domingo, 13 de novembro de 2022
Vitória sobre o Vitória...
Benfica 3 - 0 Guimarães
25-13, 25-20, 25-20
O jogo em Itália, parece que fez bem à equipa, estamos a melhorar...
Desperdício...
Fim do ciclo positivo, com uma derrota inesperada, com um jogo abaixo do que tem sido habitual, com um golo sofrido perto do final, e com um penalty desperdiçado por nós nos momentos finais da compensação!!!
Derrota...
(19-14)
Oportunidade perdida, contra uma equipa Corrupta relativamente 'fraca' ou pelo menos muito mais fraco do que em recentes épocas, perdemos. Com duas 'brancas' fatais, uma no final da 1.ª parte, outro no início da 2.ª!!!
Estamos a defender mal... e este ano, estas 'brancas' tem acontecido recorrentemente nos jogos mais 'apertados'!
E depois, com os Manos Martins no apito, a margem de erro ainda é maior!
Mau...
Sporting 4 - 2 Benfica
Franculino(2)
Mau jogo, com muitos erros, com a equipa aparentemente demasiado nervosa, sem razão nenhuma... quando estávamos a defrontar uma equipa que só tinha ganho um jogo até hoje, quando nós tínhamos vencido todas as partidas!
O lance decisivo acabou por ser o 3.º golo do Sporting, que nasce duma jogada na área dos Lagartos, com uma possível falta sobre o Melro não assinalada... que como é óbvio, ficou sem repetição!!!
Benfiquistas no Mundial | Cinco certos, um em espera
"Fernando Santos revelou, enfim, os 26 que o acompanham para o Mundial do Catar.
A maior das surpresas será naturalmente a ausência de Renato Sanches do lote; Moutinho vê o fim de ciclo internacional finalmente impôr-se na sua carreira, e pela primeira vez desde que a Selecção é participante em grandes certames ninguém do Sporting chamou suficientemente à atenção para pertencer à lista.
Do lado encarnado, vão três na comitiva: João Mário (52 internacionalizações) era um nome previsível, António Silva e Gonçalo Ramos, estreantes absolutos, justificaram este presente com muitas e boas exibições. Ganharão experiência internacional e participarão no maior evento desportivo do planeta, treinarão com e jogarão contra os melhores em actividade.
É uma grande notícia para eles e para o clube, que vê os seus activos em franca valorização desportiva e financeira. Quantas mais águias irão voar até ao Médio Oriente?
A maioria das previsões apontam para cinco, que são os benfiquistas já confirmados no Mundial do Catar, divididos apenas por duas selecções – que são de topo e claramente candidatas primárias à vitória final. Impera o ditado – vale mais qualidade que quantidade.
Aos três portugueses, juntam-se Enzo Fernández (duas internacionalizações) e Otamendi (92), que farão parte das escolhas de Scaloni (e Aimar) nos 26 argentinos. O central é um dos capitães e nuclear no balneário celeste; o médio vem vendo o seu nome projectado como uma das grandes revelações na Europa em 2022, orquestrando o fabuloso Benfica de Roger Schmidt em sequência interminável de 24 jogos sem perder em todas as competições
Outros elementos da entusiasmante equipa ainda fizeram certos seleccionadores perder tempo em comparações difíceis. Como mais flagrante caso o de Luis Enrique, que convocou para o Mundial José Gayá ou Jordi Alba deixando para trás Alejandro Baldé, por estes dias um indiscutível para Xavi Hernández no Barça, e outro Alejandro, o Grimaldo, que vem provando no Benfica ser um dos laterais europeus em melhor forma, convicção assente na merecida inclusão no onze da fase de grupos da Champions. Chamar mais à atenção não seria possível.
Na Croácia, Petar Musa viu-lhe negada a possibilidade de viagem intercontinental rumo ao Mundial apesar das boas intervenções vestido de encarnado e da necessidade de renovação nos vice-campeões Mundiais. Zlatko Dalic tem consciência da situação física precária que caminha grande parte da geração de ouro – Modric, Perisic, Brozovic, Vida e Lovren – e tentou reformular como pode, integrando no elenco bons valores prontos a explodir em contexto de elite como Gvardiol, Sutalo, Sucic ou Majer.
Na frente de ataque, a média de idades aproxima-se dos 30 anos e Musa seria, dos da nova fornada, certamente um dos favoritos a saltar dentro caso fosse esse o plano. Aliás, talvez só não tenha acontecido pela desperdiçada oportunidade em Março último, quando voava ainda ao serviço dos axadrezados: Dalic chamou-o, queria vê-lo in loco, mas Petar acusou Covid19 e acabou por ficar por terra. «Estaria connosco pela primeira vez, queria vê-lo a trabalhar na equipa, mas a vida é mesmo assim» desabafou Dalic na altura, deixando subentendido existir, entre a equipa técnica, um plano a longo prazo para o atleta. Musa, com 24 anos, terá outras oportunidades – a continuar assim.
David Neres sofreu com a exigente concorrência na Canarinha e os últimos três meses não foram suficientes para convencer Tite a chamá-lo em detrimento de Raphinha, Antony ou Martinelli, artistas que têm a vantagem de competir nas duas melhores ligas do planeta, exactamente a mesma justificação para Fernando Santos não ter privilegiado Florentino Luís – que esteve nos 55 pré-convocados – sobre William, Rúben Neves ou Palhinha, apesar do benfiquista ter baralhado todas as estatísticas europeias até Novembro. Como Neres, perdeu o comboio pelo que (não) fez nos anos anteriores, quando foi irresponsavelmente emprestado a Mónaco ou Getafe, sem o acompanhamento mais correcto e qualquer tipo de planeamento quanto ao seu possível desenvolvimento.
Alexander Bah
Desde que chegou ao Benfica que é convocado para a Selecção. É uma verdade absoluta. Ainda que signifique apenas uma convocatória – para a Liga das Nações, em Setembro – foram também os últimos jogos da Dinamarca antes da convocatória parcial que já saiu, de 21 jogadores que já estarão presentes no Mundial. Kasper Hajlmund estará ainda indeciso quanto aos cinco finais e Bah poderá ser um deles, pelo que tem feito na lateral direita encarnada e pelas características distintas dos laterais já convocados: Kristensen, do Leeds United, que tem sido o eleito para compôr a linha de quatro no 4-3-3 (utilizado na última vitória frente à França, por 2-0) ou Stryger Larsen, lateral direito no papel – e no Trabzonspor – mas que na Dinamarca actua, quando é chamado, mais vezes do lado esquerdo em substituição de Maehle.
Pode até compor uma linha de três num sistema de cinco defesas – e da última vez que Haljmund jogou assim, Wass foi o escolhido para encarrilar pela direita – mas a convocação do antigo jogador do Benfica e Valência baseia-se sobretudo na sua polivalência: o jogador de 33 anos tem, nos últimos anos, fixado arraiais mais na intermediária, como ‘6’ e ‘8’, e será nessas posições que irá contar.
Bah está à espera, como estão Vestergaard e Yussuf Poulsen, históricos nórdicos que não alinharam nos primeiros 21. Pelo extenso manancial ofensivo que o seu talento oferece, Bah seria a pedra perfeita para emular o 3-4-2-1 de Hajlmund com que a Dinamarca fez furor no Euro 2020 – Maehle e Bah a furar pelas alas, Hojbjerg, Eriksen ou Jensen a suportar Damsgaard, Braithwaite, Skov Olsen, Lindstrom, Dolberg ou… Holjund, outro entusiasmante prodígio na calha para completar os 26. Nada mau."
Lance que dá canto do golo do Porto é bem avaliado?
"Depois da exaustiva análise ao canto do empate no Santa Clara - Porto, ansiamos pela análise do sempre isento "Tribunal O Jogo"."
Normalíssimo...
"➡️ A jogada que dá origem ao canto, que por sua vez da origem ao golo do fócúlporto... O VAR tinha ido buscar uma sandes porque não intervém nestes lances.
➡️ A língua do Otávio está da cor do equipamento. Carregadinho!!!
#oportofazmalaofutebol"
Testes a sério...
"➡️O Benfica ainda não teve um teste a sério;
➡️O Benfica venceu o Newcastle na Eusébio Cup;
➡️O Newcastle venceu hoje o Chelsea;
➡️O Newcastle está em terceiro da Premier;
✅O Benfica ainda não teve um teste a sério..."
Olá Sérgio,
"Podes continuar a vomitar desonestidades dessa boca para fora. Podes continuar a exibir comportamentos grotescos em campo. Podes continuar a pensar que estás acima das regras dos comuns mortais que estão no desporto. Podes continuar a levar multas de meia dúzia de trocos em Portugal. Podes continuar a apresentar o boneco de menino do coro nos jogos das Competições Europeias. Podes continuar a dar assas à narrativa idiota de estarem em guerra aberta com a arbitragem, querendo fazer crer que andam a ser muito prejudicados e perseguidos. Podes continuar a fazer tudo o que quiseres.
Não podes é evitar que nós denunciemos essas práticas. A mais recente das quais ontem, ao afirmares que nenhum árbitro Português vai estar no Mundial, insinuando qualquer coisa relacionada com esta época desportiva que começou em Agosto.
Pois bem, Sérginho Menino Mau em Portugal e Sérginho Menino do Coro lá fora, os árbitros para o Mundial foram anunciados em MAIO de 2022. No final da época passada, portanto. E sabes porque é que não vai nenhum árbitro ao Mundial? Precisamente por terem andado a fazer o trabalho pornográfico de te fazer campeão duas vezes em três anos, com recorde de penatis e cartões a favor. É esse trabalho sujo que os árbitros Portugueses foram obrigados a fazer que está a ser julgado na ausência de árbitros no Mundial e não o trabalho honesto que estão a fazer esta época, para vosso grande desgosto. Ou pensas que na UEFA é tudo ceguinho e não vê o que o Soares Dias anda a fazer há anos nos jogos do Calor da Noite, principalmente nos clássicos com o Benfica? Ou não viram os fora de jogos de 2 cm´s paridos pelos VAR´s que sonegaram quase meia dúzia de golos ao Benfica nos últimos 4 ou 5 jogos contra a corja que diriges?
Ganha vergonha nessa cara."
Procura-se o rasto do dinheiro
""O Ministério Público e a Autoridade Tributária realizaram, no início da semana, várias buscas na cidade do Porto, no âmbito da “Operação Prolongamento”, uma investigação judicial que incide sobre os negócios feitos pelo presidente do FC Porto com um dos sócios do Grupo DESFO, que detém, entre outras sociedades, a cadeia de lojas “Hôma” que sucedeu ao “DeBorla”.
Mas não terá sido nos produtos disponíveis para o recheio de uma casa que a procuradora Joana César de Campos, que conduziu a diligência, estava interessada, mas sim, ao que a VISÃO apurou, em negócios imobiliários feitos pelo presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, nomeadamente na assinatura de contratos-promessa de compra e venda de apartamentos e posteriores cessões de posições contratuais. A casa do empresário e sociedades por si controladas, terão sido recolhidos os alvos das buscas.
Segundo o Ministério Público alegou nas buscas de setembro de 2021, pelo menos desde o ano de 2012, vários agentes desportivos, entre eles José Pedro Pinho e Alexandre [Pinto] da Costa acordaram com Jorge Nuno Pinto da Costa em desenvolver um esquema a gerar proveitos indevidos na esfera do referido dirigente, agentes e sociedades conexas(…)”, sendo que tais agentes terão aceitado “devolver aos dirigentes do mesmo clube, designadamente a Jorge Nuno Pinto da Costa, parte dos montantes cobrados pela sua intervenção como intermediários nesses negócios”. De acordo com informações recolhidas pela VISÃO, a investigação suspeita que algumas verbas terão sido investidas na compra de apartamentos.
Para o MP, o empresário Pedro Pinho era frequentemente chamado “a realizar pagamentos de despesas não documentadas no alegado interesse do FCP”, “bem como se suspeita que Pedro Pinho realize atribuições para a esfera pessoal de Jorge Nuno Pinto da Costa”. O procurador diz que, neste último caso, as suspeitas dizem respeito à “forma” como o empresário confere ao presidente do FCP Porto “direitos sobre imóveis”, os quais poderão passar pela cedência de posições contratuais sobre, por exemplo, contratos de compra-venda.
A Operação Prolongamento, recorde-se, nasceu do processo “Cartão Vermelho”, que tem Luís Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica como principal arguido. As escutas telefónicas realizadas desde, pelo menos 2018, levaram o Ministério Público a partir a investigação em três: os negócios do Benfica; os direitos de televisão negociados com a Altice e, por fim, os negócios do FC Porto com jogadores.
Ao contrário do “Cartão Vermelho”, a “Operação Prolongamento” ainda não tem arguidos constituído mas, a avaliar pelos alvos das buscas de setembro de 2021, tudo indica que Pedro Pinho, Jorge Nuno Pinto da Costa, Alexandre Pinto da Costa, Adelino Caldeira e Fernando Gomes (estes dois últimos são administradores da SAD do FC Porto) possam adquirir tal condição.
A VISÃO contactou o grupo DESFO para obter uma reacção dos sócios – Jaime Rocha e Álvaro Rola – mas não obteve qualquer resposta."
Texto de: Revista Visão"
Buscas 'quase' secretas!!!
E sobre as buscas na cada de pinto da costa? A imprensa da capital e o centralismo, estão com mordaça? É só a Laranjo que fala? pic.twitter.com/UTOqMWW8c3
— Benfica Sem Limites (@BenficaSLimites) November 11, 2022
As cervejas grátis de Eduardo Gallardo
"O Sport Club viajou até Durán para vencer um grupo da capital, Quito. A goleada excitou os adeptos que foram buscar os jogadores
Caminho de encontro à ligeira brisa que sopra do Pacífico, o sol lá no alto, fazendo ferver-me o cérebro, uma atmosfera difusa que começou por embaciar o brilho do céu da manhã e se foi transformando numa espécie de pasta que me encharca a camisa de suor. Sou um homem do calor e dos trópicos. Sofro com o frio e com os Invernos, tudo me serve para fugir do País Triste quando ele fica cada vez mais triste com a escuridão que um horário estúpido nos impõe às cinco horas da tarde, que neste momento já passaram em Lisboa, desse outro lado do mundo para onde não me apetece voltar como aquele barco de Torga que se negava ao destino de ter cais.
Pois, em Lisboa tudo na mesma, isto é, a vida morre... Pior ainda do que em Nambuangongo, Manel? A velha capital do Império, agora plastificada para agradar a turistas, parece ansiar por outro 1755, suplicando pela desgraça, recebendo absurdidades como a Web Summit, esse incomprensível evento que todos os anos lhe entope as artérias e fornica a cabeça de quem lá mora (e sobretudo trabalha), atraindo sempre os mesmo oradores vazios que enchem de nada os ouvidos de gente descerebrada e até se dá ao luxo de ter uma mulherzinha histérica e bacoca a dar lições de liderança. Se isto não é de ter vontade de um terramoto, onde está ela? Inexplicável vontade de chamar gente, chamar mais gente, cada vez mais gente, de entregar a cidade aos outros de mão beijada, de deixar que sejam eles a pisar os seus passeios, a sua consciência e a sua perdida liberdade. Djavan podia cantar ao longe:
«Mas é doce morrer nesse mar de lembrar
E nunca esquecer
Se eu tivesse mais alma pra dar
Eu daria, isso pra mim é viver».
Minha dor recuperada aqui junto à linha do Equador, Guayaquil, uma e meia da tarde. Uma espécie de névoa castanha escura paira sobre os braços do Guayas que recorta os bairros, vou-me liquefazendo mas, ao mesmo tempo, nesta terra de sofredores, já chega de mártires e das respetivas histórias dos seus martírios, e por isso paro numa taberna, sento-me na esplanada a beber essa bomba recuperadora de cansados feita à base de cerveja misturada com limão, especiarias e malaguetas e servidas em copos cujas bordas vêm a brilhar de sal a que chamam de michelada, procuro no mapa velho o lugar de onde zarpavam as embarcações que demandavam o norte, pelo rio adentro até Samborondón e La Aurora, esforço os olhos contra a luz que teimam em cerrá-los na procura do vislumbre de Durán, na outra margem, mas não consigo penetrar com a vista na dureza metálica do ar que me rodeia.
No dia 1 de agosto de 1912, um grupo de rapazes embarcou no vapor Balao e tomou o caminho de Durán, o local onde as empresas inglesas contratadas começaram a erguer a rede de caminhos-de-ferro da região. O médico, dr. Wenceslao Pareja, era o máximo responsável pelo bem estar do conjunto de jogadores do Sport Club Guayaquil do qual faziam parte os onze titulares, Básconez, Madinyá, Uraga, Reyes, Dunn, González Rubio, Roberto Wright, Ycaza, Plaza, Juan Alfredo Wright e Seminario. Pela primeira vez na história do futebol do Equador, que tinha tão escassos anos de vida, decidira-se que o campo de El Ejido, em Durán, serviria para que uma equipa da maior cidade da província, Guayquil, e outra da capital, Quito, se defrontassem num encontro que ficaria para a história. Ficou. Uma multidão plena de excitação viu o inglês Martín Dunn Hart e o grande avançado Marcos Plaza Sotomayor marcarem os golos de uma vitória convincente do clube fundado pelos irmãos Wright (4-0), o primeiro a surgir no país.
A viagem para Durán tinha sido feita de manhã bem cedo, ao nascer do sol, o regresso estava agendado para dia 13, a seguir ao almoço. Entretanto, as notícias corriam de boca em boca em Guayaquil. A equipa mais representativa da cidade esmagara os homens da capital e dava uma alegria suprema às gentes que se batiam por direitos fundamentais que lhes eram basicamente recusados, ano após ano, pelo governo central. A vitória do Club Sport ganhou uma aura política inimaginável para os seus jogadores.
Quando se reuniram no porto de Durán para voltarem a casa, desta vez a bordo do Sam Pablo, os rapazes do Sport Club foram envolvidos por milhares de habitantes de Guayquil que não estiveram dispostos a esperar pelo seu regresso para se atirarem para uma festa de arromba, daquelas que fez com que muito homem encorpado e resistente, se perdesse durante dias pelos canaviais do Guayas sem muito noção de que em que lugar verdadeiramente se encontrava. Todos os barcos que faziam a carreira Guyaquil-Durán estavam cheios, a abarrotar de adeptos que tinham feito questão de ir buscar os seus moços ao outro lado do rio acompanhando a sua viagem gloriosa. A desforra ficou desde logo marcada para 18 de outubro, no antigo hipódromo de Guayaquil. Eduardo Gallardo, dono d e uma fábrica de cervejas prometeu que só não ficaria bêbado quem não quisesse. O jogo (0-0) foi tão mole, tão borrachoso, que muitos desconfiaram que os jogadores tinham aceitado o convite de Gallardo desde a véspera. Djavan soube entendê-los:
«Vai além de onde eu vou
Do que sou, minha dor
Minha linha do Equador...»."
O Mundial da consciência pausada
"Daqui a uns dias, o planeta volta a encolher-se no reduto do futebol. Nada mais interessará quando a bola girar, os hinos soarem e as bandeiras se agitarem.
O contexto transforma-se em detalhe. O exército global de entusiastas que vai acompanhar, pela televisão, o Mundial do Catar esquecerá os migrantes mortos nas obras, o desrespeito pelos direitos das mulheres e da comunidade LGBT e os constantes atropelos à democracia de uma monarquia absoluta que instalou ar condicionado em estádios majestosos que serão desmantelados logo depois da prova. Joseph Blatter, o ex-homem-forte da FIFA que patrocinou, de forma criativa, a escolha do país árabe, demorou uma década a arrepender-se da decisão. Este foi o momento consciência pesada da Federação Internacional do Futebol.
Mas ao longo dos anos, e com a imagem do Catar a degradar-se aos olhos das democracias ocidentais, a posição da FIFA foi evoluindo para o estado em que hoje se encontra: o da consciência pausada. "Concentrem-se no futebol e fechem os olhos ao resto" é o novo mantra. E, no final, é mesmo isso que vai acontecer. Ficarão os golos, os heróis e os vilões, o brio nacionalista travestido de júbilo ou desilusão.
O futebol é uma indústria, não um conto de fadas. Busca lucros, audiências, capital de influência, é permeável aos subornos, mas ilude as trapaças com a habitual magia dos dribles dos que alimentam a máquina, mesmo que esta os mastigue e deite fora: os jogadores. Será sobre eles que vão recair as atenções.
Mas a FIFA não brinca em serviço e já avisou os artistas que eles estão lá para entreter, não para despertar consciências ou acordar fantasmas. Veremos quão obedientes serão atletas, treinadores e dirigentes. É ali, no campo, na montra planetária onde não há barreiras, que ainda podem fazer a diferença. Há muitas formas de ganhar jogos neste Mundial da consciência pausada."
Jogadores e treinadores do futebol profissional
"É preciso não esquecer que entre os melhores estão aqueles que, de tenra idade, foram subtraídos a um meio pobre e com poucos recursos educativos, e não só, pela mão das ‘escolas” de clubes, as chamadas “academias”...
Em síntese diremos que ao futebol profissional falta a socialização normal, e adequada, a que, infelizmente, escaparam a maioria dos seus jogadores, por culpa das estruturas do país que trata os seus cidadãos de modo diferenciado, ou seja, uns como filhos outros como enteados. Quer isto dizer que o meio social, a falta de escolarização, de Educação e de Cultura próprias da nação portuguesa, fazem com que entre milhares de praticantes, só uma minoria consiga brilhar no futebol profissional, e mesmo assim deixando a certeza de que, não fosse essa desvantagem, poderiam ir muito mais longe e atingir o virtuosismo. E é preciso não esquecer que entre os melhores estão aqueles que, de tenra idade, foram subtraídos a um meio pobre e com poucos recursos educativos, e não só, pela mão das “escolas” de clubes, as chamadas “academias”, aliás como alguns países, no passado, faziam, para preparar a juventude de acordo com as necessidades e objetivos estratégicos do Estado. Significa isto que não tiveram oportunidade de formar o seu “estereótipo motor-dinâmico”, que deve começar aos 4/5 anos de idade para permitir percorrer as diversas etapas do desenvolvimento psicomotor: sincrética, analítica e a sintética, de modo a atingir a perfeição e eficácia do gesto motor, aonde, por vezes, só participam dois músculos.
Falando de treinadores, é evidente, por várias razões, já aduzidas, e outras, a maioria dos jogadores que “viram” treinadores dificilmente conseguem preparar uma “esquadra” com jogadores com valores e, sobre tudo, com respeito pelos adversários e pelos “códigos” pedagógicos apreendidos na escola primária, e não só, como por exemplo quando cometiam uma falta levantavam um braço para a assinalar e, ao mesmo tempo, pedir desculpa coisa que a totalidade dos jogadores profissionais faz exatamente ao contrário: cometem a falta e levantam logo os dois braços para dizer que nada fizeram e que o árbitro vê mal. É evidente que também há exceções mas esses são uma minoria. Mas então quais serão os melhores treinadores? Serão certamente os mais bem preparados, de preferência os licenciados em Motricidade Humana, nome que hoje deve ser substituído por “Cinesiologia”, que é a ciência que estuda o movimento humano, com as suas estruturas e sistemas, em interação, para se atingir a Homeostase (Cannon), ou seja, o equilíbrio funcional orgânico. A pedagogia, a estratégia, a tática, a metodologia do treino, a estatística, a bioquímica, a farmacologia, etc., não é em seis meses que tudo isso se aprende.
E já agora, os melhores árbitros, serão também os licenciados em “Cinesiologia” por razões óbvias."
A evolução das práticas desportivas
"Vários critérios caraterizam a evolução das práticas desportivas nos últimos cinquenta anos:
1) A massificação: o número de praticantes declarados aumenta regularmente, bem que nem sempre seja possível comparar os resultados dos inquéritos levados a cabo.
2) A diversificação: é a rápida emergência de algumas categorias de práticas desportivas, o surgimento de novas disciplinas no seio de uma mesma modalidade, o desenvolvimento de práticas de manutenção da forma e do corpo (fitness e outras).
3) O consumo: as práticas desportivas podem ser consideradas como produtos de consumo, como qualquer outro. Entre vários indicadores, é de considerar o “zapping desportivo”, as campanhas de promoção das federações desportivas, o marketing agressivo dos ginásios, as grandes superfícies de venda de produtos, etc.
4) A diferenciação: algumas práticas desportivas estão muito associadas às idades dos praticantes, ao género, à origem cultural, ao local de residência e à situação familiar. Os vários inquéritos sobre a prática desportiva atestam a diferenciação social no envolvimento desportivo.
Para explicar a desigualdade no acesso a certas práticas sociais e culturais, muitos sociólogos colocam a tónica nas pressões ou nas determinantes sociais, que levam a uma pessoa a agir de determinada forma. O critério económico, para certas práticas desportivas, deve entrar em linha de conta, mas não pode explicar o conjunto das escolhas. Mesmo gratuitas, alguns desportos não são permeáveis às crianças e aos jovens das classes populares, aos “rurais”, aos imigrantes, etc. Observar as práticas desportivas através do critério técnico faz surgir quatro caraterísticas: a força (solicita capacidades morfológicas), a energia (gestos repetitivos), a graciosidade (a dança, a patinagem artística, por exemplo) e os reflexos (rapidez de decisão). O compromisso e o envolvimento numa prática desportiva respondem a uma lógica social.
Uma nota final também para referir que muitos equipamentos desportivos estão, muitas vezes, ultrapassados com as novas práticas desportivas, que foram emergindo nos últimos anos."
Clube Desportivo Escolar o futuro do associativismo juvenil
"Num país como o nosso constituído simultaneamente por território contínuo (espaço continental) e por ilhas (regiões autónomas) com uma acentuada descontinuidade territorial verifica-se, em muitas situações, que existem imensas escolas que vivem num isolamento contagiante, que condiciona o desenvolvimento dos alunos em todos os aspectos com enorme realce no desporto por inexistência de instituições vocacionadas para a prática desportiva que lhes proporcionem o devido enquadramento.
Perante este cenário, em que os estabelecimentos de ensino se encontram isolados ou distantes uns dos outros é natural que exista um sentimento de marginalização entre os alunos porque não têm ao seu alcance as condições mínimas de acesso ao desporto e integração em actividades desportivas organizadas. Contudo, acreditamos que as escolas, desde que devidamente apoiadas, são as entidades que melhor podem ultrapassar estes constrangimentos de maneira a transformarem-se no motor de desenvolvimento da comunidade circundante. Para que isso possa acontecer as escolas devem ser atractivas e dinâmicas e, nas mais diversas áreas sociais, possuir centros de aperfeiçoamento ajustados aos interesses dos alunos no preenchimento dos seus tempos livres.
Em conformidade e, como primeira medida, os horários escolares devem ser organizados no sentido de melhorar e articular as actividades curriculares e extracurriculares ao serviço dos alunos. Por outro lado, as escolas devem saber viver de mãos dadas com as autarquias e estas, por sua vez, também têm que perceber que as escolas são instituições com uma importância fundamental no seu território político-administrativo em termos de desenvolvimento humano e desportivo.
Neste contexto, a criação do Clube Desportivo Escolar integrado na estrutura das Escolas Secundárias e, eventualmente, nas Escolas Profissionais pode ser uma resposta adequada e portadora de futuro para o desenvolvimento das actividades extracurriculares dos alunos dos diversos graus de ensino. A função do Clube Desportivo Escolar nestas escolas deverá ter como principal missão animar a juventude local em projectos educativos úteis para a vida e como estratégia de acção uma efectiva colaboração na organização das actividades desportivas escolares, assim como, a realização de acções de formação em diferentes áreas para os alunos.
O Clube Desportivo Escolar deve ser uma estrutura orgânica simples e funcional. Na sua composição deverá ter professores, alunos, funcionários e, eventualmente, encarregados de educação que se voluntariem para colaborar. A direcção do CDE deverá ser liderada por um membro do conselho directivo da escola sendo as restantes funções distribuídas pelos outros elementos da equipa directiva. O facto do CDE ser uma associação desportiva da própria escola permite-lhe beneficiar dos apoios necessários ao seu funcionamento, quer se trate da utilização permanente das instalações desportivas, como também, do apoio específico dos docentes especializados no ensino desportivo e dos respectivos serviços administrativos e financeiros.
Deste modo, será um verdadeiro clube desportivo de âmbito escolar/comunitário localizado na escola, onde todas as novas gerações, as actuais e as vindouras, irão fazer diversas aprendizagens no sentido da valorização humana. Do mesmo modo, é uma primeira forma de associativismo dos adolescentes, através do desporto, na organização do seu futuro e dos colegas mais novos. Uma nova fornada de dirigentes desportivos, e não só, que irão progressivamente conquistando espaço de actuação nas diferentes instituições desportivas, culturais, educativas, científicas ou da própria comunicação social.
O Clube Desportivo Escolar é uma opção educativa de cada escola, de preparação para a vida associativa em cada comunidade, quer se trate duma freguesia, concelho, vila, cidade ou ilha. Não é uma associação criada para substituir os clubes, mas sim uma entidade vocacionada para semear desporto junto da população escolar com natural reflexo nas estruturas comunitárias, em benefício dos clubes ou outras agremiações que possam nascer a partir do associativismo local.
Organizar o futuro da juventude portuguesa, através do desporto, aproveitando a atração que ele exerce sobre as crianças e adolescentes tirando partido da sua popularidade à escala mundial. O desporto é actualmente, uma das actividades humanas de enorme prestígio na sociedade contemporânea e aquela que congrega maior número de pessoas à sua volta. Tem a capacidade de organizar grandes eventos internacionais como os Jogos Olímpicos, Jogos Continentais e Campeonatos do Mundo, nas mais diversas modalidades desportivas (individuais ou colectivas) com transmissões directas pela televisão. Nenhuma outra actividade humana possui tanta cobertura mediática através de jornais diários e canais televisivos exclusivamente sobre desporto.
O desporto para além de ser um meio educativo de largo alcance, pois é praticado na maioria das escolas, produz avultadas receitas ao nível da alta competição que são distribuídas por muitas entidades e intervenientes do fenómeno desportivo, sendo igualmente uma das actividades mais solidárias em todo o mundo para com os mais desfavorecidos. O Comité Olímpico Internacional, através da Solidariedade Olímpica, investe grande parte das suas receitas no apoio à construcção de instalações em centros de ensino escolar em países pobres. As receitas das transmissões televisivas dos campeonatos universitários nos Estados Unidos possibilitam a atribuição de centenas de milhares de bolsas de estudo a jovens sem recursos financeiros.
Os principais indicadores económicos nos mais diversos países, espalhados por esse mundo fora, referem que as actividades físicas e desportivas são uma das áreas que se encontram em maior expansão e desenvolvimento à escala global e, como tal, são fundamentais na criação de novos empregos.
Por tudo isto, o Clube Desportivo Escolar pode ser, para muitas escolas e comunidades envolventes, um polo de desenvolvimento desportivo, cultural e económico das populações locais."