquanto isso, tratava-se em Lisboa uma partida bastante renhida, com portugueses e espanhóis 'em toada de 'parada e resposta', com bons lances desenhados por ambas as equipas'. Num jogo bastante movimentado, a vitória dos portugueses por 3-1 fez-se no primeiro tempo, com um fantástico hat-trick de Palmeiro. A imprensa rendeu-se à sua exibição: 'Traduz-se melhor por uma só palavra: classe. Foi classe tudo aquilo que o benfiquista alardeou nos mais brilhantes momentos desde Portugal - Espanha, arrancando da multidão brados entusiásticos, à 'velha portuguesa' de que já tantas saudades havia!'
Perante uma rivalidade tão acesa, as vitórias foram amplamente celebradas, 'de madrugada já, ainda se ouviam os acordes do hino nacional'.
Saiba mais sobre os jogadores do Clube que foram selecionados para representar os seus países na área 20 - Águias-Mores do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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