quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Bancadolândia


"Este é um daqueles momentos em que fitamos o retrovisor das nossas vidas para apreciar reflexões e premonições. Em Maio de 2017, quando a Federação Portuguesa de Futebol, alinhada com os desígnios que do IFAB irradiavam para latitudes reguladoras de competições profissionais, anunciou a introdução do VAR em todos os jogos do nosso principal campeonato em 2017/18, era antecipável que o desporto líder dos mais populares do planeta entraria numa dimensão tecnológica transformadora do espectáculo, porventura sem retorno possível. Caminhos de afinação nesse novo rumo, sim, são imperativos, sempre, porque só melhorando é que se poderá fazer e legitimar a defesa de um bem maior chamado futebol, por muitas transfigurações que encarne.
Hoje, passados mais de quatro anos, é consensual que o videoárbitro não eliminou os erros de arbitragem com interferência direta no resultado, 'somente' emagreceu esse número. Paralelamente, semeou e fez germinar outras controvérsias, em razão da componente humana que lhe está associada tanto na redação do protocolo como, e sobretudo, na interpretação e execução do mesmo. Não nos podemos espantar.
Deixando para os peritos o lado formal do tema e o trabalho a realizar no propósito de elevar a fiabilidade desta ferramenta em abono do desporto armado, centro e abordagem e a leitura numa perspetiva de coração e mais colorida, a das bancadas, nomeadamente nos estádios, onde as experiências sensoriais são ímpares, mas pensando também em todos os que acedem pela janela mágica da televisão ou demais dispositivos eletrónicos.
Para quem paga 'bilhete' e se inquieta, entusiasma e empolga, o VAR é uma autêntica 'picadora de emoções'. Por mais iluminados contributos que surjam, o videoárbitro tende a empurrar-nos fatal e silenciosamente, a nós, adeptos, para um certo estado de cepticismo, porventura irresolúvel, estimo. O VAR também nos modificou. A quem não acontece sentir o disparo interior do interruptor da dúvida em lances que no passado conduziriam a expressão de júbilo e a sentimentos de felicidade sem marcha-atrás?"

João Sanches, in O Benfica

Horas extraordinárias


"Todos nos lembramos do importantíssimo golo de Jonas ao Boavista, nos últimos segundos nos descontos de uma partida realizada no Estádio do Bessa, em 2016, que valeu uma saborosa vitória poe 0-1 e foi pedra de toque para a conquista do tricampeonato. No final da temporada, esse foi considerado, um dos momentos-chave da caminhada para o título.
Desta vez coube a Rafa (e continuamos a falar de artistas) marcar ao cair do pano, em Vizela, um golo que - no fim se saberá - talvez aquele, e relembrado mais tarde como decisivo. O que é certo é que este sofrido triunfo do Benfica permitiu, por agora, manter a liderança isolada da liga e recuperar o fôlego após uma jornada europeia extremamente ingrata.
Os jogos domésticos antes e depois dos compromissos da Champions são muito difíceis e proporcionam surpresas pela Europa fora. Além do natural desgaste físico, é preciso lembrar que os jogadores não são máquinas, e não lhes é fácil manter idênticos graus de alerta quando defrontam Bayern (ou Barcelona) e a seguir Vizela (ou Portimonense).
Amanhã teremos mais uma partida importantíssima, em que o nosso 1.º lugar voltará a ser posto à prova. O Estoril segue triunfantemente na 4.ª posição e, em sua casa, será com certeza um osso muito duro de roer. Poucos dias depois teremos novamente por diante o todo-poderoso Bayern. Mas neste caso o foco terá de estar a 200% na Amoreira, até porque o jogo de Munique - deixem-me dizer: felizmente - está longe de ser decisivo.
Vamos, pois, com tudo para o Estoril. Esse sim, é o jogo mais importante da semana."

Luís Fialho, in O Benfica

24.º título


"Mais um fim de semana e mais uma conquista. Desta vez foi a nossa equipa feminina de hóquei em patins que, no passado sábado, em Alverca, conquistou a Supertaça. Num jogo que ficou marcado pela presença do presidente, Rui Costa, ao pupilas de Paulo Almeida não deram hipóteses ao Clube Atlético de Campo de Ourique (CACO). A nossa equipa, capitaneada por Marlene Sousa, tinha consciência do grau de dificuldade desta final, pois perdera, na semana anterior, com a CACO, no Torneio de Abertura da Associação de Patinagem de Lisboa. É verdade que a nossa equipa foi reforçada para esta final com as cinco jogadoras que estavam ao serviço da selecção nacional e que se sagraram vice-campeãs da Europa, mas Paulo Almeida não facilitou. Maria Vieira, Cata Flores, Beatriz Figueiredo, Marlene Sousa e Maria Sofia Silva formaram o cinco inicial com que Paulo Almeida, António Pinto, Pero Alegria e Pedro Santos decidiram atacar a conquista desta competição, que aconteceu pela 8.ª vez consecutiva. Importantes também as participações na partida de Sofia Contreiras, Maca Ramos, Inês Severino e Raquel Santos. Sem esquecer a importância da nossa guarda-redes suplente, Rita Albuquerque. Com golos de Marlene Sousa, Maria Sofia Silva e Cata Flores, a nossa equipa voltou a escrever uma página de ouro, conquistando o 24.º título em apenas 8 épocas. As nossas 12 atletas que integram o plantel ambicionam, agora, conquistar o 9.º Campeonato, a 8.ª Taça de Portugal e a Taça Europeia pela 2.ª vez. Qual o segredo para tantos êxitos consecutivos? Marlene Sousa disse tudo, no final do jogo: 'Este triunfo é o resultado de muito trabalho, muita união dentro e fora da pista. Conseguimos ser uma verdadeira equipa, e isso faz diferença nos momentos mais apertados'."

Pedro Guerra, in O Benfica

Mini campeões


"Os campeões não se medem aos palmos, mas, para lá, chegarmos, cada um de nós tem de percorrer o seu próprio caminho, pois, como ensinava Miguel Unamuno, um importante pensador humanista espanhol, o caminho faz-se caminhando. É mesmo mais importante a viagem que o destino, porque o destino é um feito alcançado, e a viagem é a mudança produzida em nós, e essa fica para a vida.
Claro que parece excessivo, numa primeira leitura, chamar toda esta profundidade ao lúcido duma corrida infantil. Mas as crianças participantes sabem que ali ao lado se correm maratonas, homens e mulheres adultos como os seus pais e vizinhos, como pessoas e procurarem o seu caminho na vida. E todos nós sabemos o que significa uma maratona, prova-rainha de atletismo. Competição com os outros, sim, mas, fundamentalmente, uma luta interna de tenacidade e resiliência que leva os que se mostram capazes à superação individual, que celebram como a sua primeira e principal vitória. Esta lição de abnegação que a maratona ensina à humanidade deste a antiguidade clássica é um si mesma um importante património individual para os desafios que a vida crescentemente nos apresenta. A autoconfiança de que para lá da exaustão e até da dor estão as recompensas de superação e da conquista é um valor precioso para coisas tão distintas como empreender um negócio, enfrentar um curso difícil, arriscar ter filhos, mudar de emprego e tantas outras coisas que aqui não cabe dizer. É também por isso que a Fundação Benfica proporciona a crianças de projetos sociais a possibilidade de participar nesta atividade que agradecemos ao Maratona Clube de Portugal.
Na verdade, estes pequenos campeões estão alegremente alheios a tudo isto, e bem, mas o desporto como escola de vida e o exemplo inspirador dos maratonistas deixarão neles uma pequena marca, uma pedra do caminho que, sem saberem, já os leva pela viagem mais fascinante que possam sonhar: a caminhada transformadora da vida!"

Jorge Miranda, in O Benfica

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"8
Conquistas consecutivas da Supertaça de hóquei e patins (feminino);
E no futebol, são 8 vitórias em 9 jornadas do campeonato. É a 12.ª vez que este registo é conseguido (em 2 delas foram 9 triunfos), 4.ª vez desde 1984/85 incluída;

13
Triunfos em 17 'jogos oficiais'. Considerando todas as competições oficiais, este é, a par de noutras 4 épocas, o melhor registo desde 1983/84, com 14 vitórias em igual número de partidas. Desde 1973/74, incluída, só em 2 épocas vencemos mais nos primeiros 17 jogos;

18
Anos do Estádio da Luz. A 1.ª categoria do Benfica disputou 477 jogos neste estádio (455 'oficiais'), obtendo 350 vitórias (339), 72 empates (70) e 55 derroas (46). Marcou 1054 golos (1025) e sofreu 355 (331). Comparando o desempenho em 'jogos oficiais' com o do anterior estádio (988 jogos), a percentagem de vitórias desce de 79,96% para 74,51%. Incluindo particulares, os futebolistas com mais jogos são Luisão (273), Pizzi(172) e Maxi Pereira(169), os melhores marcadores são Cardozo (109), Jonas(92) e Pizzi(55), e os com mais assistências são Gaitán(56), Pizzi(49), Aimar e Salvio(28);

52
Rafa chegou aos 52 'golos oficiais' de águia ao peito, igualando o pecúlio de Mitroglou e Jorge Tavares (45.º melhor de sempre por ter mais jogos). Tem 6 nesta temporada, mais do que no somatório das 2 primeiras épocas no Benfica. Se chegar aos 21 de 2018/19, ocupará a 35.ª posição deste ranking;

97.17
Tempo de jogo quando a bola passou a linha de golo em Vizela. Foi o golo mais tardio da nossa equipa na temporada (excluindo o golo no prolongamento na Trofa, com pelo menos 26 minutos de jogo por disputar);

100
Jogos em competições oficiais de Taarabt pela equipa A do Benfica."

João Tomaz, in O Benfica

Editorial


"1 - O destaque desta edição vai por inteiro para a magnífica entrevista com Toni, um símbolo e uma referência para os benfiquistas. Uma vida intensa de histórias e momentos marcantes com a camisola do Benfica ou a liderar desportivamente, seja como director ou treinador. Em cada palavra ressalta uma paixão singular que torna ainda mais grandioso o Sport Lisboa e Benfica. Obrigado, Toni. Pela entrevista, pelo homem que é. Por tudo aquilo que já nos deu e continua a dar como benfiquista puro que é.

2 - Partida intensa, viva, em Guimarães. Duas equipas a quererem ganhar sem redomas nem pieguices. Seis golos, oportunidades, emoção. Estamos a uma vitória e três golos d Final Four da Taça da Liga. Queremos o oitavo troféu da história desta competição e o primeiro da época. Na Luz, em 15 de Dezembro, perante o Sporting da Covilhã, o apoio dos nossos adeptos vai ajudar-nos e mais um passo para selar uma das ambições desta época.

3 - As modalidades têm sido uma aposta irredutível do Sport Lisboa e Benfica. É com indisfarçável orgulho que nesta edição do jornal O Benfica reportamos, para além da conquista de mais um troféu por parte da equipa feminina de hóquei em patins, vitórias europeias de futsal, andebol, voleibol e basquetebol."

Pedro Pinto, in O Benfica

Só dependemos de nós


A decisão de podermos discutir este apuramento passa pelos jogos em Barcelona e com o Dínamo de Kiev, em Lisboa", lembrou Jorge Jesus acerca das perspetivas benfiquistas quanto ao objetivo de seguir em frente na Liga dos Campeões.
Ontem defrontámos um adversário dificílimo, o Bayern Munique, que chegara à quarta jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões com um pleno de triunfos, 12 golos marcados e nenhum sofrido. O poderio dos bávaros ficou mais uma vez demonstrado, alicerçado numa capacidade de aceleração "muito forte"e intensidade "muito alta", conforme caracterizou Jorge Jesus. O nosso técnico considera mesmo que, ao nível da intensidade, "com e sem bola" nenhuma equipa se equipara aos bávaros no presente.
Apesar da derrota por números expressivos, Jorge Jesus considera que "há coisas boas a retirar" da partida, nomeadamente a utilização de alguns jogadores menos rodados e que "deram boas indicações".
Continuamos na luta pelo apuramento num grupo em que, à partida, se considerava haver dois apurados antecipados, o Bayern e o Barcelona. "Temos a oportunidade de estarmos dependentes de nós", frisou Jorge Jesus.
Deste jogo há ainda a assinalar a estreia na equipa principal, em competições oficiais, de Paulo Bernardo, o primeiro golo de Morato pela equipa A e o 200.º jogo oficial de Rafa de águia ao peito.
Importa agora centrar esforços nos desafios vindouros, sabendo-se que, na Liga dos Campeões, dois triunfos nos jogos derradeiros proporcionarão o apuramento para os oitavos de final. Um empate em Barcelona, seguido da vitória, na Luz, ante o Dínamo Kiev, serão também suficientes caso o Barcelona não vença em Munique, na última jornada.
Mas essas são contas que não se colocam no imediato. O importante, agora, é preparar o jogo com o Braga, agendado para domingo, dia 7, às 21h15, na Luz.
Só a vitória nos interessa e é com esse fito que a nossa equipa, como não poderia deixar de ser, se apresentará em campo para enfrentar um dos melhores adversários portugueses da atualidade. O apoio dos Benfiquistas será fundamental para ajudar os nossos representantes em campo a somarem mais três pontos.
Vamos, Benfica!"

O Ministério Público e os inimputáveis


"A comunicação social, de mãos dadas com o FC Porto e Sporting CP, decidiu abafar as negociatas destes clubes e voltou à carga na sua batalhada infindável e persecutória contra o Benfica, reciclando dados do processo “cartão vermelho” do verão passado e trazendo à baila a investigação sobre os negócios dos jogadores contratados durante a presidência de Luís Filipe Vieira, como se de casos novos se tratassem. Uma vez que ninguém fala do que realmente interessa e é do desconhecimento da larga maioria, falaremos nós. Acompanhem-nos, pois a leitura será longa, mas esclarecedora.

Comecemos pelas questões essenciais:
Porque é que quando o tema é o Benfica, importa ao Ministério Público dissecar e esmiuçar os negócios dos jogadores de forma individual, escrutinando todos os contratos, e ao Sporting CP e FC Porto assiste-se a um silêncio sepulcral e conluio controverso? As contratações destes não são igualmente relevantes? Ministério Público e procuradores não têm a obrigação de ser idóneos e imparciais quanto ao tratamento de todos aqueles que levantem suspeitas sobre hipotéticas ilegalidades? Ou o FC Porto e Sporting CP são intocáveis e não merecem ser investigados?

Mais, porque é que sempre que falamos de investigações sobre o Benfica – que até ao momento resultaram em absolutamente nada, sendo o Benfica inocentado em todas as acusações -, o segredo de justiça é sistematicamente violado e os dados processuais vão parar às mãos da Cofina e de outros jornais? Saberão eles que isso se trata de crime punível com pena de prisão? Recordamos que, ao dia de hoje, apenas um clube foi acusado e condenado em tribunal: o FC Porto. Tanto no “Apito Dourado” como no caso dos emails foram dados como culpados, neste último com a agravante de usurpação, manipulação e deturpação do conteúdo, cujas consequências nefastas causaram milhões de prejuízo ao Sport Lisboa e Benfica, afetando incomensuravelmente a sua credibilidade, prejudicando os seus interesses comerciais e chegando a provocar a queda de cotação das ações da Sociedade Anónima Desportiva. Esta é uma fatura que o FC Porto ainda irá pagar.

Como não parece ser do interesse do Ministério Público e da comunicação social investigar os negócios do FC Porto e Sporting CP, ajudaremos nós nessa investigação e publicaremos aqui os dados financeiros destes clubes desde 2014 até à data.

Avancemos então:
No relatório e Contas da FC Porto SAD, a rubrica “Encargos adicionais” refere-se a «gastos relacionados com as aquisições de direitos económicos, nomeadamente encargos com serviços de intermediação, serviços legais, prémios de assinatura de contratos, entre outros custos relacionados com a aquisição dos direitos económicos». No caso dos jogadores alegadamente contratados a «custo zero», a FC Porto SAD não faz a distinção dos custos associados individualmente, isto é, por jogador transacionado, mas sim a soma total dos custos envolvidos na contratação de todos os jogadores, num valor disseminado pela soma dos jogadores e referente a cada época desportiva. Isto é particularmente interessante de constatar e tem uma finalidade clara, como adiante entenderão.
Nestes “encargos adicionais” estão também contabilizadas as comissões e intermediações das contratações com custos e não apenas dos jogadores contratados a custo zero. Embora não estejam nas tabelas em anexo, importa mencionar essa nota de forma a não induzir os nossos leitores em erro. Estes encargos com serviços de intermediação, serviços legais, prémios de assinatura de contratos e outros englobam todos os jogadores contratados na janela do mercado.
O que nos intrigou enquanto dissecávamos os relatórios da FC Porto SAD, é que, como acima mencionámos, esta não faz a distinção dos encargos com os jogadores a nível individual e prefere somar tudo no mesmo bolo (englobando os encargos de todos os jogadores). Desta forma, a SAD portista oculta deliberadamente quanto foi gasto detalhadamente em quem, para quem foi esse dinheiro e quais os prémios atribuídos de forma individual, conseguindo, assim, escapar ao escrutínio financeiro e à investigação dos negócios, comissões, encargos e prémios de cada um dos contratos obtidos a custo zero.

A FC Porto SAD é astuta, mas nós também e fizemos o trabalho de casa. Verdadeiros valores das contratações a custo zero (e contratações com custos associados):
2014/2015: Cote, Ricardo Nunes, Daniel Opare, Sami. Total: 0€. Comissões: 6.863.545€.
2015/2016: Iker Casillas, Alberto Bueno, Maxi Pereira, Daniel Osvaldo. Total: 0€. Comissões: 13.013.878€.
2016/2017: José Manuel, João Carlos Teixeira. Total: 0€. Comissões: 4.509.333€.
2020/2021: Nanú, Cláudio Ramos, Carraça. Total: 0€. Comissões: 10.257.700€.
Tendo em conta estas informações, desafiamos o FC Porto a revelar os gastos com cada jogador garantido a «custo zero» de forma detalhada e individual, desagregando da soma dos “encargos adicionais” os valores referentes a cada um dos jogadores contratados. Assim perceberemos se o custo é realmente zero ou se, afinal, são vários zeros à direita.
Veremos também quantos contratos acabarão investigados e quanto dinheiro foi metido ao bolso dos intervenientes sem ninguém saber.
Sobre o Sporting CP, os jogadores contratados a «custo zero» custaram na realidade milhões de euros. Alguns vêm descriminados nos relatórios e contas, outros nunca saberemos quanto custaram, a menos que o Ministério Público e respetivos procuradores decidam investigar e parem de se entreter a vasculhar as gavetas da Luz. Existem, contudo, 2 negócios suspeitos:
1) Antonio Adán. Noticias referem que os dirigentes leoninos compensaram o atleta através do prémio de assinatura, mas no relatório e contas não vem a verba discriminada.
2) Jeremy Mathieu. Este foi contratado livre após revogação do contrato de trabalho desportivo com o FC Barcelona, assim o valor de outros encargos é relativo a um prémio de assinatura de 3 milhões de euros e à comissão de intermediação de 1 milhão de euros.
Fora estes negócios, temos ainda as negociatas com as instituições bancárias que conferem ao Sporting CP benefícios e concorrência desleal perante as restantes SADs cotadas em bolsa. Compreendam os nossos leitores que é do interesse da comunicação social não divulgar o assunto para proteger os interesses do Sporting CP e das entidades financeiras envolvidas, portanto falaremos nós:
O fundo norte-americano Apollo Global Management, que, no passado, adquiriu a Seguradora Tranquilidade e a Açoreana Seguros, companhias de seguros pertencentes ao BES e ao Banif, respetivamente (este último sendo acionista da companhia açoreana), prepara-se agora para comprar parte da dívida do Sporting CP - os tais 135 milhões de euros em VMOCs que avançámos há umas semanas - por apenas – leia-se bem – cerca de 40,5 milhões de euros. Este negócio tem como principal objetivo salvar o Sporting CP, que se encontra em falência técnica, e oferecer o derradeiro balão de oxigénio que o clube leonino precisa para poder continuar a viver acima das suas possibilidades. Falamos de 94,5 milhões de euros que serão perdoados e que, a somar aos já 92 milhões de euros perdoados anteriormente, poderão atingir um valor total de 186.5 milhões de euros de dívida que o Sporting CP não pagará.
Gostaríamos de saber o que têm a dizer os restantes clubes da liga que cumprem religiosamente as suas obrigações financeiras e todos os contribuintes portugueses. Quem irá pagar a fatura?
Disponibilizando todas estas informações e provas neste artigo, resta questionar:
Para quando as operações ”Cartão Azul” e “Cartão Verde” pelo Ministério Público?"

Estreou-se o Maestro


"Não se é demasiado novo quando o talento abunda. E ainda mais quando a qualidade já é superior à da concorrência. No meio do atropelo de Munique uma boa notícia para o Benfica.
O maestro estreou-se. E no meio do pressing alemão e do ritmo de jogo elevado, não apenas sobreviveu. Mostrou estar pronto! Preparado!
Paulo Bernardo, o miúdo que tem sempre soluções com bola para fazer jogar a equipa já tem condições para ser figura de Equipa A! O novo maestro tem de ser mais vezes opção. E em todo o plantel encarnado ninguém tem tantas condições para uma carreira de enorme brilhantismo como Paulo."

Uma coisa é perder no precipício, outra é ser atropelado


"Aos 0-4 de há duas semanas, em Lisboa, juntou-se o 5-2 em Munique, onde o Benfica foi novamente derrotado, mas onde jamais mostrou os laivos de taco-a-taco que conseguira ter, em alguns momentos, com o Bayern. A intensidade com que os alemães marraram sem piedade na equipa de Jorge Jesus foi agravada pela opção do treinador em abdicar de certos jogadores para não os perder nos jogos seguintes que, de facto, agora não poderá perder. Na Allianz Arena, acabou domado e derrotado

Para a tamanha grandiosidade que acolhe, com morada fixa, mais o arco-íris de opulência nos painéis que o pintam por fora, consoante as cores de quem estiver a jogar nesse dia, plantou-se a Allianz Arena estranhamente exilada de Munique, encostada a um pulmão verde a norte da cidade onde um estádio de futebol é o único ponto de interesse que se avista bastante à distância, tal o mamute de construção enganador que é, caso se ponha o pé lá dentro.
O magnânimo que parece por fora transforma-se em encaixotamento propositado no interior, as bancadas do estádio do Bayern parecem precipitar-se sobre e contra o relvado como é suposto pelos títulos, pelo dinheiro e pelos jogadores que tem, a equipa fazer no relvado contra quem tiver de ser. Um precipício que assola, intimida até, é a arquitetura ao serviço de uma intenção que até chega à cara de Jorge Jesus, sozinho e de mãos embolsadas no casaco, quando desce a escadaria que dá acesso ao campo.
É um treinador com face de consequência na face de uma inevitabilidade.
Escolhe abdicar de Otamendi, Weigl e Rafa por estarem a um amarelo de os perder à força por um jogo e em cada há um jogador nuclear para cada setor, uma dentada dada na equipa que até quase conta os primeiros cinco minutos no estádio como uma palmada no próprio peito feito. O Benfica não quer a bola, exige-a, encosta os seus à área do Bayern para pressionar e tem-na para rodar passes e ter Everton a cruzar para um duplo remate de Pizzi, também bloqueado a dobrar. A equipa ousava contrariar a previsão de calamidade e conseguia-o.
Bastou, contudo, o primeiro passe descaradamente errado (de Morato) para os alemães tombarem contra a metade do campo do Benfica e o inclinarem, todo o peso figurado e literal do lugar desequilibrava a balança de relva para o Bayern. Logo aí (6’), Kingsley Coman dilacerou a figura de Grimaldo e cruzou rasteiro para Gnabry retirar a parada com que Vlachodimos adiou o apenas adiável, mas muito dificilmente evitável, como o primeira colisão, em Lisboa, o atestara — embora de forma diferente.
Porque o 4-0 que já lá vai foi numericamente feito nos últimos 20 minutos, mas, em Munique, as duas dezenas inaugurais do tempo de jogo foram de resistir-como-der do Benfica, não de contrariar as forças dos outros com a matreirice das fortalezas próprias, vista há duas semanas. Não na Alemanha, onde o enfraquecimento da equipa por opção de Jesus foi acentuado pelo conforto de uma equipa viciada algo mais do que dominar. O Bayern é agarrado à hipótese de despedaçar quem o defrontar.
Os possíveis esperneares com vida do Benfica foram logo abafados pela acrobacia de remate de Goretzka (11’) à entrada da área, muito populada pelos germânicos para reclamarem segundas bolas; pela bomba disparada por Alphonso Davies à distância (19’), no fim da reciclagem da bola após um canto; pelo pontapé de Pavard, um de cinco ou seis que o Bayern sempre fazia chegar à área em qualquer ataque, no mesmo minuto. Foram remates de quase golo entre mais de uma dezena de ameaças de um compressor de futebol que não soluçava como em Portugal.
O atrevimento inicial do Benfica em ter os jogadores a morderem cada receção de bola dos adversários, a campo inteiro, minguou com as reincidentes passes que o Bayern acumulava nas costas de Grimaldo. A corrida pelo ouro dos alemães era terem Coman a desmontar o espanhol com simulações várias e, assim que o adversário se encurtou nas intenções para tentar ter alguém a dar cobertura ao aflito lateral, os seus médios ganharam tempo com a bola de frente para a baliza, no meio-campo do Benfica.
Deixar a eficiência sem malabarismos de Kimmich a ditar o onde e o como das jogadas com segundos para decidir o quê foi agigantando as jogadas do Bayern, que iam de um lado ao outro do campo sem portagens ou descobriam Sané, paciente, à espera nas costas de João Mário e Meïté. Um português era engolido por cercos imediato nas batatas quentes que lhe chegavam aos pés e o francês, pelo que é e pelo estilo de esperar que alguém encoste nele para só depois tentar livrar-se de um problema, roçava a irrelevância com bola.
A relevância do Benfica a atacar resumiu-se a um livre jesusesco, onde um jogador toca ao de leve na bola para outro lha passar logo para ser cruzada enquanto os adversários se estão a ajustar à ocorrência. João Mário levantou-a para a área e a cabeça de Morato elevou-se (38’) para o pingo de chuva no deserto (antes, um canto deu-lhe um golo anulado por fora-de-jogo). Era o 2-1 antes de Vlachodimos não deixar que o prejuízo engordasse uma e outra vez, a última das vezes um penálti em que evitou mexer-se e dar a Lewandowski a pista que o polaco desejava.
Mas os aguaceiros da precipitação a potes dos alemães continuariam, melhor, acentuar-se-iam porque o Bayern é o Bayern igualmente por querer banquetear-se na fragilidade dos outros mal a fareja ao de leve e forçou, ainda mais, o encolhimento do Benfica junto à própria área durante a segunda parte.
Tinha a seu favor várias forças e sobretudo uma encapsulada por um lance ocorrido ainda antes do intervalo. Na ressaca de um canto, Pizzi estava esquecido antes da linha do meio-campo e um passe entrou para o português correr com a bola e expor o que estruturalmente é imperdoável em qualquer equipa — não deixar, à cautela, mais números atrás do que o adversário. E o português corria em direção à baliza, quando, nem três segundos depois, foi apanhado e desarmado tranquilamente por Davies e Sané. Os mundos de qualidade a separar Benfica e Bayern numa curta jogada.
A esse desnível à partida que é a vida, é o futebol, quem recebeu em Portugal os alemães com parcos instantes de taco-a-taco prosseguiu com as dúvidas fatais em Munique, tanto querendo pressionar os centrais alemães como a logo afundar os alas na linha defensiva e os extremos nas bordas dos médios à mínima posse de bola germânica. E o Bayern encadeou a sua intensidade em cada vez mais momentos consecutivos.
Ao 3-1 de Sané feito na conclusão de uma jogada ida de um lado ao outro do campo (49’) seguiu-se a vertiginosa reação do mesmo alemão, galopando com a bola perdida por João Mário até soltar na corrida de Lewandowki área dentro, cuja classe picou (61’) o 4-1 por cima do corpo de Vlachodimos. O Benfica não se afundava pelos golos, mas pela berrante evidência com que a intensa forma como o Bayern rodeava os seus jogadores a cada esperança que tinham com bolas recuperadas e, depois, insistia em carregar a última linha sempre com, pelo menos, dois futebolistas a desmarcarem-se por ela dentro em simultâneo.
Toda a máquina alemã se intensificava com o tempo e não o contrário, que é costumeiro no futebol. O Bayern desacelerou nunca, queria era martelar o adversário sem piedade e só com a dó de temer algum sentimento de ter faltado algo por dar, isso notou-se no perigo máximo visto nos remates de Sané, Coman, Goretzka e Gnabry que marraram contra a fortuna do Benfica, porque o desamparo com que muitas vezes deixou a sua linha defensiva só não seria atenuado por Vlachodimos uma outra vez.
Após uma bola parada que seria aliviada para Neuer, o tipo para cujo pé direito é uma injustiça estar cingido à baliza alongou um passe para Lewandowski o receber no costado de uma defensiva esquecida e, por isso, castigada (84’) com o 5-2. Porque já havia uma redução feita, pouco antes, ao prejuízo, quando este já fora dado mais perdido do que à partida e o acautelamento que sentara Rara sumira e o extremo devolveu a João Mário a bola por este intercetada.
O médio livrar-se-ia do Upamecano que engoliu primeiro Yaremchuk, depois Darwin — em todas as bolas arremessadas para a opção mais distante, quase em desespero e confiando de que um avançado solitário susteria três centrais corpulentos — com um auto-passe, foi correndo com a bola e esperou, esperou e esperou mais um pouco até fixar todas as atenções em si e garantir que ninguém chegaria a tempo importunar o remate (72’) do avançado uruguaio.
O Benfica foi quintuplicadamente goleado pelo Bayern que tem 70 golos feitos em 17 jogos esta época e marcou-lhe dois. Em algarismos, é uma distância avistada a olho nu, que pode enganar; em futebol jogada e visto, é um fundo precipício entre duas equipas ainda mais escavado pela preferência assumida por um treinador em tentar reduzir outros fossos, talvez mais exequíveis.
Mas, perdendo onde choca ninguém que se perca, também há sistemas solares de diferença entre perder deixando um rasto de capacidade na memória, como em Lisboa, e ser derrotado sem ter um tímido momento em que chegou a parecer ser possível discutir o resultado, mesmo que não o jogo jogado, contra um adversário que empenha várias bazucas quando do lado de cá só se tem pistolas e poucas metralhadoras. Uma coisa é perder, outra é ser atropelado."

FC Bayern Munique 5-2 SL Benfica: Domínio bávaro avassalador


"A Crónica: Vlachodimos Impediu Goleada Das Antigas
Num jogo em que o FC Bayern partia como claro favorito, foi o SL Benfica a começar por cima – ao aplicarem uma pressão alta, ganharam algumas bolas e chegaram com perigo à área de Neuer. Só que, volvidos cinco minutos de jogo e o Bayern já controlava as operações.
Por várias as vezes os bávaros conquistaram espaço para rematar, mas até foi o Benfica o primeiro a introduzir a bola na baliza, mas o golo foi anulado por fora-de-jogo de Pizzi. E aos 26 minutos, a resistência portuguesa caiu.
Coman desfez Grimaldo com um drible e cruzou para Lewandowski marcar no seu 100º jogo na Liga dos Campeões. E o lance seguinte que merece destaque é mesmo o segundo golo do Bayern.
Bola longa de Kimmich em Lewandowski, o polaco passa para Gnabry, que marca, com estilo, de calcanhar.
Ainda assim, os lisboetas não deixavam de ameaçar e após um contra-ataque desperdiçado por Yaremchuk, reduziram a desvantagem. Grimaldo cruzou e Morato marcou de cabeça.
Até ao final da emocionante primeira parte, Lewandowski ainda dispôs de um penálti, mas Vlachodimos leu na perfeição as intenções do adversário e defendeu o remate.
A segunda parte começou com um Bayern focado e um Benfica adormecido, assim, o terceiro golo dos da casa rapidamente chegou, cortesia de Sané.
Pouco depois surgiu mais um golo, nascido num passe longo fabuloso de Kimmich para Sané, que assistiu Lewandowski, tendo este picado a bola sobre Vlachodimos.
O Benfica estava desanimado, mas isso não o impediu de (surpreendentemente) chegar ao segundo golo: contra-ataque conduzido na perfeição por João Mário, que passou para Darwin e este atirou a contar.
Mas o resultado já não estava em disputa e Neuer até teve tempo para assistir Lewandowski, que com um lindo chapéu a Vlachodimos fez o hat-trick.

A Figura
Lewandowski Quem mais podia ser? O polaco até falhou um penálti, mas mais que compensou esse descuido com um trio de golos e uma assistência. Para além disso, a sua velocidade e o requinte com que recebeu bolas longas também foram assinaláveis. Mais uma exibição a roçar a perfeição do melhor ponta-de-lança do mundo.

O Fora de Jogo
GrimaldoA parte atacante do jogo de Grimaldo continua afinada, tendo hoje assistido Morato para o primeiro golo do Benfica; mas a parte defensiva foi um verdadeiro pesadelo. Coman fez o que quis de Grimaldo por diversas vezes, tendo o Bayern aproveitado o flanco defendido pelo espanhol para castigar o Benfica.

Análise Tática – FC Bayern Munique
Partido do habitual 4-2-3-1¸ o Bayern atacava em 3-2-5, com Alphonso Davies a juntar-se ao ataque. O Bayern procurava colocar a bola nas costas dos médios do Benfica, mas também não se coibia de atacar pelas alas.
Da dupla de médios mais recuados, Kimmich foi muito importante em fazer passes de rotura e Goretzka ora recuava ora juntava-se à linha avançada, procurando inundar a defesa adversária.
Das poucas vezes que teve de defender, a marcação à zona do Bayern foi quase sempre bem-sucedida.

11 Inicial e Pontuações
Neuer (6)
Pavard (6)
Nianzou (6)
Upamecano (6)
Alphonso Davies (8)
Kimmich (8)
Goretzka (7)
Gnabry (8)
Sané (8)
Coman (8)
Lewandowski (10)
Subs Utilizados
Musiala (6)
Omar Richards (7)
Thomas Muller (7)
Sabitzer (6)
Bouna Sarr (-)

Análise Tática – SL Benfica
A pressão alta inicial resultou bem, mas com o passar do tempo foi uma estratégia cada vez menos eficaz. O Benfica defendeu em 5-4-1, procurando sempre evitar a superioridade numérica do Bayern em zonas mais recuadas.
Já com bola, as águias alinharam no habitual 3-4-2-1 e tentaram muitas vezes esticar o jogo em Yaremchuk, que não esteve ao seu melhor nível.
Na segunda parte o Benfica parecia muito inseguro quando tinha bola, o que ajudou a colocar um ponto de final no jogo.

11 Inicial e Pontuações
Vlachodimos (7)
Lucas Veríssimo (5)
Vertonghen (4)
Morato (5)
Gilberto (5)
Meite (5)
João Mário (7)
Grimaldo (4)
Pizzi (5)
Everton (5)
Yaremchuk (4)
Subs Utilizados
Diogo Gonçalves (6)
Darwin Núñez (7)
Rafa (6)
Paulo Bernardo (6)
Gonçalo Ramos (6)"

Em Munique mora um colosso


"Jesus avisou que os dois últimos jogos, eles sim, iriam decidir o futuro do Benfica na competição. E foi, com certeza com isso em mente que decidiu deixar de fora quatro habituais.
Mas hoje todos sabiam que o Benfica passaria a maior parte do tempo sem bola, e foi nesse momento que as apostas em Meité e Éverton se revelaram infrutíferas. Se na dimensão técnica e de tomada de decisão no comparativo entre as duas equipas existe um mar de diferença, competiria à equipa menos forte nivelar essa diferença pelo compromisso, agressividade e rigor tático.
Éverton e Meité, em especial, falharam nessa missão, de forma rotunda. Éverton deixou, sobretudo na primeira parte, demasiadas vezes Grimaldo abandonado à sua sorte, em situação de 1×1 com Coman. E foi aí que os bávaros começaram a decidir a contenda a seu favor.
Para além do francês, mais em largura, o Bayern faz da sua força motriz de criação o facto de juntar, nas costas da linha média adversária, jogadores como Sané, Gnabry e Goretzka, sempre postos a associar-se entre linhas para desmontar oposição, tal a sua capacidade técnica e de decisão. Desequilíbrios ainda mais potenciados pela estratégia de pressão subida do Benfica, cuja intenção de condicionar início de construção bávaro mas que, frequentemente, potenciou transições que causaram o pânico na última linha encarnada…e nas suas redes.
A ressalva negativa a Meité, mencionada antes, leva-nos àquilo que foi o cocktail explosivo para o vendaval ofensivo dos germânicos. Kimmich é a placa giratória da equipa que, em construção, encontra os caminhos para condições para que os criativos decidam mais à frente. O médio alemão encontra os espaços por via do passe, de uma forma única no mundo. E Meité, elemento que tinha a missão de o condicionar com uma pressão mais efetiva, deixou demasiadas vezes este, com todo o espaço, para decidir, com a bola a descoberto.
O conjunto do Bayern é o destaque deste jogo. Uma equipa ultra competente em todos os momentos do jogo, candidata principal a vencer esta prova."

A suprema estupidez do ser humano


"Os olhos do dia incendeiam de luz a aurora; uma vida nova e excitante flui de todo o lado; na praia rebentam ondas mansas como beijos; inaudíveis conciliábulos se adivinham nas searas, nos pomares e nos jardins; as mães acariciam os filhos enternecidos e submissos; as crianças jogam e partilham movimento, alegria e confiança; tudo parece um cântico solidário da natureza e da humanidade. Não há desacordo, entre os políticos, acerca dos cuidados muito especiais que merece o nosso planeta Terra. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente aconselha: “construir uma sociedade sustentável; respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos; melhorar a qualidade da vida humana; conservar a vitalidade e a diversidade do planeta Terra; permanecer nos limites da capacidade de suporte do planeta Terra: modificar atitudes e práticas pessoais; permitir que as comunidades cuidem do seu próprio meio-ambiente; gerar uma estrutura nacional para integrar desenvolvimento e conservação; constituir uma aliança global”. A conversão postulada pelo cristianismo, uma das matrizes (podemos acrescentar mesmo: a principal matriz) da nossa civilização ocidental não se reduz a mera mudança de convicção (teoria) mas, sobre o mais, mudança de atitude (prática) não apenas do ser humano considerado como corpo, como “perceção” (Maurice Merleau-Ponty) mas como ser moral, político, religioso. Há uma dialética inapagável, na mensagem cristã, entre o corpo e a alma, a natureza e a cultura, o biológico e o espiritual, o individual e o social, os homens e as coisas e entre os homens e os outros homens. “A praxis de Jesus implica estabelecer um novo tipo de solidariedade, que supera as diferenças de classe e as inerentes à vida. A todos procura defender em seu direito, especialmente os pequenos, os enfermos, os marginalizados e pobres. Tudo o que divide as pessoas, como inveja, cobiça, calúnia, opressão, ódio, é combatido por Jesus” (Leonardo Boff, Jesus Cristo Libertador, Editora Vozes, Rio de Janeiro, p. 30). E o sol continua a iluminar-nos majestoso e sereno; e a tecnociência diz-nos que o mundo pode ser mais saudável e belo e justo; e os valores (aqueles valores sem os quais não é possível viver humanamente) dão-nos uma sede do Absoluto, que não se extingue. O que faltará às pessoas, para descobrirem sentido na História?
E, no entanto, embora a beleza natural e o apelo do Absoluto, que nos enche a alma, diariamente a Informação nos borrifa, desatinada, com notícias de crimes de toda a ordem, de guerras, de violência, do desconsolo de se contarem, por milhões e milhões, na sociedade atual, os pobres, os excluídos, os oprimidos. O próprio desporto que eu (e tantos, melhor do que eu) venho apontando, há bem 60 anos, como um novo e promissor paradigma de comunhão com a vida – até no desporto, a “exploração do homem pelo homem” é tristemente visível. A triatleta portuguesa, Vanessa Fernandes, à pergunta “o que é feito da Vanessa Fernandes?”, dado que ela abandonou a prática da modalidade em que foi medalhada olímpica e campeã europeia e fechou-se num silêncio sepulcral, respondeu com afoiteza: “a minha vida está a ser uma ressaca. Ainda estou assim. Até ter uma nova vida, «e preciso andar neste mergulho comigo mesma. Quero viver o mais simples possível. Fui habituada a viver com estímulos: ganhar dinheiro, patrocínios, fama. Tenho de saber estar na simplicidade. É um alívio grande”. E ainda aduziu: “Vemos os treinadores como se fossem deuses, não se pode dizer que não. Quando me estava a custar, devia ter dito basta e ter uma comunicação diferente” (A Bola, de 2021/10/27). Em 1991 (há 30 anos, portanto), no meu livrinho Algumas teses sobre desporto, escrevi eu: “Há verdadeiro e falso desporto, como há verdadeira e falsa notícia, como há verdadeira e falsa moeda. Distinguir um do outro é tarefa imperiosa e urgente. Mas só se suprime o que se substitui. O desporto não está, aqui e agora, em causa. Nem sequer o lucro que ele pode proporcionar. O que se denuncia é a concepção economicista do desporto, tendo até em conta a falência do colectivismo dito marxista e do neoliberalismo selvagem (que é rei e senhor do mundo em que vivemos). Não se é desportista quando se admite, sem um grito de alarme, que um desporto faccioso e doentio, argentário e ao serviço de escondidos interesses, prossiga, com honras oficiais e sem uma percepção pública da lógica de comportamento dos agentes económicos em geral e dos investidores e empresários em particular” (p. 42)…
“Simon Biles tem um apurado sentido de orientação espacial nos movimentos aéreos, a capacidade de deixar a memória muscular guiá-la contra o julgamento lógico do cérebro. Consegue limpar a sua mente e não pensar em mais nada (…). Observá-la é como tentar capturar a luz. Pensamos: aquilo aconteceu mesmo? Ela salta mais alto e com maior flexibilidade do que a concorrência (…). Bateu os recordes dos seus ídolos – Nastia Liukin, Shawn Johnson, Alicia Sacramore – e eles também acham que ela é inegavelmente a maior. Ela é feita daquilo que são feitos os super-heróis, tirando o facto de ser feita de ossos e músculos que sofren tensão e ruturas. Desta vez, porém, a rutura não foi num osso, foi algo no seu espírito, uma lesão que não podia ser explicada num TAC, ou num exame de raio X”. A excecional ginasta norte-americana tinha sido abusada sexualmente pelo ex-médico da “USA Gymnastics”, dr. Larry Nassar, vivia num mundo que tanto a explorava como a mitificava e, em Tóquio, em plenos Jogos Oímpicos, abandonou as provas em que era, sem quaisquer dúvidas, considerada pelos peritos nesta modalidade, a única favorita. O mundo todo estremeceu surpreso de espanto. Seria possível que a deslumbrante Simon Biles ensombrasse o seu currículo desportivo, com uma decisão caprichosa e apressada?... “Hoje a ginasta de 24 anos sente-se radiante e relaxada, no rosto levemente tocado de maquilhagem (…). Biles sabe que é a maior (…). Teve quatro elementos da ginástica, batizados com o seu nome – um na barra, dois na mesa, dois no solo. Com um total de 32 medalhas, entre Jogos Olímpicos e campeonatos mundiais, é a ginasta mais condecorada de todos os tempos” (Camonghne Felix, New York Magazine, in revista do Expresso, 2021/10/30). Repito: “Hoje, a ginasta de 24 anos, sente-se radiante e relaxada”. Quem tente ir até ao fundo dos seus olhos cândidos encontra uma felicidade que perdera na alta competição desportiva. Ela sabe, hoje, de ciência certa, que este desporto ninguém o pratica para ter saúde, pratica-o porque tem saúde. E que… reproduz e multiplica, demasiadas vezes, as taras da sociedade capitalista! Não, não sou contra a alta competição desportiva – sou, sim, contra uma alta competição que parece desconhecer que “não há jogos, há pessoas que jogam” e que as pessoas são mais importantes, muito mais importantes, do que os jogos e as taças e os campeonatos.
Sei que o meu nome (de um idoso de 88 anos de idade) não agrada a alguns dirigentes desportivos e a alguns professores universitários. Cheguei pobre à velhice porque, acolhendo carinhosamente todas as pessoas, não abdico de criticar-me e de criticar – criticar, por exemplo, a alta competição desportiva, enquanto sucedânea do “panem et circenses”, como se sabe o lema-bandeira do Império Romano, para distrair as massas populares e assegurar a permanência do poder despótico do imperador (hoje, para que o povo interiorize e acriticamente não prescinda da alta competição capitalista, inigualitária e excludente). “Em Outubro de 2010, o presidente do Banco Mundial anunciou que, “pela primeira vez na história, mais de mil milhões de pessoas deitam-se todas as noites, com a barriga vazia. Dados da ONU revelam, por outro lado, que os 2% dos mais ricos do mundo possuem mais de metade da riqueza mundial, cabendo à metade mais pobre dos habitantes do nosso planeta (cerca de 3800 milhões de pessoas) apenas 1% da riqueza global. Entre muitos outros autores, Amartya Sem tem sublinhado que a privação de liberdade económica, na forma de pobreza extrema, pode tornar a pessoa pobre presa indefesa, na violação de outros tipos de liberdade” (António Avelãs Nunes, in revista Vértice, Lisboa, Abril-Maio-Junho de 2021, pp. 81/82). Ora, contam-se entre os 2% dos mais ricos do mundo os donos dos clubes de futebol que adulteram e pervertem qualquer valor que signifique desvelo, solicitude, zelo, atenção pelos jogadores de futebol, na nossa “civilização das desigualdades”. Será saudável obrigar os jogadores profissionais de futebol a competirem, três vezes por semana, em campeonatos nacionais e internacionais?... Por isso não calo esta verdade, para mim, insofismável: não basta correr e saltar, para ter saúde. Verdadeiramente, o que dá saúde é uma sociedade diferente! O que dá saúde é procurar a felicidade! Fazer amor é o mais saudável dos exercícios físicos que se conhecem! Suprema estupidez esconder esta problemática aos próprios “agentes do futebol”. E porque a Filosofia parece coisa sobejante a certas pessoas – que proclamam, com o ar mais seráfico do mundo que a Filosofia “tem unicamente por matéria aquela parte da realidade ainda desprovida de disciplina científica apropriada”. E por aqui me fico, hoje."