sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Vitória...

Riba d'Ave 3 - 6 Benfica

Ainda não recuperámos a forma no pós-Mundial, continuamos a desperdiçar Bolas Paradas, mas acabámos por vencer, agora o resultado não espelha as dificuldades que tivemos...

Emoção...

Benfica 5 - 4 Ferreira do Zêzere

Mais um jogo, disputado abaixo do desejável, mas com a equipa a não desistir, e apesar de todas as limitações, a conseguirmos ganhar... com um grandíssimo golo!!!
Aliás, apesar da qualidade do jogo jogado, os golos foram quase todos, grandes golos!!!
E por incrível que pareça, defendemos a liderança com a vitória!!!

Vitória...

Benfica 3 - 0 Viana
25-17, 25-18, 25-21

Fim da 1.ª fase com vitória, e com muita rotação...

Derrota na Bélgica...

Namur 72 - 56  Benfica
18-9, 23-13, 18-10, 13-24

A ausência da Compal (AC Rodrigues), está a ter muito impacto na eficácia da equipa, mas hoje, com o primeiro lugar já garantido, acabámos por 'facilitar' demasiado!!!
O pior jogo da época, por larga margem...

Grande vitória


"Magnífica exibição da nossa equipa feminina de futebol na Suécia, frente ao Rosengard, coroada com um excelente resultado e esperanças intactas de passar a fase de grupos da Liga dos Campeões. Este é o tema em destaque na News Benfica, na qual também chamamos a atenção para os vários jogos hoje.

1
Perante as muitas dificuldades expectáveis na visita ao 12.º classificado do ranking europeu de clubes da UEFA, o Rosengard, as Inspiradoras não se atemorizaram, exibindo-se a um excelente nível. O 1-3 parece curto face à inegável superioridade patenteada pelas comandadas por Filipa Patão ao longo dos noventa minutos.
A nossa treinadora elogia a exibição e a reação à desvantagem no marcador contra a corrente do jogo: "Começámos bem, mas não concretizámos as oportunidades criadas e acabámos por sofrer um golo num remate em que a bola bateu numa jogadora nossa. Mas a equipa demonstrou um grande caráter, reagimos bem e conseguimos estar por cima do jogo e do resultado."
Após este triunfo voltámos a ascender no ranking de clubes da UEFA, ocupando agora, durante apenas a terceira participação europeia, a 23.ª posição.
Veja o resumo da partida no site oficial.

2
A nossa equipa feminina de hóquei em patins consolidou a liderança isolada da zona sul do Campeonato Nacional ao vencer o Stuart Massamá, por 4-2.

3
A equipa principal de futebol está de regresso. Ontem houve sessão dupla de treino, imperando a intensidade e o empenho após alguns dias de descanso. Veja o vídeo, aqui.

4
Hoje temos diversos jogos para acompanharmos e apoiarmos o nosso Benfica.
A equipa feminina de basquetebol, já apurada para os 16 avos de final da FIBA EuroCup Women, visita o Belfius Namur Capitale, da Bélgica, às 19h30. À entrada para a quinta jornada, com quatro vitórias obtidas, lideramos isolados o grupo G.
Na Luz há voleibol e futsal. Às 14h00 recebemos o VC Viana em voleibol. A equipa feminina joga às 18h00, na Luz, frente ao Clube K. Às 19h30 é a vez de entrarmos em ação no futsal, com a receção ao SC Ferreira do Zêzere. No hóquei em patins temos a deslocação ao Riba d'Ave (18h30).

5
O Benfica voltou a organizar Campos de Futebol na Califórnia, nas cidades de Fresno, Livingston e Sacramento, nos Estados Unidos da América, nos quais participaram cerca de 120 jovens jogadores. Este tipo de iniciativas é parte integrante da metodologia de formação do Benfica, sobre a qual relembramos que pode conhecer mais em detalhe através do notável documentário "Benfica: fábrica de sonhos", disponível na Prime Video, da Amazon."

O que esperar do SL Benfica na segunda metade da época?


"O campeonato do Mundo de futebol já vai a mais de metade e, aos poucos, os jogadores vão regressando a casa e, consequentemente, aos seus clubes para retomarem a sua rotina, uma vez que vão sendo eliminados. O Sport Lisboa e Benfica tem, ou teve, seis jogadores que estão nos seus quadros a representar as suas seleções, sendo que apenas um deles foi eliminado da competição até à data.
A Dinamarca de Alexander Bah foi, a par da Alemanha, uma das maiores desilusões, para mim, deste mundial. Após terem alcançado as meias-finais do último campeonato da Europa, caem na fase de grupos do Mundial sem mostrar a sua verdadeira capacidade.
Quanto aos outros cinco, é possível que regressem ao SL Benfica apenas no final da competição e sem ofensa a Enzo e a Otamendi, mas que seja João Mário, Gonçalo Ramos e António Silva a celebrar no dia 18 de dezembro!
Voltando ao caso em questão, resta perceber como será o Sport Lisboa e Benfica depois desta competição de seleções que, de forma tão atípica, decorreu a meio da temporada de clubes. Estará a equipa/plantel em modo “rolo compressor” como vinha a ser até à pausa?
Infelizmente, tenho as minhas dúvidas. Acredito que a equipa encarnada acuse esta quebra e isto se venha a notar no seu rendimento, mas acredito ainda mais na capacidade de Roger Schmidt em reacender a chama que o Benfica emanava cada vez que entrava em campo.
Certamente que ninguém se esqueceu de como jogar futebol, obviamente, mas tanto tempo de paragem a meio da temporada não é normal nem nunca tinha acontecido. É uma incógnita o que estará para acontecer e resta acreditar que será o mesmo Benfica a entrar em campo dia 30 em Braga.
Quem tem visto os jogos da Taça da Liga sabe que não tem sido a mesma coisa e é mais que normal. Faltam ali uns quantos titulares indiscutíveis no XI e é natural que a equipa se ressinta em termos exibicionais, embora o resultado tenha sido mais do mesmo.
Contudo, abriu-se caminho e deu-se espaço a jogadores que de outra forma não iriam poder mostrar que merecem estar no plantel das águias.
É tempo de reestruturar e perceber quem está bem e com quem pode contar o técnico alemão. Acredito plenamente que em janeiro haverão mexidas no plantel e que alguns excedentários estarão na porta de saída. Espero ainda que não hajam saídas de “pedras” essenciais no xadrez de Schmidt e sobretudo que o balneário continue unido, aconteça o que acontecer.
O Sport Lisboa e Benfica já demonstrou esta temporada que consegue jogar ao mais alto nível e que está preparado para qualquer situação, mas num ano tão atípico como este, esta pausa para competições de seleções nacionais veio dar mais instabilidade e incerteza que um período de descanso e reconstrução para os encarnados.
Se o SL Benfica ia embalado pelas vitórias e pelo “Roger Ball”, resta perceber se vais ser capaz de replicar tudo o que fez até aqui e continuar nesta senda de bons resultados."

Carta de João Malheiro a Eusébio


"Meu querido amigo:
As saudades são tantas, tantas mesmo. Que falta fazes aqui! Com o teu carisma magnético, com a tua experiência, com as tuas opiniões.
O nosso Benfica está bem, vive um grande momento, depois de um já longo pesadelo. Imagina que está há 27 jogos consecutivos sem perder! Nem no teu tempo houve igual registo. Ainda nada ganhámos, mas estamos no bom caminho. O treinador é excelente, a equipa consistente e talentosa, os adeptos estão felizes. E, claro, o presidente é o Rui Costa, que foi treinado por ti nos infantis do Benfica. Sei o orgulho que sentes, quando vez um ex-jogador na cadeira da presidencial. Sempre me disseste que um dos pecados do futebol era haver dirigentes que percebiam pouco, que dirigiam clubes como se de empresas normais se tratassem.
Agora, estamos em tempo de Mundial. Depois da espetacular vitória sobre a Suiça, temos Marrocos nos quartos de final. Em 66, foi a Coreia do Norte, naquele jogo épico que resultou na maior reviravolta de sempre, com quatro golos da tua autoria.
Nem de propósito, sabes que ainda és tu, desde a década de 60, o recordista de remates enquadrados à baliza? Foram 9 com os coreanos. Pode dizer-se que tinham pouca expressão futebolística, apesar de terem eliminado a Itália ainda na fase de grupos. Pois bem, na lista, aparece o grande Maradona, com 8 remates. E sabes quem é o terceiro? Outra vez tu, mercê dos 7 remates frente ao Brasil, que era bicampeão mundial.
Outra coisa que se vai dizendo é que, no decurso da tua carreira, Portugal só foi a uma fase final de um Mundial. Acaso saberão que, nesses tempos, apenas 16 equipas disputavam o certame e só 8 o Europeu? Apenas o primeiro classificado na fase de qualificação era apurado. Se continuasse assim, este ano, por exemplo, não estavamos no Qatar, porque ficámos atrás da Sérvia. Tu sorris? Eu entendo. É que também nunca jogaste contra Andorra, Gibraltar, Liechtenstein ou quejandos.
Outra coisa irritante são as comparações, sobretudo entre ti e o também nosso Cristiano Ronaldo. Já nem falo do recorde de golos na Selecção. Tu fizeste um Mundial e marcaste 9, o Ronaldo vai no quinto e contabiliza 8. Sei que, por ti, até porque te conheço bem, gostarias que o Cristiano Ronaldo marcasse mais golos, escrevo no plural, a bem das insígnias que defendeste com devoção quase evangélica. Tal como estiveste, carregado de orgulho, em cerimónias de consagração do Ronaldo com Bolas ou Botas de Ouro, até na apresentação dele no Real Madrid. Como fizeste com o Gomes e o Figo, sempre com o teu abraço amigo, para já não falar da enorme amizade que cultivaste com o Yazalde.
Mas, meu caro, deixa-me dizer, mesmo que não queiras: a tua média de golos, na Seleção é superior à do Ronaldo, para não falar do Pauleta.
E lembro as sete (!) operações que fizeste aos joelhos, as vezes que jogaste infiltrado (quanto deves ter sofrido!), só para o Benfica e a Seleção dilatarem o cachê, para já não falar da bola que não era impermeável, dos pelados, de treinos desajustados, de assistência médica insuficiente. Hoje fico por aqui, certo de que, nesta altura, torces muito por Portugal, esperando que possa chegar à final e ultrapassar a magnífica epopeia de 66.
Sei que a tua família está bem. Os teus netos, então, cresceram tanto e estão muito bonitos. Os melhores amigos falam sempre em ti. O Hilário vai andando, embora apareça poucas vezes. Sei quanto sofreste, ultimamente, com as despedidas do Chalana, do Gomes, do Jordão. A vida, por vezes, é cruel.
Este teu amigo pensa em ti todos os dias ou não fosses o meu ídolo e o maior herói popular do século XX português.
Com tanta gratidão quanto tanta saudade.
João Malheiro"."

Catarses 2️⃣3️⃣ Carta aberta a Fernando Santos


"“Vivos, mortos ou no mar” - estas eram as opções da roleta russa existencial dos marinheiros de antanho. Assim, também a vida das grandes figuras do futebol enfrenta permanentemente três possíveis “status quo post bellum”, como os rebuscados de Latina se referiam aos resultados das guerras: seguir em frente, ser eliminado ou ficar à mercê de um tiro no escuro.
Esta é igualmente a história de Fernando Santos, o treinador português de maior sucesso, Capitão de Mar-e-Guerra do Europeu, Comodoro da Liga das Nações e possível Almirante do Mundial. Quando enfrentou estes mares raramente navegados, conseguiu sempre encontrar o caminho de regresso, com mais ou menos enjoos, e agora lá vai ele outra vez, nas águas cálidas do Golfo Pérsico, com meio caminho andado desta circum-navegação virtual dos tempos modernos, do banho nas costas selvagens do Gana ao sobreaquecimento dos glaciares da Suíça, voando com os “pássaros pintados” do Uruguai ou perdendo por momentos o azimute no paralelo 38 da Coreia.
Seguro ao comando, sem receio do naufrágio futebolístico, que bela viagem está fazendo, senhor engenheiro - permita-me que o trate assim, pela primeira vez, nestes meus desabafos catárticos com que tento disfarçar a ansiedade obsessivo-compulsiva de ainda estar vivo para ver Portugal ganhar um Mundial.
Durante anos, milhares de sábios da bola, taxativos e presunçosos, apontaram-lhe os erros, as faltas de coragem, as dependências, a invejável sorte, recusando-se reconhecer-lhe o mérito pelos resultados bons e responsabilizando-o pelos maus - como se o futebol tivesse de ser preto ou vermelho, par ou ímpar, sem meio termo, de perder a cabeça, sim ou sim.
Lembra-me a personagem central da autobiografia daquele outro engenheiro de São Petersburgo, dado às filosofias e que trabalhou como preceptor, uma profissão parecida com a de treinador de meninos ricos e mimados, o grande Dostoievski, em “O Jogador”, tentando recuperar a auto-estima, a fortuna perdida e o amor não correspondido, num mundo frívolo e egoísta de generais e barões de pacotilha, nos casinos de Ruletemburgo.
O futebol consegue ser ainda mais surpreendente do que uma roleta aleatória, pois não depende da sorte da vida nem do azar da morte, mas do tal terceiro “status”, o da sabedoria de ler as cartas, sejam de jogar ou de marear, e de manter a mão quente e a cabeça fria, tanto ao leme como no carteado.
Caro engenheiro, temos em comum a amarga experiência profissional de qualquer leigo saber mais do que nós, ter mais certezas do que nós, ser presumidamente mais competente do que nós. Jornalistas e treinadores de futebol - e árbitros também - são as profissões mais fáceis e desqualificadas, as únicas em que os “caçadores de cabeças” dos recursos humanos desprezam em vez de promover e despedem em vez de confiar, com a certeza científica do marinheiro que levanta o dedo indicador molhado de saliva para perceber a direcção do vento.
Tenho de ser, portanto, solidário com o seu trajeto. Estou farto de me irritar com as suas opções, mas tento reconhecer que talvez não pudesse ser de outra maneira. Ou podia?
É que - e espero que algum dos basbaques das conferências de imprensa de Doha lhe venha a fazer essa pergunta - falta-me entender por que razão não fez as alterações desta semana mais cedo, há uns quatro ou cinco anos, quando tantos começaram a alvitrar que a soma da qualidade individual dos jogadores era muito mais valiosa do que a produção da equipa.
Por que não atalhou a rota mais cedo?
Por que foi deixando rolar o tambor até ficar testa a testa com a última bala? Não gosto nem quero associar este triunfo histórico sobre os suíços a um golpe de sorte, prefiro até pensar que as decisões tenham saído de algum conselho divino, e sei o que lhe custaram, imaginando que dobrar o ego de Cristiano Ronaldo provoque mais suores frios do que encarar o Adamastor.
E curvo-me pela sua capacidade de orientação quando me lembro que tantos aventureiros se perderam nos mares sem encontrar o rumo de regresso a bom porto.
Parabéns pela vitória, mas trate de reforçar o actual “status quo ante bellum”, o estado em que as coisas estão antes de nova batalha, liderando com mão firme, sem margem para desvios caprichosos, aqueles a quem, no próximo sábado, compete remar contra as correntes adversas das praias de Arzila, vencer finalmente Alcácer-Quibir e regressar à pátria como reis nestas manhãs frias e húmidas de dezembro.

P.S.: Por um bem maior, abro uma trégua na questão da FEMACOSA. Mas não está esquecida."

Catarses 2️⃣2️⃣ “Nóóóóóós”, o grito do Catar


"Foi há precisamente 200 anos (1822) que D. Pedro, entre a espada e a parede, nas margens de um riacho paulista, proclamou o grito de “independência ou morte” que estabeleceu a libertação do Brasil, mais tarde imortalizado como “Grito do Ipiranga” numa tela a óleo cujo título acabou por se converter em “passe partout” linguístico.
O líder da FEMACOSA, cuja ligação ao reino da Federação também já teve melhores dias e estava encostado na parede, é bem menos dado a posições extremistas do que o príncipe trânsfuga, mas como diz o povo a ocasião faz o malandro. E como a seleção precisava de um “grito do Catar” que libertasse de vez, das amarras do futebolisticamente correto, o génio dos seus jogadores para a malandrice!
Por seis vezes o grito ecoou à distância do Rei “traído”, Sua majestade Cristiano Ronaldo. Mas já não o seu “Siiiiii” mundialmente famoso a sonorizar o salto com meia pirueta conhecido como “estou aqui”, sozinho como Narciso, à frente dos espelhos de todos os fotógrafos do mundo.
Desta vez, ouviu-se um coro bem ensaiado de “Nóóóóóós”, que o líder já anunciara, antes do primeiro jogo desta campanha, ser "a única palavra escrita no balneário” - uma retórica a que os cépticos não reconheceram importância.
Mas foi realmente o que se sentiu por cada proeza do mundialmente desconhecido Gonçalo Ramos e dos seus patronos, transformando o ícone mediático em nada mais que um “wally” anónimo no cacho dos festejos dos golos de Portugal, poucos minutos depois do momento chocante em que todas as câmaras do Catar viraram costas à seleção perfilada, para gravarem o insólito quadro do protagonista sentado à margem do palco - tal como o pintor brasileiro imortalizara a cena da fundação do Brasil.
“Onde está Cristiano Ronaldo?”, perguntámo-nos, surpreendidos por uma sequência de festejos de golo em que ele não era a personagem central, nem orquestrava a coreografia.
Julgamos conhecer as pessoas, mas, à mínima distracção, elas deixam-nos sem palavras com decisões que considerávamos impossíveis. É neste estado catártico que me encontro há horas, tentando entender o que se passou no quartel-general da FEMACOSA antes do jogo com a Suíça.
Até um treinador a quem anos e anos de decisões timoratas e controversas tinham moldado um perfil de ganhador sem saber como, na realidade, pode um dia abusar da sorte e fazer o seu “all in” de afirmação, surgindo à porta da história como um novo D. Pedro em revolta contra o poder dos Reis do futebol português.
Quem mais se vai atrever a sugerir de novo que as suas decisões são meras formalidades pelos interesses do Principe Regente Jorge Mendes e da sua Corte de “yesmen” bem instalados?
A vitória sobre a Suíça foi apenas um primeiro passo revolucionário, a precisar de confirmação, mas faz sonhar com uma nova seleção, livre, criativa, fecunda e inspiradora que, no fundo, todos sabíamos que existia por dentro daquela prisão mental que a bloqueava pelo medo de ser feliz.
Parece que no final, ainda houve um último estertor de individualismo do capitão fantástico, uma tentativa de roubar o foco no regresso ao balneário, à parte do grupo de "Nós" em festa, mas nessa altura já era inapagável o brilho intenso desta geração de diamantes encrustrados nas jóias douradas da geração anterior.
Foi apenas uma revolução, não está tudo bem, não somos campeões do Mundo. A dignidade da independência é um caminho das pedras interminável que é preciso calcorrear com a mesma determinação e coragem com que os antepassados de Gonçalo Ramos conquistaram os Algarves à ameaça marroquina em batalhas bem mais encarniçadas do que a rendição das tropas em Pernambuco, esburacadas como queijo suíço.
Mas nunca será apenas sorte.
Nem mera gestão de orientações alheias.
Quanto muito, uma epifania transcendental de quem acredita em forças e desígnios superiores.
Seja o que for, obrigado.
“Siiiiii”!"

O dia em que elogio Fernando Santos


"Era outubro de 2006, o Benfica ia visitar o Dragão e Fernando Santos treinava as águias. Para oferecer algo diferente sobre o engenheiro que desenhara o penta do FC Porto, fiz-me ao caminho e bati à porta da Igreja das Antas.
O padre Fernando era, à data, confessor e amigo próximo do treinador. Sem quebrar o sigilo da penitência, o sacerdote mostrou-me um lado menos evidente da figura que eu propusera descobrir.
Falou-me das «escapadelas» dos estágios para atender à missa, das aulas de catequese dadas ainda nos tempos do Estrela da Amadora, da colaboração humanista com o Seminário de Vilar e dos atos de contrição feitos em relação à vida profissional.
«O Fernando Santos era um bocadito mole com os jogadores. Não tinha a autoridade e a intimidade que deveria ter com eles. E eu cheguei a dizer-lhe isso», advertiu o senhor padre, ele próprio amante de um prazer terreno em forma de bola de futebol.
Este lado de maior condescendência preocupou-me, principalmente a partir do momento em que Fernando Santos assumiu o cargo de selecionador nacional. Como iria um homem «um bocadito mole» gerir os egos de tantos craques e o hedonismo altivo do maior de todos, Cristiano Ronaldo?
Fernando Santos optou pela proximidade e companheirismo. Amparou todas as decisões e comportamentos de Cristiano, permitiu-lhe a ausência antecipada antes do jogo para o terceiro e quarto lugares na Taça das Confederações (2017) e até o libertou da fase de grupos da Liga das Nações (2018), sempre a pensar na comunhão de interesses entre o grupo e o mais mediático futebolista do planeta.
Pese um ou outro exagero, Fernando Santos foi o selecionador que melhor soube lidar com Cristiano. Soube tê-lo sempre do seu lado e capitalizou essa confiança para influenciar o restante grupo.
Enquanto o rendimento de Cristiano Ronaldo foi estratosférico, os devaneios foram tolerados por todos – todos! – e as manias do avançado foram registadas apenas como tiques de uma personalidade ambiciosa disparada por um espírito de rara competitividade.
O pior estava por vir. O tempo apanhou Cristiano e Cristiano não soube aceitar as regras do tempo. Mas este não é um texto sobre Ronaldo. Quero falar das reações certeiras de Fernando Santos nos últimos dois dias. Reações que contrariam o senhor abade das Antas e a tese cristã do «bocadito mole».
O caráter de Fernando Santos não o permitiu embarcar na encenação de spin doctors apressados e o selecionador deu um murro na mesa. Não literalmente, mas deu. Não gostou «mesmo nada» das imagens de Cristiano a tecer impropérios aziados sobre o homem que mais o ajudou na Seleção Nacional e afirmou-o convictamente em praça pública.
Consequência direta dessas imagens, ou não, a verdade é que Cristiano Ronaldo foi para o banco de suplentes no decisivo jogo contra a Suíça – ao lado de João Cancelo, outro exemplar em penoso sub-rendimento neste Mundial.
Fernando Santos arriscou, olhou para quem estava melhor desportivamente e não quis saber das maiúsculas de cada nome. Podia ter corrido mal, naturalmente, e o ciclo do experiente treinador acabaria em tom de dó menor. Mas correu bem, correu extraordinariamente bem e Portugal escreveu uma das mais brilhantes páginas da sua história.
O selecionador mostrou a todo o planeta que a Seleção Nacional só tem um líder e esse chama-se Fernando Santos. Depois de demasiados anos numa ressonância pastosa daquilo que foi Portugal no Euro2016, o treinador reagiu e percebeu que jogar com os melhores e de forma ameaçadora é bem capaz de ser uma boa ideia.
O meu desejo? Que Santos não volte atrás e seja firme nas opções tomadas. Grande parte do mérito da imprevista goleada aplicada à Suíça nasceu na coragem do selecionador. Um homem que de bocadito mole nada teve nos últimos dias."

Está tudo a pensar no domingo de Ramos


"Sinal mais de Portugal frente ao país do sinal mais. Frente a canivetes, trouxemos uma moca de Rio Maior. Se eles guardam o dinheiro como guardam a sua baliza, aproximar-se-á, brevemente, novo colapso do sistema financeiro.

Não quero ser uma besta, mas espetámos seis sem sequer precisar da pontaria de Guilherme Tell. Numa inaudita inversão em termos de import-export, Portugal deu chocolate aos suíços, que vão querer esquecer esta noite. Algo que será difícil, dado o elevado número de automóveis de emigrantes portugueses que por lá circulam com um autocolante da FPF.
Fernando Santos - queiramos ou não admitir - cometeu uma espécie de regicídio futebolístico quando escalou um onze sem Cristiano. Ronaldo, neste Mundial, tem sido o D. Sebastião do futebol português: um homem desejado, mitificado, que quer entrar numa guerra para a qual não tem idade nem físico. Nos quartos-de-final, calha bem que enfrentemos Marrocos. É precisamente frente ao país de Alcácer Quibir que teremos finalmente a oportunidade de curar o nosso trauma com sebastianismos. Sendo que - não esquecer - Marrocos eliminou a Roja, saldando assim a dívida histórica de nos terem colocado nas mãos dos espanhóis em 1578.
Mas atenção, tenhamos cuidado com o jogo de sábado como quem tem cuidado ao escolher um hotel em Casablanca: os quartos até podem ser bonitos, mas certamente vão ser quentes. E se formos a penáltis? Eu punha o Ronaldo a marcar, contudo chamava João Moutinho para o motivar. Ele bate bem - se perdermos, paciência. Os marroquinos ficam com Casablanca e nós, bom, we’ll always have Paris… Para além disso, I think this is a beginning of a beautiful friendship.
Entre os portugueses e Gonçalo Ramos, claro. Nasceu em 2001, ano em que Pepe ganhou o direito legal a beber poncha nas folgas do Marítimo B, e soube hoje que ia atar as chuteiras no balneário para ocupar o lugar de um jogador que se estreou a marcar em Mundiais quando ele ainda precisava de ajuda para calçar ténis de velcro. Natural do Algarve, fez uma exibição de encher o Olhão.
Falando em coisas das quais não tem memória, Gonçalo Ramos tornou-se na Dinamarca de 92 desta competição. Alcança uma inesperada glória depois de ter sido repescado por causa de um conflito. Numa semana em que começámos a pensar que o ambiente na seleção se ia tornar numa Jugoslávia, foi preciso recorrer à neutralidade suíça para restaurarmos a união e a paz.
A verdade é que o jogo de hoje - frente ao país que escolta o Papa - nos fez considerar transgressões da tradição católica. É certo que calha na semana antes do Natal e não da Páscoa, mas dia 18 gostaríamos todos de festejar o Domingo de Ramos."

A seleção nacional jogou muito melhor sem Ronaldo


"Foi o dia para a noite. Pode ter sido só uma coincidência. Mas também pode ter sido resultado de uma maior coesão da equipa. Para azar de Ronaldo – e sorte dos portugueses –, o jogador que atuou na sua posição marcou três golos, um dos quais um remate fantástico.

Depois da controvérsia saída no jogo de sexta-feira frente à Coreia do Sul, em que usou o melhor vernáculo para mostrar o desagrado com a sua substituição, Cristiano Ronaldo começou o jogo de ontem contra a Suíça no banco de suplentes. Fernando Santos já tinha dito que não gostou nada do desabafo do jogador.
Tratou-se de algo inédito num desafio desta importância, dado o palmarés e estatuto do goleador. Mas na verdade esta opção até poderia ter aparecido mais cedo. Dada a sua idade e a fase da carreira que atravessa, provavelmente Ronaldo seria um jogador mais eficaz entrando, como entrou ontem, numa fase mais adiantada do jogo, quando os adversários começam a denotar desgaste.
Começar o jogo no banco podia ser uma opção do selecionador, em vez de um castigo.
Mas claro, havia recordes pessoais para quebrar, além de outras questões, como mostrar que, no braço-de-ferro entre Ronaldo e o treinador do Manchester United, era o jogador português quem tinha razão. Muitos esperavam esfregar na cara do treinador Erik ten Hag, com quem Ronaldo se incompatibilizou, as proezas do avançado português e mostrar-lhe o que tinha desperdiçado… Nesse sentido, quanto mais tempo Ronaldo estivesse em campo, mais tempo teria para provar o seu valor.
Na fase de grupos, porém, Ronaldo não teve uma prestação brilhante. Longe disso. Ele, que é um marcador nato, um ‘matador’, marcou apenas um golo, e de penálti (duvidoso, aliás). Em comparação com outros, como o seu eterno rival Messi, ou Mbappé, ficou a anos-luz.
Ontem Ronaldo não entrou de início e a seleção nacional jogou como ainda não tinha jogado, criando oportunidades sucessivas, dando poucas hipóteses ao adversário e marcando seis golos. Foi o dia para a noite. Pode ter sido só uma coincidência. Mas também pode ter sido resultado de uma maior coesão da equipa. Para azar de Ronaldo – e sorte dos portugueses –, o jogador que atuou na sua posição marcou três golos, um dos quais um remate fantástico. Resumindo: Portugal jogou muito melhor sem Ronaldo, como aliás já tínhamos sentido noutras ocasiões.
Há pessoas que ficam ofuscadas com o brilho das estrelas, mas não são os nomes nas camisolas que ganham jogos, como se viu também no Espanha-Marrocos. Ontem ficou demonstrado aquilo que muitos esquecem: o futebol é um jogo coletivo. E o nosso coletivo é mais forte sem Ronaldo."

A educação de Edson


"Quando se tornou num ponta-direita de recursos variados e chegou à selecção do Brasil já José Márcio Pereira da Silva tinha a alcunha de Zeca Diabo.

A Zequinha, desculpem lá, não é nome de jogador de futebol. Pelo menos que se veja, com perdão para todos os Zequinhas que andam por esse mundo fora a dar pontapés numa bola. Por bem menos do que isso Nelson Rodrigues quase acabava com a carreira de Coutinho, o colega das tabelinhas com Pelé no Santos: «Lembro-me que ao ouvir falar em Coutinho, pela primeira vez, tomei um susto. Comentei, então, de mim para mim: ‘Coutinho não é nome de jogador de futebol!’. De facto, o nome influi muito para o êxito ou para o infortúnio. Napoleão, se tivesse outro nome, já seria muito menos napoleónico. Outro exemplo: por que é que Domingos da Guia foi o que foi? Porque esse ‘da Guia’ dava-lhe um halo de fidalgo espanhol, italiano, sei lá. Ainda hoje, o sujeito treme quando ouve falar em ‘da Guia’. Mas o Coutinho tem contra si o nome. O sujeito que se chama apenas Coutinho dá logo a ideia de pai de família, de Aldeia Campista, Vila Isabel, Engenho Novo, com oito filhos nas costas e a simpatia pungente de um Barnabé». Também me lembro quando ouvi falar de Zequinha pela primeira vez. No dia 18 de Julho de 1971 o Maracanã recebeu 140 mil pessoas para assistirem ao Brasil-Jugoslávia que marcou a despedida de Pelé da selecção brasileira. Zequinha estava lá no meio de gente finíssima como Rivelino, Gerson, Brito, Piazza e Everaldo. Jogava na ponta direita que fora o lugar de Jairzinho no Mundial de 1970, o melhor Mundial de todos os tempos. O jogo terminou empatado (2-2) e Pelé marcou um golo a passe de Zequinha. Quando saiu, ao intervalo (Pelé, não Zequinha), o povo juntou-se num grito uníssono e emocionado: «Fica! Fica! Fica! Fica!» Não ficou. E nunca mais vestiu a camisola amarela com a qual ganhou três Campeonatos do Mundo - por acaso, no primeiro, na Suécia em 1958, o Brasil até jogou de camisola azul.
Zequinha não nasceu Zequinha nem foi baptizado de Zequinha, é claro. Embora no Brasil sejam capazes de fazer todas as trampolinices imagináveis com o nome de um indefeso nascituro. Começou, portanto, por ser José Márcio Pereira da Silva quando nasceu em Leopoldina no dia 17 de Novembro de 1949, na Praça da Bandeira, para ser mais específico. Desde bem cedo, na infância, dedicou-se horas a ver os treinos do clube que ficava mais próximo de sua casa, o Ribeiro Junqueira. Convenceu-se de que era capaz de fazer tudo aquilo que observava. E trabalhou duro para passar do grupo juvenil para a turma principal. O treinador, Getúlio Subirá, não teve dúvidas em relação às suas qualidades de extremo-direito rápido, de drible fácil e passe bem coordenado. Misturava em doses certas a arte com a objectividade. Tinha tudo para dar certo. E deu. No final de um jogo, um olheiro encantado com o seu estilo, perguntou-lhe: «Oiça lá garoto! Quero falar com seu pai. Ele está por aí?» Estava. E o sr. Zé da Antônia ficou feliz de trepar pelas paredes quando percebeu que queriam o seu filho no Flamengo. O seu coração fanaticamente rubro-negro ia sendo vítima de uma sulipampa.
No Flamengo Zequinha estoirou. Ainda não havia a novela O Bem-Amado, mas no teatro corria a peça de teatro que a antecedeu: chamava-se Zeca Diabo e era da autoria de Dias Gomes que a escreveu em 1942. Zeca Diabo era um cangaceiro assassino temido pelo povo de Sucupira e devoto do Padre Cícero. Por tudo e por nada soltava a frase que se colou ao linguajar corriqueiro da populaça: «Santo Padim Pade Ciço!» Zequinha não fazia chocalhar as pulseiras nem tinha aquele bigodão que Lima Duarte trouxe para os ecrãs. Era um mulato glabro e durante muitos anos enfeitou-se com uma carapinha em forma de bola. Mas os adeptos do Flamengo não estiveram pelos ajustes: ficou Zeca Diabo. O que, vendo bem, é melhor do que Zequinha, nem se discute.
Zequinha acabou por se dar mal no Flamengo em conflito com um tal de Valter Miraglia, o homem que assinara contrato com ele. Viveu uma fase depressiva, passou pelo Palmeiras e ressuscitou no Botafogo graças a Mário Zagallo, o técnico que levou o Brasil ao seu terceiro título mundial. Quando foi chamado para tomar conta da selecção, na véspera da viagem para o México, substituindo João Saldanha, sempre rodeado por problemas políticos por se afirmar comunista em plena vigência do poder ditatorial do presidente Emílio Medici, Zagallo não deixou de ter o Zeca Diabo na sua lista. Não coube nos escolhidos de 1970 e nessa equipa mágica que jogava com cinco números 10 - Pelé (Santos), Tostão (Cruzeiro), Jairzinho (Botafogo), Rivelino (Fluminense) e Gerson (São Paulo), mas já era um frequentador da canarinha no tal jogo da despedida de Pelé no qual fez um centro para o último golo do Rei vestido de amarelo. Quando a bola entrou na baliza, saiu correndo e gritando para quem o que quisesse ouvir: «O Pelé agradeceu-me o passe! O Pelé agradeceu-me o passe!» Tipo educado esse Edson Arantes do Nascimento."

A alta competição e a maternidade - nada é incompatível


"Um dos grandes dilemas das atletas continua a ser escolher entre a sua carreira na alta competição ou uma paragem para serem mães. Este dilema pode ser bastante prejudicial à sua performance, pois, no caso de escolherem adiar o chamamento materno, essa decisão pode deixá-las psicologicamente afetadas pelo facto de não estarem a seguir uma vontade que têm, intrínseca; mas, no caso contrário, ao decidirem optar por abrandar o ritmo e dedicarem-se à família, podem perder competições importantes e mesmo o ritmo de treino e trabalho necessários para chegarem ao topo.
Assim, partilho com os leitores a minha experiência.
Na verdade, desde muito nova que sou de certa forma obcecada pela organização do meu calendário e, consequentemente, dos meus objetivos, sejam eles de curto ou longo prazo. O que à primeira vista parece ser uma qualidade pode também ser um motivo de frustração, caso os passos a que me proponho não me levem ao fim desejado. No entanto, sempre foi a minha forma de viver e o meu motor, seja a nível pessoal, profissional ou desportivo. Foi dentro de um calendário preenchido que aprendi a viver e a construir degrau a degrau a minha carreira, mesmo por vezes não sendo fácil para os que me rodeiam.
Apesar de sempre ter desejado ser mãe, até ao ano passado a minha vida pessoal não mo tinha ainda permitido. Da mesma forma que, apesar de sempre ter tido como máximo objetivo participar nuns Jogos Olímpicos, até ao ciclo olímpico passado não tinha conseguido conjugar a forma física do meu cavalo com as datas de qualificação.
Ora, acontece que, por coincidência, tudo isto se tornou possível em simultâneo, o que me poderia ter deixado desorientada perante este dilema. No entanto, talvez por inconsciência, ou até um pouco de loucura da minha parte, a decisão maternidade vs. competição nunca esteve em questão, e decidi abraçar os dois objetivos em simultâneo, sem questionar. Comecei a construir uma planilha mental em que as datas se encaixavam na perfeição: entrar nos Jogos Olímpicos grávida de dois ou três meses, fazer o período de descanso pós-Jogos durante a gravidez (em que não há competições de maior importância), esperar o nascimento do bebé no início da época e ainda recuperar a tempo de começar a treinar e ser convocada para o Mundial do ano seguinte. Assim sendo, a gravidez não me iria fazer perder nenhum campeonato importante.
Com estes planos em marcha, tudo foi rolando e exatamente na mesma semana em que recebia a convocatória para a equipa olímpica de dressage, tive nas minhas mãos o teste de gravidez positivo. Apesar de estar a sair tudo como planeado, confesso que nesse momento senti um calafrio e algum medo, mas que rapidamente foi superado com objetividade e foco nos treinos.
Para mim tudo isto parecia lógico, mas como partilhar isto com a minha família, sem correr o risco de acharem que eu estava a exagerar e a correr riscos?
Decidi então apenas partilhar este desejo com o meu marido e com a minha assistente.
Fui bastante afortunada, pois todas as variáveis que não podem ser controladas correram bem. Apesar de estar preparada física e psicologicamente para ultrapassar as dificuldades inerentes a uma gravidez, tive a sorte de não ter enjoos, nem nenhum sintoma que condicionasse os treinos nem a performance. E assim segui para Tóquio com a minha Rosarinho na barriga.
Durante a competição tive o apoio incondicional das únicas pessoas que sabiam e com muita disciplina de treino, alimentação, hidratação e descanso consegui ter uma boa performance, que me permitiu contribuir para a conquista do Diploma Olímpico pela Equipa Portugal, em dressage.
No final das provas dei a boa nova aos meus pais e ao nosso chefe de equipa! Para além da felicidade pelas conquistas desportivas, todos ficaram eufóricos com a notícia da chegada de um “bebé olímpico”.
Com o regresso a Portugal, tudo continuou a correr lindamente e, mais uma vez, tive a sorte de os planos se continuarem a cumprir. A Rosarinho nasceu cheia de saúde em fevereiro e, tal como planeado, passado um mês estava a treinar, e passados dois meses a competir, o que me permitiu chegar a agosto ao nível de representar mais uma vez a minha bandeira no Campeonato do Mundo.
Sim, tive sorte de ter uma gravidez tranquila e de ter corrido um risco que acabou por correr bem, por isso agradeço a Deus todos os dias por ter estado mais uma vez ao meu lado. Mas tenho a certeza que se não fosse a força do meu desejo profundo para conseguir conquistar estes dois objetivos, aliado à perseverança, dedicação e estofo competitivo, nunca teria conseguido.
Sigam os vossos sonhos. Nada é incompatível."