sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Números da semana


"1.25 golos por jogo de Darwin na Liga Europa. Cinco em quatro jogos na época de estreia são esclarecedores quanto ao enorme potencial do jovem uruguaio;
5 Posição de Pizzi no ranking de goleadores benfiquistas na Liga Europa/Taça UEFA. Soma sete golos, os mesmos que Saviola, mas em menos jogos. Nas competições europeias, é o 11º melhor de sempre, marcou 12, tantos quanto Simão, o 9º, João Pinto e Salvio;
7 Triunfos nas primeiras nove jornadas do Campeonato Nacional. Os números não dizem tudo, mas são factuais. Melhor só em onze das 86 edições anteriores (duas nas últimas 30);
21 Golos benfiquistas na Liga NOS em 2020/21. Só em seis temporadas, nas últimas trinta, o Benfica marcou mais nas primeiras nove jornadas. Porém os onze golos sofridos recomendam melhorias neste capítulo;
26 Jogos consecutivos, na qualidade de visitado, sem conhecer a derrota na Liga Europa. Um recorde da competição. Jorge Jesus liderou a equipa em 22 destas partidas, nas quais se incluem duas relativas a meias-finais e quatro a quartos-de-final, todas vitoriosas;
93.41 Tempo de jogo (quatro minutos adicionais) quando Waldschmidt assinou o golo (o sexto da conta pessoal) que valeu o triunfo frente ao Paços de Ferreira. Imagine-se a celebração caso houvesse público no estádio...;
100 Jogos de Rafa no Campeonato Nacional ao serviço do Benfica. O golo ao Paços de Ferreira foi o seu 31º de águia ao peito na prova e guindou-o a 45º melhor de sempre pelo clube. São números impressionantes, tendo em conta que não cobra grandes penalidades e que foi titular em somente 72 partidas. Nos 151 jogos “oficiais” pelo Benfica, leva 41 golos (55º), os mesmos de Gaitán, mas em menos 104 jogos."

João Tomaz, in O Benfica

Cebolinha, o criador


"Nem sempre no jogo, nem sempre regular. Mas, com um potencial enorme à espera de disparar. Cebolinha voltou na Bélgica a mostrar que pode ser o criador de excelência do Benfica. O homem que faz acontecer.
Nove dribles, três passes para finalização, golo e um sem número de lances a permitir entradas dos colegas para dar seguimento num jogo em que mesmo tanto arriscando, recuperou quase o mesmo número de bolas que perdeu. Está na hora de se soltar aquele que tem potencial para ser O jogador deste Benfica."

Goleada matinal...

Cova da Piedade 0 - 5 Benfica

Kokubo; Cruz, T. Araújo, Bajrami, Rafa; Brito(Jocu, 64'), Azevedo(Ndour, 72'), Santos(Samu, 46'); Gerson, Gouveia(Neto, 46'); H. Araújo(Duk, 55')

Goleada, com um Poker do Henrique Araújo e a estreia do Ndour (16 anos, 1,90m!!!).
A próxima jornada, vamos ter uma autêntica final com o Estoril, por isso mesmo, esta equipa foi 'reforçada' com alguns jogadores da B, para tentar chegar ao jogo decisivo, com mais rotinas de jogo!

Competições em simultâneo


"Terminou ontem a fase de grupos da Liga Europa, com a nossa equipa a obter um empate, a duas bolas, no reduto do Standard Liège. A haver um vencedor, pelas oportunidade de golo criadas, teria de ser o Benfica, numa partida em que ambas as equipas procuraram o triunfo.
Esta participação na fase de grupos fica marcada pelo cumprimento do principal objetivo, que passava pelo apuramento para os 16 avos de final. Para Jorge Jesus, "o importante foi alcançar o apuramento sem conhecer o sabor da derrota", e, referindo-se especificamente ao jogo realizado ontem, o nosso treinador considerou que, "no geral, a equipa esteve bem nos vários momentos da partida".
Pela positiva, no percurso benfiquista nesta fase de grupos da Liga Europa, há a destacar, também, a invencibilidade ao longo das seis jornadas e o elevado número de golos marcados (18), o terceiro melhor registo considerando todos os grupos, só superado por Leverkusen e Arsenal.
Pizzi, com seis golos, e Darwin, com cinco, foram os jogadores que mais se destacaram na finalização. O português tornou-se no quarto melhor marcador de sempre do Benfica na Liga Europa/Taça UEFA, igualando a marca de Filipovic, com oito golos em 12 jogos. Totaliza agora 13 golos de águia ao peito nas competições europeias, ocupando a nona posição do ranking dos goleadores benfiquistas em provas da UEFA (a par de Isaías, o oitavo, que disputou menos jogos).
No sorteio que será realizado na próxima segunda-feira, a partir das 12 horas, o Benfica ficará a conhecer o próximo adversário, que será um dos seguintes: Ajax, Arsenal, Brugge, Dínamo Zagreb, Hoffenheim, Leicester, Leverkusen, Manchester United, Milan, Nápoles, PSV, Roma, Shakhtar, Tottenham ou Villarreal. A primeira mão realizar-se-á no dia 18 de fevereiro, na Luz, e o segundo jogo no dia 25 do mesmo mês.
Prossegue agora o ritmo vertiginoso das competições, sendo que o próximo embate é relativo à Taça de Portugal (4.ª eliminatória). O adversário será o Vilafranquense, atual 13.º classificado na Liga Portugal SABSEG, o segundo escalão nacional. O jogo está agendado para domingo, dia 13, às 20h30, no Estádio da Luz.
Até final do ano, além da já referida partida com o Vilafranquense, a nossa equipa voltará a jogar nos dias 16 (V. Guimarães, Taça da Liga, na Luz), 20 (Liga NOS, Gil Vicente, em Barcelos), 23 (Supertaça, FC Porto, em Aveiro), e 29 (Liga NOS, Portimonense, na Luz).
Como não poderia deixar de ser, a nossa equipa procurará obter o pleno de vitórias neste ciclo e, assim, regressar à liderança da Liga NOS se possível, seguir em frente nas taças e conquistar o primeiro troféu da temporada, a Supertaça Cândido de Oliveira.
De Todos Um, o Benfica!"

Taarabt: Cirque du Soleil na 1.ª parte, Circo Chen em Silves na 2.ª (por Um Azar do Kralj)


"Helton Leite
O Helton Leite que me perdoe, mas o único guarda-redes que eu apreciei ver esta noite foi o senhor Michel Predu’homme na bancada rodeado de vinhos por motivos que eu desconheço e não preciso de compreender. Também eu superei o jogo com a ajuda do álcool, Michel.

João Ferreira
Pode ser da comparação com o Gilberto, mas assim de repente acho que estamos perante o novo Kimmich. Exageros à parte, devemos estar-lhe gratos. Foi graças ao penálti inventado por este rapaz que não perdemos de forma humilhante em Liége.

Vertonghen
Sóbrio na estreia a capitão, sim, a capitão. Não estranhem. Aparentemente Jorge Jesus escolhe para capitão o atleta que tiver nascido mais perto do local onde a partida se disputa. Começámos com uma visita a Liége, mas não vejo motivo para que não continuemos. O próximo capitão nos jogos em casa será Nuno Tavares, nascido em Lisboa, seguido de Chiquinho, nascido em Santo Tirso (ida a Barcelos), e Ferro na Supertaça.

Jardel
O Jardel não vai admitir em público mas concorda com a minha análise ao Vertonghen. De resto, fez uma exibição competente e solidária, esperando agora por um jogo oficial próximo de Florianópolis, cidade que o viu nascer, para voltar a capitanear a equipa.

Nuno Tavares
Um valor seguro. Da liga belga. Desculpem, eu sei que já vi um lateral promissor ali, mas não está fácil lidar com os erros sucessivos. Houve um cruzamento na 2ª parte que ia matando um trabalhador do estádio que estava na pala da bancada.

Weigl
É certo que fez muitas coisas bem, mas o adversário foi dos menos exigentes que ele terá enfrentado desde que chegou a Portugal. Em nome de alguma exigência, importa por isso perguntar: onde é que este caramelo estava nos lances dos golos? Não admira que o treinador tenha gritado tantas vezes por uma Juliana.

Taarabt
Um dos protagonistas do show do Cirque du Soleil durante a primeira parte. Saiu estafado e algo desorientado depois de oferecer o meio-campo aos belgas no lance do segundo golo, com uma prestação mais adequada a uma tenda do Circo Chen em Silves.

Pedrinho
Querem ver que este heroinómano é mesmo jogador?

Everton
Voltou aos sinais positivos demonstrados durante a pré-época, ou não parecesse este um jogo saído de um estágio em Nyon no mês de julho. Desfez belgas como se fosse o monstro das bolachas, marcou um bom golo e pareceu muito mais confiante. Um dia de cada vez, mas já houve ali um pezinho de samba.

Waldschimdt
Associar um alemão a um carrossel nunca soa muito bem. Talvez isso explique a desinspiração do rapaz. Waldschmidt não parece fazer parte de um carrossel. Comporta-se como alguém que gostaria de liderar uma linha de montagem na Autoeuropa. Não significa que as vontades não coincidam. Vimos momentos assim, em que o engenheiro e aquele gajo que anda nos carrinhos de choque com uma perna de fora coexistiram harmoniosamente no último terço adversário. E quando assim é nós gostamos de ver.

Darwin
Sempre que ele pega na bola não sabemos se estamos prestes a assistir a uma cena de um documentário sobre uma espécie selvagem vinda do Uruguai, um portentoso ataque à baliza adversária, um anúncio a uma marca de champôs, ou as três coisas em simultâneo. E talvez seja isso que mais entusiasma em Darwin: há ali um frenesim por domesticar que contagia. Mesmo quando ele perde a bola de forma tonta, como tem acontecido em todos os jogos, ninguém desarma. Para a próxima será melhor. Falta muito mais disto ao Benfica atual, aquela sensação de que a qualquer momento vamos levantar-nos da cadeira ou do sofá para celebrar não apenas um golo mas a beleza e a paixão com que essa tarefa foi realizada.

Pizzi
Quem é que nós estamos a tentar enganar? Ele pode começar no banco, na bancada, onde vocês quiserem. O desfecho será sempre o mesmo.

Rafa
Se o Pedrinho jogasse sempre assim a rivalidade entre eles passaria a ir muito para além das selfies com cães no instagram. O que seria bom para o plantel. O desempenho no relvado, não as fotos com os cães.  
Gabriel
muito tempo que não falhava tão poucos passes. Essencial a manter a posse de bola nos últimos segundos do encontro, não fosse alguém ter a ideia tonta de tentar marcar um golo que nos desse a vitória. O que seria!

Cervi
Até o psicólogo do plantel já deve ter percebido que o Cervi dava um bom lateral esquerdo. Vamos ver se o mister chega lá também.

Seferovic
não foi a tempo tempo de falhar um golo com o pé direito."

Royal Standard Liège 2-2 SL Benfica: Problemas atrás, desperdício na frente


"A Crónica: Encarnados Não Conseguem Primeiro Lugar Do Grupo
Depois de prometer mudanças na antevisão à partida, Jorge Jesus consumou cinco alterações com o Standard de Liège em relação ao onze que defrontou o FC Paços de Ferreira. Apesar disso, manteve-se a dupla Weigl-Taarabt no centro do terreno e foi a partir da qualidade técnica dos dois que o Benfica conseguiu exibição agradável no Maurice Dufrasne, que nas suas bancadas despidas exibiu faixa pertinente – Football without fans is nothing.
Aos dez minutos, já o Benfica levava três oportunidades flagrantes de golo. As movimentações de Darwin aliavam-se à criatividade de Everton e Waldschmidt para dinamitar a frágil defensiva belga, impotente perante a qualidade individual portuguesa.
Foi com consternação portanto que se assistiu ao golo de Raskin à passagem do minuto 12, num golo onde mais uma vez fica demonstrada a ineficaz organização encarnada no momento de defender. Entre os centrais surge o baixinho médio-ofensivo que finalizou de cabeça o bom cruzamento vindo da direita: Philipp Montanier, certamente admirado, sorriu.
Não durou muito a vantagem, já que o Benfica consumou o domínio três minutos depois e manteve a toada até ao intervalo, ameaçando por inúmeras vezes a baliza de Botard. É de salientar a grande exibição do guarda-redes, com sete defesas.
Na segunda metade, o desgaste físico das principais peças encarnadas levou a um jogo muito mais aberto, onde os belgas se sentiram muito mais á vontade para explorar o (muito) espaço no sector recuado adversário e das suas variadas desatenções – não será exagero falar num certo… desleixo.
Foi assim que surgiu o 2-1 por Tapsoba, que aproveitou essa displicência para preparar, com toda a calma do mundo, um remate certeiro fora-de-área.
Pizzi, recém-entrado, aproveitou para empatar o jogo com penalty (inexistente) e a equipa pareceu querer resolver definitivamente a questão: mas a sobranceria na hora de finalizar foi evidente e os encarnados apenas se podem queixar de si próprios pelo resultado, penoso tendo em conta os intervenientes e a diferença de nível entre as duas equipas.
Continua sinuoso o caminho do Benfica de Jorge Jesus.

A Figura
Arnaud BodartO guarda-redes belga do Standard de Liège foi mantendo a equipa na disputa pela vitória com inúmeras intervenções de alto nível – e, quando não era ele, mandava o poste ou o travessão resolver o assunto. Intransponível, é dele o ponto que os belgas recolhem duma partida onde esperavam resultado dilatado.

O Fora de Jogo
Nuno Tavares Continua a acumular erros infantis e precipitações constantes, sobretudo na recepção de bola. Em Liège, apesar de boas combinações com Everton, nunca deu segurança aos colegas do lado e as perdas de bola – 18 – foram imensas para um jogo desta magnitude. Agradeceu Raskin, que por ali andou a aproveitar as deixas para comandar os contra-ataques.

Análise Tática – Royal Standard Liège
O 3-4-2-1, ou 5-4-1, de Montanier voltou a marcar presença. Cimirot teve responsabilidade como terceiro central que não se coibia de subir para formar o 4-3-3 que por vezes o Standard assumiu em posse. A última linha teve inúmeros problemas com a mobilidade de Darwin e com o jogo interior de Everton e Pedrinho, sobretudo porque Raskin e Bastien, os homens das alas mais adiantadas, mantinham posição á espera da transição rápida.

Onze Inicial e Pontuações
Bodart (8)
Jans (5)
Bokadi (7)
Cimirot (6)
Konstantinos (6)
Gavory (5)
Raskin (7)
Shamir (7)
Balikshiwa (6)
Bastien (7)
Tapsoba (7)
Suplentes Utilizados
Fai (5)
Muleka (6)
Oulare (6)
Joachim Carcela (-)

Análise Tática – SL Benfica
João Ferreira ocupou-se do lado direito – com competência – e Nuno Tavares percorreu o corredor esquerdo, ambos na procura do muito espaço deixado pelos extremos. Weigl entregou todas as tarefas ofensivas a Taarabt e fixou-se perto de Jardel e Verthongen, assumindo-se claramente como “ferrolho”. Pizzi entrou para terceiro médio e cumpriu de forma exemplar a posição, oferecendo critério na gestão da posse de bola.

Onze Inicial e Pontuações
Helton Leite (4)
João Ferreira (6)
Jardel (6)
Verthongen (6)
Nuno Tavares (4)
Weigl (6)
Taarabt (5)
Pedrinho (5)
Everton (7)
Darwin (6)
Waldschmidt (7)
Suplentes Utilizados
Pizzi (7)
Rafa (5)
Gabriel (-)
Cervi (-)
Seferovic (-)"

Teoria da Estagnação


"É sobre o Standard-Benfica, desta quinta-feira, mas podia ser sobre qualquer um dos jogos do passado recente deste Benfica da segunda vinda. Estando lá tudo, não faltaram as indefinições constantes na circulação de bola, como não faltou a falta de autoridade nos duelos. Em suma, a pata em cima do jogo que este Benfica (no extremo oposto às promessas de Jorge Jesus) não consegue meter. Longe vão os tempos em que, por exemplo, os adversários entravam no Estádio da Luz sabendo que evitar golos no primeiro quarto-de-hora era tão necessário como difícil. Algo que acontecia por um acerto com bola muito mais ao nível do prometido, como também por uma intensidade e autoridade sem ela que nada têm a ver com que acontece hoje. E nas deslocações, até nas europeias, a maior qualidade do Benfica em relação a adversários do calibre deste Standard, poderia não se traduzir em goleadas estonteantes, mas estava lá o controle, com e sem bola, a autoridade e o saber feito de uma equipa completa. Porém, nos dias que correm, o estandarte europeu do Benfica é algo empoeirado, remendado, onde não se conseguem distinguir os valores constantemente prometidos nas pré-épocas. De tal maneira que um empate em Liege acaba por não ser o mais importante a retirar, sendo que a falta de calibre e acerto, essa sim, continua preocupante – não se podendo esperar resultados melhores.

Confiando no grau de dificuldade dos remates de longe, o Benfica parece não querer desfazer a linha defensiva querendo garantir que consegue controlar os adversários que sobram. Uma expectativa que já traiu os encarnados algumas vezes esta época. Fica o debate se a segurança atrás seria beliscada pela saída de um elemento à bola.

E se, como já dito, nem mesmo a melhor versão do Benfica de JJ conseguiria andar no último terço do adversário o jogo todo, os momentos sem bola seriam muito mais autoritários do que hoje se vê. Não que o posicionamento não esteja lá, mas o encosto permanente sem ganho de bola, ou real condicionamento, não resolve os espaços que se criam depois. Exemplo disso é o primeiro golo dos belgas, no qual o Benfica encostou mas não ganhou. E não incomodando, deixou sair circulação de trás, e deixou chegar ao corredor lateral, como (ainda por cima) deixou finalizar no meio dos dois centrais. De nada valem assim sistemas ou posicionamentos sem roubo efectivo de bola, como não vale que as bolas que se ganham sejam perdidas em indefinições que não deviam acontecer em equipas com ambições e expectativas tão grandes. E ainda que o Benfica tenha golo (marcou logo a seguir numa jogada em que a ruptura de Taarabt foi fundamental) nenhum modelo, ideia ou sistema aguentará tanta falta de acerto com bola, como de falta de autoridade sem ela. Outro aspecto a rectificar será também o facto de nenhum elemento da linha defensiva sair ao homem da bola, quando a linha do meio-campo fica batida. Algo que aconteceu contra o Rangers, como aconteceu agora no segundo golo do Standard (Tapsoba 60′).
São então demasiados erros que a apetência pelo golo (que acabou por surgir de penálti, aos 66′) não consegue equilibrar. Quão melhor seria manter-se a apetência e corrigirem-se os aspectos técnicos (defensivos e ofensivos) que bloqueam o que se espera do Benfica. Rui Vitória padeceu disso, Bruno Lage idem. Jorge Jesus chegou e confiou que a sua ideia seria melhor e que isso, por si só, chegaria. Mas mantendo-se a espinha dorsal de erros passados, a ambição e expectativa exagerada que criou, correm o risco de se virar contra ele e engoli-lo como Lage e Vitória foram engolidos. Isto porque este problema não se resolve com sabedoria táctica e raspanetes de meterem orelhas a ferver. Resolve-se com a qualidade individual que o Benfica parece não ter. São demasiados erros não forçados e totalmente individuais para que se pense o contrário."

Hoje também parece estar na moda isso da transição defensiva do Benfica


"A equipa de Jorge Jesus fabricou quase dez oportunidades para marcar golo, só fez dois, empatou (2-2) em casa do Standard Liège que fica na Bélgica, país que justificou a braçadeira de capitão em Vertonghen, mas não explica alguns problemas que se voltaram a repetir esta época no Benfica, que já estava apurado para a fase seguinte da Liga Europa, mas assim terminou no segundo lugar do grupo 

Uma determinada coisa, reação, produto, maneira de vestir ou forma de pensar virar moda não é de agora, tão pouco de ontem, nem de há uma semana, sempre foi algo passageiro e do momento, as modas vêm presas a uma etiqueta de validade que tem lá as datas, mesmo que não apareçam escritas. Cedo ou tarde, o prazo finda em quase tudo e ainda haverá de chegar o dia, sabemos lá nós, em que o capitão de uma equipa de futebol e decidido por aspetos não convencionais.
Ser o jogador com mais anos de clube, ou o mais velho, ou o unânime futebolista com mais qualidade, ou o com mais estatuto sempre foram os fatores a considerar. Poderemos tê-los como moda: sempre foi assim, e normal que assim continue. Até que veio Jorge Jesus, rodou meia equipa, nessa rodagem incluiu a titularidade de defesa que há anos é co-capitão do Benfica e não lhe deu a braçadeira.
A responsabilidade de a passar para o corpo de Jan Vertonghen - por o adversário ser o Standard e o jogo ser em Liège, na Bélgica, terra do jogador chegado há poucos meses a Portugal - e dedutível ao treinador, que também reclamou para si a decisão de ver a equipa como apta a ser capitaneada por Nico Otamendi, outro defesa central chegado no verão ao Benfica. A moda dos requisitos tradicionais para se ser capitão não pegou aqui.
A moda que não é bem moda, mas obrigação, de no futebol ter de se formar uma equipa organizada e coesa no momento defensivo, com todos a se posicionarem no lugar certo e a reagirem padronizados ao que o adversário tenta fazer, também voltou a não pegar a 100% na equipa.
Aos 12’, o Standard reciclou rapidamente a bola da esquerda para a direita, meio Benfica reagiu lentamente e, na outra metade, deixou-se que os belgas ficassem em igualdade numérica na área (Weigl foi dar cobertura a Nuno Tavares, que abordou o adversário com bola, e Taarabt não compensou o alemão) e um cruzamento chegou a Nicolas Raskin e ao seu cabelo descolorado, moda que parece atravessar gerações.
Até aí, é verdade, o Benfica rematou por Waldschmidt, Taarabt e Everton em três jogadas nas quais gerou oportunidades em transição, movendo-se rápido e atacando com intensidade nos passes e nos movimentos dos jogadores. As diagonais de Darwin arrastavam gente para longe das relvas onde Pedrinho e Everton tinham receções mais ao centro do campo, para depois tocarem no médio marroquino que foi feito para tabelar e se associar com passes curtos.
O Benfica entrava de rompante no jogo, transitava-se bem, chegava muitas vezes à área belga e a rapidez com que queria atacar, ousando e saindo-se bem nas progressões com muitos passes verticais também porque o Standard pressionava alto, logo nos centrais. A intenção era mútua, só que os belgas, além de apertarem com uma manta cheia de rasgões, erravam bem ao construírem coisas de forma curta, a começar na própria área.
Erros lá atrás, perdas de bola na primeira pressão tentada ou passes falhados sem um homem perto, a dar cobertura, eram quase moda quando os belgas tentavam atacar com mais calma. E o Benfica teve quase uma dezena de bolas para contra-atacar e até era muito amigo do critério no primeiro passe feito após recuperar a bola, mas, perto da área, falhava quase sempre - quase sempre, alguém decidia mal e executava pior quando, em contra-ataque, só restava um passe para se poder rematar apenas com o guarda-redes a fazer figura.
O empate do Benfica aos 16’ surge em ataque pausado, com quase toda a equipa na metade belga do campo, quando Pedrinho se ligou com Taarabt e o marroquino acelerou área dentro para cruzar e Everton cabecear. O resto que produziu até ao intervalo fez-se em modo velocista, para a frente ia-se rápido e a acelerar, mas só houve produto final nos remates de Waldschmidt e Darwin que as mãos de Arnaud Bodart pararam.
Essa moda durou 45 minutos. A loucura de uma conversa de jogo falada em vaivéns constantes foi acabando, em grande parte, por mudanças no Standard Liège, que já não montava a sua pressão alta e diminuía o número de vezes em que escolhia chatear os centrais do Benfica. Recuou um pouco as linhas, os médios tornaram-se mais guardiões das entrelinhas e obrigaram a uma mudança.
O Benfica teve de atacar mais vezes com mais adversários atrás da linha da bola. Teve menos aberturas para rasgar passes verticais e embalar jogadores na profundidade. Tinha de usar a bola em circunstâncias que lhe pediam outras coisas - paciência, criatividade, rapidez no passe para fazer mexer a organização alheia, movimentações que arrastassem atenções.
E os problemas recentes de falta de ideias e de letargia em atacar desta tal forma ressurgiram, mesclados com erros individuais, como o passe lateral e manso de Taarabt e a passividade de João Ferreira ao esperar que lhe chegasse, destaparam outro berbicacho, este mais reincidente: a transição defensiva da equipa.
Essa bola foi cortada por um adversário que, depois, correu 50 metros de campo até o Standard chegar à área com quatro jogadores frente a quatro do Benfica. Os restantes estavam foram do plano, a recuar a passo (só Nuno Tavares sprintou para trás), cada um mal colocado como estava toda uma equipa nos segundos em que Taarabt arriscou esse passe e não se via um jogador como opção no meio do campo, atrás da linha da bola. Depois, também ninguém saiu a Abdoul Tapsoba, que rematou o 2-1 à entrada da área.
Tem sido moda no Benfica esta época.
Jorge Jesus, comentador não comentando do alegado episódio de racismo no PSG-Basaksehir, mas que insistiu em comentar que “hoje está muito na moda isso do racismo”, colocou Rafa e Pizzi, logo na primeira jogada em que participaram forçaram uma jogada com toques rápidos que gerou um penálti para o habitual batedor saltitar antes de rematar o 2-2.
Outra verdade fica escrita no remate de Darwin que encontrou o poste, no que Everton se individualizou para disparar a 25 metros da baliza e no de Rafa, mesmo acabar, contra a barra, após domesticar um passe de Gabriel na área. Foram três oportunidades das grandes para o Benfica terminar com mais golos, mas foi pouco, muito pouco para a bola que a equipa teve. E para o quão leviano foi o comportamento defensivo pós-perda.
O Benfica fabricou quase 10 chances flagrantes para marcar golo, é bastante, é sintoma de capacidade de produzir coisas a atacar rapidamente e com espaço. Mas, mudado o contexto, o jogo mostrou coisas que hoje parecem ser moda porque, factualmente, se vão repetindo na equipa de Jorge Jesus."

Critérios!


"Golo bem anulado ao Benfica. 
Mas como seria se o Rafa se chamasse Pote e vestisse de verde e branco?"

Viva o desporto português, apesar de quem manda!


"Sentei-me a escrever estas linhas depois de assistir, televisivamente, à vitória de um português (Miguel Oliveira) num grande prémio de Motociclismo. Mais ainda: pude assistir a uma vitória total (“barba bigode e cabelo”, como se diz na gíria, depois da pole position, volta mais rápida e vitória) num circuito elogiado por todos, desde o Moto GP à F1 – um circuito português! – com o troféu de primeiro classificado entregue por outro português: Jorge Viegas, o elogiado presidente da Federação Internacional de Motociclismo. Sobrou a “ilusão” de que o Desporto Português transpira saúde! Nem que fosse só o motorizado, depois dos títulos mundiais de António Félix da Costa na Fórmula E e de Filipe Albuquerque na Resistência (LMP2).
A “ilusão” sai claramente reforçada se pensarmos no Vasco Vilaça (vice-campeão do mundo de Triatlo), nas recentes medalhas europeias do Judo e da Canoagem, no êxito do Andebol, no proverbial valor da Ginástica acrobática, na subida de rendimento da Equitação e do Surf, nos sucessos do sempre presente Atletismo, bem como nas incontornáveis conquistas das seleções de Futebol (dos vários “futebóis”). E que dizer do Ciclismo, seja de estrada, de pista ou de todo-o-terreno? Soube muito bem saborear o título de vice-campeão mundial do Tiago Ferreira, depois de, não há muito, o País ter ficado literalmente pregado à televisão a seguir, dia a dia, o João Almeida e o Rúben Guerreiro, durante o “Giro”, e o Rui Costa nas suas persistentes escapadelas na “Vuelta”, tão bem acompanhado pelos “manos” Ivo e Rui Oliveira e, claro, também pelo Nélson Oliveira e pelo Ricardo Vilela. A cereja no topo do bolo, essa, veio no velódromo de Plovdiv, que ficou marcado a verde e vermelho pelos campeões europeus Iuri Leitão e Ivo Oliveira, e pelos medalhados Rui Oliveira e Maria Martins. Fantástico!
Afinal, de um país cronicamente “adoentado”, parece emergir um desporto que, mesmo em tempos de pandemia, aparenta vitalidade, parece transpirar saúde e mostra inequívoca capacidade de vencer. Só faltou mostrá-la contra a França na Liga das Nações, mas, que diabo, esses eram os Campeões do Mundo…
Quase me senti feliz por, num momento em que praticamente tudo nos media é triste, negativo e mórbido, poder contribuir com uma prosa em tom festivo! Mas não há bela sem senão…
Refletindo mais atentamente no momento que atravessa o Desporto Português, não posso deixar de vender a alma ao diabo e de denunciar o enorme paradoxo que, estando à vista de todos, muito poucos sublinham: ao mesmo tempo que o Desporto Português se afirma nos palcos internacionais, as suas bases, os seus alicerces, parecem ruir, nomeadamente a formação desportiva, a massificação da prática e as estruturas basilares que o sustentam: os clubes. Entre os setores sociais onde a crise pandémica se vem metamorfoseando e agigantando enquanto severa crise social e económica, o setor desportivo é, seguramente, dos mais afetados, com consequências futuras de dimensões imprevisíveis, mas seguramente alarmantes à luz dos indicadores atuais. Hoje, muitos dos clubes nacionais, sobretudo muitos dos mais pequenos (as formiguinhas da formação desportiva de base!), estão em inequívoca e irreversível falência, ao mesmo tempo que, por isso, ou talvez como causa disso, o desporto de formação está imobilizado. São mais de 50% as licenças desportivas de praticante federado perdidas no desporto português devido à pandemia, ascendendo este número, nas modalidades “de pavilhão”, a quase 80%! Os técnicos desportivos não têm “clientes” e, portanto, não têm também “ordenado”; migram, geográfica e profissionalmente (se conseguirem…), de qualquer forma despindo do seu saber e experiência o quotidiano de partilha e de formação dos jovens atletas. O que tantos anos demorou a construir, desmorona-se aos nossos olhos! Técnicos desportivos, dos melhor formados no mundo (não nos esqueçamos que as faculdades de desporto portuguesas são as que ocupam melhores classificações nos rankings mundiais específicos!), enfrentam o desespero…
A solução ou, pelo menos, a mitigação do problema passa, naturalmente, pelas medidas que o Estado (o Governo) se disponha a proporcionar ao setor, necessariamente função da importância cultural, social, educativa e higiénica que efetivamente reconheça ao desporto. E esta importância é obvia e surpreendentemente “nenhuma”! Nenhuma, dado o desinvestimento anunciado, nenhuma dada a ausência de apoios aos clubes e aos profissionais de desporto, nenhuma pela silenciosa resposta aos “gritos” responsáveis e construtivos do setor. Nenhuma, mais uma vez, em claro contraponto ao que se observa nos países desenvolvidos; e por manifesta falta de visão e apoucamento cultural dos mesmos de sempre: dos que apregoam dirigir-nos para a convergência com os melhores, mas que recorrentemente falham e falham e falham...
Pesem embora as repetidas advertências, propostas, pedidos (súplicas?) do Comité Olímpico de Portugal, do Comité Paralímpico de Portugal e da Confederação do Desporto de Portugal, o Governo (e não só!) olimpicamente ignora o desporto. Que pena! Lá se esbate, de novo, o calor e a alegria com que nos aconchegam os feitos dos nossos heróis…"