terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Bancadolândia


"Sem pedir nem exigir por decreto, podemos, em qualquer circunstância, esperar mais de alguma coisa ou de alguém. Da equipa feminina de futebol do Benfica, já ninguém terá dúvidas, podemos esperar tudo, porque corresponde às expectativas que aceita em seu redor e porque honra promessas, explicitando que anseia pelo salto qualitativo global no enquadramento luso, para ter condições de voar mais alto na alta-roda internacional. Para esta temporada, o objectivo mínimo na Liga dos Campeões era fazer melhor do que na época passada, recolher mais do que quatro pontos na fase de grupos. O sorteio não foi nada meigo, obrigou as Inspiradoras a enfrentar Lyon e Barcelona, tão-somente as duas melhores equipas da atualidade no futebol europeu, olhando para os resultados e também para a tabela do coeficiente da UEFA.
Escrevo esta reflexão antes do reencontro com o Barça. O começo da caminhada, na Catalunha, foi espinhoso, uma lição para quem se encontra num processo de aprendizagem e a escalar no ranking europeu (23.º lugar de momento), mas também não é menos verdade que o duelo com as catalãs foi descaracterizado e influenciado negativamente por um considerável número de baixas relevantes no coletivo. Se já era uma missão altamente complexa estando na máxima força, pior se tornou em face da indisponibilidade de peças de sustentação da mecânica do conjunto. Constatámos e sentimos na pele um desnível que reforça a urgência de desenvolvimento da vertente feminina do futebol em Portugal, uma permanência que a treinadora do Benfica sublinharia com um traço profundo na antevisão do jogo da 4.ª jornada: 'Enquanto o futebol português não evoluir mais, é impossível pedir ao Benfica para se bater com um Barcelona. Precisamos de profissionalizar a nossa liga'.
O princípio foi doloroso, mas na 2.ª ronda, apesar da (tangencial) derrota (2-3), percepcionou-se um figurino técnico-tático diferente e também mais Benfica: 'Com o Bayern já mostrámos que temos muitas hipóteses de lutar com qualquer equipa da Liga dos Campeões', observou Filipa Patão. E a equipa encarnada afirmou e comprovou a sua trajetória promissora nas duas jornadas seguintes, lavrando vitórias no duplo embate, em Portugal e na Suécia, com o Rosengard, equipa colocada apenas três degraus abaixo do top 10 da UEFA. Seis pontos para as águias, que assim superam os quatro do ano passado, época da estreia nestas andanças, mas o mais reluzente foi mesmo a forma como a equipa, fortalecida pela aptidão (física) dos seus melhores trunfos, se impôs e se superiorizou às nórdicas."

João Sanches, in O Benfica

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