sexta-feira, 21 de maio de 2021

Adeptos, sim, desde que tenham passaporte britânico


"Portanto, deixem-me cá recapitular para ter a certeza absoluta de que percebi bem. Portugal tem condições para organizar a final da Liga dos Campeões com adeptos nas bancadas, mas não tem condições para organizar a final da Taça de Portugal com as portas abertas ao público - e o leitor está surpreendido? Então? Até parece que vive em Portugal há meia dúzia de anos. Qualquer aluno do ensino primário que tenha estado presente na aula onde se aprendem os ditados populares é capaz de lhe explicar o motivo que justifica estas diferentes tomadas de posição: em Portugal, finais são apenas para inglês ver.
Temos de abrir a mente e estar disponíveis para perceber porquê. A presença de adeptos portugueses na final da Taça de Portugal não contribui para o comércio local. Preparamos o farnel em casa, pomos as bebidas todas numa geladeira e aí vamos nós. E os ingleses? Numa simples tarde na praia, um inglês de porte médio é capaz de enfrascar sozinho três barris de cerveja, quanto mais numa final da Liga dos Campeões. A 100€ cada barril de 20 litros, que a malta das roulottes não é parva. Para além disso, dinamizam o turismo. No final do jogo ficam todos cá a dormir, com sorte sem desarrumarem nada se já nem se lembrarem do hotel ou Airbnb onde marcaram reserva.
Quanto muito, talvez fizesse sentido haver adeptos na final da Taça de Portugal, mas apenas se fossem de nacionalidade inglesa. Não sei porquê não se avançou com a ideia, mas desconfio de que esteve em cima da mesa. Esta final ser jogada às 20H30 e não às 17H00 só pode ter uma explicação: não atrapalhar os ingleses no chá das 5."

Pedro Soares, in O Benfica

O jogo do ano


"Numa época desportiva bem-sucedida - leia-se: em que o Benfica tivesse sido campeão nacional - a Taça de Portugal constituiria uma simples cereja em cima do bolo. Uma coroa sobre a glória conquistada. Uma adorno no traje de gala dos campeões.
Infelizmente, não é o caso.
Por motivos que não interessa agora repisar, a temporada não foi feliz. Primeiro perdemos a qualificação para a Liga dos Campeões e os seus milhões, depois a Supertaça, a Taça da Liga, a Liga Europa, o Campeonato, e até o 2.º lugar e mais milhões. Sobrou a prova-rainha do futebol português, que tem epílogo no próximo domingo.
Mais do que conquistar um troféu, importa terminar a época em festa. Importa também demonstrar que tudo poderia ter sido diferente. Que havia equipa para mais. Além de garantir uma maior tranquilidade na abordagem à próxima época - que terá, necessariamente, de ser diferente das duas anteriores.
A decisão vai ter lugar em Coimbra, diante do SC Braga. Lamentavelmente, ainda sem público. Lamentavelmente, longe do Jamor, seu domicílio natural de beleza e carisma singulares.
Nos últimos 25 anos, conquistámos apenas três Taças de Portugal. Apesar de também nesta competição sermos o clube com melhor palmarés, a Taça tem vindo a tornar-se prova maldita para o Benfica. É hora de inverter essa sorte e esse ciclo. É hora de voltarmos a erguer um troféu e de dar um pouco de cor à temporada. De pôr fim, também, a um período, mais ou menos coincidente com a pandemia, em que os benfiquistas têm sido fustigados com sucessivas, e por vezes inesperadas frustrações.
Esta Taça tem de ser nossa. Força, Benfica!"

Luís Fialho, in O Benfica

A magia dos dérbis


"Foi com uma grande exibição que derrotámos o eterno rival. A vitória no passado sábado foi justa e pecou por escassa, pois poderíamos ter vencido por 6 ou 7 golos. Apreciei a prestação colectiva da equipa. Apesar dos 3 golos sofridos, Helton Leite provou ser um grande guarda-redes. Lucas Veríssimo justificou a convocatória à selecção do Brasil. Otamendi continua titular da Argentina, e Vertonghen é o capitão da Bélgica, a selecção que lidera o ranking FIFA. Com Weigl e Taarabt a segurarem o meio-campo, com Diogo Gonçalves e Grimaldo a desequilibrarem nas alas, com um Pizzi sempre temível e com Seferovic só com os olhos na baliza, foi Everton quem deu um recital. O internacional brasileiro acaba a época em grande forma, provando toda a sua qualidade. Creio que ele será decisivo na final da Taça de Portugal frente ao SC Braga. Conto com a genialidade e a inspiração de Jorge Jesus, o treinador mais titulado do SL Benfica e da Liga.
Este fim de semana poderá ficar na história do nosso clube, pois a equipa feminina de futebol está a um mero empate de se sagrar campeã nacional. Filipa Patão já mostrou ser uma treinadora muito focada nas vitórias. Vamos defrontar um adversário fortíssimo, mas com Lelê na baliza, com a dupla Sílvia Rebelo e Carole Costa na zona central da defesa, Catarina Amado e Lúcia Alves nas laterais, com um meio-campo sob a batuta de Pauleta, com Andreia Faria, Beatriz Cameirão e Ana Vitória a espalharem magia, e com o trio-maravilha formado por Nycole, Cloé Lacasse e Francisca Nazareth (Kika), qual Everton, iremos a Alvalade para vencer."

Pedro Guerra, in O Benfica

A lição do coração


"Maio é mês de espreitar o coração, mas tratá-lo bem é obra de todos os dias, porque é esse pequeno músculo que nos anima com o sopro da vida, que dá músculo aos nossos feitos, que dói no amor e galopa nas nossas contendas. É mais que um órgão, tal a  forma como o sentimos e representamos. E, no entanto, a forma como o sentimos e representamos. E, no entanto, a forma como o tratamos contrasta com a importância que dizemos atribuir-lhe.
É por isso que a ideia de um 'mês do coração', Maio, no caso, contribui de forma decisiva para fazer com que todos e cada um paremos para reflectir sobre os nossos hábitos e tomemos consciência do pouco que eventualmente estamos a fazer em prol do nosso coração e, sobretudo, do que poderemos alterar para melhor em nosso grande beneficio.
A lição nós já todos o conhecemos combater o sedentarismo, refrear os abusos alimentares, afinar o paladar para reduzir progressivamente a quantidade de sal que consumimos, juntamente com o controlo periódico da tensão e rastreios com frequência adequada à nossa idade e situação.
Mas não basta conhecer a lição, é preciso aplicá-la, valeu?"

Jorge Miranda, in O Benfica

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"2
Everton e Lucas Veríssimo foram chamados à selecção brasileira. Desde Ederson e Jonas que o Benfica não fornecia, em simultâneo, dois jogadores à Canarinha;

5
Seferovic chegou à 5.ª posição, com 39 golos, no ranking dos melhores marcadores neste Estádio da Luz (incluindo particulares). Cardozo lidera, com 109, e é seguido por Jonas (92), Pizzi (54) e Nuno Gomes (42). O suíço assinou 27 golos com o pé esquerdo, e só Cardozo fez mais (72);

8
O Benfica venceu o Sporting por 4-3 pela 8.ª vez, a 7.ª em competições oficiais, apenas uma delas num prolongamento, curiosamente, a anterior, em novembro de 2013, para a Taça de Portugal. De resto, essa partida realizada há cerca de 7 anos e meio era, até ao fim-de-semana passado, a última, de 38, com um 4-3 favorável ao Benfica;

10
O passe de Everton para Pizzi concretizar o nosso 2.º golo ao Sporting foi magistral e a 10.ª assistência do brasileiro, alcançando Darwin na liderança, entre o plantel benfiquista, deste item estatístico em competições oficiais na presente temporada;

28
Com o bis ao Sporting (o 8.º na temporada), Seferovic ocupa agora a 28.ª posição entre os melhores marcadores de sempre do Benfica no campeonato. É o 34.º considerando todas as competições oficiais;

30
Com o golo marcado ao Sporting, Pizzi passou a ser o 30.º mais goleador da história do Benfica. Chegou aos 96 golos, tantos quanto Simão (29.º) e Diamantino (31.º). Em competições oficiais leva 92 golos e é o 23.º do ranking. No campeonato isolou-se na 21.ª posição, a apenas 1 golo de Magnusson e João Pinto;

90
Além de ter marcado 1 golo, Pizzi fez ainda 2 assistências frente ao Sporting, totalizando agora 90 em competições oficiais ao serviço do Benfica."

João Tomaz, in O Benfica

Fim de semana de decisões


"Nos próximos dias haverá dois títulos em disputa, ambos no futebol, além de vários desafios importantes para as nossas equipas de outras modalidades.
No domingo teremos a oportunidade de conquistar a Taça de Portugal, numa final inédita ante o Braga agendada para as 20h30, em Coimbra. Nas 37 ocasiões anteriores em que chegámos ao jogo derradeiro da prova-rainha, sagrámo-nos vencedores 26 vezes.
Este é um título que vale por si só, mas a possibilidade de vencê-lo trata-se também de uma oportunidade de dar continuidade à solidez do percurso da equipa ao longo dos últimos meses, em que logrou obter 13 triunfos nos últimos 15 jogos.
Amanhã, sábado, será igualmente um dia decisivo, mas na vertente feminina do futebol. O sorteio determinou que haja um dérbi na jornada derradeira do Campeonato Nacional, no qual será definido o campeão, pois Benfica e Sporting são os únicos que têm ainda possibilidades de conquistar o título.
A nossa equipa lidera a classificação, pelo que um empate chegará para que o Benfica termine a prova na frente, sabendo que a melhor forma de consegui-lo é entrar em campo com a ambição de vencer a partida. O jogo terá início às 17h00.
Conforme afirmou a capitã de equipa, "a mentalidade do Benfica é sempre ganhadora". "É um dérbi, e os dérbis são sempre para ganhar", vincou Sílvia Rebelo. A glória José Augusto já dera o mote nas palavras de incentivo que dirigiu ao plantel: "Entrem com a convicção de que vamos ganhar! Temos de ganhar!"
Na fase crucial da época encontram-se também as nossas equipas masculinas de futsal e de hóquei em patins. No futsal terão início as meias-finais dos play-offs do Campeonato, tendo por adversário o Fundão (sábado, às 14 horas, no Fundão). No hóquei em patins está agendado à mesma hora, no Porto, o jogo 2 das meias-finais do Campeonato. No primeiro embate, também realizado no pavilhão do FC Porto, saímos vencedores.
Haverá ainda jogos de outras das nossas equipas ao longo do fim de semana, a saber: na Liga Portugal 2, a nossa equipa B defrontará, no Seixal, a sua congénere do FC Porto (sábado, 18h00); às 22h00 (21h00 nos Açores) será a vez de a nossa equipa de andebol visitar o Sp. Horta; no andebol feminino haverá dois importantes confrontos na Luz com equipas da Madeira, o CS Madeira e o candidato ao título Madeira SAD. Na reta final da prova, estamos a dois pontos da liderança; no hóquei feminino, a visita ao Infante Sagres concluirá a segunda fase do Campeonato, com o primeiro lugar já garantido na antecâmara do play-off que definirá o campeão; e ainda o futsal feminino, já tetracampeão nacional, que defrontará o Arneiros na última jornada.
Desejamos sorte a todas as nossas equipas e que possamos celebrar a conquista de dois títulos nos próximos dias.
De Todos Um, o Benfica!"

SL Benfica | Retrospetiva da época em 6 partes


"A época do SL Benfica correu mal praticamente desde o primeiro jogo. Se na pré-época a contratação de Jorge Jesus e as suas famosas declarações geraram êxtase e euforia junto dos adeptos encarnados, os 100 milhões de euros gastos em jogadores de renome internacional eram a “cereja no topo do bolo”. Mas tudo isso era apenas um sonho, depois veio o pesadelo.
Pré-eliminatória da Liga dos Campeões, Supertaça, Liga Europa, Taça da Liga e Primeira Liga Portuguesa foram as competições que, consecutivamente, iam caindo como peças de dominó, uma a uma. Jorge Jesus prometeu “arrasar”, mas quem saiu arrasado foi o clube. Pelo meio, uma crise de Covid-19 afetou mais de 25 jogadores e membros da equipa técnica e staff e colocou Jorge Jesus “sob brasas” principalmente entre janeiro e março.
Desde a catastrófica derrota em Salónica frente ao PAOK até às pobres prestações nas competições internas, o Bola na Rede decidiu fazer uma retrospetiva da época encarnada em seis partes.

1. Taça de Portugal – A prova na qual o SL Benfica chegou mais longe. À data do artigo, a final da Taça de Portugal entre águias e Sporting Clube de Braga ainda não se disputou, mas certamente é um jogo que ambos querem ganhar.
Ainda que o sorteio ao longo de toda a competição tenha sido relativamente amigo dos encarnados, a equipa de Jorge Jesus realizou, até ao momento, seis jogos e ganhou-os todos. Mas quem foram os adversários até à final?
Na terceira eliminatória, o SL Benfica viajou até Paredes para vencer o clube local pela margem mínima (1-0), sendo que na fase seguinte jogou na Luz perante um pobre UD Vilafranquense, que saiu com goleado por 5-0.
Nos oitavos de final, as águias tiveram uma deslocação curta até à cidade Natal de Jorge Jesus – a Amadora – para derrota o Clube Football Estrela por 0-4, num encontro bastante tranquilo e nos “quartos” a vítima foi a Belenenses SAD que viu o marcador fixar-se em 3-0 a favor dos encarnados.
A prova decorria tranquilamente e o adversário das “meias”, o GD Estoril Praia, não complicou muito.. Os comandados de Bruno Pinheiro perderam por 1-3 no seu estádio e somaram nova derrota na Luz por 2-0.
O jogo restante, a disputar-se no Estádio Cidade de Coimbra, opõe SL Benfica e SC Braga naquele que promete ser um grande jogo para fechar a época desportiva em Portugal. Se do lado encarnado este pode ser a única conquista do ano depois de um investimento recorde, os minhotos veem nesta final uma oportunidade de dar aos adeptos uma conquista que foge desde 2016 quando a equipa então orientada por Paulo Fonseca derrotou o FC Porto por 4-2 nas grandes penalidades.

2. Primeira Liga Portuguesa – O principal objetivo dos clubes ditos “grandes” em Portugal é sempre lutar pelo título de campeão nacional de futebol, mas a edição deste ano trouxe vários dissabores aos encarnados.
A primeira volta até começou bastante bem para a equipa de Jorge Jesus, com cinco vitórias em outros tantos jogos e 15 golos marcados. No entanto, a derrota avassaladora por 0-3 no Bessa frente ao Boavista FC fez sobressair as debilidades do plantel encarnado. Depois desse jogo, uma receção ao SC Braga trouxe nova derrota por 3-2 e as contestações começavam a nascer.
Ainda assim, nas 13 jornadas seguintes apenas se registou uma derrota – na visita ao Sporting CP -, mas o problema estava nos empates: o SL Benfica somou seis empates durante este período.
É certo que estas partidas ocorreram no período mais crítico da pandemia dentro do plantel encarnado, mas os adeptos pediam e queriam mais do seu clube. 
As últimas 13 jornadas trouxeram apenas um empate frente ao FC Porto, na Luz, e uma derrota inesperada diante do Gil Vicente FC, em casa, mas o “estrago” estava feito e apesar de ser uma das equipas com mais pontos conquistados na segunda volta da competição, os diversos empates da primeira volta ajudaram a consolidar um pobre terceiro lugar – atrás de Sporting CP e FC Porto – e o acesso a uma terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões 2021/2022.
O fator positivo a retirar da competição foi o rendimento de Haris Seferovic, que ficou em segundo lugar na lista de melhores marcadores do campeonato com 22 golos, menos um do que Pedro Gonçalves, do Sporting CP, que culminou a sua prestação na competição com um hat-trick frente ao CS Marítimo.

3. Liga Europa – A queda humilhante perante o PAOK de Salónica fez do SL Benfica “cabeça de série” na fase de grupos da Liga Europa, mas nem isso garantiu uma prova correspondente às expectativas dos adeptos.
Num grupo com o Rangers FC, Lech Poznan e Standard Liège FC, as águias garantiram a passagem no segundo lugar atrás da equipa escocesa comandada por Steven Gerrard. Apesar dos adversários bastante acessíveis e com valores de plantéis bem inferiores, viu o primeiro lugar escapar depois de três vitórias e três empates, dois deles frente aos escoceses. Isto colocou o SL Benfica num lote de equipas que jogariam contra os primeiros classificados dos outros grupos de onde saiu o Arsenal FC, adversário nos dezasseis avos-de-final.
Ainda a recuperar do forte surto de Covid-19 no plantel, os encarnados jogaram os dois jogos em campo neutro: a primeira mão no Estádio Olímpico de Roma e a segunda no Georgios Karaiskakis, na Grécia. Se o primeiro jogo até trouxe um resultado algo animador – empate a uma bola –, a decisiva partida foi tudo menos feliz. Depois de estar por duas vezes em vantagem na eliminatória, a equipa de Jorge Jesus viu Aubameyang acabar com o “sonho europeu” aos 87 minutos e fechou o marcador em 3-2 a favor dos ingleses.

4. Taça da Liga – Uma das taças internas que o SL Benfica queria conquistar. Num formato diferente da típica “final four”, a edição deste ano da Taça da Liga decorreu em quartos-de-final, meias-finais e final, sendo que a primeira eliminatória decorreu no Estádio da Luz e as restantes duas no Estádio Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria.
Nesta competição, os encarnados defrontaram o Vitória Sport Clube na Luz, mas apenas conseguiram selar a passagem nas grandes penalidades por 4-1 depois de um empate a uma bola no tempo regulamentar. A fase seguinte colocou frente-a-frente as águias e o SC Braga, que acabou por derrotar a equipa de Jorge Jesus por 2-1. A equipa minhota defrontou o Sporting CP na grande final, mas foram os leões a levantar o troféu depois de uma vitória pela margem mínima (1-0).
A equipa mais ganhadora da competição – com sete vitórias – voltou a ficar muito aquém das expectativas e apenas conseguiu marcar dois golos em outros tantos jogos, sendo que ambos foram apontados por Pizzi… de grande penalidade.

5. Supertaça – A segunda desilusão da época chegou na altura do Natal quando SL Benfica e FC Porto se defrontaram em Aveiro para a Supertaça Cândido de Oliveira. Um clássico é sempre um jogo histórico, mas as águias voltaram a comprometer e perderam por 2-0 numa partida onde Sérgio Oliveira e Luis Díaz fizeram os únicos golos da partida.
Num jogo bastante faltoso (37 faltas), os encarnados acabaram com apenas dois remates à baliza – um deles ao ferro – contra cinco dos dragões, que se superiorizaram e controlaram o jogo desde o primeiro minuto.
O homem do jogo acabou por ser Mehdi Taremi que com um penálti sofrido, quatro duelos aéreos ofensivos ganhos e dois passes para finalização mostrou-se em grande nível num dos primeiros clássicos com a camisola azul e branca.

6. Liga dos Campeões – O SL Benfica viu a sua participação na Liga dos Campeões 2020/2021 acabar na 3ª pré-eliminatória frente a um modesto, mas bem trabalhado PAOK FC – então orientado por Abel Ferreira.
As águias tinham realizado um investimento de mais de 100 milhões de euros em jogadores e equipa técnica – um recorde no clube e em Portugal -, mas nem por isso conseguiu superiorizar-se a um emblema grego pouco habituado a estas andanças.
O clube de Salónica apresentava em campo a sua maior aquisição, Andrija Zivkovic, recentemente contratado ao SL Benfica. Curiosamente, a promessa sérvia marcou o 2-0 e selou a eliminação encarnada da prova milionária.
Este precoce afastamento ditou uma grande quebra nas finanças da Luz e Luís Filipe Vieira viu-se “obrigado” a vender Rúben Dias por 68 milhões de euros para o Manchester City FC, de modo a compensar a falta dos milhões da prova milionária."

SL Benfica | Quem são os intocáveis para a próxima época?


"Fracasso a toda a linha, a temporada do SL Benfica pode acabar em lampejo de sucesso, com a Taça de Portugal, prova válida mas de pouco volume dada as expectativas do universo benfiquista.
A um plantel apetrechado por 100 milhões de euros de investimento a todos os setores, melhorando (e muito) um plantel de consumo interno herdado do antecessor, a Jorge Jesus caberá agora nova reestruturação da equipa – ao jackpot prometido que chegaria da Liga dos Campeões e posteriormente encaminhado para cofres gregos concilia-se a falta de garantias quanto ao próximo prémio, situação caricata que expõe a fragilidade das finanças encarnadas e obriga a concentrar atenções na matéria prima a seu dispor, sob contrato.
Repetir as grandes movimentações ao estilo do Verão passado é miragem dependente de uma precoce mas competente performance desportiva, alta rotação exigida logo em agosto sob pena de não comprometer mais um planeamento e evitar outra venda desesperada como foi a de Rúben Dias. É nestas condições, sem regalias, que os benfiquistas se prepararão. Os mesmos luxos serão, assim, irrepetíveis para já.
Sem certezas nem garantias, a duas eliminatórias de distância, há que arrumar a casa e varrer o excesso de salário ou, pelo contrário, de falta de compromisso com o clube. A nível de contratos a prazo só Jardel, situação previsível dada a decadência da forma física do brasileiro que deu tanto ao clube em dez anos, mas que sai com o sentimento de dever cumprido.
A massa adepta assim o reconhece, entregando-lhe o respeito que não entregou a outros, mais espampanantes mas com metade do brio. Em situação semelhante encontra-se Andreas Samaris, ainda que o seu contrato se prolongue até 2023 – por agora, recupera de lesão impertinente na duração e gravidade.
Um dos nomes na porta da saída por opção poderá ser Jan Vertonghen, o central belga que viu recentemente o seu nome a ser incluído dos 26 “Diabos Vermelhos” belgas que tentarão a sua sorte no Euro 2020 – ele, como capitão, seguirá viagem com o futuro clubístico certamente ainda por definir.
Chegado ao SL Benfica em agosto de 2019 depois do término de contrato em Londres, a mudança surpreendente foi justificada, pela imprensa, como conjugação ousada entre tentação quanto a nova experiência cultural, preferência por clube ambicioso e num projeto que o mantivesse à tona da elite europeia – a chamada ao Euro confirmou o SL Benfica como escolha acertada, apesar da fraca época global.
Contudo, apesar do contrato de três anos e das 40 participações em campo (primeiro lugar na tabela de minutos jogados), viu o futuro ser ameaçado pela chegada de Lucas Veríssimo. O brasileiro obrigou a equipa a mudar para um sistema de três centrais e não é certo que assim se mantenha na próxima temporada.
A Vertonghen interessa sobretudo jogar e ter protagonismo em contexto de Liga dos Campeões, chamariz dos grandes craques, e continuar a sua carreira ao mais alto nível, como fez no FC Ajax e ao serviço dos Spurs. E se em Portugal não lhe agradar por muito mais tempo a convivência do Seixal, há sempre uma porta aberta em Amesterdão.
Aliás, em fevereiro de 2020 era essa a mais forte hipótese como destino de Jan Vertonghen em 2020-21, quando até Erik Ten Hag se mostrou complacente com a sugestão. “Jan tem história no Ajax. Claro que vamos seguir a sua situação de muito perto”, afirmava ao programa Rondo do portal Ziggo, principal patrocinador ajacied, rematando de maneira inequívoca – para canto – uma hipotética limitação quanto à sua idade e tendo em conta a prioridade holandesa de valorização do talento jovem: “Neste caso, a idade é uma não-questão. Se alguém é bom o suficiente como ele é, a idade não interessa”.
Outro caso bicudo para a gestão encarnada é o de Luca Waldschmidt, alemão contratado ao SC Freiburg por 15 milhões mas que teimou em consagrar-se como o “nove e meio” pelo qual a equipa implorou em muitas fases – as opiniões divergem quanto à sua capacidade futebolística, numa discussão em que até Jorge Jesus parece entrar. Dos 41 jogos em que foi utilizado, a mediana quantia de 26 titularidades – nas quais foi 22 vezes substituído!
Na Primeira Liga, de possíveis 2430 minutos, completou 1400, tempo que ainda assim lhe permitiu marcar sete golos, que acrescem a dez no total das competições. Não foi, consequentemente, convocado para o Euro 2020, golpe baixo nas suas aspirações, premeditado pela ausência na convocatória dos últimos jogos da qualificação da Maanschaft, em março.
E apesar do seu score internacional desde a chegada a Portugal não parecer vergonhoso (chamado em setembro, outubro e novembro, participando em quatro de oito jogos possíveis – titular duas vezes, em amigáveis com a República Checa e a Turquia), um dos seus objetivos primordiais nesta mudança para a Primeira Liga fica assim comprometido – a grande afirmação em contexto europeu, fora da Bundesliga, para servir como rampa de lançamento para a seleção.
O mesmo se pode dizer de Julian Weigl, ainda que o seu estatuto na equipa se tenha consolidado a partir de janeiro e seja, neste momento, o único com lugar cativo no meio-campo. É, portanto, um dos intocáveis.
Outras incógnitas situações como a de Svilar (que até termina contrato em 2022), Grimaldo (sempre com muitos pretendentes para a compra do seu passe e a possibilidade de gerar encaixe avultado), Gabriel, Cervi (o namoro do RC Celta de Vigo prolonga-se, sem fim à vista) ou Pizzi ainda não foram resolvidas e estima-se que apenas Odysseas Vlachodimos tenha a sua saída consumada.
Ao penúltimo dos citados, cabe a si a decisão perante as evidências – a perda da titularidade no onze, o acumular da idade e a cada vez menor preponderância na manobra da equipa.
Pizzi foi o jogador com mais participações do plantel (47 jogos), porém é uma estatística que não atesta bem a sua desvalorização: apenas 31 titularidades, 19 no contexto da Primeira Liga, números sem paralelo nos últimos sete anos (só comparáveis aos da primeira época na Luz) e que retratam bem a fase de menor fulgor. Altura certa para mudar de ares?
Do onze inicial, Helton Leite, Lucas Veríssimo, Otamendi, Julian Weigl, Rafa, Everton – com um final de época acima da média – e Diogo Gonçalves serão certamente valores seguros na próxima construção do plantel e sob os quais se rodearão as restantes peças do tabuleiro.
A base parece finalmente estar definida para Jorge Jesus, à qual poderemos acrescentar Darwin Núñez, pelas características ao gosto do técnico, e Haris Seferovic, que viu Pedro Gonçalves roubar-lhe o segundo prémio de melhor marcador no sprint final. Ao avançado suíço o futuro ficará definido pela prestação no Europeu: exibições bem conseguidas nas titularidades mais do que prováveis que acrescentará ao currículo internacional e um grande contrato poderá aparecer, numa idade (29) em que são imperativas decisões de futuro imediato, contrabalançado as necessidades profissionais e pessoais. "

Estreias & Golos !!!


"A memória é tramada, porque só grava a maceta e cinzel os factos chocantes, esquecendo outros menos bombásticos, mas igualmente importantes. No caso dos Benfiquistas, quando o nome “Vata” surge, a fita VHS do cérebro faz rewind directo para a Gloriosa meia final marselhesa da Taça dos Clubes Campeões Europeus, deixando esquecido no fundo do baú, outro momento inolvidável da sua passagem pelo Clube da Águia Altaneira, ocorrido há exactos 32 anos, na bela tarde de 21 de Maio de 1989, dia em que o pequeno angolano com faro de golo mandou escrever Vata Matanu Garcia na lista dos melhores marcadores dos campeonatos nacionais, no meio de uma maravilhosa sucessão de momentos dignos de ficarem cravados na história.
O domingo já era de festão de arromba na Catedral, pela conquista de mais um título de campeão e pela despedida dos relvados do Grande Senhor Mestre do Benfiquismo e do Desportivismo de Aquém e Além Mar Shéu Han, tudo enfeitado com a presença do Boavista das camisolas esquisitas. Como em dias pródigos em História se tem sempre de aplicar a teoria do “não há duas sem três”, foi também nesta partida que Isaías Marques Soares marcou o seu primeiro golo no Gigante de Betão… desta vez, ainda na baliza errada. E só porque este foi um dia realmente especial, registe-se que foi a primeira vez que João Vieira Pinto pisou relvado sagrado na Primeira Divisão. Tal como o Homem do Pontapé Canhão, ainda como herege.
A festa abriu promonitória com o que viria a ser a década de 90 do Benfica, com a aterragem de alguns pára-quedistas no Estádio da Luz, seguido de entrada em campo do novo campeão nacional, atravessando a Guarda de Honra boavisteira que nunca foi tradição em Portugal. Teve o passo seguinte com o metediço filho da Damba a facturar o primeiro da conta pessoal e colectiva com o pé direito, fechando assim o livro de registos do primeiro tempo. Durante o descanso dos guerreiros, o Tigre Silencioso foi levado e lavado em lágrimas por Carlos Pinhão e pelo Presidente do Benfica João Santos. Para a segunda metade do prélio ficou guardada a apresentação do Pontapé Canhão aos futuros acólitos, um gigante balde de água fria, a estreia do nosso Menino de Ouro e pouco antes de entrarem os varredores de confetes, a cabeçada imparável do matador a igualar o jogo e a meter a mão na Bola de Prata… a mão não, o ombro…"

Quando fervia o sangue de Kalamazoo


"Mokone foi o primeiro sul-africano negro a jogar na Europa e chegou ao Barcelona – tudo nele fervia. Mesmo na cadeia...

Mokone tinha aquela dor mesmo no meio do peito, nem muito para a direita, onde o pulmão é maior, nem muito para a esquerda, onde o pulmão é menor para poder dar espaço ao coração. Era uma dor que o transformava por completo, sobretudo se carregada a copos de bourbon. O ódio ia crescendo, golo a golo, até acabar a garrafa e abrir outra. Era sempre o mesmo ódio. Stephen Madi Mokone odiava a mulher, Joyce Maaga Mokone. Ou talvez não fosse bem assim. No fundo, o que sentia por ela até podia ser simples de explicar. O diacho é que entre o explicar e o sentir vai uma distância tão grande que dá para meter no meio toda a literatura universal. Por isso, Stephen odiava Joyce e amava-a ao mesmo tempo. O que não podia ser. Nem o whisky deixava que fosse.
O Superior Court of Middlesex County New Jersey não conseguiu fazer com que Mokone percebesse que de tanto querer Joyce não podia entrar-lhe pela casa durante a madrugada e dar-lhe murros e pontapés como se estivesse num ringue de wrestling. A cabeça de Stephen estava já demasiado confusa para que ele fosse capaz de entender fosse o que fosse em relação a Joyce Maaga Mokone e a toda a elegância da sua pele de ébano de uma mulher segura dos seus 34 anos. No meio de toda essa confusão, Mokone mergulhava o mais fundo que podia nos sentimentos que era incapaz de explicar e ficava lá em baixo, sozinho, deitado no chão da garrafa vazia.
O juiz do Superior Court of Middlesex County New Jersey não quis nem saber do que Stephen procurava ir dizendo através da sua voz rouca e entaramelada. A sua simpatia virava-se, compreensivelmente, para a mulher que fora esmurrada com violência e ficara com os olhos inchados como os de um peixe-balão. A sentença ficou a balançar entre os 8 e os 12 anos de encarceramento na New Jersey State Prison. Era dia 31 de outubro de 1978. Enclausurado, Mokone dividiu o seu ódio pela ex-mulher e pela advogada que a representara durante o processo, Ann Boylan Rogers. Havia, claro, aquela diferença: o bicho dentro de Stephen continuava a amar Joyce apesar do ódio. Para Ann sobrava apenas ódio. Um ódio que crescia dia a dia numa escala geométrica.
Ann Boylan Rogers foi uma senhora muito bonita até ao dia 8 de outubro de 1977. Estava a sair de sua casa, em Manhattan, quando um homem passou à sua frente e lhe atirou com ácido sulfúrico para a cara. Quando entrou na sala do hospital, a pele borbulhava-lhe como se estivesse numa frigideira de óleo a ferver. As marcas ficaram-lhe para toda a vida. Nunca ninguém apanhou o bandalho que a desfigurou mas o Superior Court of Middlesex County New Jersey também não teve dúvidas nesse caso: o autor moral do crime chamava-se Stephen Madi Mokone, nascera em Doornfontein, um subúrbio de Joanesburgo, na África do Sul, e tinha a alcunha de Kalamazoo. Assim, como uma espécie de aviso que não foi ouvido a tempo. Kalamazoo quer dizer A Água que Ferve.
Até os canalhas irreversíveis tiveram infância. O Nelson Rodrigues estava convencido de que o próprio Vampiro de Dusseldorf teve um dia um gesto de carinho e passou a mão suavemente pelos cabelos de uma criança ainda que lhe tenha, em seguida, chupado as carótidas. Kalamazoo corria como uma lebre nos jogos de futebol nas ruas de Sophiatown, para onde a família se mudou quando era adolescente. Os treinadores que andavam pelos bairros pobres à caça de garotos de pé descalço com jeito para a bola não tardaram a prestar atenção em Mokone. Aos 16 anos já tinha sido chamado para jogar numa seleção de Joanesburgo. Uma seleção só de miúdos negros, claro.
Em 1955, Stephen Madi Mokone assinou um contrato profissional com o Coventry City, de Inglaterra, e passou a ser o primeiro sul africano de cor a jogar numa equipa da Europa. O sangue que fervia como água nas veias de Kalamazoo levaram-no longe e alto. Cada vez mais alto. Em 1959, saiu do Cardiff City, onde esteve um ano, e foi para o Barcelona. Diacho! Não havia um único garoto em Doorfontein que acreditasse numa coisa assim. Como é que um fedelho farrusco lá das vielas sujas de Joanesburgo ia jogar no Barcelona?! Não jogou. Havia estrangeiros a mais na equipa. Foi emprestado ao Marselha, depois passou pelo Torino e pelo Valência antes de emigrar para o Estados Unidos e jogar no Hamilton Steelers.
Nesse tempo, já Stephen e o bourbon eram amigos íntimos. Se Joyce lhe fizera ferver o sangue desde o primeiro minuto em que a viu, o whisky mantinha-o à temperatura ideal para aguentar a fervura. Tudo fervera e continuava a ferver na vida de Kalamazoo. Os muros altos da New Jersey State Prison deixavam-no ver uma nesga de céu e pouco mais. O ódio ficava no meio do peito misturado com amor."