terça-feira, 22 de novembro de 2022

Gonçalo Ramos e um bilhete de 'duplo autor' para o Mundial


"Logo em julho, quando Roger Schmidt começou a moldar e a afinar a equipa do Benfica para dobrar a primeira montanha da época e validar a qualificação para a fase de grupos da Liga dos Campeões, ficou surpreendentemente claro que o ponta de lança preferencial do florescente sistema tático 4x2x3x1 seria Gonçalo Ramos. Desafio após desafio, a firme aposta do treinador foi retribuída pelo avançado que fez da afirmação o seu pontapé mais certeiro nesta temporada. Participante em 21 jogos (sempre como titular) da série de 25 encontros oficiais de invencibilidade das águias até à pausa (ou abrandamento competitivo, vá) para a realização do Mundial 2022, o jovem 'Made in Benfica' marcou 14 golos no somatório de todas as frentes, emergiu como principal 'matador' do Campeonato português e, indirectamente, promoveu o debate sobre um eventual papel na Selecção Nacional, já neste Campeonato do Mundo, assim Fernando Santos concedesse/conceda. O pedido de dispensa de Rafa da equipa das Quinas precipitou o inevitável: Gonçalo Ramos mereceu a convocação quando o selecionador refez a chamada em fase pré-Mundial. Mal seria se agora o número 88 benfiquistas não fosse incluído na lista final dos eleitos de Portugal para o Catar. Gonçalo Ramos trabalhou para justificar a titularidade no Benfica e, de caminho, foi recompensado tanto no Clube como na Selecção. E se se fundamenta a existência de equipas, de ideias de jogo e de lances de laboratório de autor, então é justo retratar-se a entrada do avançado das águias na Selecção como uma 'convocação de autores', com as assinaturas de Roger Schmidt, pela aposta, e, claro, de Gonçalo Ramos, pela sua fidelidade.

Darwin: já não falta tudo para a 'chacha'
O lugar que hoje 'é' de Gonçalo Ramos no Benfica foi de Darwin na época passada. O internacional uruguaio mudou-se para o Liverpool no começo do mercado de verão, num negócio que poderá atingir o montante de 100 milhões de euros, e depressa os deformadores de opinião se soltaram para colocar em causa a escolha e o volume do investimento do emblema inglês. Entretanto, a narrativa esboroa-se com a utilização, com os golos e com as assistências de Darwin... e já faltou mais para se ouvir ou ler a 'chacha' que, afinal, o Benfica vendeu mal e o Liverpool comprou barato."

João Sanches, in O Benfica

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