"Terminado o Campeonato do Mundo, a edição de 2026 começa lentamente a entrar na agenda. Coorganizado por Canadá, EUA e México, poderá ser decisivo numa hipotética deslocalização ou dispersão do patamar cimeiro do futebol.
Polémico desde a atribuição, o Qatar 2022 teve enorme sucesso. O que não surpreende. O futebol tem a capacidade de se imunizar contra o que lhe pode ser prejudicial, sobejando exemplos da prevalência dos sentimentos de pertença e da emoção dos adeptos em detrimento de valores que, em abstrato, quase todos advogam.
Houve estádios cheios, bons jogos, a melhor final de sempre, desempenhos interessantes de seleções asiáticas e africanas, a coroação definitiva do melhor jogador da era, Messi, e a afirmação inequívoca do legítimo herdeiro, Mbappé. Em futebolês, foi um mundial histórico.
E teve uma notoriedade impressionante nos EUA. Biden felicitou a Argentina, os profissionais dos desportos americanos desmultiplicaram-se em tweets sobre a final e os media desportivos atribuíram uma relevância ao certame nunca vista. A meca do consumo e do investimento publicitário já não ignora por completo o futebol.
Destaco seis razões: é o desporto, nos EUA, com mais praticantes a nível organizado (sobretudo devido às raparigas); o impacto da seleção feminina; o número crescente de investidores americanos no futebol europeu; desenvolvimento sustentado da MLS (12 clubes e média acima de 20 mil espectadores); o peso dos hispânicos na população; e o nível elevadíssimo de investimento publicitário no mundial por marcas globais, que obriga a que chegue também ao consumidor americano.
O mundial de 1994 foi uma tentativa precoce de fomentar o futebol nos EUA, mas não será o caso em 2026. O soccer deixou de ser uma bizarria de europeus e sul-americanos. Ao contrário, são cada vez mais os americanos que abraçam o jogo bonito. E com um mundial à porta no seu país, a tendência é que o crescimento seja ainda mais significativo..."
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