quarta-feira, 19 de abril de 2023

Os dias seguintes


"1. Na sexta-feira da semana passada, pelas oito horas da noite, minutos depois de Artur Soares Dias ter apitado o seu enésimo Benfica - FC Porto ou FC Porto - Benfica, na verdade, tanto faz, o treinador Roger Schmidt surgiu na sala de imprensa e, com um ar aparentemente despreocupado, disse aos jornalistas presentes que 'as derrotas podem servir para criar algo de positivo'. Referia-se, obviamente, ao resultado do jogo entre o 1.º e o 2.º classificado do nosso campeonato interno.

2. O treinador não disse nenhuma mentira. Entre todas as qualificações de um treinador de futebol, a capacidade de transformar as coisas más que acontecem à sua equipa em coisas boas num futuro próximo é uma das mais requisitadas habilidades do seu cardápio de serviços.

3. Terminado o último clássico, o tal futuro próximo da equipa do Benfica era um desafio de cariz diferente, um jogo internacional correspondente à 1.ª mão dos quartos de final da competição das competições, a Liga dos Campeões, tendo por adversário o FC Internazionale, da cidade de Milão. E a nossa Luz voltou a encher-se de uma multidão vibrante, apaixonada, crente nas múltiplas qualidades da equipa do seu coração, uma equipa que, em oito meses de competição, havia averbado somente duas derrotas, que já tinha lutado de igual para igual com outros emblemas poderosos da Europa e com sucesso.

4. Os benfiquistas, o público do Benfica, nunca falham com a sua presença e com o seu apoio. Embora nunca fosse necessária semelhante exigência, é isso mesmo que à nossa gente se exige - que estejam lá, sempre presentes onde quer que seja e que cumpram a sua missão, a qual é de amar o Clube nos bons e nos maus momentos.

5. Foram tantos e tão bons momentos desde o arranque desta temporada de 2022/23, que até parece que nos tínhamos esquecido de que os maus momentos também acontecem e não podem ser excluídos por decreto, ainda que fosse esse um decreto que todos, sem exceção, gostaríamos de assinar.

6. Se o dia seguinte ao clássico interno de sexta-feira foi difícil, o dia seguinte ao jogo com os italianos foi ainda mais difícil. Duas de derrotas na nossa casa no espaço de quatro dias. Duas prestações inferiores em campo. Ora aqui estão dois brutais socos que não estavam no programa deste mês de abril. Mas aconteceram.

7. E vamos lidar com isso. Não é preciso gritar nem arrepiar os cabelos. Basta que cada parte cumpra com a sua parte. Os adeptos, é mais do que certo, não vão falhar à equipa, como se poderá ver nas bancadas de Chaves já no próximo desafio. E a equipa não vai falhar aos adeptos. É este o caminho."

Leonor Pinhão, in O Benfica

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