segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Foto...


"Vi esta foto do Monstro Sagrado Mário Coluna, na página do Kaiser Benfiquista, Sua Alteza Real Blog de Leste há 2 ou 3 semanas e não mais me esqueci dela. Furtei-a descaradamente porque me trouxe à memória as imagens que fizeram o meu Benfiquismo na infância, agarrado ao livro Benfica, O Vôo da Águia de Carlos Pinhão e Manuel Dias, que folhei e desfolhei, li e reli, vi e revi milhares de vezes. Instantâneos com o porte do Coluna, a brilhantina do Francisco Ferreira, o sorriso do Rogério Pipi, os bigodes do primeiro onze e claro, tudo do Nosso Senhor D. Eusébio I.Em todos eles o magnífico e inigualável equipamento escarlate ou branco. Apesar dos craques que ia saboreando em directo, eram estes polaroids que me faziam ferver o sangue Vermelho. E ainda fazem, atenção.
Mais do que golos, vitórias e títulos, é disto que sinto falta. Do misticismo do Benfica, do sobrenatural, do romantismo. Chamem-me demagogo romântico ou apelidem o texto de conversa da treta, mas havia ali uma aura magnética em redor do Sport Lisboa e Benfica que agarrava tudo, até uma criança sem qualquer laço familiar ao futebol ou ao Glorioso. Eram tempos diferentes, óbvio e não se pode colocar em causa o progresso, mas o futebol era mais simples quando os CEO’s eram Presidentes, os activos não passavam de jogadores e os clientes eram simples sócios, que tinham de fazer por merecer a aprovação do pedido. Não bastava assinar contrato de jogador, para se apresentar de cartão na mão.
Sinto saudades das palavras e expressões que inflamavam o Benfiquismo que caíram em completo desuso. Já ninguém trata O Clube por “Glorioso”. A nossa equipa já não se prostra em vénia perante as ardentes tochadas do “Inferno da Luz” que ativavam até os alarmes dos Bombeiros Voluntários de Castelo Branco. Os adversários deixaram de estancar à saída do túnel com receio do “Terceiro Anel”. Os jogadores já não precisam de ser “à Benfica”, porque desapareceram os “15 minutos à Benfica” e a “Mística” esse unicórnio na boca de todo o Benfiquista de cada vez que a temporada descarrilava, mesmo que ninguém soubesse ao certo o que era. Os jogadores não eram toscos, não escasseavam em classe nem eram falhos de vontade. Apenas não tinham “Mística” Lá está, a tal aura, o sobrenatural… o misticismo.
O Sport Lisboa e Benfica vai ser sempre o Sport Lisboa e Benfica. Mais cedo ou mais tarde vamos voltar a ganhar títulos. Porque como disse um dia um jornalista francês “O Benfica é eterno. Eles não conhecem fenómenos de erosão que possam fazer perigar as suas fundações mais seguras”. Mas precisamos de voltar a ter aquela magia exotérica do Benfica. O Benfiquista precisa de olhar para o plantel e ter “aquele” jogador fetiche com cujo nome batiza o animal de estimação, ou um outro ídolo para estampar nas costas do manto Sagrado novo acabadinho de comprar. É isso também que nos falta. Precisamos de ter de volta “aquilo” do Benfica que não se vê, não se cheira, não se toca, mas se sente."

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