domingo, 17 de julho de 2022

Análise ao mercado do SL Benfica


"Como É Que Classificas O Defeso De Transferências Das Águias?

Depois de uma época interna desastrosa e de uma campanha europeia em que até caiu de pé, o SL Benfica vive agora um período de grandes mudanças, quer no plantel, quer na sua estrutura. A entrada de Roger Schmidt, revela que os encarnados voltaram a apostar em treinadores estrangeiros, algo que não acontece desde a saída de Quique Flores.
Já em relação plantel, este parece longe de estar fechado. O treinador alemão decidiu levar 38 jogadores para o estágio em Inglaterra, já com a inclusão das contratações David Neres, que chega do Shahktar Donetsk sem nunca ter jogado um jogo oficial pelos ucranianos, Alexander Bah que vem do Slavia de Praga, Mihailo Ristic do Montpellier, Petar Musa do Boavista e o central João Victor do Corinthians.
O número elevado de jogadores em estágio, vem mostrar que são muitos os casos por resolver no plantel benfiquista, que recebeu 12 regressados de empréstimos, e ainda só conseguiu recolocar seis deles.
De entre os casos por resolver destacam-se o de Pizzi e Chiquinho, no caso dos que regressados, mas também o de André Almeida, Seferovic, Taarabt, Meité e Rodrigo Pinho. Já Ebuehi e Gabriel nem sequer entram nas contas, devendo mesmo estar para breve a sua colocação.
No que toca à atuação no mercado das entradas, depois dos cinco nomes que já estão integrados no plantel, as águias, após desistência da contratação de Reinier, já garantiram Enzo Fernández, ex-médio centro do River Plate que vem trazer grande expectativa para o futuro do futebol encarnado, tanto futebolística como financeiramente falando.
Até porque o próprio já fez saber que o SL Benfica é uma espécie de trampolim para se transferir para um clube maior. Algo que quem anda no futebol já sabe que assim funciona, mas que não é usual esta honestidade gritante.
Resumindo, o SL Benfica contratando um ponta-de-lança, um extremo direito, um médio para a faixa central, dois laterais (esquerdo e direito) e um defesa central, reforçou assim todas as zonas o terreno.
Contratações cirúrgicas, as realizadas por Schmidt e pela estrutura benfiquista com um único objetivo, voltar a levantar o troféu de campeão nacional, que foge das vitrines do museu Cosme Damião desde 2018/2019.
A meu ver, tanto em relação ao timoneiro, como em relação às entradas de jogadores, está no bom caminho. Colmatar a preponderância de Darwin na época transata e melhorar o desempenho do conjunto que atua no Estádio da Luz são os grandes desafios que o SL Benfica terá para a época que se avizinha a passos largos."

5 golos do SL Benfica dignos de Puskás


"Achas Que Estes 5 Golos Do SL Benfica Merecem Destaque Na História Encarnada?

O exercício é hercúleo mas nós tentámos, num esforço conjunto entre memória e pesquisa. Certamente que para trás ficaram muitos que nem televisionados foram – como o famoso remate de Eusébio em Turim, a 40 metros do golo – e portanto foram cartas fora do nosso baralho.
Outros, tão óbvios que dói – Carlos Manuel na final da Taça nas Antas, o primeiro e o segundo de João Pinto em Alvalade – ficaram no banco a descansar que era tempo de descobrir outros tão bons ou melhores.
Tentámos, a todo custo, conjugar a beleza do golo com a importância de todas as circunstâncias que o proporcionaram: e aqui estão, os cinco que não serão os de todos os benfiquistas, que estão convidados a discutir e a sugerir outros, mas um quinteto que merecia prémio.

1. Ricardo Gomes vs. Dnipro, Taça Dos Campeões Europeus 1989-90

 

Um central brasileiro em acrobacia a rematar ao ângulo num jogo europeu fora de casa. O vídeo podia ser o do golo de Luisão em Eindhoven frente ao PSV, em 2010-11, mas o de Ricardo Gomes é mais adornado no capítulo da classe do gesto e da trajetória da bola – directa ao ângulo superior, não em balão como aquela 21 anos depois.
No frio ucraniano, o golo de Ricardo foi a cereja no topo do bolo duns Quartos de Final manifestamente fáceis para o SL Benfica, que assim transitava rumo às Meias Finais e ao embate lendário frente ao Marselha.

2. Poborsky vs SC Braga, Primeira Liga 1998-99

 

O sprint de Rafa desta época não é original por cá. As semelhanças com o golaço do checo Karel são indesmentíveis.
E se a Poborsky já lhe reconhecia talento suficiente para sacar um destes da cartola, é preciso atentar o contexto para perceber como é que um golo consegue estar ainda hoje fixado na memória duma geração inteira: o Benfica passava pelo seu ‘Vietname’, era quarto na ordem de prioridades da Liga Portuguesa.
Nessa época, por exemplo, o Boavista, que ainda não era o Boavistão de 200, veio à Luz acabar com as esperanças de título com uns esclarecedores… 0-3 – e caminhava assim para a quinta época sem título.
Poborsky, junto a PreudHomme, JVP e Nuno Gomes, eram a única garantia que os adeptos tinham de que em campo jogava o SL Benfica e não qualquer outro clube equipado de vermelho. Um golo destes, no meio de tudo isto, justifica todos os elogios.

3. Lima vs Sporting CP, Primeira Liga 2012-13

 

O SL Benfica que tudo perdeu era bem mais entusiasmante que aquele que tudo ganhou: ou seja, o de 2012-13 jogava um futebol muito mais aberto e alegre que o de 2013-14, que compensava em eficácia e pragmatismo.
E se há lance que expõe o brilhantismo dessa época de má memória é o golo acrobático de Lima criado pelo tango de Salvio e Gaitán, os artistas de serviço que alimentavam o brasileiro e Cardozo, a dupla que acaba a temporada com… 63 golos faturados.

4. Eusébio VS La Chaux-De-Fonds, Oitavos De Final Da Taça Dos Campeões 1964-65


O vídeo deixa muito a dever aos standards qualitativos atuais no que toca á qualidade e nitidez, mas o essencial não passa despercebido: recepção orientada, chapelada no central francês e bolão na gaveta – o golo é uma réplica dum ainda mais famoso de Pélé, que chapelou dois antes de finalizar, mas não deixa de ser um lance de levantar o estádio.
O SL Benfica venceria o campeão suíço de 1963-64 por 5-0 (depois de empatar a um na primeira mão) e avançaria rumo aos Quartos, preparadíssimo para voltar a defrontar o Real de Di Stéfano, Puskas ou Amancio, o autor do golo de honra dos blancos no… 5-1 do Estádio da Luz. “Depois é que foram elas” comentava, e bem, Rui Tovar.

5. Vitor Paneira vs Boavista, Final Da Taça 1992-93

 

A época não havia começado da melhor forma com Tomislav Ivic no comando, Toni chegara a meio para salvar como tinha salvado em 1987-88, quando acabou por chegar à final da Taça dos Campeões.
O plantel de 1992-93, em qualidade individual, seria capaz do mesmo feito, se existisse a estabilidade de outros tempos: Mozer, Schwartz, Veloso, Kulkov, Paulo Sousa, Rui Costa, Futre, Pacheco, Paneira, Isaías, João Vieira Pinto, Rui Águas, Mostovoi, Yuran.
Ufa, tanta qualidade que teve a sua única demonstração de força na final da Taça, com o golo inaugural a provar que havia matéria para título europeu. Mas o SL Benfica estava do€nt€ e Damásio havia substituído Jorge de Brito…"

Benfica solidário com vítimas da vaga de incêndios


"O Sport Lisboa e Benfica expressa solidariedade a todos os que estão a sofrer com as consequências desta vaga de incêndios que assola o País e presta homenagem aos milhares de homens e mulheres que, de forma determinada e incansável, os procuram combater.
O Clube manifesta igualmente o seu profundo pesar pela morte do Comandante André Serra, falecido durante um combate a um fogo na região de Torre de Moncorvo, e cuja enorme dedicação cívica e bravura profissional a todos sensibiliza.
Através da Fundação Benfica continuaremos empenhados em diferentes iniciativas que ajudem a prevenir, mas também a mitigar os terríveis efeitos deste momento difícil que Portugal atravessa."

Se fosse...


"As pessoas brincam e gozam, mas se fosse o FC Porto era penálti. Nunca esquecer a #ligadafarsa e os #40anosdisto.
O que se passou na época passada tanto na Liga Portugal como nos escalões de formação não se pode voltar a repetir. Os roubos foram absolutamente escandalosos.
Temos de estar unidos na defesa do Benfica!"

Darwin: Teorias que fazem espécie


"Já aqui o dissemos imensas vezes. O futebol é (ainda) um lugar sem misericórdia. E já que estamos nisto estenda-se o pensamento à globalidade. Não só o futebol como o Mundo no geral. Mas, sendo que o que nos interessa aqui é o futebol (que até dá um bom ponto de vantagem para como funciona o Mundo), fiquemo-nos só pelo campo e pela sua periferia (análises, comentários, opiniões nos média e redes sociais acerca do fenómeno). Pois bem, o que é isto de misericórdia? Normalmente temos um conceito muito mais épico de misericórdia, do género de alguém muito poderoso poupar a vida de alguém que não tem meio de defesa. E visto desse prisma tornar-se-á idiótico misturar misericórdia com futebol. Mas a verdade é que, mesmo aquilo que parece um Mundo glamouroso como o do futebol de topo e mesmo pegando-se num jogador que ganha milhões, pode haver, e sofrer-se de, falta de misericórdia. Isto porque a misericórdia é, nada mais e nada menos, do que ‘tirar-se uma foto’ de alguém e formular o argumento de que a pessoa (ou neste caso o jogador) não é, nem será, mais do que isso. E isso sim, é idiótico.
E a mais mediática vítima (desta semana) em relação a esse nefasto aspecto (que já está tão impregnado que nem o questionamos), é alguém com o nome perfeito para ilustrar esta temática. Darwin, neste caso o Nuñez, que sofre com as ramificações das teorias de outro Darwin, neste caso o Charles. Só os mais fortes sobrevivem e, neste caso, bastou um clip de 10 segundos para se tentar instituir o que Darwin vale e condená-lo à categoria de flop. Bem sei que adiante, os minutos jogados na derrota contra o Manchester United, parecem confirmar tudo isso. Mas também sei que quem rejubila agora com essas fotos tiradas a Darwin mais não quer do que ver confirmada a (sua) ideia inicial: a de que Darwin não é jogador para o Liverpool ou a de que Darwin é só aquilo a que já chegou (com os seus defeitos e virtudes) e pronto, por aí ficará – sendo mais fácil descer até uns degraus do que subi-los.
Falamos de Darwin como falaríamos de outro qualquer. Isto porque no futebol e na análise de algibeira tornaram-se hábito estes snapshots. Sendo que muitos dos que defendem a evolução do jogador são também aqueles que querem ver a sua opinião validada. Ora isto é bem simples. Havendo duas hipóteses (ou dá ou não dá, ou vinga ou não vinga) não há pensamento intelectual que seja assim tão necessário. O Zé da tasca pode acertar e o pé de microfone errar – ou vice versa. E o que os dois querem é, basicamente, dizer ‘eu bem vos disse!‘ Como se estivesse escrito na pedra que ‘já falhou‘ ou ‘já deu‘.


Por certo já devem ter dado conta que não estou aqui para dar a minha opinião sobre Darwin. Facto que se explica facilmente pela razão de que não faço, nem posso fazer, a mínima ideia se Darwin terá ou não sucesso na cidade dos Beatles (e nas outras onde o Liverpool for jogar). O que se pode tirar disto é perceber-se que, ainda não tendo acontecido, há milhentas condicionantes a ter em conta. E para cada uma delas um argumento a favor e outro contra. Bem sei que a algumas pessoas lhes dará jeito jogar este jogo mas enquanto o fazem nunca sairão da mente linear, da mente dualista do certo e errado. E mesmo que tenham criado um espírito forte que lhes permite jogar bem esse jogo, esse é um que nada tem que ver com o futebol em si. Ora Darwin tem dificuldades a jogar de costas. Tem algumas carências técnicas, de criação, definição e de finalização. Tem também condições excepcionais para se dar à finalização (especialmente partindo da esquerda) como tem um poderoso remate e é fisicamente impressionante a desgastar defesas (em vários momentos do jogo) como é impressionante a facilidade com que pode virar um jogo tal a quantidade de situações-chave que torna possíveis. Somando-lhe o modelo de Klopp em que é que ficamos? Ah sim, pode dar. Mas também pode não dar. Ok. E então agora o que é que se faz?
Fugindo às certezas absolutas (umas mais refinadas pelo mediatismo, outras mais brutas pelo algum anonimato das redes) importa também dizer que a análise não parte de um desejo. E ao formarem-se opiniões tão definitivas (mas sempre subjectivas), acontece que, depois, tudo o que se passar terá de caber nessa caixa. Por exemplo, esta semana tivemos Darwin a aparecer num treino e a falhar um golo. Vimo-lo depois a falhar outro, já num jogo. Mas se para a semana fugir à defesa e marcar e, de seguida, ganhar um duelo e assistir, em que ficamos? As duas facções vão sempre tentar encaixar qualquer ideia no statement que já fizeram. Vai uma aposta? E se já está pré-definido onde haverá então margem para evolução? E é aqui que o futebol foge e se distingue da análise fácil.


O texto foi escrito antes do Liverpool-Palace desta sexta-feira. E os momentos de Darwin no mesmo confirmam o tal mapa que se desenhou aquando da sua contratação pelos reds. Dificuldades em estender o raio de ação e servir de fixo, servido na profundidade como principal arma. A novidade (que não é assim tanta se nos lembrarmos da sua chegada à Luz) será já a carga emocional num jogo de pré-época. Demasiado ansioso para demonstrar e justificar o valor, o uruguaio terá que perceber que pode trabalhar nas dúvidas que tem e chegar a um balanço confortável na reação à pressão externa que carrega agora nos braços. E pegando no vídeo acima será fácil ver por onde começar. Porém, ao contrário da adivinhação que já se fez, a chave do seu sucesso estará ainda num limbo difícil de prever e dependerá da análise a essas reações (já bem visíveis no segundo jogo de pré-época) e na transcendência das mesmas. Bem sei que a pressão será: ou é perfeito ou não vale nada. Mas Darwin terá que estar acima dessa dualidade e apresentar-se o mais neutro e tranquilo possível. E a evolução começa aí. Ainda bem que tem Klopp com ele.

Tudo isto para dizer que em futebol isso interessa zero. Bola. E o futebol real está tão longe desse pensamento a preto e branco que deveria envergonhar quem, do lado de fora, o ‘analisa’ com a sobranceria de tudo saber e de tudo prever. Já aqui o disse: é impossível saber se Darwin (mesmo tendo falhado um golo no treino) terá sucesso. Mesmo que dê jeito a uma ideia preconcebida e que valide o ego de quem a adoptou, é impossível. E porque é que é impossível, meus caros?
Porque o que tornará possível ou impossível não é o mapa que nós desenvolvemos ao ver o Darwin jogar. É o território real que o comanda quando ele joga: a mente. E bem sei que conhecem o físico do Darwin, as fintas do Darwin (e a falta delas), as movimentações… e que alguns até conhecem tudo isto a um detalhe muito interessante. Mas o que vai definir muito do sucesso de Darwin são as suas reações mentais. E essas virão da ideia de si próprio (já que tanto se fala em identidade) e da abertura da mesma para evoluir. Como irão depender da ideia de si próprio em relação ao jogo (já que se fala tanto na mente) e das emoções (positivas ou negativas) com que vai forçar essas duas ideias anteriores no seu jogo. E na análise a esses três factores mentais estará muito do que o Darwin é hoje, como estará muito do que Darwin poderá vir a ser no futuro. E o que preocupa agora Klopp não é se ele vai dar já ou não, ou se der quando o vai fazer. O que Klopp se foca agora é no processo de crescimento e transcendência do jogador, e mesmo esse dependerá da abertura de Darwin e das suas reações a esta nova (e intensa a todos níveis) realidade. O trabalho com Darwin será esse, o de primeiramente acabar com qualquer dúvida na sua mente para que possa agir livremente e não reagir aos medos que advêm dessas dúvidas. E só transcendendo essas poderá estar liberto para agir e não reagir a tantas e tantas ‘fotos‘ que vão tirar dele dizendo: isto é o que o Darwin é! Mas o que o Darwin é, primeiramente, é alguém que pode perfeitamente pegar num aspecto menos evoluído e, com o devido trabalho, transcendê-lo. Isso é o que somos todos, embora as dúvidas disso (e a falta de misericórdia) tenham tirado fotos de todos nós para nos definirem limites. E o futebol (e sua periferia) não pode ir nessa cantiga. Há um processo com vista à evolução. Esse em futebol é importante (nuclear até), no totobola nem tanto. Mas como dizia o outro: com a medida que me julgaste a mim, já te julgaste a ti próprio!"