sábado, 31 de dezembro de 2022
Reagir
"A invencibilidade desde o início da temporada foi quebrada ao 29.º jogo, o qual não nos correu de feição desde o início. Esta derrota já pertence ao passado; regressar à senda vitoriosa o mais rápido possível é o desafio que se coloca.
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Roger Schmidt reconhece que o Braga mereceu a vitória e considera que "o importante agora é a nossa reação". Quanto ao impacto deste resultado, Schmidt defende que "não há dano nenhum, é normal no futebol". E realça: "Temos um grande espírito na equipa, ganhámos ao longo da época muita confiança e muitos jogos difíceis."
Veja a conferência de Imprensa do nosso treinador.
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Bah também analisou o jogo e perspetiva o futuro: "Por vezes o jogo não sai da forma como o preparámos e, obviamente, o Braga puniu-nos. Agora, temos de ir para casa e voltar a trabalhar forte. Continuamos em 1.º lugar e acreditamos que vamos seguir em frente."
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Pedro Marques, diretor técnico do futebol de formação do Benfica, concedeu uma entrevista exclusiva à BTV e fez um balanço do ano que agora finda.
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Já são conhecidos os nossos adversários no grupo da WSE Champions League de hóquei em patins: UD Oliveirense (Portugal), HC Liceo (Espanha) e CP Calafell (Espanha). Valter Neves, team manager da equipa, fez uma leitura do sorteio: "É um grupo homogéneo, temos de estar na melhor forma em cada uma das partidas que vão ser disputadas." Veja o calendário da nossa equipa nesta prova.
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No andebol feminino, vencemos o Torneio KakyGaia. Na final batemos a Seleção Sub-19 de Portugal, por 31-29.
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Está apresentada a nossa equipa de triatlo para 2023. Veja a reportagem da BTV.
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Desejamos um excelente 2023 a todos os Benfiquistas e que possamos celebrar muitos títulos do nosso querido Clube!"
Unidos...
"O SL Benfica é líder do Campeonato, com 5 pontos de vantagem sobre FC Porto e 9 sobre o Sporting, depois do jogo de ontem.
Muitos Benfiquistas ficaram descontentes. Já os nossos rivais estão felizes da vida!!
Exigência é isto...😏
Votos de um excelente Novo Ano cheio de vitórias.
Vemo-nos no Marquês, em Maio.
Carrega Benfica 🔴⚪🦅
Unidos somos mais fortes."
2023
"Com o fim do ano civil 2022, é tempo de fazer o primeiro balanço da época em curso. Do futebol às modalidades coletivas, masculina e feminina, o SL Benfica lidera as seguintes tabelas classificativas dos respetivos campeonatos:
𝟭º 𝗲𝗾𝘂𝗶𝗽𝗮 𝗽𝗿𝗶𝗻𝗰𝗶𝗽𝗮𝗹 𝗱𝗲 𝗳𝘂𝘁𝗲𝗯𝗼𝗹
𝟭º 𝗳𝘂𝘁𝗲𝗯𝗼𝗹 𝗳𝗲𝗺𝗶𝗻𝗶𝗻𝗼
𝟭º 𝘀𝘂𝗯-𝟮𝟯
𝟭º 𝗝𝘂𝗻𝗶𝗼𝗿𝗲𝘀 𝗦𝘂𝗯-𝟭𝟵
𝟭º 𝗝𝘂𝘃𝗲𝗻𝗶𝘀 𝗦𝘂𝗯-𝟭𝟳 𝗔
𝟭º 𝗳𝘂𝘁𝘀𝗮𝗹
𝟭º 𝗳𝘂𝘁𝘀𝗮𝗹 𝗳𝗲𝗺𝗶𝗻𝗶𝗻𝗼
𝟭º 𝗵𝗼́𝗾𝘂𝗲𝗶 𝗲𝗺 𝗽𝗮𝘁𝗶𝗻𝘀
𝟭º 𝗵𝗼́𝗾𝘂𝗲𝗶 𝗲𝗺 𝗽𝗮𝘁𝗶𝗻𝘀 𝗳𝗲𝗺𝗶𝗻𝗶𝗻𝗼
𝟭º 𝗮𝗻𝗱𝗲𝗯𝗼𝗹 𝗳𝗲𝗺𝗶𝗻𝗶𝗻𝗼
𝟭º 𝗯𝗮𝘀𝗾𝘂𝗲𝘁𝗲𝗯𝗼𝗹 (𝗙𝗖 𝗣𝗼𝗿𝘁𝗼 𝘁𝗲𝗺 𝗺𝗲𝗻𝗼𝘀 𝟭 𝗷𝗼𝗴𝗼)
𝟭º 𝗯𝗮𝘀𝗾𝘂𝗲𝘁𝗲𝗯𝗼𝗹 𝗳𝗲𝗺𝗶𝗻𝗶𝗻𝗼
𝟭º 𝘃𝗼𝗹𝗲𝗶𝗯𝗼𝗹
𝟭º 𝗣𝗼𝗹𝗼 𝗔𝗾𝘂𝗮́𝘁𝗶𝗰𝗼 𝗳𝗲𝗺𝗶𝗻𝗶𝗻𝗼
𝟭º 𝗥𝘂𝗴𝗯𝘆 𝗙𝗲𝗺𝗶𝗻𝗶𝗻𝗼
E ainda:
𝟭º 𝗧𝗲́𝗻𝗶𝘀 𝗱𝗲 𝗠𝗲𝘀𝗮 𝘀𝗲́𝗻𝗶𝗼𝗿𝗲𝘀 𝗳𝗲𝗺𝗶𝗻𝗶𝗻𝗼𝘀
O saldo é francamente positivo, estamos no caminho certo, mas as vantagens pontuais não significam nada se no final não conquistarmos o que todos ambicionamos: títulos e troféus!
É, por isso, crucial manter a exigência e o foco no trabalho.
𝗗𝗲𝘀𝗲𝗷𝗮𝗺𝗼𝘀 𝘂𝗺 𝗲𝘅𝗰𝗲𝗹𝗲𝗻𝘁𝗲 𝟮𝟬𝟮𝟯 𝗮 𝘁𝗼𝗱𝗼𝘀 𝗼𝘀 𝗕𝗲𝗻𝗳𝗶𝗾𝘂𝗶𝘀𝘁𝗮𝘀 𝗲 𝗾𝘂𝗲 𝗽𝗼𝘀𝘀𝗮𝗺𝗼𝘀 𝗰𝗲𝗹𝗲𝗯𝗿𝗮𝗿 𝗺𝘂𝗶𝘁𝗼𝘀 𝘁𝗶́𝘁𝘂𝗹𝗼𝘀 𝗱𝗼 𝗻𝗼𝘀𝘀𝗼 𝗾𝘂𝗲𝗿𝗶𝗱𝗼 𝗖𝗹𝘂𝗯𝗲! 🎉🥂"
1.º lugar
"1.º lugar no campeonato.
5 pontos de avanço sobre o Porto.
9 pontos de avanço sobre o Sporting.
Melhor ataque da liga.
Melhor defesa da liga.
1 derrota em 29 jogos.
Os dragartos andam eufóricos a festejar o quê, mesmo? Ganharam algum título? Foguetes é logo à noite e em maio. Normalmente quem lança os foguetes antes do tempo acaba por levar com as canas na cabeça.
Nada estava ganho e nada está perdido. Concentração, dedicação, esforço, humildade e muito, muito trabalho. Continuar o nosso caminho focados apenas em nós e não no ruído externo.
Benfica sempre! Boas entradas a todos os benfiquistas. Que tenhamos todos um excelente 2023 e que nos traga muitas conquistas a nível desportivo, profissional e pessoal. 🦅🎉"
Cadomblé do Vata
"1. Como dormi muito mal, acordei de péssimo humor, verdadeiramente chateado e sem paciência para merdinhas, por isso vamos já meter tudo em pratos limpos... o Rei morreu... faz na próxima semana 9 anos.
2. Jogo típico de descompressão de final de temporada... e um resultado que em nada belisca o mérito da nossa conquista do Troféu Homem do Ano 2022.
3. Enzo Fernandez fez bem em oxigenar o cabelo... se não fosse a trunfa fluorescente, ninguém reparava que ele estava em campo.
4. Nem tudo são más noticias... com esta derrota poupou-se no bónus de vitória que ia ser atribuído aos jogadores e ficamos com excedente para pagar mais umas capas parvas n'A Bola.
5. Empatamos com Vitória e Moreirense e perdemos com SC Braga... este ano, Minho rima com Benfiquinho."
Futebolês - C
"“Construção” de uma fase só
Há uma terminologia do futebol moderno que me remete sempre para Chico Buarque.
Quando os jogadores estão na “primeira fase de construção” eu recordo e corrompo o verso inicial em “a(r)mou daquela vez, como se fosse a última”.
Quando eles passam à fase de criação, que para mim continua a ser de “construção”, cantarolo “atravessou a rua com seu passo tímido, subiu a construção como se fosse máquina”.
E finalmente quando chega à terceira fase, a da finalização - por que não “construção” final? - ou embalo na festa de “dançou e gargalhou como se ouvisse música” se der em golo ou, na maioria das vezes, caio no desespero de “tropeçar no céu como se fosse um bêbado”, por cada oportunidade desperdiçada.
“Construção” é o paradigma do futebol moderno, que transformou um jogo de pintores do belo em trolhas do passe e repasse, autênticos autómatos das “periodizações tácticas”, das “alternâncias horizontais” ou das “progressões complexas”, algumas das teorias assassinas do desporto canalha de que a gente gostava.
“Ergueu no patamar quatro paredes sólidas, tijolo com tijolo num desenho lógico”.
O futebol deixou de ser obra de grandes armadores de toques e truques saídos dos becos e dos quintais e passou a ser coisa de construtores e empreiteiros de autênticos condomínios-mamarracho, cheios de regras, circuitos e proibições, para “não estragar a relva”.
Na contracorrente de uma sociedade que tanto valoriza o “gourmet”, o nosso futebol tem-se transformado num repetitivo “comer feijão com arroz como se fosse o máximo”, ainda que por vezes apaladado por um qualquer jogador rebelde com momentos, apenas momentos fugazes e raros, fora da receita.
Voltemos à “primeira fase”.
Se nos ativermos a inquestionáveis teorizadores do futebol, como Carlos Queiroz (1983), elas seriam apenas duas, a fase ofensiva ou a defensiva, consoante a equipa possua a bola ou não. Mas em académicos mais jovens, como Gabriel Silva (2008) já encontramos quatro momentos (transição ofensiva, organização ofensiva, transição defensiva e organização defensiva), que, como os mosqueteiros, segundo Jorge Jesus (2020), afinal são cinco, juntando-lhe as bolas paradas.
Confusos?
A primeira fase de construção é, pois, um albergue espanhol onde todos cabem, desde o guarda-redes, que “sai a jogar”, ao último passador para a finalização: ou o passe decisivo não contará também como construção de um golo, que é, efetivamente, o edifício acabado?
E é assim que, depois de muito investigar, não consegui encontrar sequer vestígios da segunda fase de construção, muito menos da terceira. Talvez os teóricos que inventaram esta parte, também descritas como momentos ou etapas, ainda não tenham chegado a conclusões sobre onde acaba o primeiro e começa o segundo e assim sucessivamente, de forma a tornar o jogo de futebol tão sugestivo como as quatro partes da poesia - verso, estrofe, rima e métrica. Ou tão arrebatador como as três fases de um conto prosaico: inicio, nó, desenlace.
Poesia brasileira ou prosa europeia, rua ou laboratório, liberdade ou sistematização, como também cantou Chico em “O Futebol”:
“Para aplicar uma firula exacta, que pintor?
Para emplacar em que pinacoteca, nega?
Pintura mais fundamental que um chute a gol
Com precisão de flecha e folha seca”
Portanto, começámos pela primeira fase e agora? Alguém me ajude a descobrir e entender a segunda fase da construção, antes de “morrer na contramão, atrapalhando o público”!
Foto WorldPress (Chico Buarque com Coluna e Eusébio)
A Seguir: D - Duplo pivô"
João Querido Manha, in Facebook
Vermelhão: Dar ânimo aos outros...!!!
Algum dia teria que acontecer, hoje, pela primeira vez, na época, perdemos! Havia sinais que isto poderia acontecer, pessoalmente, no momento da definição do calendário, quando este jogo nos calhou em sorte, imediatamente após o Mundial, alertei para o perigo... e com a aproximação da janela de transferência de Janeiro, o 'perigo' ainda aumentou mais... Esta paragem inédita de Inverno, nunca seria positiva, para quem estava bem, antes... E o problema é que temos pouco tempo para recuperar, porque se o jogo com o Portimonense na Luz, é claramente para ganhar (apesar das dificuldades constantes que os Corruptos B, nos colocam na Luz) logo a seguir temos Taça na Póvoa e depois derby com o Sporting, que não tem Taça!!!!
Hoje, tudo correu mal, e logo de início... O golo sofrido inicialmente, condicionou todo o jogo, com o Benfica a não conseguir fazer as recuperações altas, com os jogadores quase sempre a chegarem atrasados, com o adversário com superioridade 'aparente' no meio-campo... Só ao intervalo, alteramos o esquema, mas nessa altura já estávamos a perder por 2-0... Jogámos melhor no 2.º tempo, mas demos também mais espaços para os Contra-ataques do adversário... Sem o Neres, com a mudança do João Mário para a direita, perdemos os nossos dois 'alas'!!! E com os laterais, sem proteção para arriscar mais nos ataques à linha defensiva do adversário...
Isto tudo com uma pressão alta do Braga, 'incentivada' pela total impunidade arbitral! Aqueles dois atropelamentos ao Gonçalo, que passaram em claro, junto da área do adversário, foram a 'prova provada' que havia 'autorização' para sempre que o Benfica conseguia ultrapassar a rede de pressão do Braga, podiam fazer as faltas que quisessem, da forma mais cínica e clara, que não seriam penalizados... Algo que condicionou todos os intervenientes do jogo: os jogadores da casa, agarrando, puxando, derrubando sempre que podiam, e até quando não era necessário; e os jogadores do Benfica, com 'medo' de se aproximar dos adversários, não fosse o apito soar!!!
Em relação à diferença abismal de atitude do Braga, no recente jogo em Alvalade, nada de novo... Em relação à alteração tática do Braga, ao contrário do que tem feito nos jogos com os outros candidatos ao título, onde tem aberto autênticas auto-estradas na defesa, estou curioso para perceber se nos próximos confrontos com os Lagartos ou os Corruptos, vai voltar à estratégia 'antiga'!!!
A única nota positiva, é que na véspera da abertura do mercado, ficaram óbvias algumas das lacunas deste plantel: sem o Neres não temos flanqueadores dribladores, se o puto Norueguês vier, será útil, mas se calhar até precisamos de outro... e no meio-campo, com a permanência do Enzo, já precisávamos de mais um jogador, agora se o Enzo sair precisamos de pelo menos dois, sendo que um terá que 'pegar de estaca'!
Este era o resultado que a cambada de imbecis dos Anti's estava à espera. Somos líderes, com 5 pontos sobre o 2.º classificado, e somos a única equipa a depender de si mesmo, para ser Campeã. Sem ser ingênuo, temos que perceber o contexto do Tugão, dentro e fora do campo, e dar tudo... tudo mesmo!
Retomar com um triunfo
"O Campeonato Nacional de futebol está de regresso e logo com a deslocação ao reduto do Braga, o terceiro classificado à entrada da jornada. Vencer é o objetivo, num jogo que terá um minuto de silêncio em homenagem a Pelé, uma das maiores figuras da história do futebol mundial.
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O Sport Lisboa e Benfica manifestou ontem, em comunicado oficial, o seu profundo pesar pelo falecimento de Pelé, para muitos o melhor futebolista de sempre, e lembrou a amizade do astro brasileiro e Eusébio. Leia o comunicado.
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A deslocação a Braga, sempre desafiante, não retira a ambição característica da nossa equipa. Roger Schmidt considera que "é um bom jogo para recomeçar" e garante: "Estamos prontos, temos trabalhado bem."
Schmidt considera que, após a paragem prolongada da Liga, "temos de reconstruir a mesma concentração, a mesma dinâmica" patenteada anteriormente e reforça: "Temos de o fazer desde o primeiro minuto em Braga. Estamos prontos para isso."
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Sobre o adversário, o nosso treinador reconhece que "é uma equipa muito forte no ataque, muito completa". "Tem um eixo muito bom, sabem como querem jogar, são muito perigosos no ataque, pelo que temos de ter cuidado, defender muito bem e de nos recordar de que também sabemos jogar futebol de ataque. É preciso termos um jogo equilibrado", afirma.
Veja a antevisão de Roger Schmidt ao jogo no Site Oficial. A partida tem início marcado para as 21h15.
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A Equipa B voltou ontem à competição, tendo visitado o Nacional e perdido, por 2-0. Luís Castro lamentou a ineficácia no segundo tempo: "Não fomos felizes. Bolas a passar perto do golo, bolas nos ferros..."
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Em basquetebol, terminámos o ano com um triunfo na Madeira, ante o CAB (78-107). Reportagem e resumo do jogo, aqui.
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Nos últimos dias foram anunciadas duas importantes ações de solidariedade, entre muitas outras tornadas públicas ao longo do último mês.
Em parceria com o Instituto Português do Sangue e Transplantação, procedeu-se à dádiva coletiva de sangue e registo na base nacional de dadores de medula óssea. Esta iniciativa foi dirigida a colaboradores, atletas e equipas técnicas do Sport Lisboa e Benfica.
E, no âmbito da cooperação com o Shakhtar Donetsk, foram oferecidos e enviados 30 geradores que serão usados em diferentes cidades ucranianas, com o propósito de mitigar as dificuldades de acesso à energia."
Futebolês - B
"Basculação, a invenção de Mourinho
Muitos se recordarão daquela tarde do verão de 2004 em que a TVI colocou José Mourinho a comentar o Portugal-Espanha do Europeu. Algures nessa função, o treinador da moda, recém coroado campeão europeu com o FC Porto e contratado pelo Chelsea, usou o termo “basculação” para caracterizar o movimento lateral da equipa enquanto o lateral direito Miguel fazia “pressão vertical”.
Esses comentários foram “unanimemente considerados os melhores da prova e um exemplo de como falar de futebol”, segundo a descrição do Mais Futebol, e assinalaram o desatar da criatividade lexical dos novos agentes do futebol, em particular os jovens treinadores a saírem dos seus cursos, para desespero dos clássicos e empíricos das gerações anteriores.
Há um futebol falado antes e depois de Mourinho.
O mais interessante - e inexplicável, para mim - foi toda a gente ter percebido o que ele queria dizer. “Basculação” - bem como “vertical” - não tinha, até àquele dia, o significado que ele lhe atribuiu, mas quem estava a ouvir não precisou de ir ao dicionário descodificar a mensagem.
O verbo bascular significava apenas, nos canhenhos do século XX, “virar um recipiente com a boca para baixo fazendo-o girar em torno de um eixo horizontal”. Mas, a partir daquele dia, também passou imagem de uma equipa a descair sobre uma lateral do campo, a inclinar-se com a bola de um lado para o outro, criando espaço, o que os ingénuos de outros tempos descreviam singela e modestamente como “mudança de flanco”.
Para aumentar a clareza do que antes se designava apenas de jogo “muito puxado para as laterais”, Mourinho serviu-se da imagem do reboque basculante de alguns camiões, que permite levantar uma borda descendo a outra para provocar o deslizamento da carga. Ou do movimento das pontes levadiças, que levantam apenas uma extremidade sobre um ponto fixo no lado oposto.
E, apesar de, 18 anos depois, a palavra “basculação”, bem como a sucedânea “basculamento”, continuar de fora dos dicionários, não existindo oficialmente, toda a gente sabe o que quer dizer. Até algum brasileiro vacilão a terá utilizado já.
Foi com o tom rebuscado de algo que parece científico que Mourinho, paradigma de um académico que desafiava o status quo dos treinadores ex-jogadores dos tempos da bola de cauchu, deu um passo decisivo no sentido de aprimorar o linguajar desportivo.
Durante alguns anos, a expressão mais arrojada que algum treinador tinha conseguido acrescentar ao calão anglófilo de termos adaptados da origem do jogo, tinha sido o “coisas bonitas” de Artur Jorge, que os seus pares imitavam a esmo como se isso lhes emprestasse uma aura de sapiência e conhecimento. Ninguém se arriscava a inventar palavras.
Ora, a “basculação” de José Mourinho virou o campo da terminologia futebolística, desatando o nó para uma série de neologismos metafóricos, às vezes anacrónicos ou contraditórios, mas suficientemente sonoros, eloquentes e, sobretudo, frequentes através da normalização das transmissões televisivas, entranhando-se nas mentes dos adeptos. Assim se começou a desenvolver o glossário que cria uma nova identidade, ao fazer cair para um flanco a esmagadora maioria dos praticantes de futebolês, deixando um largo espaço ignaro do outro lado para os teimosos puristas da língua.
Amanhã: C de Construção"
sexta-feira, 30 de dezembro de 2022
Profundo pesar por Pelé
"O Sport Lisboa e Benfica lamenta profundamente a morte de Pelé, um dos maiores vultos da história do futebol mundial que nos deixou nesta quinta-feira, 29 de dezembro, aos 82 anos.
Para a eternidade ficarão as memórias dos cometimentos do genial Pelé no desporto-rei, tal como a lembrança da fortíssima relação de amizade, de admiração e de respeito mútuo que manteve com o nosso Eusébio.
Neste momento de tristeza e de dor, o Sport Lisboa e Benfica endereça as mais sentidas condolências à família, aos amigos e aos fãs de Pelé, e envia também um fraterno abraço ao Santos FC, o único clube que o astro representou no Brasil."
Esclarecimento
"O Sport Lisboa e Benfica esclarece que em nenhum momento o Presidente do Clube, Rui Costa, proferiu as palavras que estão a ser divulgadas em Itália pela DAZN.
O Sport Lisboa e Benfica reitera a intenção de contar com o jogador Enzo Fernández até ao final da temporada."
Comunicado 🔴⚪
"“O Sport Lisboa e Benfica esclarece que em nenhum momento o Presidente do Clube, Rui Costa, proferiu as palavras que estão a ser divulgadas em Itália pela DAZN.
O Sport Lisboa e Benfica reitera a intenção de contar com o jogador Enzo Fernández até ao final da temporada”.
É desta forma que, no site oficial do SL Benfica fica desmentido a informação de que Enzo Fernandez estaria de saída do clube. O comunicado do SL Benfica obrigou já a um desmentido por parte da DAZN Itália."
𝗔 𝗺𝗶𝘀𝘀𝗮̃𝗼 𝗱𝗼 𝗕𝗲𝗻𝗳𝗶𝗰𝗮 𝗲́ 𝘃𝗲𝗻𝗰𝗲𝗿.
"Quando, no verão, o Benfica pagou 10 milhões de euros ao River Plate por Enzo Fernández, mais oito em variáveis, correndo o risco de apenas poder contar com o jogador quando a sua equipa fosse eliminada da Taça Libertadores, houve quem questionasse a sua contratação.
A resposta do jogador foi imediata, assumindo uma preponderância gigantesca na dinâmica de jogo da equipa de Roger Schmidt. Volvidos apenas 5 meses, Enzo Fernández ganhou créditos pela Europa fora - e com o título de Campeão do Mundo pela Argentina e com o prémio Melhor Jogador Jovem do Campeonato do Mundo no bolso, já ninguém questiona a sua contratação nem duvida das mais-valias, desportiva e financeira, que o jogador irá proporcionar ao Benfica. Comprar por 18 milhões e, passados 6 ou 12 meses, ter a oportunidade de alienar o passe do jogador pelos valores astronómicos que têm vindo a ser veiculados na imprensa, que ascendem os 100 milhões de euros, só está ao alcance de um clube bem estruturado e com uma excelente gestão financeira, como é o Benfica.
Ainda assim, a intenção esbarrou na intransigência da direção liderada por Rui Costa, que só admite saídas em janeiro pelo valor da cláusula de rescisão. Uma decisão arrojada, apenas possível devido à forte solidez económica e financeira da Benfica SAD, que está empenhada numa gestão criteriosa dos seus ativos com o propósito de garantir títulos e vitórias desportivas.
A missão do Benfica é vencer. E Rui Costa mantém-se firme com a promessa feita aos sócios no início da época: «Este é o projeto desportivo, não financeiro». Se o Enzo Fernández sair do Benfica - e tudo indica que isso irá acontecer -, os responsáveis do Clube saberão colmatar convenientemente a sua saída. Confiança total e absoluta nesta Direção e equipa técnica.
𝗣𝗼𝘀𝘁 𝗦𝗰𝗿𝗶𝗽𝘁𝘂𝗺 - Relembramos que outros, a quem se elogia sobremaneira quaisquer atos de gestão, vendem os melhores ativos à pressa, por 45 milhões de euros, entre os quartos e as meias finais da Liga dos Campeões, porque o dinheiro faz falta para pagar o ordenado aos Taremis da vida. É assim. Cada um vive como pode."
Futebolês - A*
"“Assistência” deixou de ser público
Sou do tempo em que “Assistência” era o número de pessoas que assistiam ao jogo. Em 1986, na 3.ª Edição do “Dicionário do Futebol” da Revista Placar, esta palavra ainda não constava com o sentido actual.
No final das crónicas de imprensa, que incorporavam o que a inovadora ‘Gazeta dos Desportos’ veio a destacar como “ficha”, havia um pequeno parágrafo que rezava assim:
- Assistência: Numerosa. Ou Assistência: Regular. Ou Assistência: Fraca.
Até aos anos 80, o rigor das informações da imprensa desportiva era muito baixo e absolutamente avesso a quantificações, medições ou comparações. Tudo era feito a olhómetro e dava-se muito mais importância à qualidade da escrita do que à exactidão dos factos.
Durante anos tentei refazer as estatísticas possíveis do futebol português “antes de mim” e esbarrei sempre nessa inexactidão das descrições. Ora falta um jogador no onze, ora os nomes surgem alterados, ora as incongruências são gritantes e deixam os investigadores na ignorância para sempre.
Portanto, até aos anos 90 do século passado, ninguém em seu perfeito juízo usaria o termo “assistência” para se referir a um passe para golo. Até Bobby Robson, que era inglês, o invocava como “pass precise”, porque o “assist” não existia no seu vocabulário de ex-jogador e treinador sexagenário.
Até que a linguagem do basquetebol norte-americano entrou nas nossas vidas com as transmissões da NBA e, em particular, nas dos estudantes de educação física e do treino que, literalmente, vieram a dar a volta ao texto futebolístico tradicional já no século XXI.
“Assist” no inglês americano é o último passe antes do cesto, embora com uma enorme carga subjectiva, sendo contabilizadas, nessas décadas do século passado, conforme a atenção e a vontade das mesas de juízes em diferentes pavilhões, porque ela era creditada ao jogador que tivesse tocado a bola antes do “shot”, independentemente de ter sido intencional ou não.
Quando entrou no futebol, nos anos da expansão televisiva nacional e europeia, houve quem lhe resistisse durante algum tempo, mas realmente a redução do complexo “passe para golo” para uma palavra única acabou passando de estranhado a entranhado. Porém, idêntica carga subjectiva também foi adiando durante anos a sua adopção pelos regulamentos dos “Fantasy Games”, antes de universalmente reconhecida e com chancela oficial.
No último Mundial, já ouvi falar em “pré-assistência”, o que nos leva para uma dimensão histriónica do linguajar futebolístico, completamente anacrónico para um jogo de erros, ressaltos, desvios e simulações sem bola, como é o futebol. A tal ponto, que nos primeiros vinte anos os números variavam consoante os meios de comunicação, obrigando as Ligas e Federações a chamarem a elas a responsabilidade final, por vezes em incompreensível choque com o que os nossos olhos viam.
Em todo o caso, o número de “assistências” veio valorizar estatisticamente uma classe de jogadores cuja actividade determinante em campo passava ao lado dos alfanuméricos da análise futebolística: deixou de haver os que se mediam apenas pelos comentários dos analistas, os construtores de jogo, e os que se valorizavam pelos números concretos dos golos marcados.
* Inicio aqui um A a Z sobre a linguagem e semântica do Futebol, palavras e expressões que caíram em desuso e novos vocábulos e significados do léxico futebolístico.
Amanhã: B de Basculação"
quinta-feira, 29 de dezembro de 2022
Regresso às vitórias...
CAB Madeira 78 - 107 Benfica
19-26, 16-24, 22-31, 21-26
Vitória esperada, com muitos minutos aos menos utilizados...
Os 5 melhores médios defensivos da história do SL Benfica
"Quando se fala em históricos, fala-se de jogadores que fizeram do SL Benfica o clube que ele é, independemente da época temporal que passaram pelo mesmo. Jogadores que conquistaram títulos, que honraram a camisola que vestiram e que foram não só capazes de dominar a posição em que melhor sabiam jogar, como também conquistar o coração dos adeptos que tanto os apoiaram.
O futebol sendo um desporto em constante mudança, faz com que ao longo do tempo certos aspetos, a nível tático principalmente, para além de mudar evoluam também. Um desses aspetos é o papel daquele que é chamado de médio defensivo. Salvo isto, olhando para diferentes características de jogo e diferentes épocas de atuação, vamos eleger os 5 melhores médios defensivos que representaram o Sport Lisboa e Benfica.
5- Javi García
Atual membro da equipa técnica dos encarnados, Javi García chegou a Lisboa em 2009 proveniente do Real Madrid CF para jogar pelas águias, na altura, comandadas por Jorge Jesus.
Um médio defensivo representativo da modernidade do futebol atual, exerceu um papel verdadeiramente fulcral nas três épocas que representou o Benfica. Muito forte a nível defensivo, garantia a segurança do meio-campo encarnado e as costas dos médios criativos como Aimar, Gaitán e até Enzo Pérez. Numa equipa tão forte ofensivamente, o médio espanhol dava o equilíbrio perfeito à equipa na tarefa defensiva, e ajudava na construção do jogo nas manobras de ataque. Nos três anos que vestiu as cores do Benfica, Javi realizou 122 jogos e somou 19 golos e assistências. Sagrou-se campeão nacional por uma vez e venceu por três vezes a Taça da Liga.
Um dos jogadores estrangeiros que provou sentir verdadeiramente o clube e que neste momento, com o seu papel, é capaz de transmitir isso a uma nova geração de jogadores benfiquistas.
4- Ljubomir Fejsa
Difícil de pronunciar, fácil de reconhecer.
Há quem diga que o seu nome é sinonimo de títulos, tendo em conta que foram 13 os títulos conquistados pelo Benfica enquanto o médio sérvio atuou pelas águias. O antigo número 5 dos encarnados chegou à Luz em 2013 como suplente de outro grande médio sérvio, mas após a sua saída conseguiu conquistar espaço e dominou por completo o meio-campo de águia ao peito. Viveu os mais recentes anos de glória do Benfica e teve sempre um papel preponderante na conquista dos triunfos nacionais. Por conta das lesões não teve o melhor desfecho possível enquanto jogador dos encarnados, mas saiu do clube com 171 jogos realizados e um sentimento de gratidão enorme dos adeptos para com ele.
Foram seis anos fascinantes vividos pelo Benfica e o sérvio será sempre lembrado como um dos jogadores mais preponderantes desse período histórico.
3- Nemanja Matic
Por falar em grandes médios sérvios, aquele que igualmente ninguém esquece.
Matic chegou à Luz pelas mãos de Jorge Jesus em 2011 como um médio de natureza mais ofensiva, mas foi mais recuado no meio-campo que fez e continua a fazer a sua grande carreira. Apesar de maioritariamente considerado um médio defensivo, o sérvio exercia um papel preponderante em qualquer posição do meio-campo devido à sua polivalência. A verdadeira definição daquilo que é um médio completo, capaz de se adaptar a vários tipos de jogo, mantendo sempre a mesma categórica classe que nos habituou. Inteligente, técnico e forte fisicamente. Representou as águias entre 2011 e 2014, onde se sagrou campeão por uma vez das três principais competições nacionais.
Para a história fica também o seu fantástico golo frente ao Futebol Clube do Porto que lhe valeu o segundo lugar no Prémio Puskas.
2 - Shéu Han
Sr. Shéu, chegou em 1971 de Moçambique e desde então tem dedicado quase por inteiro toda a sua vida ao Benfica. Simboliza todos aqueles jogadores e pessoas que fizeram de um clube a própria essência, sem nunca fazer mais nada que não defender as cores do mesmo. 18 anos como jogador e muitos mais como dirigente representam toda a história e a importância que pessoas como esta têm na identidade de uma instituição tão grande como é um clube de futebol.
Nove campeonatos nacionais, seis Taças de Portugal e duas Supertaças somados em 489 jogos fazem de Shéu um dos melhores médios de sempre a atuar pelo Benfica. Em alturas diferentes, as características de jogo diferiam de igual forma, mas a verdade é que consistência exercida durante tantos anos, em tantas glórias, confirmam com toda a certeza este lugar e a grande carreira do Sr. Shéu Han.
1 -Toni
António José Conceição Oliveira, mais conhecido por “Toni” somente, representa tal como Shéu a definição daquilo que é um jogador histórico.
A única pessoa que alcançou o feito de se tornar campeão enquanto jogador e posteriormente como treinador no Benfica, sente o clube como nenhum outro. O ex-médio dos encarnados envergou a camisola das águias por 393 vezes onde marcou 24 golos e conquistou oito campeonatos nacionais, cinco Taças de Portugal e uma Supertaça. Representava tudo aquilo que um clube devia representar: compromisso, paixão, honra e crença por um único símbolo. A braçadeira de capitão pertencia-lhe com todo o sentido pois, Toni, era verdadeiramente o comandante da equipa pela qual lutava e defendia com tanta compaixão.
Marcou jogos, equipas, gerações e um clube com todo o seu talento, e é por isso então, o melhor médio defensivo da história do Sport Lisboa e Benfica."
Enzo, Enzo e mais Enzo.
"O circo das transferências começou mais cedo neste mercado de inverno. Ponto prévio: ninguém está acima do Sport Lisboa e Benfica. Se o jogador quer ir embora, que vá. E se realmente existem propostas de 130 milhões de euros, uma hipotética venda vai diretamente para o top 5 de sempre a nível mundial.
Até há 15 dias, ninguém acreditava que alguém pudesse bater 120 milhões de euros pelo jogador. Alguns diziam, inclusive, que jogadores na posição dele valiam no máximo 80 milhões. Agora, os mesmos insultam Rui Costa e dizem que nem por 130 milhões deveria deixar sair o jogador. Já toda a gente conhece o deboche. Existe quem esteja sempre de mira apontada preparado para meter a cabeça de fora e criticar tudo o que puder nos momentos mais ou menos inoportunos, esquecendo tudo o que se disse para trás. Interessa é falar mal, depreciar, insultar e cuspir no clube. No alto do pedantismo que lhes é característico, acham-se mais benfiquistas que os restantes adeptos e sentem-se superiores aos demais.
Ninguém é superior a ninguém. Se existem realmente propostas excedentes ao valor da cláusula de rescisão, é fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para segurar o jogador, convencendo-o de todas as formas possíveis. Se o jogador for intransigente na sua vontade, é deixá-lo partir e ir buscar 4 ou 5 bons jogadores com o dinheiro da venda.
Os jogadores vão e vêm, mas o Benfica prevalece. Com ou sem Enzo, existe certamente um plano desportivo em marcha que contempla hipotéticas saídas ou lesões que possam surgir ao longo da época.
Nada do que foi construído até aqui ficou sem efeito. Todo o trajeto será certamente seguido à risca com o único propósito de conquistar o maior número de títulos possível.
E pluribus unum."
Futebol na América
"Terminado o Campeonato do Mundo, a edição de 2026 começa lentamente a entrar na agenda. Coorganizado por Canadá, EUA e México, poderá ser decisivo numa hipotética deslocalização ou dispersão do patamar cimeiro do futebol.
Polémico desde a atribuição, o Qatar 2022 teve enorme sucesso. O que não surpreende. O futebol tem a capacidade de se imunizar contra o que lhe pode ser prejudicial, sobejando exemplos da prevalência dos sentimentos de pertença e da emoção dos adeptos em detrimento de valores que, em abstrato, quase todos advogam.
Houve estádios cheios, bons jogos, a melhor final de sempre, desempenhos interessantes de seleções asiáticas e africanas, a coroação definitiva do melhor jogador da era, Messi, e a afirmação inequívoca do legítimo herdeiro, Mbappé. Em futebolês, foi um mundial histórico.
E teve uma notoriedade impressionante nos EUA. Biden felicitou a Argentina, os profissionais dos desportos americanos desmultiplicaram-se em tweets sobre a final e os media desportivos atribuíram uma relevância ao certame nunca vista. A meca do consumo e do investimento publicitário já não ignora por completo o futebol.
Destaco seis razões: é o desporto, nos EUA, com mais praticantes a nível organizado (sobretudo devido às raparigas); o impacto da seleção feminina; o número crescente de investidores americanos no futebol europeu; desenvolvimento sustentado da MLS (12 clubes e média acima de 20 mil espectadores); o peso dos hispânicos na população; e o nível elevadíssimo de investimento publicitário no mundial por marcas globais, que obriga a que chegue também ao consumidor americano.
O mundial de 1994 foi uma tentativa precoce de fomentar o futebol nos EUA, mas não será o caso em 2026. O soccer deixou de ser uma bizarria de europeus e sul-americanos. Ao contrário, são cada vez mais os americanos que abraçam o jogo bonito. E com um mundial à porta no seu país, a tendência é que o crescimento seja ainda mais significativo..."
terça-feira, 27 de dezembro de 2022
Um título sobre vidros
"Numa partida disputada num clima de enorme tensão, o Benfica ficou próximo de se sagrar bicampeão nacional
Em 1967, o hóquei em patins português teve como novidade o formato do Campeonato Nacional, com a fase final a ser disputada pelo vencedor da metrópole, de Angola e de Moçambique, tendo lugar em Lourenço Marques.
O Benfica, a realizar uma temporada excepcional, em que conquistou o Campeonato Regional com 11 pontos de vantagem e o Metropolitano de forma invicta, apresentava-se como um dos principais candidatos ao título. No entanto, a tarefa não se apresentava fácil, por ter como oponentes clubes reputados como o Malhangalene, o Ferroviário, campeão moçambicano, e o Moçâmedes, campeão angolano.
A recepção aos encarnados surpreendeu, 'contrariamente ao que a princípio se poderia supor, a nossa equipa esteve bem apoiada pelo público (...) desde os gritos de incitamento, os seus cartazes e até uma águia viva, tudo isto influiu decisivamente no espírito dos nossos jogadores'. O apoio gerou mal-estar entre alguns jogadores locais, como Fernando Adrião, do Malhangalene, que 'tentou posteriormente um golpe psicológico, ao vir publicamente declarar que a sua equipa fora insultada, no ano transacto, pelo público do Benfica em Lisboa'.
Ao longo da prova, a rivalidade entre as duas equipas foi-se exacerbando. Na penúltima jornada, em igualdade pontual e a ocuparem as duas primeiras posições da tabela classificativa, o conjunto moçambicano assumiu uma postura agressiva desde início, o que desagradou o público. Fernando Adrião foi dos visados, sendo 'repetidas vezes apupado pelo seu público pela violência com que mancha a sua grande classe'. Mas o pior ainda estava por surgir. Arremessada uma garrafa para o rinque, 'José Adrião transformou-a em cacos (...) e fim de dificultar a limpeza do recinto', o que levou a que o jogo estivesse interrompido durante cerca de vinte minutos. Reatada a partida, os benfiquistas demonstraram estar à altura de qualquer acontecimento, 'foram uns verdadeiros gigantes, desbaratando por completo Adrião & Companhia'. Ganharam por 4-1, e ficaram a apenas um ponto do título.
Com a conquista tão próxima, na noite anterior à última jornada frente ao Ferroviário houve jogadores que não aguentaram a ansiedade. Livramento, apesar de habituado a jogar encontros decisivos, 'não pregou olho nem se alimentou, pois a derrota implicaria uma finalíssima contra a turma de Fernando Adrião'. Os encarnados controlaram o encontro e garantiram a renovação do título nacional.
Saiba mais sobre esta época de sucesso do hóquei em patins encarnada na área 3 - Orgulho Eclético do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
Parece pressa, mas não é
"1. Desde domingo tem o Benfica entre os seus quadros mais dois atletas campeões do mundo. Chama-se Nicolas Otamendi e Enzo Fernández. Parabéns aos dois. E parabéns para outros dois. Pablo Aimar e Angel Di Maria, o treinador adjunto e o jogador da selecção argentina, que escreveram também a sua História no Benfica e que nos, deixaram as melhores e mais gratas memórias.
2. Otamendi e Enzo vão regressar ao Benfica coroados com o título impressionante de campeões do mundo. Os seus colegas saberão, certamente recebê-los de maneira condigna quando voltarem a entrar no balneário do Seixal.
3. E não faltará quem lhe explique - como se eles precisassem de explicações... - que têm agora pela frente muitas coisas impressionantes para conquistar de águia ao peito.
4. Partiu o Manuel Arons de Carvalho. Foi atleta do Benfica, foi colaborador deste jornal, foi também jornalista do 'Record' e um qualificadíssimo apaixonado pelo atletismo. Mas foi, sobretudo, um defensor dos mais altos valores desportivos e sociais que presidem ao Sport Lisboa e Benfica desde a hora da sua fundação o que lhe valeu, estranhamente, algumas incompreensões que nesta hora, a hora triste da sua partida, se dissipam por força da sua razão de sempre e do belo legado que nos deixou.
5. Começamos por falar dos novos campeões do mundo que temos na Luz. Os 'velhos' campeões do mundo que temos connosco são Pablo Pichardo, campeão do mundo do triplo salto, Nicolia, Alvarez e Ordoñez, campeões do mundo de hóquei em patins e, finalmente, o fenómeno Diogo Ribeiro, o nosso júnior campeão do mundo de natação nos 100 metros mariposa. Que ano de 2022 tivemos na nossa casa!
6. Feliz Natal, Benfica! Feliz Natal, benfiquistas! Na próxima semana, de acordo com o calendário, é a ocasião para desejarmos um bom Ano Novo uns aos outros. Perdoem-me toda esta antecipação que parece pressa, mas não é. É apenas vontade que 2023 nos traga tudo aquilo que ambicionamos para o nosso clube. Crescimento, alegria, união, estabilidade, vitórias, títulos e concentração em tudo aquilo que é verdadeiramente importante e que nos define, que sempre nos definiu. Uma identidade popular, combativa, solidária, ganhadora e empolgante. Não é isto o Benfica? Claro que é.
7. No entanto, voltando ao tema do calendário, agora o calendário desportivo, mesmo no finzinho de 2022 temos um compromisso na agenda. Uma deslocação ao campo do Sporting Clube de Braga. Um desafio que vale três pontos. Apenas isso, três pontos para um final de ano feliz e mais do que merecido."
Leonor Pinhão, in O Benfica
Manuel Arons de Carvalho
"Todos temos referências que nos influenciam de alguma forma. O Sport Lisboa e Benfica, pela paixão que desperta em milhões de adeptos, é uma força aglutinadora notável, possibilitando-nos o conhecimento de inúmeras pessoas, as quais, pelo exemplo, moldam a nossa extraordinária experiência que é vivermos e sentirmos o clube. Para mim, o Manuel Arons de Carvalho foi um desses benfiquistas.
Desde muito novo que leio as publicações relacionadas com o Benfica e logo me apercebi da existência do Arons. Foi, a determinada altura, o benfiquista de serviço nas grandes entrevistas do jornal O Benfica, além de estar indelevelmente associado à revista Benfica Ilustrado. Acrescia o facto do meu pai conhecê-lo desde os tempos do Liceu, o que me conferiu uma certa familiaridade, embora distante, com ele no início da minha adolescência. Terão sido raras as vezes em que interagimos nesses tempos, mas sabia quem era e tinha o selo de qualidade de ser alguém apreciado pelo meu pai.
Muitos anos mais tarde, em particular desde que fui autor de livros sobre o Benfica e iniciei a minha colaboração com o jornal enquanto cronista (esta é a minha 388.ª crónica), passei a ter algum contacto regular com o Manuel Arons de Carvalho. Auxiliou-me várias vezes ao partilhar a sua cultura e dele recebi vários emails elogiosos em relação às minhas crônicas, artigos e livros, sendo que a todos reagi agradecido, com muita satisfação e redobrado orgulho.
É que o Manuel Arons de Carvalho, além de ser um fervoroso benfiquista, foi também, no meu caso de tantos outros que se empenham em conhecer a história do Glorioso, uma inspiração e um exemplo.
A defesa acérrima do Benfica foi uma das suas caraterísticas mais conhecidas; a faceta de historiador rigoroso do atletismo reservada aos mais atentos. E foi um dos que me alertou para algumas trapalhadas de federações e comunicação social relacionadas com a história do desporto português, nomeadamente relativas ao Benfica, respeitando sempre a minha opinião, mesmo quando, em raras ocasiões, divergiu da sua, nesses casos insistindo pacientemente nos seus pontos de vista ou aceitando os meus argumentos quando bem sustentados.
O Manuel Arons de Carvalho foi um indefectível benfiquista com superior cultura desportiva, um dos que estimulou o meu gosto pela história do Benfica e com quem muito aprendi e tive a honra e o privilégio de trocar opiniões. Não o esquecerei!"
João Tomaz, in O Benfica
Tango e Fado
"Há uma nuvem de desgraça e melancolia que paira sobre os dois géneros musicais mais representativos da Argentina e de Portugal. É como um fascínio pela mágoa e pela saudade, uma ode feita de acordeão, contrabaixo ou guitarra portuguesa, com vozes que saem da alma e letras que falam de cada um de nós. Tango e Fado oscilam entra a euforia e a desgraça, marcados por heróis destes e de outros tempos, como se de futebol se tratasse. Carlos Gardel, Diego Maradona, Astor Piazzolla e Lionel Messi, de azul celeste. Amália Rodrigues, Eusébio, Carlos do Carmo e Cristiano Ronaldo vestindo de vermelho e verde.
Quando Kyliam Mbappé empatou a final do Campeonato do Mundo em apenas dois minutos, parecia assistir-se a um arrastar dos corpos argentinos em direção ao abismo. Como as quatro pernas que se entrelaçam no tango, quasse a contrariar as leis da gravidade No final, com prolongamento e grandes penalidades, tocou-se o último acorde de uma história que se fosse escrita pareceria irreal.
Já o fado do futebol português, foi mais vadio do que trágico. Engalanou-se a preceito, meteu o peito para fora, fechou os olhos e jogou a cabeça para trás, sacando aplausos aos silenciosos convidados de uma casa de fados mal afamada, num bairro alto em contradições que se chama Catar. Infelizmente, nos quartos-de-final, o nosso fado-futebol meteu as mãos nos bolsos e gingou, mas desta vez ao sim do alaúde árabe.
Vibrei muito com esta vitória da Argentina, por razões familiares e pela história se superação e de glória, mas à semelhança do que sinto pelo Sport Lisboa e Benfica, não o fiz contra ninguém. Aprecio tanto Messi como Cristiano, sou um felizardo por ter testemunhado este duelo épico entre jogadores. Não os consigo classificar um perante o outro, qual o melhor e o pior, tal como com o Tango e o Fado. Falam do mesmo, fazem sentir o mesmo, com sons, letras e vozes diferentes de superação e desgraça, mas no final, cada um faz arrepiar a pele da mesma forma.
Obrigado, Otamendi, Enzo, Di Maria e Pablito Aimar, que concerto inesquecível."
Ricardo Santos, in O Benfica
Bancadolândia - Vitamina M
"Se a estatística fosse justiceira no futebol, o Benfica teria vencido em Moreira de Cónegos, por números claros, na 3.ª e última jornada da fase de grupos da Taça da Liga e, com esse resultado favorável, entrado nos quartos de final da competição. Não foi assim que aconteceu... bola para a frente e foco, que a temporada prossegue em Braga, no dia 30 de Dezembro, com o regresso das contas da Liga Bwin.
Noutra latitude, com dois benfiquistas em campo, a definição de vencedor e de vencido foi desembrulhada no desempate por pontapés de penálti, e (aqui, sim) da marca dos 11 metros fez-se justiça, com a Argentina a celebrar a conquista do Campeonato do Mundo 2022. Do maior torneio de seleções do planeta, o Benfica pode extrair, aproveitar e potenciar a moralização e valorização do seu capitão Nicolás Otamendi e também de Enzo Fernández, que - sem espanto para quem, por estas bandas, tem o prazer de observar e de avaliar este diferenciado e fabuloso médio todas as semanas - recebeu o prémio de Melhor Jogador Jovem do Mundial.
Com a camisola alviceleste, Otamendi e Enzo levaram o Benfica para o Campeonato do Mundo e, ali, souberam dar a melhor e esperada sequência aos excelentes desempenhos acumulados de águia ao peito no primeiro (quase) semestre da época. Totalista na prova, o defesa-central foi um pilar tremendo, um patrão de mão-cheia numa seleção que teve o mérito de identificar lacunas e de se afinar e fortalecer em andamento. E Enzo, como se perspectivava, depressa se cristalizou no naipe dourado argentino, pela qualidade com que cunha qualquer tarefa, da mais simples à mais complexa.
Erguido o troféu, desfrutada a mil por cento uma conquista de elite, será tempo de Otamendi e de Enzo trazerem a Argentina para o Benfica, isto é, de se reincorporarem no plantel e de agregaram energia positiva, mentalidade de campeão, sangue e suor de sucesso. Recomeçando no ponto em que estavam antes do Mundial, há um Campeonato para ganhar!
(...)"
João Sanches, in O Benfica
Desilução, mas...
"Não contem comigo para desvalorizar a Taça da Liga. Não o fiz quando a vencemos, não o faço quando perdemos. Trata-se de uma competição jovem, que precisa de ser acarinhada por todo o país futebolístico - coisa que nem sempre aconteceu. Está hierarquicamente acima da Supertaça, e abaixo da Taça de Portugal. É, pois, a terceira prova do futebol nacional.
Jamais direi 'desta já nos safamos' como ouvi um dia a um presidente de um clube rival após ser eliminado pelo Benfica na Luz. Festejei todas as conquistas, a maioria delas nos estádios. E após o empate em Moreira de Cónegos, confesso que tive dificuldade em digerir o jantar.
Dito isto, é preciso entender também que esta foi uma Taça da Liga especial. Por motivos discutíveis, que ficarão para outra oportunidade, foi disputada em pleno Mundial. Foi um torneio usado pela liga para manter as equipas em actividade, em prejuízo claro de quem tinha mais atletas no Catar.
Não se pode falar de uma competição oficial quando se tem 'oficialmente' indisponível mais de metade dos titulares em jogos cujos resultados acabaram por afectar a classificação. Mesmo diante do Moreirense, para além dos campeões do mundo Enzo e Otamendi, ainda tivemos a infelicidade de não poder contar com os lesionados Neres e João Mário.
Com todas as condicionantes, o Benfica merecia, ainda assim, ter ganho aquele jogo. Dominou-o completamente, criou várias ocasiões de golo, teve pela frente um guarda-redes inspiradíssimo, e acabou eliminado com elevada dose de infelicidade.
A eliminação custa e engolir, mas, dado o contexto, não deixará qualquer mossa para futuro."
Luís Fialho, in O Benfica