"Não gosto de falar de aniversários - muito menos de comemorá-los - antes de tempo. Por isso, dedico a crónica desta semana ao 117.º aniversário do Sport Lisboa e Benfica, que aconteceu no domingo passado. A data ficou marcada pela entrevista de Luís Filipe Vieira à BTV, uma conversa onde os pontos sobre os is ficaram devidamente colocados.
Retenho uma ideia desse momento televisivo: o Benfica sem união vão vai a lado nenhum. Foi sempre assim ao longo da história do Clube. Da fundação às sucessivas mudanças de campo de futebol, das conquistas europeias da década de 1960 à nova realidade do século XXI, sem união não teríamos nada.
Numa instituição desta dimensão e com este número de sócios, adeptos e simpatizantes, as unanimidades são raras. E perigosas, como já constatámos ao longo da história da humanidade. Muitas cabeças a pensar originam ainda mais sentenças, mas as decisões não podem ser tomadas ao sabor de momentos da equipa de futebol e, muito menos, de pressões mediáticas ou através de redes sociais. É claro que as vozes discordantes devem ser ouvidas, é assim que funciona a democracia. Há que escutar, receber a crítica, aferir da sua justiça e mudar o que se provar que esteja a ser mal feito. O que não pode nunca acontecer, seja com este ou qualquer outro presidente (dos anteriores aos futuros), é ceder à coação, ao insulto ou à violência verbal e física. Nem no Benfica, nem no desporto em geral. E muito menos no nosso dia a dia enquanto cidadãos. Essas são práticas que conhecemos bem de outras paragens, sejam vizinhas ou localidades mais a norte.
Passaram quatro meses. Dois terços dos votantes optaram pela continuidade, um terço votou a favor da mudança. O futebol masculino não está na posição em que todos gostaríamos? Não, não está. E é triste, porque merecíamos mais, enquanto adeptos, mas e a restante realidade do Clube, é para deitar tudo fora? Das modalidades ao museu, da televisão ao Seixal, da Fundação à formação de milhares de crianças e jovens, está tudo errado, é? Entendo os argumentos e as críticas civilizadas, mas não consigo entender a guerrilha que está a ser feita ou os insultos lançados contra gente que veste a nossa camisola, no campo e nos gabinetes, nas pavilhões ou nas dezenas de serviço do Clube. Chamem-me ingénuo, mas não concebo o Clube sem estarmos todos, mesmo com as nossas divergências, a puxar para o mesmo lado: pelo Benfica."
Ricardo Santos, in O Benfica
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